Conheci o boy num discreto piano-bar. Olhamo-nos, conversamo-nos e terminamos na cama. Belo corpo, cabeça excelente, sexo perfeito – sem essa de “só dá ou só come”: flex total, geral e irrestrito.
Trocamos telefones, e o que eu pensava ter sido apenas um encontro furtivo, numa noite qualquer, sem possibilidade de virar algo mais, virou. Saímos mais algumas vezes, a despeito dos quase trinta anos que separam nossas idades.
Órfão de pai, fora criado pelo padrasto, que lhe ajudou a construir uma mentalidade avançada diante da vida, do mundo e de si mesmo. Quando se descobriu bissexual, foi a ele – e não à mãe – que contou; recebeu apoio incondicional. Perdera a mãe há cinco anos, vivia só com o que ele chamava de “paidrasto”, no simples mas belo apartamento da família, que conheci no dia em que passei lá para pegá-lo e irmos fazer uma viagem de final de semana.
Antonio que veio abrir a porta; disse que o enteado ainda estava no banho: não sei se minha ansiedade fez-me chegar mais cedo ou sua displicência o fizera se atrasar.
O padrasto do meu namorado era um coroa lindo: por volta da minha idade, cabelos grisalhos, corpo bem tratado, barriguinha leve de cerveja – que dava para perceber através da camisa regata que trajava –, pernas torneadas – como demonstrava o folgado calção que usava.
Convidou-me para sentar, e acomodou-se em frente a mim. Conversa fácil e variada, atencioso, risonho, sempre demonstrando ter uma cabeça bastante aberta. E as pernas também, abertas displicentemente, um dos pés sobre o sofá, o que projetava a rola, que se desenhava no tecido, ao mesmo tempo em que uma pequena amostra do saco aparecia por uma das pernas do calção.
Eu estava em polvorosa. Todos os meus hormônios guerreavam no meu interior. Tentei disfarçar como pude o volume sob minha bermuda jeans, com a velha tática da almofada no colo; mas não sei se conseguia ser discreto o bastante para não me deixar pilhar por ele, olhando, vez em quando, para aquele paraíso erótico e platônico a minha frente.
Falávamos sobre arte, de uma forma geral, chegando, naturalmente, à erótica. Falou-me do quadro tríptico do pintor holandês Hieronymus Bosch “O jardim das delícias terrenas”, em que o artista descreve a criação do mundo, na tela central, ladeada pelo paraíso de um lado e o inferno do outro. Mostrando-me curioso, Antonio demonstrou todo seu amor à arte, dissertando entusiasticamente sobre a obra. Afirmou que o quadro, pintado em 1504, celebra os prazeres da carne, com participantes completamente desinibidos, adeptos do amor livre; falou que prefere a cena central, por evidenciar isso com mais nitidez.
Eu estava extasiado com tamanha demonstração de cultura. Quando ele disse que tinha uma réplica do quadro, emoldurada, no seu quarto, e me perguntou se queria conhecer, não pensei duas vezes. Pus-me de pé, com uma rapidez tão pouco sutil, que, penso, fez rolar por água abaixo todas a minhas tentativas de disfarce e discrição.
Ao me guiar até seu aposento, com naturalidade pôs o braço sobre meu ombro, e eu senti seu cheiro de banho recém tomado, sua axila cheirosa e depilada me encantaram também. Falava sem parar sobre o quadro e o pintor.
Ao entrar no seu quarto, nem precisou me apresentar a pintura, que ocupava um lugar de destaque na parede. Aproximei-me, maravilhado, enquanto ele, perfeccionista, arrumava uma coisa ou outra que julgava estar fora do lugar, no ambiente.
Gastei certo tempo no exame minucioso do quadro. Era, realmente, de uma beleza e sensibilidade singulares. Estava absorto na admiração da obra, quando senti seu corpo cheiroso aproximar-se de mim, por trás – o quadro encontrava-se entre dois móveis, de forma que apenas uma pessoa por vez poderia admirá-lo. Eu podia ouvir meu coração bater a mil. Ele passou a apontar detalhes da cena, e a cada vez que fazia isso, eu sentia sua rola tocando minha bunda, seu braço quase roçando meu rosto, sua axila na altura dos meus olhos. Ao falar, seu hálito perfumado mexia na minha nuca, arrepiando-me o corpo inteiro.
Seria uma loucura, bem sei, mas eu não estava mais aguentando a tensão do tesão reprimido, e resolvi ousar. Afastei-me um pouco, de costas, e encostei-me no seu peito, sentindo sua rola dura pressionando minhas nádegas.
Antonio, então, cruzou seus braços sobre meu peito, aconchegando-me ao seu corpo... Eu pus minha mão para trás e encontrei uma rola duríssima, que acariciei avidamente, enquanto ouvia seus discretos gemidos no meu ouvido.
Ruíram por terra todos os escrúpulos que ainda poderia ter, em relação ao meu namorado, que deveria estar se arrumando para mim, no quarto vizinho. Voltei-me para Antonio, e nossos lábios se encontraram e nossas bocas se devoraram e nossas línguas guerrearam, no beijo mais insano que já experimentei.
Em segundos estávamos nus, a nos esfregarmos, nossas rolas imprensadas entre nossos corpos. Ele me empurrou para a cama e sua boca desceu, quente e ávida, para minha rola, envolvendo-a por inteiro, num boquete dos deuses.
Em seguida, pôs-se sob mim, na cama, e pude experimentar toda a gostosura daquele mastro palpitante, no tamanho certo, na espessura adequada; eu o chupava com avidez, imaginando aquele pau dentro do meu cu – o que não demorou muito, pois subi minha boca até seus lábios, enquanto encaixava minha bunda e sentava sobre seu caralho, que foi desaparecendo no meu buraquinho, até que eu o senti todo dentro de mim.
Os movimentos de Antonio e meu rebolado sobre aquela vara arrancavam de nós gemidos roucos. Eu me mantinha de olhos fechados, para sentir toda a intensidade daquela foda, imaginando-nos como parte daquele quadro na parede.
Ao abrir os olhos, tive o maior susto, meu coração deu uma disparada. Flávio, meu namorado, parado à porta, com a rola na mão, tinha uma expressão no rosto que misturava desejo e prazer. Punhetava-se, acompanhando nossa transa. Aproximou-se, então, da cama, o mastro duro à frente, tomou minha boca e me beijou com um ardente frenesi, enquanto Antonio tomava a rola do enteado e a acariciava freneticamente.
Flávio subiu na cama, abriu as pernas sobre mim, e foi sentando no meu cacete, remexendo-se com perfeição. Antonio conseguiu, não sei bem como, curvar-se e apanhar a rola do meu namorado com a boca, passando a chupá-lo com o mesmo frenesi com que o punhetara há pouco.
Não havia estocadas, apenas remexidas, requebros de quadris. E foi assim que o gozo deu-se praticamente ao mesmo tempo; primeiro Flávio gritou quase histericamente, enquanto esporrava seu leite quente na boca e no rosto de Antonio; este urrou de prazer ao gozar no meu cu; eu, sentindo aqueles jatos me invadindo, explodi também no cu de Flávio, em grunhidos tresloucados.
Três loucos tresloucados e arfantes, desabados um sobre o outro, sentindo o aroma de sexo que nos envolvia, tomando conta do quarto todo, nossos líquidos misturando-se ao nosso suor. Como o quadro de Bosch, celebrávamos os prazeres da carne, completamente desinibidos, experimentando integralmente toda a divindade do amor livre...