Perdoem qualquer erro... Vamos lá!
Capítulo 39
Ela continuava a sorrir, o que me irritava profundamente. Mas respondeu:
-Tenho outros planos pra você.
Eu pensei em todos os tipos de planos possíveis, que poderiam ser os que ela tinha em mente, mas todos eles, no fim das contas, se resumiam em nós duas e uma cama. Suspirei com todos esses pensamentos e acabeiperguntando, um pouco tonta e ofegante:
-Que tipo de planos?
"Como se não soubesse..." Minha consciência tinha o incrível dom de responder antes de Cássia e pensar em coisas absurdas.
-Bem, que tal irmos pra um motel? -Falou enquanto beijava meu pescoço, me causando, ao invés de excitação, uma fúria tremenda, que me fez empurrar sua cabeça e dizer:
-Por favor, me ponha no chão. -Disse sem olhar em seus olhos, tamanho era o medo de vacilar e acabar aceitando sua proposta.
-Por que? -Ela me questionou confusa, como se fosse certo que eu aceitaria aquilo, bem como permitiria que ela fizesse o que quisesse, a hora que bem entendesse comigo e eu simplesmente diria amém. É isso, como um ponto negativo da personalidade dela, me irritava. E me excitava. Sim, era uma relação de amor e ódio com essa necessidade dela de mostrar que tinha controle sobre mim.
Respirei fundo, antes de tomar coragem e soltar tudo de uma vez, quase como um desabafo:
-Por que? Você realmente acha que eu tô afim de ir a um motel com você, depois do que vi na boate? Você mesma acabou de dizer que precisamos parar com isso. Aliás, o que sua namorada pensa sobre você ficar com outras mulheres? -Disse, me sentindo sufocada com tantas coisas entaladas na garganta.
Cássia me olhou surpresa de início, mas logo pude perceber, uma fúria gigante em seu olhar:
-Engraçado. Você agora vem se fazer de santa como se a pouco tempo atrás não tivesse quase trepando com uma mulher que você nem sabe ao menos o nome. A verdade é que, você se comporta como uma garotinha indefesa, quando, na verdade, isso não passa de uma fachada pra comover e tirar vantagens das pessoas não é? Rodrigo, eu e agora ela... É, vc é realmente muito boa nisso. Mas, pra mim, Isabella, -Um arrepio me percorreu a espinha quando ela me chamou pelo nome e deu ênfase a ele. -Isso não me parece coisa de uma mulher descente, isso me parece coisa de uma pu...-Ploft!
Lhe dei um tapa na cara, interrompendo, antes que pudesse terminar de falar. As lágrimas escorriam copiosamente de meu rosto, frente a tudo que aquela mulher, para mim, maravilhosa (até aquele momento) havia me dito. Mas o que poderia fazer? Quem fala o que quer, ouve o que não quer. Eu já estava começando a me arrepender, pois assim que lhe dei o tapa, seus olhos miraram os meus num misto de raiva e tristeza, o que me fez sentir medo e pena ao mesmo tempo.
Um silêncio quase perturbador se formou entre nós e permanecemos assim por alguns minutos, apenas nos olhando, sentindo cada uma, suas próprias dores e emoções provindas daquela relação, se é que podemos assim chamá-la.
-Você pode ir. Não vou mais insistir com você. Acho que por aqui acabou.
-Disse a delegada perdida, sem me olhar nos olhos.
Eu entendi o que ela quis dizer. Tava acabado. Não iríamos mais nos ver. Era isso, ao menos foi a única coisa que me fez sentido no memento.
Eu nunca imaginei que ela fosse dizer isso tão diretamente a mim, nem pensei que fosse doer tanto. E esse tanto que doeu, esse tanto que cortou meu coraçao, me fez desabar num choro profundo que me fez cair no chão, logo após ela me soltar e me dar espaço pra sair.
Não havia mais chorado na frente de ninguém desde a quarta série, quando havia aprendido a controlar mais o choro infantil, mas nessa ocasião, tudo de bom e ruim que havia vivido até ali, resolveu sair pra fora.
Cássia permanecia calada, me observando, (fora o choro, a queda também havia se dado ao fato de que havia apanhado a algumas horas atrás e a surra que levei, fez com que alguns ematomas no meu corpo, doessem demais) não sabia qual a expressão de seu rosto, pois eu estava ocupada demais tendo alguns espasmos do choro.
-Ei, já chega. Assim parece que eu dei uma surra em você, quando na verdade, quem levou um tapa fui eu. -Disse ela, em tom sério, tentando me animar.
"Como alguém que dá um fora, pode tentar animar a pessoa que levou o fora? Que cruel!" Disse minha consciência e eu tive que concordar.
Depois de mais ou menos um minuto dessas palavras dela, fui me recompondo e me levantei. Limpei os olhos e quando ia sair, ela olhou em seu relógio de pulso e acabou me lançando mais uma:
-Ah! Antes que eu me esqueça, a Roberta, aquela que vc tava aos amassos aqui, está saindo agora. Quem sabe com ela vc aceita sair agora.
Aquilo me deixou tremendamente possessa. Quem ela pensava que era pra me dizer isso?
Eu pensei em lhe dar um outro tapa no rosto e mandá-la para o inferno, mas acabei pensando e tive uma ideia melhor. Me aproximei dela, parei bem à sua frente, e sussurrei em seu ouvido:
-Está com ciúmes?
Continua...
Bom galera, espero que tenham gostado do capítulo... A noite trago mais. Beijos
Lollitta