A festa
Passei a semana tentado parecer que eu estava bem, mas no intimo não conseguia esquecer o que havia acontecido, eu ficava com ódio de mim mesmo por ser fraco e não conseguir dar uma surra no meu pai, outras horas eu ficava com dó do meu pai, da minha mãe. Como eu sonhava em viver em uma família “normal” em que não houvessem brigas em que todos se amassem. Nessas horas eu me lembrava de uma palestra que eu vi uma vez, que falava que estávamos aqui para resgatar os nossos Karmas e evoluir, e que as pessoas que estavam na nossa família e amigos não eram ao acaso, mas que nós já tínhamos vivido outras vidas com elas, elas estavam aqui por algum motivo. Aquilo me confortava um pouco e fazia com que eu não me sentisse tão culpado e com raiva do meu pai.
Não sei se era impressão minha, mas meus amigos pareciam que estavam tão longe, a toda hora eu me sentia excluído do grupo e muitas vezes quando eu chegava parecia que eles mudavam de conversa. Achei que estava ficando neurótico.
O Ale a toda hora falava da festa do DA e que eu tinha que ir sem falta, mas eu achava engraçado que eu não via propaganda desta festa e ninguém comentando dela.
Esta semana mergulhei nos estudos e nos treinos para não ter muito tempo para pensar. A melhor parte dos treinos era na hora de tomar banho o sem vergonha do Paulão parecia que ficava se exibindo para mim, ou era o que eu queria. Já não podia negar para mim mesmo que eu gostava do Paulão, e para mim já não era mais nenhuma tortura, o meu próprio pai já tinha falado que eu era um viadinho. Então eu iria procurar ser feliz, independentemente do que os meus pais pensassem, não sei porque mas o que tinha acontecido no final de semana passado, era como que tivesse me libertado de sentir culpa pelo o que eu sentia pelo Paulão. Eu com a minha timidez não falei dos meus sentimentos para ninguém.
Enfim o sábado tinha chegado e eu não estava com nenhum animo para ir a festa e todos lá na casa animados para ir. O pessoal ficou quase que a manhã inteira fora, eu sei que almocei sozinho um lanche e só fiquei deitado na cama, não estava a fim de fazer nada.
A minha avó me ligou e ficou falando do que tinha acontecido na semana, como a minha mãe estava, mas em nenhum momento falou do meu pai, perguntou como eu estava e falei que estava tudo bem, jamais iria deixar a minha avó preocupada. Acredito que a minha avó já estava com bastante problema só de consolar a minha mãe, acredito que não precisava de mais problemas.
Quando foi a tarde todos estavam lá em casa o Paulão, o Tadeu, o NP, o Rodrigo, a Nathy, o Ale e a Priscila todos falando da festa. Eu sei que o Rodrigo entrou no quarto e eu estava deitado na minha cama, com a roupa que eu costumava usar para dormir e falou:
- Você não vai se arrumar para ir na festa?
- Não, não estou a fim de ir nesta festa. Vou ficar em casa.
O Rodrigo fez uma cara de assustado e saiu do quarto. Logo depois entram o Ale, o NP e a Priscila e ficam do lado da minha cama e o NP já vai falando:
- Pode se arrumar! Falei para a minha irmã Ana que você iria nesta festa e ela está esperando você.
Eu só me virei para o lado da parede e cobri a minha cabeça. Eu acho que cobrindo a minha cabeça eles sumiam... rs Eu só ouvi a Priscila falando:
- Pode se levantar da cama agora, Sr.Ninho!!! Vou contar até 3, se você não se levantar vou te pegar no colo, levar até o banheiro e te dar banho.
Só escutei a Priscila contando e quando deu o três, não é que a maluca da Priscila puxou o meu lençol e me pegou no colo e me levou até o banheiro e falou:
- Você decide! Ou você toma banho por si mesmo ou eu vou dar banho em você, o que você decide? Pois você irá nesta festa, nem que eu tenha que te levar de coleira...rs
O Ale já entrou na brincadeira e falou:
- Pode deixar que eu dou banho nele...rs E se for para levar ele na coleira, pode deixar que eu vou segurando a coleira...rs
Eu já sem escolha eu falei:
- Ok! Vocês venceram, irei nesta festa, mas depois não reclamem. Eu preciso pegar uma roupa...
Mal terminei de falar e o Ale já disse:
- Pode ir tomando banho que nós escolhemos a roupa.
Entrei no banheiro comecei a tomar o meu banho e o Ale entrou no banheiro com a roupa e já gritou:
- Gente me segura... senão agarro este garoto... rs
Eu levei um susto e quase caio no box, e já falei:
- Ale, para de palhaçada... rs Deixa a roupa ai e já pra fora!
