Eu estava nervoso. Não com algo que aconteceu e sim com oque vai acontecer, enfim o dia de falar com meus pais havia chegado, eu desejei muito que eu não tivesse que passar por isso outra vez, e se eles fossem mais parecidos com minha tia Clara do que com meu tio? Eu tinha essa dúvida ainda, será que eles vão aceitar que eu estou namorando com meu primo a sete meses escondido deles? Eu espero que a resposta seja sim.
— Pronto? — Perguntou Pablo pegando na minha mão.
— Não, nem um pouco. — Falei nervoso. — Eu nunca vou estar pronto pra isso.
— Tudo vai dar certo eu vou estar com você. — Ele me deu um beijo na minha testa. Pablo era sempre muito carinhoso e gostava de manter a calma. Mas eu sei que lá no fundo ele está com tanto receio quanto eu.
— Acho melhor eu ir na frente pra preparar eles.
— Tá bem, eu vou em seguida, não fique fazendo cerimônia, vai e fala. — Ele cruzou os braços.
— Eu não sou você. — Abri a porta da cozinha onde estava meu pai e minha mãe, assim que eles me viram eles sorriram.
— Ei filhão faz tempo que a gente não se fala. — Falou meu pai fazendo sinal pra mim sentar na perna dele!
— Pai, eu sou pesado demais pra sentar na sua perna, eu não tenho mais 9 anos. — Revirei os olhos.
— Tem razão, daqui a alguns dias você vai fazer dezoito. — Eu desejei que ele não me lembrasse dessa dura realidade.
— Você está nervoso o que foi? — Perguntou minha mãe.
— Oii tia Taís, tio Roger. — Pablo entrou na cozinha com umas sacolas! — Trouxe para o almoço tia, espero que não se importe de eu vir almoçar com vocês! — Pablo sorriu para eles, ele tinha uma coisa que hipnotizava as pessoas, ninguém nunca falaria não para Pablo Daniel. Mas eu revirei os olhos, não sei porque ele pediu permissão, ele ficaria mesmo se não fosse convidado.
— Claro querido você sempre é bem vindo. — Falou minha mãe sorridente.
— Então Vítor já disse a eles? — Perguntou Pablo. Eu lancei um olhar desesperado. Ele sempre acha um jeito de fazer meu coração parar de bater. Eu queria matar ele.
— Não! — Falei indo pra perto de Pablo.
— Falar o que? — Perguntou meu pai. Eu engoli seco.
— Falar que eu e Vítor estamos namorando! — Pablo é muito direto, muito direto que qualquer pessoa, esse é uma qualidade dele, mas também é o pior defeito. Ele estava calmo, eu por outro lado tive que me escorar na parede pra não cair.
Meu pai estava com uma cara séria, e minha mãe conteve um riso. Olhei pra ela e quase perguntei qual era o problema dela.
— Então você esta namorando o meu filho!
— Si... — Pablo tentou falar
— Calado eu ainda não acabei! — Meu coração parou de bater de vez, eu já não ouvia ele, talvez eu já estivesse morto. Meu pai riu. — Vamos filho não fique com essa cara, eu já suspeitava de que vocês dois tinham alguma coisa além da amizade! — Meu pai agora estava tomando café tão tranquilamente. — Você ia com ele pra todo lugar, e você praticamente mora com Pablo.
— Oh meu Deus Vítor você está pálido. -— disse minha mãe vindo até mim. Pablo pegou na minha mão.
— Ele esta gelado. — Comentou Pablo. — Vamos Vítor você está em choque. — Eles me ajudaram a me sentar. Demorou alguns minutos pra mim voltar ao normal. E quando voltei fui diretamente na direção do meu pai.
— É só isso? Digo, vocês não vão falar nada? Não vão surtar dizer que é um erro e coisa assim? — Perguntei. Meus pais se entre olharam como se não soubessem do que eu estava falando.
— Filho o que vamos falar? Vocês já estão juntos! — Começou meu pai.
— E apesar de serem primos não vamos nos impor a nada! — Terminou minha mãe!
Ela começou a arrumar a mesa pro almoço.
— Mas se você brincar com o meu filho você vai se ver comigo! — Ameaçou meu pai, Pablo sorriu calmamente. Eu não entendia como ele pode sempre manter a calma.
— Eu amo o Vítor, eu nunca vou fazer mal a ele.
— Assim espero. — Falou meu pai sério.
— Vamos comer, sim! — Falou minha mãe.
— E eu espero que vocês se casem logo. — Falou meu pai!
— Por mim a gente se casa amanhã. — Pablo brincou.
