O EX-ALUNO. Capítulo 3: A PROPOSTA

Um conto erótico de rickprof
Categoria: Homossexual
Contém 4521 palavras
Data: 24/01/2018 13:50:45
Assuntos: Gay, Homossexual

Capítulo 3: A PROPOSTA

Devido ao cansaço, físico e emocional, Renan dormiu a viagem inteira. Eu deveria levá-lo para a universidade para que dormisse no quarto da sua amiga, mas não foi isso que eu fiz. Dirigi e fui direto para o meu apartamento. Quando cheguei à garagem do prédio, estacionei e fiquei olhando para o meu ex-aluno. Sua dor me incomodava.

- Renan, chegamos. – Disse o acordando.

- Onde estamos? – Ele acordou assustado olhando para os lados.

- Estamos na garagem do meu apartamento. Acho melhor você dormir aqui hoje!

- Não precisa, Ricardo. Acho que já te incomodei demais por hoje. Eu sei que você faltou ao trabalho hoje na parte da tarde para poder ir me ver. Não quero atrapalhar mais sua vida...

- Você irá dormir no meu apartamento e pronto. – Pensei rápido e resolvi inventar uma desculpa para que ele não tivesse como recusar o meu convite. – Além do mais, estou muito cansado para dirigir até a universidade...

- Não seja por isso! Eu pego um ônibus... – Ele disse constrangido como se ele fosse um peso para mim.

- Deixa de ser bobo! Você não me incomoda em nada. – Fiquei com vergonha do que havia dito. Sou mesmo um idiota, insinuei que ele só dormiria no meu apartamento porque eu não queria levá-lo até a universidade. – Não vou deixar você pegar ônibus essa hora da noite até a universidade. Eu conseguiria dirigir até lá sem nenhum problema. Porém, não quero te deixar sozinho e acho melhor que você durma aqui hoje. – Ele sorriu. – Vamos subir? – Meu ex-aluno concordou com a cabeça e logo saímos do carro.

Entramos no elevador e eu apertei o número 8. Em seguida dei um abraço no meu amigo.

- Vamos bater papo e deixar o baixo astral bem longe! – Respirei fundo. – Vai ficar tudo bem – Falei sorrindo.

- Obrigado por tudo que está fazendo por mim.

O elevador se abriu e caminhamos para o meu apartamento. Abri a porta e fui mostrando os cômodos. Por último, deixei a cozinha.

- É pequeno, mas é aconchegante. – Falei procurando um pacote de macarrão dentro do armário.

- Achei uma graça! Muito bem organizado e decorado. – Ele pareceu falar de forma sincera.

- Vamos jantar? – Mostrei o pacote de macarrão.

- Não precisa! Estou sem fome...

- Não acredito que você fará essa desfeita! Nem pensar, você jantará comigo sim. Farei a minha especialidade em sua homenagem: macarrão ao molho branco. – Falei rindo e caçando os demais ingredientes dentro do armário. – Você gosta?

- Gosto sim. Mas, é que estou sem fome mesmo...

- Ai, meu Deus! Deixa de bobeira, moleque. Você não tem escolha. Terá que comer e pronto! – Dei uma pausa enquanto pegava uma panela. – Façamos o seguinte! Enquanto eu cozinho o macarrão e faço o molho, você vai tomando um banho. – Coloquei a água para ferver e fui caminhando para o meu quarto. Renan me seguiu timidamente. Procurei algumas coisas no meu guarda-roupa e o entreguei. – Toma, uma toalha e uma muda de roupa limpa. Não se preocupe, a cueca é nova. – Ele deu uma gargalhada do comentário e eu não consegui segurar o meu riso também. – Vá tomar um banho e quando você terminar, nós jantamos. – Renan concordou e foi para o banheiro. Voltei para a cozinha e continuei preparando o nosso jantar.

- Ai, que susto. – Gritei colocando a mão no coração assim que percebi a presença de Renan na cozinha.

- Desculpe-me! Não queria te assustar... – Falou envergonhado.