- OK! Baby! Já vi que não tenho chance com você...rs E outra veste logo esta roupa que estamos atrasados. A nossa entrada tem que ser triunfal... rs
Não entendi o que o Ale quis dizer, mas me enxuguei e quando vou vestir a roupa, o Ale aprontou comigo, ele tinha pegado a cueca do super-homem. Acabei vestindo assim mesmo as roupas que ele havia me dado e sai do banheiro, calcei o meu tênis e já saímos para a festa.
A festa era em uma casa não muito longe, mas só pelo lado de fora dava para perceber que não era uma casa e sim uma mansão. A casa ocupava quase todo o quarteirão. Quando entramos na casa o NP já foi falando:
- E ai Caio, tudo certo?
- Tudo certinho! Vocês podem se trocar ali e entrar pela lateral.
Eu não entendi nada e perguntei:
- Se trocar? O que esta acontecendo?
O NP começou a rir e falou:
- É uma festa temática na piscina. Todos tem que estar de roupa de banho com algo que lembre algum super-herói. Rs
Todos começaram a rir e olharam para mim e quando eu vi já estava só de cueca do super-homem... e logo falei:
- Até parece que eu vou entrar só de cueca...
Todos já tinham tirado a roupa. O Paulão estava com uma sunga que tinha a estampa de várias tiras de quadrinhos de super-heróis, só não olhei mais para aquele corpo, para não dar muito na cara. Então a Priscila falou:
- Não se preocupe que providenciamos uma capa do super-homem para você.
Quando vi já estava com a capa no pescoço e o Paulão e o NP me suspendendo, e a Priscila falou para mim:
- Nada de reclamar e fique na pose de super-homem com os braços estendidos para frente.
Nisto a Nathy, o Tadeu e a Pricila entraram pela lateral da casa tocando corneta. Logo depois, entraram o Ale e Rodrigo gritando:
- É um avião! É um pássaro! Não, é o super-homem!!!
Neste momento sou carregado para dentro, e já na brincadeira entrei na pose de super-homem. Quando entramos, o Ale e o Rodrigo gritaram:
- Não, é o Super-Ninho!!!
Eu sei que todos os presentes começaram a gritar e bater palmas. Sei que o Paulão e o NP me carregaram por toda parte, no meio de todos, até que foram correndo em direção a piscina. Foi tudo tão rápido que em questão de segundos eu já estava mergulhando com tudo na piscina e parecia que tinha mais alguém caindo na piscina junto comigo. O NP tinha empurrado o Paulão junto comigo na piscina. Quando voltei para a superfície da água, o Paulão chega perto de mim, aperta com tudo a minha bunda e fala:
- É melhor você vestir a sua cueca, pois o pessoal estava esperando só você para pular na piscina.
Só nesta hora que eu percebi que eu estava nu na piscina. Eu tinha perdido a cueca no mergulho. Mal terminei de vestir a cueca e a piscina já estava lotada de gente. E todo mundo me dando os parabéns pelo meu aniversário. Nunca que eu pensaria que aqueles malucos estavam fazendo uma festa para mim, tive que me segurar para não chorar ali.
Quando eu sai o Ale veio me cumprimentar e me apresentou o Wilson e falou baixinho no meu ouvido:
- Ele não é um gato? To dando em cima dele...rs Não vejo a hora de lavar roupa no tanquinho dele.
Acabei cumprimentando um monte de gente da faculdade e quando estava tomando um pouco de sol em uma espreguiçadeira chega o NP e a Priscila me dão os parabéns e o NP já fala:
- Levanta daí que eu quero apresentar a minha irmã.
Sei que praticamente fui arrancando de lá pelo NP, entramos na área da churrasqueira e lá estava uma menina muito bonita da minha altura, que o NP apresentou assim:
- Ana este é o Ninho, o meu amigo da faculdade, que eu te falei.
Após falar isto o NP me largou e eu comecei a conversar com a Ana e quando eu vi, ela já estava me beijando e eu correspondendo. De repente eu percebo o Paulão me olhando, naquele momento ficou uma confusão na minha cabeça sem fim. A minha sorte é que uma amiga da Ana a chamou para elas irem embora, pois elas retornariam para o interior e a amiga não gostava de sair muito tarde. Trocamos telefone e ela foi embora.
Comi um pouco do churrasco que o Caio estava preparando e bebi uma cerveja. Fiquei na beirada da piscina jogando vôlei, quando o Paulão fala que o sol estava forte e que eu deveria passar protetor e começa a passar protetor nas minhas costas. O toque dele me arrepiava por inteiro, quando ele terminou de passar nas costas eu falei:
- Obrigado! Pode deixar que eu passo no resto.
