Laços Do Destino - Capítulo 23: Recomeçar

Um conto erótico de Daniel R.M
Categoria: Homossexual
Contém 1412 palavras
Data: 26/01/2018 01:37:45

Eu acordei sorrindo naquela manhã, pulei da cama como fazia todos os dias, mas hoje seria diferente, hoje não era um dia qualquer, hoje é o dia que volto para o Brasil…

Um ano se passou desde que tudo aconteceu, as pessoas sempre estão certas, mudanças são os únicos remédios que precisamos tomar, e o tempo torna tudo mais fácil. Eu estava completamente curado de qualquer coisa, qualquer dor. Eu até acho que sou um novo homem.

Eu mudei, agora eu fazia academia, estava bastante forte, mudei o meu cabelo, agora ele era platinado, e mudei todo meu estilo. Eu tive que me acostumar com essas mudanças pouco a pouco, teve uma manhã que eu me olhei no espelho e gritei por não ter me reconhecido.

Fui tomar banho, eu precisava estar no aeroporto as oito horas, eu ri com isso, eu ia voltar para casa no mesmo dia que eu sai de lá. Me olhei no espelho, nenhum sinal de dor, nada que me lembrasse do passado, eu tinha certeza que tudo que aconteceu no passado não dizia respeito a mim,pois eu não sou mais aquele Vítor.

Eu viajei pela Europa toda, por sorte do destino eu fui chamado pra fazer um teste pra ser modelo, eu consegui, até posei para uma revista de moda masculina e ganhei pouca fama, mas muito dinheiro, eu também ajudei uma empresa a sair da completa ruina, e me tornei vise presidente, e isso me deu mais dinheiro. Eu ajudei um grupo de teatro, fiz caridade, trabalhei como diretor de um filme. Eu fiz muita coisa nesse último ano, eu estava focado em fazer tudo que eu pudesse pra me manter ocupado. E quando eu percebi já estava rico o suficiente. Um garoto de 19 anos e rico, esse era eu. Talvez eu compre uma casa no Brasil bem grande como a de Pablo.

Seu nome ainda trazia lembranças, mas não dolorosas. Como ele deve estar agora? Deve ter se casado, tido mais um filho e estar feliz. Não vou dizer que eu o superei, eu estaria mentindo, Pablo foi o primeiro e único amor que eu tive. E eu sei que voltando para o Brasil eu corro o risco de rever ele. Mas eu estou pagando pra ver isso. Ou não.

Já era oito horas, e eu corri pra não perder o avião, por sorte eu consegui chegar bem a tempo. Eu não fiz muitos amigos em Nova York, apenas uma garota chamada Lana e um garoto chamado Bruno, eles eram pessoas legais, mais Marta nunca foi ser substituída. Como será que ela está hoje? Um ano é pouca coisa, e também é muito tempo.

Olhei para a pequena janela do avião e respirei, em pouco tempo eu estaria em solo brasileiro. Eu comecei a me perguntar se oque eu estava fazendo era bom, fazer os velhos fantasmas do passado se levantarem, eu vou estar pronto? Vou conseguir ser forte o suficiente quando descobrir que Pablo esta feliz com a nova vida dele? E que me esqueceu literalmente?

Eu não entendi ele, primeiro, ele é gay, não bi, nem hétero, ele é gay. Todos sabiam, até as pessoas que não conhecia ele sabiam da sua sexualidade, mesmo assim ele se casou com uma mulher por causa de uma filha. Segundo, existe pensão, ele poderia ter ficado com a guarda da criança se fosse possível, ele não precisava se prestar e esse tipo de coisa. E por último, eu ainda odiava Katarina, odiava tudo que ela representava, odiava o fato dela ter tomado toda a minha vida com Pablo. Antes eu não podia lutar contra ela, mas agora eu posso, sou muito mais do que ela. Sou tão rico quanto Pablo ou até mais.

Não quero me vingar deles, mas não prometo que vou pegar leve, todos eles, vão pagar por terem me feito mal, vão pagar por eu ter ficado fraco ao ponto de fugir de perto da minha família.

Acomodei minha cabeça no acento, e relaxei, faltava apenas uma hora. Em uma hora eu estaria em casa outra vez.

Nesse um ano eu não me relacionei com ninguém, eu também não tive tempo, claro,eu sai com atores, modelos, empresários e tals, mas nenhum deles era tão interessante. Essas pessoas são vazias por dentro, uns tem apenas a beleza e o fisíco, outros tem a fama para se equilibrar e outros o dinheiro. Mas ninguém tem sentimentos solidos.