- Esquece... Eu sempre me assusto... O jantar já está pronto! - Seus olhos estavam vermelhos. Percebi que havia chorado durante o banho. Porém, achei melhor fingir que não havia percebido.

Arrumamos a mesa e, em seguida, nos servimos e ficamos um tempo em silêncio!

- Nossa! Você sabe mesmo cozinhar. O macarrão ficou uma delícia... – Falou após a primeira garfada.

- A gente aprende muita coisa quando fica sozinho no mundo. – Renan me olhou sem entender. – Eu entendo o que você está sentindo, cara. Mas, você não deve se culpar por nada. Se há alguém errado em toda essa história, sem dúvida são seus pais. – Disse bebendo um gole do vinho tinto.

- Eu só queria não ser assim. Queria poder dar orgulho para meus pais...

- Não pense dessa forma. Você não fez nada de errado! Não há nada de errado em ser do jeito que somos. – Dei uma pausa antes de continuar. – Eu já passei por uma situação bem parecida com a sua. – Nos olhos daquele garoto cresceu uma indagação. Bebi mais um gole de vinho antes de prossegui a fala. – Eu fui expulso de casa pela minha mãe quando ela descobriu minha orientação sexual. Passei por momentos complicados, mas sobrevivi. – Voltamos a comer o macarrão e ficamos em silêncio.

- Nunca desconfiei de você, Ricardo. – Ele disse meio constrangido quebrando o silêncio.

- Para ser sincero, também não havia percebido que você é gay. Acho que os nossos radares estão quebrados, né? – Começamos a rir.

Terminamos o jantar e ele resolveu lavar a louça e eu fui secando e guardando. No fim, arrumei o quarto de hóspedes que, na verdade, servia como um escritório e uma biblioteca particular improvisados.

- Boa noite. – Falei assim que ele se deitou na cama e, logo depois, dei um beijo em sua testa. – Tenha bons sonhos. – Disse sorrindo.

- Obrigado por tudo, Ricardo. Tenha uma boa noite também.

- Prefere a luz ligada ou apagada? – Perguntei saindo do quarto.

- Pode apagar.

Sai do quarto e fui tomar um banho. Depois da ducha fui para o meu quarto, porém não consegui dormi pensando em tudo que havia acontecido. Refleti no que eu poderia fazer para ajudar Renan. De fato, não poderia deixá-lo sozinho. Quando minha mãe me expulsou de casa, passei por momentos complicadíssimos. Se não fosse a herança do meu pai e certa quantidade em dinheiro que havia na poupança, eu teria, simplesmente, me fodido. Eu sabia que o Renan não possuía qualquer dinheiro. Eu precisava arrumar uma forma de ajudá-lo. Em hipótese alguma o deixaria passar pelas coisas que eu passei.

Fui até o quarto de hóspede e vi que Renan dormia profundamente como uma criança indefesa. Em seu semblante havia um medo indescritível da vida e do futuro incerto. Não podia deixar que nada de ruim acontecesse com ele. Sai do quarto e me sentei no sofá da sala, meus pensamentos procuravam uma solução para aquele problema. Lembro-me que já passava das quatro da manhã a última vez que olhei no relógio.

Acordei com beijinhos no meu rosto e selinhos. Lentamente abri os olhos.

- Bom dia!

- Bom dia. – Disse ainda sonolento.

- Por que você está dormindo no sofá?

- Não estava conseguindo dormir e resolvi sentar aqui, acabei pegando no sono. – Disse me levantando. – O que você está fazendo a uma hora dessas aqui?

- Como eu sei que você só trabalha hoje na parte da tarde, resolvi tomar café da manhã com você. – Sérgio disse se jogando no sofá. Em seguida ele me abraçou e começou a me beijar ao mesmo tempo em que tirava minha blusa.

- Pode parando. – Levantei arrumando a blusa e indo para cozinha.

- Não faz isso comigo! – Sérgio me abraçou por trás. – Venho fazer uma surpresa e você me trata assim? Estou ficando ofendido. – Ele disse rindo.