Eu sentei em uma cadeira para passar o protetor no resto do corpo e também para disfarçar o volume na minha cueca. Enquanto eu estava na cadeira tentando me restabelecer (rs) vejo o Rodrigo e a Nathy em um canto no maior amasso e sorri. Brigavam como gato e sapato mas se amavam. E eu fiquei pensando o que eu deveria fazer. Investir no Paulão ou na Ana?
Quando a louca da Priscila toca aquela corneta e começa a gritar que era a hora do parabéns!!! Sou levado para trás do bolo e todos começam a cantar! E alguns já fazendo algumas brincadeiras. Quando vejo os meus amigos já estão me jogando para cima e o Paulão parecia que fazia questão de acariciar as minhas costas quando ia me jogar para cima.
Depois disto tive que abrir os presentes. O pessoal tinha feito uma vaquinha e o NP, o Paulão e a Priscila que ficaram encarregados de comprar os presentes. Abri um dos presentes e era um edredom com a estampa do super-homem, o outro era um conjunto de lençóis também com a estampa do super-homem e para completar um pijama do super-homem. A cada vez que eu abria um presente o pessoal ficava gritando e brincando comigo. Ganhei também umas camisas com personagens de super-heróis muito legais também. Só teve uma camisa que fugia completamente da temática que era uma estampa de um peixão indo comer um peixinho, esta eu tinha certeza quem tinha escolhido. Sei que quando abri este presente o pessoal ficou enchendo, falando “o peixinho esta sendo engolido pelo peixão, o Paulão não esquece que perdeu para o peixinho” e nisto o pessoal ficava me enchendo e enchendo o Paulão.
Comemos bolo, docinhos, mais churrasco e mais cerveja e as pessoas começaram a ir embora e quando estávamos só nosso grupinho o Caio falou:
- Vamos deixar a limpeza para amanhã que meus pais só chegam a noite. Eu tenho uma garrafa de tequila, vamos beber.
Eu sei que começamos a beber a tequila com sal e limão. Eu acho que quando eu bebi a terceira, eu parei, não aguentava mais nada. Deitei em uma espreguiçadeira e apaguei.
Quando acordo, o susto, já havíamos voltado para casa e o pior eu estava deitado na cama do Paulão. Estávamos deitados em conchinha, nus. O Paulão deitado atrás me agarrando. Parecia que tinha medo que eu fugisse.
E foi isto mesmo que eu fiz, sai devagarzinho da cama sem acorda-lo vesti a minha cueca, olhei para o chão tinha uma camisinha, que eu joguei no lixo. Tomei um banho, vesti uma roupa que estava na lavanderia e comecei a fazer café e fiquei falando comigo mesmo:
- Sr. Pedro!!! O que você aprontou ?
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Agradecimentos:
Chria: Concordo com você, alcoolismo é uma doença, bem como a agressão física e emocional.
Abduzeedo: é o alcoolismo é uma doença, mas isto não justifica os atos que algumas destas pessoas efetuam, como agressão e o estupro. Não podemos parar as nossas vidas, pelo problema do outro, mesmo que o outro seja de nossa família e que muitas vezes amamos. Temos sim que tentarmos ajudar, mas jamais deixarmos a nossa vida de lado, nós não somos deuses para solucionar o problema de todos, a própria pessoa tem que querer parar. Eu sei que muitas vezes dói muito em nós, mas não podemos deixar que esta dor entre em nós e tome conta de tudo o que somos, pois senão nos tornaremos pessoas amargas e sem esperança. Muitas vezes os amigos não sabem o que falar, como agir nestas situações, e tentam nos confortar.
VALTERSÓ: o alcoolismo é terrível, então todos nós temos que tomar o cuidado de não nos transformar em alcoólatras. O estupro ou a tentativa de estupro também é algo muito grave. Quando se trata de parente é muito complicado às vezes tomarmos algumas decisões. É difícil condenar totalmente uma pessoa por um ato, muitas vezes não sabemos a história que há por trás desta pessoa.
Geomateus: realmente é triste, como seria mais fácil que as pessoas admitissem que possuam algum problema e procurassem ajuda. Muitos problemas tratados logo no início evitariam grandes tragédias.
Quero me desculpar novamente pela demora em publicar um novo capitulo. Fiquei com visitas em casa, de pessoas que eu adro, o que acabou me atrapalhando para escrever. Abraços.
Caso alguém queira entrar em contato segue o e-mail: andrezito.abc@gmail.com