AMOR DE PESO 2 - 02X05 A CALMARIA QUE ANTECEDE A TEMPESTADE

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 3411 palavras
Data: 07/04/2018 22:11:53
Última revisão: 06/07/2022 19:42:34

Pai e mãe,

Chegou a última noite de festival. Vocês adorariam a energia dessa cidade. Aquela manhã estava nublada e o clima estava delicioso. Estou com muitas saudades de vocês.

***

Zedu e eu, eu e Zedu. Nossa ainda não acreditava que estava namorando aquele menino, logo eu, um completo azarão. A gente decidiu ir nadar em uma das praias da cidade de Parintins.

Confesso, que tirar a blusa na frente dos outros ainda é uma coisa difícil, mas o Zedu sabia o que fazer para contornar a situação. Fora que os meus amigos não ligavam para a minha aparência, queriam apenas estar perto de mim, sem qualquer tipo de preconceito.

A água estava quentinha, então entrar não foi um problema, as temperaturas dos rios na Amazônia mudam drasticamente. Me aproximei de Zedu e dei a mão para ele, por baixo d'água, claro, a gente ainda não tinha coragem de mostrar o nosso amor para o mundo, principalmente, para os homofóbicos.

— E você soube alguma coisa da noite mágica entre o Brutus e a Ramona? — perguntei para Zedu, enquanto acariciava sua mão esquerda.

— Não. Acho que não rolou nada.

— Como assim? — perguntei, estranhando que Brutus não conseguiu sua noite de amor.

— Se tivesse rolado, o Brutus já teria me contado. — afirmou Zedu me puxando para perto dele.

— Vocês dois são muito amigos, né?

— Sim. Temos muita coisa em comum. — contou Zedu, lembrando as aventuras que viveu ao lado do Brutus, algumas que nem as meninas sabiam. — E os seus amigos do Rio? Nunca falou de ninguém.

— Zero amigos. Sempre fui muito estranho para as pessoas, ainda mais com a titia mudando de emprego constantemente. — falei, tentando não parecer carente demais.

— Que chato. — Zedu falou se aproximando e me abraçando. — Mas agora você tem a mim, seu melhor amigo, e claro, o resto da turma também.

— Você não tem ideia de como isso é importante para mim.

Realmente, agora eu tenho amigos. Não sou mais uma pessoa solitária, recebo um carinho genuíno e que aquece o meu coração. Às vezes me pego pensando, eu fui contra a viagem para Manaus, porém, apesar de tudo, essa cidade só trouxe coisas boas.

Ao contrário de mim, acho que o Zedu não teria problemas em se adaptar em outras escolas. Ele é um cara esperto, gentil e, que apesar de caladão, tem um ótimo traquejo social. Sério, esse menino consegue fluir em qualquer conversa.

— Acho que nessa situação você se daria bem, digo, melhor do que eu. Afinal, você faz amizade com todo mundo. — comentei, enquanto acariciava a cintura do meu namorado.

— Só no momento em que te conheci. Você sabe que fez a minha vida girar em 360º graus, né? Lembro que fiquei curioso para saber quem você era, então, te vi consertando aquele armário no pátio da tua casa e me aproximei. A Giovanna estava puta e esbravejou alguma coisa para você. Antes de falar, eu te observei por uns dois minutos. Acho que, acho não, eu tenho certeza que me apaixonei naquele instante. — revelou Zedu, lembrando com perfeição a primeira vez que nos falamos, tirando o primeiro encontro que foi quando a Letícia acertou uma bola no meu rosto.

— Zedu. — soltei, ficando vermelho e, com certeza, envergonhado.

Ramona acordou com uma grande dor de cabeça, apesar do remédio que Brutus comprou, a minha amiga ainda sentia dor. Ela pediu para o namorado comprar mais comprimidos. Brutos, cuidou dela toda noite e, mesmo sonolento, seguiu para o local.

Ele caminhou até a mesma farmácia e encontrou Kellen, ela estava colocando produtos na prateleira de baixo, quase mostrando a calcinha para todos que passavam na rua, inclusive, um rapaz de bicicleta perdeu o controle e caiu ao ver a cena.

Ao ver o Brutus, a moça ficou toda animada e o abraçou como se fossem grandes amigos. Ela falou que viu a apresentação de Brutus, inclusive, mostrou uma foto que tirou do celular. Na imagem, Brutus estava todo suado e brilhante, algo que a Kellen adorou.

—Nossa, você é uma gracinha. — elogiou Kellen, aproveitando o momento para pegar nos músculos de Brutos. — Que fortinho. Adoro homens assim. Sua namorada é uma garota de sorte.

— Sim, eu amo a Ramona. — afirmou Brutus, visivelmente nervoso e incomodado.

— Imagino. Imagino.