- Não vou transar com você na sala enquanto o Renan está no quarto de hóspede... – Falei enquanto ligava a cafeteira.

- O que? – Ele quase berrou.

- O Renan, aquele meu estágio, está dormindo no quarto de hóspede.

- Você só pode estar de brincadeira comigo. – Sérgio estava enfurecido e eu falava calmamente.

- Não é brincadeira! Ele está passando por um momento complicado e eu o trouxe para dormir aqui.

- E você fala isso com a maior naturalidade do mundo?

- Sérgio...

- Você está me traindo com esse garoto?

- Claro que não. Ele é só meu amigo!

- Acho essa amizade, no mínimo, estranha...

- Senta aqui! – Disse apontando para a cadeira e puxando a outra para me sentar. – Nós precisamos conversar... Foi até bom você ter vindo hoje pela manhã.

Contei, calmamente, tudo que havia acontecido no dia anterior. Expliquei toda a situação do Renan. Meu namorado tentou ouvir sem me interromper, mas estava, nitidamente, desconfortável com a situação.

- Ricardo, eu não quero esse garoto sozinho com você nesse apartamento! – Ele disse irritado logo que terminei de contar.

- Então você terá que passar mais tempo nesse apartamento.

- O que? Não entendi... – Disse me olhando com um cara de interrogação.

- Passei a noite toda pensando e cheguei a uma conclusão: vou convidar o Renan para morar aqui comigo até a vida dele se acertar.

- Eu não acredito no que você está falando. – Ele disse se levantando e me olhando com os olhos já vermelhos de raiva. – Isso só pode ser uma piada! Claro, isso tudo é uma brincadeira. Não há outra possibilidade. – Seu tom de voz ficou mais alto.

- Fala mais baixo... Não é uma brincadeira! Eu já passei por isso e sei o quanto é difícil passar por essa situação sozinho...

- Você não tem o direito de me jogar isso na cara. Quando sua mãe te expulsou de casa nós não estávamos namorando. – Quando fui expulso de casa Sérgio e eu havíamos interrompido nosso relacionamento pela segunda vez. Ele, simplesmente, não me procurou para saber como eu estava. Demorou mais de três meses para que ele resolvesse saber como minha vida ficou. Quando isso ocorreu, já havia acertado alguns pontos e não estava tão necessitado de carinho e atenção. Foi algo imperdoável! Guardo, até hoje, essa mágoa. Voltamos alguns meses depois porque Sérgio me pedia perdão quase que todo dia e fez de tudo para que reatássemos o namoro. Como eu sempre fui apaixonado por esse homem, por fim cedi aos seus pedidos.

- Não estou te jogando nada na cara!

- Parece que sim. Como você acha que eu me sentirei sabendo que você está morando com outro homem?

- Eu estarei morando com um amigo...

- E se fosse eu que estivesse morando com um amigo?

- Eu ficaria muito chateado...

- Está vendo? Pimenta no cu dos outros é refresco...

- Eu não ficaria chateado por você estar morando com um amigo com o intuito de ajuda-lo. Eu ficaria chateado porque você nunca quis morar comigo... – Ficamos em silêncio por alguns minutos enquanto eu preparava o café da manhã. Coloquei leite, café, pão de forma, queijo, presunto, geleia, maçã, laranja e pera sobre a mesa.

- Eu não vou suportar essa situação, Ricardo.

- Olha, Sérgio, eu não estou te pedindo autorização! O apartamento é meu e eu convido para morar aqui quem eu bem entender. Você queria ou não!

- Engraçado isso, você pede para que eu venha morar aqui, mas diz que eu não posso opinar em relação a quem deve ou não morar aqui...

- Se você morasse aqui eu teria que pedir sua autorização. Porém, esse não é o caso.

Voltamos a ficar em silêncio. Ouvi o barulho de uma porta abrindo e fui ver se era o Renan. Quando cheguei à sala encontrei o meu ex-aluno meio desorientado.

- Bom dia.

- Bom dia! – Ele respondeu meio tímido.