A aeromoça anunciou que já estávamos pousando, eu relaxei. Tentei imaginar a cara dos meus pais, e como eles iam me receber de volta. Nesse ano eles não me ligaram, na verdade ninguém me ligou, era como se eles tivessem combinado de me deixar em paz por um longo tempo. Isso me fez falta no começo, mas depois eu comecei a me acostumar. Perdemos certas coisas, mas o tempo sempre deixa tudo mais suportável.

Recomeçar, essa foi a frase que eu sei por 365 dias seguidos, toda manhã eu recomeçava, toda noite eu dizia que o amanhã teria de ser melhor que o hoje. E foi assim que aconteceu. Recomeçar é difícil, longe das coisas que você ama, pessoas, lugares. Mas se quer um conselho, fuja de tudo isso e recomece, deixe que os problemas do ontem fiquem no ontem.

°°°

Meu bairro não tinha mudado nada, estava tudo igual a um ano atrás, minha casa agora tinha uma cor verde. Eu estava na frente do portão, não pude deixar de me emocionar, eu estava aqui de novo, no lugar que eu pertenço. Eu entrei, o portão como sempre nunca estava cadeado, e a porta da frente ficava sempre aberta. Meus pais não estavam lá, pelo menos eu não tinha achado eles a primeira vista, mas a casa não estava vazia.

Quando fui para a cozinha eu vi a última pessoa que eu pensei que ia encontrar.

— Pablo? — Ele se virou pra mim, havia uma confusão em seus olhos e uma surpresa se formou nos mesmos. Ele sorriu mostrando seus dentes perfeitos e brancos.

— Vítor? É você mesmo? — Ele me abraçou. Eu senti como se uma bomba tivesse explodido dentro de mim, como se eu estivesse dormindo e alguém me acordasse com um balde de água fria. Eu estava com dificuldades para respirar, não queria que ele me soltasse nunca mais. Eu passei meus braços pelo seu corpo e lutei. Lutei contra a vontade de chorar, por dentro eu estava bravo comigo por estar deixando ele me abraçar, por deixar ele chegar perto de mim. Eu devia afastar ele, mas eu não faria isso.

— Você mudou. — Ele disse no meu ouvido. Eu me arrepiei todo como eu sempre fazia quando ele falava no meu ouvido.

— É, eu mudei. — Ele me soltou e de novo eu me senti vazio como um balão, balancei minha cabeça para reordenar meus pensamentos. — O que você está fazendo aqui?

— Eu tenho tanto pra te falar, tanta coisa que você precisa saber.

— Onde estão meus pais? — Perguntei sério.

— Eles sairam, mas não vão demorar, eu ainda não acredito que você está aqui. — Ele me abraçou de novo, mas agora eu o afastei.

Olhei para seu rosto, ele continuava o mesmo, mas só que ele tinha olheiras profundas, e barba, mas ainda era o mesmo Pablo que eu amava, e que eu nunca deixei de amar.

— Você voltou pra ficar? — Perguntou ele.

— Sim, eu voltei pra ficar. — Pablo ficou minutos me encarrando e sorrindo, quando eu ouvi passos na sala que me tiraram a concentração dele. Meus pais. Eles eram os mesmo, um pouco mais felizes e jovens.

— Filho. — Meu pai foi o primeiro a me abraçar. — Você voltou. — Eu nunca tinha visto meu pai chorar, e era estranho.

— Vamos Roger deixe o garoto respirar. — Falou minha mãe também me abraçando. Era bom sentir o carinho deles de novo, muito bom. — Você pegou a todos de surpresa.

— Eu sei mãe, queria fazer uma surpresa. — Mas quem levou a maior surpresa no fim fui eu, não era meu plano ver Pablo, ele estava do outro lado da cozinha olhando para nois. Meus pais olharam para ele de espreita.

— Eu vim trazer aquilo que me pediu tio, mas como o senhor não estava. — Pablo entregou uma pasta para meu pai. — Eu vou indo, foi muito bom te ver Vítor. — E saiu pela porta sem esperar eu falar qualquer coisa.

— Você vai me contar tudo oque aconteceu, e agora. — Disse minha mãe me levando para cima.

— Vou sim mãe, tudo que a senhora quiser saber.

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NOSSA, JÁ VOU CRITICAR. QUE MERDA. QUE SE FODA O PABLO. E VC RECAIR QUE SE FODA VC TAMBÉM VITOR. E QUE PAIS SÃO ESSES QUE NÃO TE LIGARAM DURANTE ESSE ANO QUE VC FICOU FORA? ISSO NÃO SÃO PAIS. PAIS SE PREOCUPAM. E PRINCIPALMENTE MÃE. UMA COISA ME IMPRESSIONA, NINGUÉM ENRIQUECE TANTO EM UM ÚNICO ANO. MAS...

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