Desesperado para ir embora da Farmácia, o Brutus comprou o remédio e dispensou o troco. Após atendê-lo, Kellen o acompanhou até a saída e comentou sobre uma festa que aconteceria na orla de Parintins, uma espécie de despedida do festival.

Após muita insistência, a garota conseguiu trocar de número com Brutus. Nem preciso dizer que ele quase infartou, afinal, Ramona poderia desconfiar de algo, mesmo nada acontecendo entre eles.

No hospital, Mundico recebeu uma visita um tanto estranha: Juarez. O jovem decidiu fazer uma visita para o rival, mas parecia muito nervoso. Juarez começou a fazer várias perguntas para Mundico que, cada vez mais, estranhava a visita dele.

O que fazer quando se carrega uma culpa? Na cabeça de Juarez, o quadro de Mundico era apenas um pé torcido, porém, o médico chegou com uma notícia nada agradável. Uma notícia que mudaria a vida dos dois.

— Fizemos uma bateria de exames e percebemos que o seu pé direito ficou um centímetro menor. — explicou o médico para o desespero de Juarez, mas, principalmente, de Mundico. — Você é dançarino, né?

— Sou sim. E o que isso significa?

— Infelizmente, como eu posso dizer, a dança pode se tornar uma atividade dolorosa na sua vida. — lamentou o médico que, a cada palavra, dilacerava o coração de Mundico.

— O senhor só pode estar brincando comigo. — disse Mundico deixando algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

— Queria eu estar, mas estou falando sério. Se você tentar dançar, sentirá uma dor intensa no calcanhar. — continuou o médico, tentando ponderar ao máximo suas palavras.

— Meu Deus. — balbuciou Juarez pegando no ombro de Mundico, que só chorava e lamentava.

Os segredos podem nos corroer por dentro, aprendi isso da pior maneira, sei que machuquei muitas pessoas, principalmente, o Diogo, então comecei a usar a política da mentira zero, funcionou para mim, mas será que funcionaria para os outros? Ramona decidiu dormir e acordou um pouco melhor, ela e Brutus, não conversaram sobre o que havia acontecido na noite anterior.

— Está melhor? — perguntou Brutus, levando para a namorada um sanduíche natural e um suco de maracujá.

— Sim. 80%. Brutus, eu...

— Não, Ramona. — Brutus a interrompeu se agachando ao lado dela e entregando a comida. — Eu que preciso pedir desculpas, fui um idiota. Mas, eu sou seu namorado. Quero aproveitar e ter tudo o que eu puder com você.

Chegamos e atrapalhamos o momento fofura do casal, RaBru. Era assim que o Brutus se referia a eles, quem sou eu para julgar, já que o Zedu e eu formamos o "Yudu". Vai dizer que nunca usou nome de casal? Brega, mas eu gosto.

Fomos para a área de convivência do barco. A titia comprou lanche para todos, porém, o auge foi quando o Brutus nos informou sobre a festa na Orla de Parintins. Ele contou que cada um deveria levar a própria bebida.

— Vai ser uma noite ótima! — celebrou Letícia levantando os braços.

— Verdade. — soltei, enquanto recebia carinho do Zedu. — Nem lembro a última vez que bebi. Mas não podemos exagerar, a tia Olívia me mata.

— Eu lembro. — disse Brutus chamando a atenção do grupo. — A última vez que você bebeu foi no dia em que vocês saíram do armário. — apontando para mim e Zedu, sem conseguir segurar o riso. — Quer dizer, foram jogados do armário.

— Eu também não lembro de nada. — Letícia contou, devorando um sanduíche de atum.

— Você vomitou a festa toda. — recordei, fazendo uma carinha de nojo e rindo.

— Verdade, amiga. — disse Ramona. — Tivemos que limpar a casa toda.

— Então, preparem os armários, preparem os estômagos e os dramas adolescentes. O bonde vai aprontar hoje! — Zedu tentou fazer uma voz engraçada, mas acabou tossindo.

Tudo no sigilo! Fizemos os preparativos para a festa no modo espião. Compramos as bebidas, pegamos uma bolsa térmica e gelo. Fomos para o Bumbódromo e acompanhamos a última noite do festival. No final da apresentação, a tia Olívia disse que ia jantar com alguns investidores e levaria os meus irmãos.

Seguimos para o lugar da festa. Realmente, os parintinenses sabem fazer um evento. O local era lindo, todo enfeitado com lâmpadas amarelas e alusão às cores dos bumbás. Nós conseguimos ver os barquinhos navegando pelos rios de longe e, graças aos céus, a brisa da noite se fez presente.

Quem nos recebeu na orla foi uma moça morena e encantadora, para o desespero de Ramona. Ela nos levou para uma parte ainda mais ventilada. Não vou mentir, amei.

— Nem acredito que você veio, Brutus. — falou Kellen, deixando Ramona louca de ciúmes.