Logo o Sérgio saiu da cozinha. Percebi que quando ele viu o Renan ficou o analisando e, de fato, o achou bonito, pois posso jurar que vi uma baba escorrendo no canto direito de sua boca. Entretanto, logo em seguida ele amarrou a cara.

- Renan, esse aqui é o Sérgio, o meu namorado. E Sérgio, esse aqui é o Renan o meu ex-aluno e atual estagiário. – Disse para quebrar o clima tenso. Os dois se cumprimentaram. Renan estava encabulado com a situação e o Sérgio muito irritado. – Renan, já preparei o café da manhã. Vá escovar os dentes. No armário do banheiro há uma escova nova dentro da embalagem, pode pegar para você.

- Obrigado! Vou lá então... – Renan foi para o banheiro e Sérgio ficou me fuzilando com os olhos.

- Você acha que eu vou mesmo deixar você morar com outro cara e ainda por cima lindo e gostoso igual esse garoto? – Sérgio falou assim que Renan entrou no banheiro e trancou a porta.

- Você é mesmo muito escroto! – Falei rindo. – Já ficou de olho no Renan, né?

- Claro que não... Mas, ele é muita tentação! Não quero você morando com ele. – Ele disse agora mais sério.

- Sérgio, não irei mais discutir isso. Renan irá morar aqui por um tempo e ponto final. E não precisa se preocupar, vejo o Renan como um irmão mais novo.

- Claro! E Papai Noel me ligou hoje me perguntando se eu gostei do presente que ganhei no Natal passado.

- Como você é irônico... – Ouvimos a porta do banheiro abrindo e paramos a conversa. – Vamos tomar o café? – Perguntei para o Renan.

- Vamos! – Disse sorrindo.

- Eu já estou indo...

- Ué, não vai tomar café da manhã comigo?

- Não! Depois a gente se fala... Estou atrasado para o trabalho. – Ele me deu um selinho. – Tchau... – Disse olhando para o Renan.

- Tchau. – Renan respondeu ainda envergonhado. Sérgio saiu sem deixar brecha para que eu o chamasse.

- Então... Vamos tomar o nosso café. – Disse sorrindo para quebrar o clima tenso que ficou no ar com a saída abrupta de Sérgio. Fui caminhando em direção à cozinha e Renan me seguiu.

- Você não havia me contado que tem um namorado...

- Pois é, cara... É uma longa história! Teremos tempo suficiente para que eu te conte em detalhes essa minha relação louca com o Sérgio. – Falei me sentando à mesa.

- Parece que ele não gostou muito de me ver aqui...

- Bobagem! Ele é assim mesmo. – Começamos a comer e ficamos em silêncio.

Assim que terminamos a refeição, Renan me ajudou a lavar, novamente, as louças.

- Acho que já te aluguei demais, né?

- Claro que não, moleque. – Disse bagunçando o seu cabelo e o puxando para um abraço. – Você é muito bem-vindo nesse apartamento. – Ele deu um daqueles sorrisos encantadores, mas que naquele momento demonstrou certa fragilidade. Seu olhar ainda não possuía aquele brilho característico.

- Eu tenho que ir, Ricardo. Vou tentar consegui uma vaga no alojamento. Não poderei ficar muito tempo no quarto da Joice.

- Era sobre isso que eu queria falar com você. Vamos nos sentar na sala. – Falei o puxando pelo braço. Sentamos no sofá e eu continuei falando. – Cara, eu quase não dormi essa noite. Pensei muito em tudo que aconteceu com você. Então, cheguei a uma conclusão! Irei te fazer uma proposta.

- Proposta? – Perguntou curioso.

- Sim, uma proposta. Quero que você venha morar aqui no meu apartamento por uns tempos...

- Eu não posso aceitar. – Ele disse abaixando a cabeça.

- Você irá aceitar! Eu não posso te deixar sozinho nesse momento difícil da sua vida. Já passei por isso e sei o quanto é complicada e sofrível essa situação. – Falei segurando em sua mão e o olhando nos olhos. – Eu não posso simplesmente fingir que não tem nada acontecendo. Eu posso te ajudar e farei isso.

