— O que você faz aqui?
— Bom, suponho que a praça seja pública! — Ele falou rindo.
Eu me senti desconfortável quando ele se sentou perto de mim.
— Eu sei que você está com medo, olhe, não vou tocar em você eu prometo, naquele dia eu deixei as coisas sairem do controle.
Eu olhei para ele, e eu não acreditava em nenhuma palavra que saia da boca dele. Eu estava com um ódio tão grande.
— Você tentou abusar de mim. — minhas mãos estavam trêmulas. — Me bateu, você me bateu, e agora você vem aqui do nada pra que?
Me levantei pra ir embora, mas ele segurou meu braço.
— Me solta!
— Eu nunca quis te machucar, eu só estou aqui por que a Marta me pediu, ela queria que todos nós te descemos apoio!
Marta como sempre fazendo coisas que ela acha que seria bom pra mim. Mas no fim só me atrapalha.
— Não preciso de ajuda. — Eu puxei meu braço. — Ainda mais da sua ajuda!
Eu me virei e fui embora, ele não me seguiu. Agora eu estava mais do que irritado, Marta acha mesmo que pode me ajudar chamando Carlos, logo ele, logo a pessoa que me fez tanto mal, e eu gostava tanto dele.
Eu fui pra longe, mais longe que eu pude, e eu acabei me perdendo. Eu só pensava em como eu fui estúpido de acreditar em Pablo, idiota por ter me deixado levar por meia duzias de palavras bonitas que ele me disse.
Eu não devia ter sido tão ingênuo, não devia ter acreditado que ele me amava desde quando éramos pequenos, não devia ter acredito nessa coisa de destino.
Agora eu estava aqui, mergulhado no meu desespero, eu queria chorar, gritar, mas eu não conseguia fazer nada. E essa dor no meu peito só aumentava, era como se estivesse abrindo um buraco no meu peito.
Não sei como eu achei o caminho de casa. Quando cheguei lá meus pais estavam dormindo no sofá, coitados devem ter me esperado até cansar.
Mas olhando os dois ali meus traidores não ia os perdoar tão cedo, mas estaria sendo injusto com eles que só queriam me ajudar.
Eu subi pro quarto não estava com fome, me joguei na cama e adormeci.
O dia começou tão calmo e depressivo e eu estava mal humorado. O sol já estava no céu não havia nenhuma nuvem, os pássaros cantavam. Pra qualquer pessoa isso seria motivo pra ficar feliz mas eu não estava. Fechei a janela e fui para o banheiro me arrumar, meu péssimo dia só estava começando.
— Bom dia filho. — Falou meu pai quando me viu descendo as escadas.
— Oi pai. — Dei um abraço nele, mas não estava com vontade de abraça-lo.
— Que bicho te mordeu? Cadê aquele meu filho que descia essas escadas cantarolando e dançando que pulava em cima de mim quando me via?
— Bom, ele tirou férias e eu estou no lugar dele! — Falei mal-humorado e fui pra cozinha!
Lá estava minha mãe fazendo café.
— Bom dia meu príncipe!
— Ah que saco agora todo mundo está com um bom dia? mãe não seja grudenta! — Me deixei cair na cadeira de braços cruzados.
— Nossa, alguém está estressado! — Minha mãe falou cantando.
Eu olhei pra ela e revirei os olhos!
— Me impressiona ver você aqui, eu achei que você ia ficar no seu quarto chorando e escutando Adele! — Minha mãe riu disso.
— Mãe eu não vou fazer isso. Eu preciso ver Pablo.
— Eu fiquei sabendo que ele não está na cidade e quem sabe quando volta!
Isso me deixou mais pra baixo! por que ele está fugindo assim como um covarde? Ele me deve muitas explicações na verdade me deve uma longa história que eu quero ouvir.
— Talvez ele volte mais cedo. E se não voltar eu vou atrás dele!
Me levantei e peguei a minha mochila eu tinha perdido a fome e tudo!
— Não vai tomar café? — Perguntou minha mãe.
— Não, perdi a fome!
— E pra onde você vai Vítor?
— Não sei, eu vou pra escola, está tendo aulas de recuperação.
— Mas Vítor...
— Tchau mãe.
Minha escola permitia alunos que passaram de ano assistirem aulas, eu não sei porque isso existia, ninguém ia querer voltar pra lá se já não precisa. Mas eu estava aqui, e isso fez muita gente ficar surpreso.
Mas eu não estava sozinho, Marta estava de recuperação, e ficou feliz por me ver.
— Que bom que você veio, eu não queria ficar aqui sozinha. — Dei um sorriso torto pra ela.