— Eu vou alugar o melhor buffet da cidade inteira. — Disse minha mãe excitada.
— Parem de planejar meu casamento, eu sou jovem demais pra isso.
— Quando me casei com seu pai eu tinha dezessete anos. — Minha mãe olhava para Pablo. — E você sabe com quem está se matendo não sabe? Esse garoto é mais difícil que eu quando me casei.
— Eu sei bem como ele é.
— Então você sabe como é difícil lidar com Vítor Junior. — Falou meu pai. Eu olhei torto para eles.
— Vocês são pais tão bons, nossa fiquei até comovido. — Revirei os olhos.
— Sabe que estamos brincando garoto. — Minha mãe terminou de arrumar a mesa para podermos comer, que bom eu estava morto de fome depois de tudo.
Ficamos quase o dia todo na casa dos meus pais, e era lá que eu pretendia ficar pelo menos hoje. Amanhã enfim é o aniversário de Pablo, toda vez que eu pensava nessa festa eu sentia um frio na barriga.
— Você tem certeza que não quer ir pra minha casa?
— Tenho Pablo, eu já passo o dia todo lá. — Ele sorriu.
— Você passa a maior parte do tempo no meu quarto. — Ele mordeu meu ombro.
— Pare com isso agora Pablo Daniel, você não vai tirar minhas roupas na casa dos meus pais. Não aqui.
— Ta bem santo. — Ele se afastou de perto de mim. — Amanhã é meu aniversário. — Falou excitado.
— Sim, que tal sairmos? Slá podemos ir no shopping.
— Você quer sair comigo? Se sente bem? — Ele tocou minha testa.
— Não seja palhaço. Eu só quero que seu dia seja legal, eu até deixo você me levar para aqueles lugares chatos. — Eu tinha que sacrificar muita coisa mesmo por Pablo. Ele ficou feliz com isso. Quando ele foi embora eu logo sai de casa.
— Você não para não é menino! — Meu pai reclamou.
— Pai, dessa vez é por uma boa causa.
— E o que vai fazer? — Perguntou minha mãe entrando na sala.
— Eu vou pra guerra. — Literalmente eu estava indo diretamente para a morte.
— Tá bem meu soldadinho, mas volte pro jantar sim.
— Eu vou sim mãe, e se Pablo acaso ligar pra cá, diga que eu estou, e dormindo. — Eu estava implorando para minha mãe mentir.
— Eu não gosto de mentir.
— Mas eu gosto, pode ir filhão, do seu namorado eu cuido. — Disse meu pai. Minha mãe olhou feio pra ele, e eu olhei grato. Meu pai era sim o melhor.
Enfim eu havia chegado, mas da última vez eu estive aqui eu estava morrendo de medo, agora eu estava calmo, e estava disposto a fazer o que fosse possível pra minha missão ser cumprida. Toquei a campanhia e não demorou muito para ela abrir a porta.
— O que você está fazendo aqui?
— Boa noite pra senhora também tia Clara. — Minha tia me olhou de cima a baixo, com nojo é claro.
— O que você quer aqui?
— Vim falar com você, e se você tiver coração vai me ouvir.
— Eu não tenho tempo pra perder com você. — Ela fechou a porta mas antes eu a parei.
— É melhor você arrumar um tempo. — Entrei na casa sem ela ter me convidado, digamos que eu gosto de um comfronto.
— Vai lá, você tem cinco minutos antes que eu ligue pra polícia. — Ela se sentou e segurou o celular dela nas mãos, eu ri.
— Tudo bem,vou ser direto. Vou fazer uma festa de aniversário para Pablo, e eu espero que a senhora esteja lá, e seja cooperativa sim.
— E se eu me negar? — Ela não estava prestando atenção em mim.
— Olha só, você não gosta de mim, eu também não acho que a senhora é uma boa tia, então fazemos um acordo, eu nunca mais procuro você e assim você nunca mais vai precisar me ver. — Ela pensou um pouco.
— Que tal você deixar meu filho. — Eu ri alto.
— Minha filha nem pegando, quer saber, o filho é seu a conciência é sua, não quer ir não vai. — Disse irritado, ela conseguia me tirar do sério.
— Seu tempo acabou.
— Você é ridícula. — Eu revirei os olhos e sai de lá.
Bem, pelo menos eu tentei, ninguém pode dizer que eu não tentei concertar a situação.
Fui até a casa do meu tio, e ele aceitou e até ficou feliz com a festa, mas se a minha tia fosse ele teria que fazer um grande esforço, os dois se odeiam. Mas isso é problema deles, eu só estou tentando juntar essa família problemática.