- Isso não é justo! Não quero e não serei um peso na sua vida...

- Você jamais será um peso para mim. Gosto de você de uma maneira inexplicável. Gosto de você como um irmão mais novo que nunca tive. Não te deixarei passar por essa barra sozinho. – Seus olhos se encheram de lágrimas.

- Eu agradeço, mas não posso aceitar. Não tenho condições de ajudar nas despesas do apartamento. Não quero viver as suas custas.

- Eu compreendo e me orgulho mais ainda de você pensar dessa forma. Mas, tenho tudo planejado...

- Ricardo...

- Silêncio, moleque! – Disse dando uma gargalhada! – Deixe-me falar, depois eu deixo você argumentar. Olha, você irá ficar aqui no meu apartamento até você terminar a faculdade e arrumar sua vida. Há dois quartos aqui, então não haverá problema algum. Eu irei conseguir um emprego para você e, assim, você poderá me ajudar nas despesas, mesmo não sendo necessário. Já tenho até um emprego em vista para você. Porém, antes, preciso averiguar se dará certo. Você morará aqui e só quando estiver tudo acertado na sua vida te deixarei sair de debaixo de minhas asas... – Puxei-o novamente para um abraço e beijei sua testa, seus olhos estavam lacrimejando. – Eu vou cuidar de você e não deixarei que mais nenhum mal te aconteça. – Suas lágrimas escorreram pelo seu rosto e eu as sequei com os dedos.

- Eu não sei nem como te agradecer! – Sua voz estava chorosa e ele me abraçou forte.

- Não precisa agradecer. Tenho certeza que não foi uma coincidência a gente ter se reencontrado... Eu vou te proteger, meu moleque! – Baguncei o seu cabelo e ele sorriu entre as lágrimas. Parte daquele brilho ocular peculiar pareceu retornar. Porém, ainda estava muito distante do normal. – Então, antes de eu ir para o colégio, vamos passar no quarto de alojamento da sua amiga e pegar suas coisas. A partir de hoje, você é o mais novo morador desse apartamento.

Por volta das 10 horas da manhã, Renan e eu fomos até o alojamento da sua amiga pegar suas coisas. Fiquei o esperando dentro do carro e pouco mais de 10 minutos depois ele já estava de volta.

- Cadê suas coisas? – Falei assim que ele entrou no carro.

- Só foi isso que consegui carregar quando fui expulso. – Ele respondeu em um tom melancólico. Renan carregava apenas duas mochilas e menos de uma dúzia de livros entre os braços. Seu olhar estava triste!

- Ei... Não fica triste! – Disse segurando em sua mão. – Vamos voltar para o apartamento...

Dirigi até o apartamento enquanto conversava mil e uma futilidades com o Renan. Queria, de todas as maneiras, fazer com que ele pensasse o mínimo possível no que havia ocorrido. Em seu rosto, ainda havia algumas manchas roxas, entretanto em seu olhar ficou a maior marca de seu sofrimento: a falta daquele brilho.

Deixei-o no apartamento e fui dar aula na parte da tarde. À noite fui ao cursinho pré-vestibular que dou aula para conversar com o proprietário, o Ronaldo. Conhecia-o há alguns anos e ele me havia convidado para participar do projeto de cursinho que ele criou. Acabou que o projeto deu certo e eu virei o professor de História oficial. Após tudo resolvido, voltei para casa. Já eram 20 horas quando estava me aproximando do apartamento e meu celular tocou. Era o número do Sérgio.

- Alô...

- Onde você está?

- Estou chegando ao apartamento, por quê?

- Nada... Vou te esperar na garagem, então.

Assim que cheguei à garagem Sérgio apareceu e entrou no carro.

- O que aconteceu? – Perguntei assim que ele entrou e bateu a porta com certa brutalidade.

- Aconteceu que fui ao apartamento do meu namorado e tem outro homem morando lá. – Falou irritado.

- De novo essa história, Sérgio?