Fiquei riscando meu caderno e quando percebi tinha escrito o nome de Pablo em uma folha inteira. As aulas foram passando em um tempo recorde. Eu estava disposto a prestar atenção na aula de matemática quando o sinal tocou. esperei Marta me encontrar do lado de fora. Eu não troquei palavra nenhuma com ela. Até na saída.
— Aquelas contas são horríveis, eu nunca vou conseguir passar. — Ela reclamou.
— Que nada, você vai passar sim, apenas estude.
Estava saindo fora da escola quando dou de cara com Pablo.
— Vem, precisamos conversar! — Ele me puxou pra dentro do carro dele e fomos pra um lugar sem rumo.
°°°
— Pablo, já faz uma hora que estamos andando nessa estrada, pra onde você vai me levar?
— Está com medo que eu mate você e jogue no matagal?
— Na verdade você já me matou , e agora pare esse carro! — Ele não resistiu apenas parou.
— O que você quer saber?
— Tudo, pra começar porque você fez aquilo comigo no dia do seu aniversário na frente de toda aquela gente, eu fui o último a saber que você ia se casar com aquela mulher, eu fui humilhado por você!
— Vítor, não foi meu plano eu juro, eu não queria te machucar, não pretendia te humilhar. — Ele olhava para mim com olhos de pena, que vontade de socar ele. — Vou te contar como tudo aconteceu eu prometo. Mas por favor eu te peço pra ter paciência!
Eu só movi a cabeça confirmando que iria ouvir. Ele tomou fôlego e começou a falar.
— Por onde eu começo? — Perguntou ele pensativo.
— Comece pelo começo.
— Bom, um dia eu estava chateado e fui para um bar, eu não lembro se já estava bêbado quando alguém falou comigo!
FLASHBACK.
— Olá! — Era uma voz feminina.
— Olá! — Respondi, era uma mulher, mas não uma mulher qualquer. Ela estava bem vestida, usava jóias caras e finas, sua classe acusava que ela não pertencia aquele lugar. Seus grandes olhos azuis e o cabelo loiro fazia com que ela se parecesse uma atriz de cinema.
— Você não se importa se eu sentar com você aqui não é? — Sua voz era tímida e ao mesmo tempo sedutora.
— Claro que não, será um prazer! — Eu sorri educadamente pra ela
— Meu nome é Katarina!
— O meu é Pablo, Pablo Daniel.
FIM DO FLASHBACK.
Eu ouvia tudo que ele dizia calado.
— E depois de algumas doses de Vodka ela foi se soltando e me contando a sua vida, Katarina era uma mulher fascinante!
— Seus olhos brilhavam ao falar dela, meu estômago embrulhava só de pensar que ele poderia estar apaixonado por ela. Eu disse pra mim mesmo que não ia chorar. Olhei pra fora da janela do carro. Ele contínuou falando.
— Depois de algum tempo eu já sabia o que ela estava fazendo naquele bairro tão pobre!
FLASHBACK.
— Você deve estar se perguntando o que uma mulher como eu estou fazendo em um lugar como esse, não é?
— Na verdade sim
— Bom, meu pai. — Ela começou. — Está tendo alguns problemas com seus negócios, ele acha que eu poderia ajuda-lo, porque acha que eu estudei direito. — Ela ria como se estivesse contando alguma piada.
— E você não estudou?
— Pablo, olhe para mim, eu sou uma mulher do mundo que adora viajar, eu nunca ia passar a vida toda resolvendo problemas dos outros!
Ela falava seria, ela estava visivelmente alterada pelo álcool. Mas o que ela falava fazia sentido!
— Bom, eu me formei em direito, não sou um advogado conhecido mas...
— Você pode me ajudar. — Ela falou toda animada. — Eu posso te apresentar ao meu pai, mas tenho assuntos pra resolver agora!
Ela pegou sua bolsa, e tirou uma pasta dela.
— Aqui está seu primeiro caso, Pablo! — Ela me entregou a pasta sorrindo.
FIM DO FLASHBACK.
Agora eu estava muito irritado.
— POR QUE VOCÊ NUNCA ME DISSE QUE ERA ADVOGADO?
— E faz diferença?
— Claro que faz, eu quero saber tudo sobre a sua vida! — Falei cruzando os braços.
— Não, não faz diferença. — Ele ligou o carro e começou a dirigir.
— Ei, pra onde você vai me levar?
— Vítor, confia em mim tá! — Ele falou sério.
— Droga Pablo para esse caro ou eu vou pular!
— Você não se atreva, eu não vou te levar pra um hospital! — Ele disse sério.
Eu não fiz nada. Apenas fechei a cara e fiquei pensando em tudo que ele me disse!
— Ótimo, melhor assim. — Respondeu ele.