- Porra, cara, cheguei lá e ele estava preparando o jantar para vocês...

- Que bom que ele está preparando o jantar, pois estou morto de fome.

- Você só pode estar brincando comigo. – Ele berrou! – Estou falando sério contigo, cacete. Eu não quero o Renan morando com você.

- Nós já conversamos sobre isso... Mas, se você tiver um bom argumento para que ele não fique morando no meu apartamento, eu posso repensar minha decisão. – Falei calmamente e ele ficou me olhando. Após alguns segundos continuei. – Bom, pelo que vi você não tem argumentos...

- Claro que tenho. Eu não quero que o meu namorado more com uma tentação daquelas...

- Você é mesmo um pervertido, né?

- Só estou sendo realista!

- Renan é, realmente, muito bonito. E você pode tirando o olho dele. Ele está passando por muitas coisas para ainda ter que aturar você o assediando.

- Eu não estou fazendo isso...

- Acho bom!

- Ficou com ciúmes de mim, foi? – Sérgio disse rindo.

- Não! Só não quero que o Renan se envolva com alguém como você. – Realmente eu tinha pouco ciúme de Sérgio. No passado, fui uma pessoa muito ciumenta, porém a vida me deixou calejado. Meu namorado é um pervertido. Não pode ver homem bonito que já fica de pau duro. Perdi as contas de quantas vezes fui chifrado. No começo, eu chorava e esperneava durante alguns dias, mas sempre acabava voltando para os seus braços. Percebi que não conseguiria mudar o que sentia por Sérgio e muito menos o jeito dele de ser. Desse modo, resolvi não mais ficar depressivo quando descobria uma traição. Entretanto, senti-me no direito de traí-lo quando bem entendesse. Ou seja, toda e qualquer oportunidade que tinha de ficar com alguém interessante, ficava. Não me sentia culpado! Sentia apenas que estava fazendo algo que me dava prazer e que o meu namorado não deixaria tais oportunidades passar. Quando Sérgio descobriu que eu o traía, simplesmente, surtou. Toda a confiança que tinha por mim se quebrou e passou a ser extremamente controlador e ciumento, no entanto, nunca deixou de dar suas puladas de cerca.

Sérgio me olhou com cara de poucos amigos e saiu do carro batendo violentamente a porta. Desliguei o carro e sai.

- Se estragar a porra da porta do meu carro eu vou cobrar... – Disse quando o encontrei próximo ao elevador.

- Vai tomar no cu.

- Até que estou afim, mas nos últimos meses meu namorado está com síndrome da passiva louca. – Disse em tom de piada.

- Você é mesmo um babaca. – Ele disse rindo e me puxando para um beijo.

Ficamos nos beijando enquanto o elevador não chegava.

- Vamos jantar e depois dormir juntinhos? – Perguntei quando entramos no elevador.

- Tudo bem...

Entramos no apartamento e Renan estava na cozinha.

- Renan? – Chamei-o colocando a chave perto do aparelho de telefone.

- Oi... – Ele apareceu na porta da cozinha secando as mãos em um pano de prato.

- Que cheiro bom! – Eu disse assim que senti o aroma. Sérgio se sentou no sofá e ligou a televisão.

- Não é nada demais. É uma comida simples... – Renan estava envergonhado. Aliás, quando ele fica envergonhado fica mais bonitinho. Não pude deixar de sorri para ele e beijar sua testa enquanto o abraçava. Sérgio ficou com cara de poucos amigos.

- Vou tomar um banho! – Sérgio disse indo para o banheiro.

- Seu namorado não gosta da minha presença aqui... – Renan disse assim que Sérgio fechou a porta do banheiro.

- Ele só está com ciúmes! Apesar da idade, é um moleque bobalhão. – Sorri e baguncei seu cabelo. – Aposto que em breve vocês se tornarão amigos.

Assim que Sérgio saiu do banheiro, tomei um banho rápido e sentamos os três à mesa para jantar. Sérgio sentou a meu lado e Renan ficou de frente para mim. O silêncio imperou durante os primeiros minutos.

- Renan, tenho uma novidade para você. – Disse quebrando o silêncio e o gelo. Ambos me olharam curiosos. – Consegui um emprego para você.

- Jura!?!? – Renan perguntou animado enquanto Sérgio me olhava com cara de poucos amigos.

- Sim! Sabe aquele cursinho pré-vestibular que dou aula à noite?

- Sei...

- Então... eu conversei com o proprietário. Falei que andava saturado, quase estafado devido ao acúmulo de trabalho e que precisava de descanso. Ele, logicamente, tentou me convencer a ficar... O que ele faz há mais de três anos comigo! – Ri, pois ele nunca me deixava sair. Sempre que pedia demissão ele me convencia a ficar. – Só que eu disse que dessa vez não tinha como, mas que não o deixaria na mão. Falei que tenho um amigo que ele poderia contratar. E que eu seria como um supervisor. Caso não desse certo, eu reassumirei meu posto. Ele concordou e você começa na próxima semana. – Falei olhando para o Renan.

- Caramba, Ricardo, eu não acredito!

- Mas, pode acreditar. O emprego é seu! – Sérgio não disse nada, apenas observava a nossa conversa.

- Mas, você não deveria abrir mão dele por mim...

- Eu, realmente, estou muito cansado. Trabalhar três noites na semana é cansativo, estava sem tempo para quase nada. Agora terei minhas noites livres além de duas manhãs.

- Eu nem sei como te agradecer...

- Mas, eu sei. Basta você se dedicar bastante para que o Ronaldo, o proprietário do cursinho, não me queira de volta. – Dei uma gargalhada.

Sérgio e Renan trocaram pouquíssimas palavras durante o jantar. Quando esse acabou, meu namorado inventou uma desculpa e foi para o quarto e meu ex-aluno e eu para a cozinha.

- Deixa que lavo a louça! – Eu disse.

- Nem pense nisso...

- Você já fez o jantar, agora é minha vez de fazer alguma coisa.

- Eu lavo e você seca, então!

Terminamos de arrumar a cozinha e caminhamos para os nossos quartos.

- Boa noite, Ricardo. – Ele me abraçou e me deu um beijo no rosto.

- Boa noite. – Respondi enquanto devolvia o beijo.

Entrei no quarto e Sérgio estava já deitado.

- Você demorou!

- Estava lavando a louça com o Renan...

- Sei... – Ele disse ironicamente. – Vem ficar agora um pouco comigo. – Disse me puxando para cama. Deitei ao seu lado e ele me abraçou colocando sua cabeça no meu peito. – Eu te amo, sabia?

- Eu também te amo! – Disse fazendo carinho na sua cabeça.

- Você parece gostar muito do Renan.

- É verdade, eu gosto bastante dele.

- Sinto ciúmes. Porém, vejo que você é muito fraternal com ele.

- Ele é como se fosse um irmão mais novo. Só quero ajudá-lo.

- Espero que ele também sinta apenas um amor fraterno por você. Ricardo, você é um cara encantador. Não acho difícil que Renan se apaixone por você.

- Deixa de ser bobo, Sérgio. Somos amigos, eu já te disse isso. – Falei levantando seu rosto e o beijando.

Começamos a nos beijar de forma lenta, mas logo Sérgio colocou mais intensidade e calor em seus movimentos. Nossas roupas foram tiradas e ficamos nus em cima da cama trocando carícias que nos faziam gemer de prazer. Primeiro senti seus lábios engolirem meu membro enquanto seus dedos massageavam meus mamilos. Logo depois, fiz o mesmo com ele. Enquanto o degustava, vi seus olhos fechados e sua face demostrando todo o prazer que eu o proporcionava. Sorri por saber fazê-lo delirar de tesão. Enquanto engolia seu membro, comecei a introduzir meu dedo em seu centro nervoso. Seus gemidos se tornaram mais intensos e sua expressão facial me deixava com mais vontade de possuí-lo. Quando tentei penetrá-lo, ele rapidamente trocou de posição.

- Ahh... estava bom daquele jeito.

- Também estava curtindo. Mas, hoje eu que irei ser o ativo.

- Por quê?

- Porque você ficou falando que sou uma passiva louca. Vou te mostrar como sou bom e te deixarei sentando torto o dia todo. – Ele falou rindo, mas ao mesmo tempo me desafiando. Eu apenas deixei rolar.

Fui colocado de bruços e senti sua língua úmida percorrendo minhas costas até chegar ao meu buraco. Gemi, apertei e mordi o travesseiro. Sérgio estava inspirado e me deixou louco; enquanto me lambia puxava meu cacete para trás dando leves chupadas. Ele introduziu um dedo e ficou fazendo movimentos circulares. Aquilo estava, realmente, muito bom. A cabeça de seu membro encostou-se à portinha o que me fez sentir arrepios de prazer. Logo a cabeça era introduzida. Senti um dor do caralho, pois fazia um tempinho que não era passivo em nossas relações sexuais.

- Ai, tá doendo. Tira, tira...

- Relaxa... – Ele falou no meu ouvido e depois mordeu minha orelha.

Continuei sentindo dor, porém deixei que ele continuasse. Logo seu membro já havia sido, totalmente, introduzido. Sérgio, então, iniciou uma entra e sai cadenciado. Quando me acostumei, o prazer tomou conta daquela cama e deixei ser possuído de todas as formas por aquele homem, segurando ao máximo o meu êxtase.

- Não estou mais conseguindo segurar! Vou gozar...

Ele aumentou a velocidade e assim que derramei meu líquido em minhas mãos ele ejaculou dentro de mim. Estávamos suados e cansados. Por fim, dormimos abraçados.

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Comentários

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Muito bom e com essa escrita perfeita... Dá vontade de nao parar mais de ler

Nota 10000

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Simplesmente perfeito,sua forma de narrar é leve e ao mesmo tempo precisa,as trocas de cenário e a passagem de tempo,de maneira correta,impecável a foma de escrever. Mais uma vez parabéns estou amando ler seu conto e torcendo para que o novo casal não demore a ficar juntos.

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UMA COISA QUE NÃO PERDOO NEM APÓS A MORTE É A TRAIÇÃO. NEM ADIANTA TENTAR ME CONVENCER DO CONTRÁRIO. POXA, ESSE SÉRGIO É UM É NO SACO. DÁ LOGO UM PÉ NA BUNDA DELE. QUE BICHA ESCROTA. BARRAQUEIRA. ENGRAÇADO QUE ELE GOSTA DE TRAIR MAS QUANDO FOI TRAÍDO FECHOU O CERCO E VC PERMITIU ISSO. BABACA VC TB. MAS CREIO QUE ISSO NÃO SEJA AMOR E SIM ACOMODAÇÃO. ACHO QUE VC ESTÁ PRECISANDO DE EMOÇÕESNOVAS E RENAN COM CERTEZA PODE LHE PROPORCIONAR ISSO. E TRIÂNGULOS AMOROSOS NÃO FUNCIOAM. NUNCA FUNCIONOU. ALGUÉM VAI SAIR MACHUCADO E VAI SOFRER MUITO. ESPERO QUE RENAN NUNCA TRAIA VC COM O SÉRGIO JÁ QUE ESTE É UMA GALINHA PROMÍSCUA. AQUI ANSIOSO PELO PRÓXIMO CAPÍTULO.

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Sua narrativa é emotiva e bem segura. Continua logo. Adorando bastante. Abraços. Boa Tarde a todos.

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Magnífico, realmente seu conto está nota 1000. A casa estava precisando de mais escritores como você (Deixando claro que não tenho nada contra outros escritores, opinião é uma coisa que cada um tem a sua). Achei meio estranha essa sua relação com o Sérgio, se ambos gostam de pular a cerca, porque insistem em ter algo? (Estou achando este conto muito real, e é?). Abraços! Ansioso pela continuação e na expectativa do novo casal Ricardo

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