— Não se nega uma festa, né? — questionou Brutus, rindo sem graça, nesse momento, Zedu olhou para mim e riu.

— Prazer. — Ramona se apresentou para Kellen. — Sou a namorada dele.

— Prazer. — respondeu a moça que deu dois beijinhos em Ramona. — Espero que aproveitem.

Ficamos em um lugar próximo ao rio, o vento batia e não deixava o clima tão quente. Zedu e eu decidimos tomar destilado, já os outros ficaram na cerveja. Confesso que não gosto do sabor da cerveja, prefiro coisas doces, apesar de me deixarem bêbado mais rápido.

O lado positivo do Zedu bêbado? O carinho. Ele me abraçou e disse no meu ouvido que eu era lindo, o mais bonito da festa. A gente se distanciou para aproveitar aquele momento.

Depois de um tempo, Brutus puxou um tipo de trenzinho, ele parecia muito louco, a Letícia conversava sozinha com uma árvore, e para nossa surpresa, Ramona ficou a melhor amiga da Kellen.

Bebidas. Música boa. Amigos. Que noite perfeita. Antigamente, as minhas férias eram ficar no quarto assistindo séries e ouvindo canções depreciativas. Hoje, estou comemorando com pessoas maravilhosas e que me amam do meu jeito.

— Eu te amo, garoto. — me declarei para o Zedu, sem ter medo de julgamentos, parte é culpa do álcool.

— Você é a pessoa mais importante da minha vida. Obrigado por ter paciência comigo. — disse Zedu com um hálito de caipirinha e chiclete de morango.

Lombrado e sedento, Brutus foi cambaleando até o cooler, pegou algumas cervejas e quando virou esbarrou em Kellen, que usou todo o seu charme para atacar o meu amigo fortinho.

— Bem, já vi que você tem namorada. — comentou Kellen, aproveitando a distração de Ramona que cuidava de Luciana. — Vou estar em Manaus, na próxima semana. Vou estudar lá.

— Sério?

— Não conheço ninguém, então, se a gente puder sair um dia.

— Claro. — afirmou Brutus que voltou para perto da namorada e lhe entregou uma cerveja.

A gente bebeu bastante, até demais. Tirando o Zedu, todo mundo passou mal. No dia seguinte, eu estava um caco humano. Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento.

O barco saiu no horário marcado. Mundico parecia estar triste, mas nada conseguia mudar aquele clima. Eu deitei na rede e capotei, nem sei quantas horas dormi direito, a minha tia não sabia, mas desconfiava que alguma coisa aconteceu.

Durante todo o trajeto para Manaus, Juarez fazia as coisas para Mundico. Antes do almoço, ele se aproximou do colega que olhava triste para as casinhas localizadas à margem do rio.

— Mundico, você tem carona quando voltar? — perguntou Juarez, sentando ao lado do jovem.

— Não.

— Se você quiser, posso te levar. Meu pai vem me pegar. — ofereceu Juarez que ficou arrasado com a tristeza de Mundico.

— Tudo bem. Obrigado pela ajuda. — agradeceu o jovem, que não desconfiava de Juarez.

— Tô atrapalhando alguma coisa? — questionei, ao me aproximar dos dois, pois, não queria que o Juarez fizesse nenhum comentário maldoso sobre Mundico.

— Não. — Juarez respondeu levantando rápido. — Eu, vou, com licença. — indo em direção ao camarote.

— Tá. — comentei sentando ao lado de Mundico. — E o que foi isso?

— Nem eu sei. Ele tá estranho desde o acidente. — explicou Mundico, olhando para o rio, deixando a tristeza estampada em seu rosto.

— Ei, Mundico. — falei pegando em seu ombro e suspirando. — Em Manaus, você pode procurar uma segunda opinião. Nada está acabado. Existem milhares de tratamentos e, até mesmo, fisioterapia.

— Obrigado, Yuri. Pelo menos, eu sei que a tua preocupação é genuína. — agradeceu Mundico, apertando a minha mão que continuava em seu ombro.

— Faria isso com qualquer um. Você é um rapaz especial, espero que dê tudo certo.

Não percebi, mas o Zedu escutou parte da conversa, ele até pensou em se juntar a nós, só que Brutus o chamou para ajudá-lo com a mala de Ramona que não queria fechar.

A volta foi demorada. Graças aos deuses que o Richard não aprontou nada. Já a Giovanna, a minha irmã temperamental, estava uma verdadeira diva. Ela não aguentava mais aquela viagem, principalmente, por causa do barco. A tia Olívia deve ser a pessoa mais paciente da terra, pois eu não teria tanto saco.

— Tia. Não tenho leite de búfala. — reclamou Giovanna com os braços cruzados e batendo o pé direito no chão.

— Tem água do rio. — titia respondeu sem tirar os olhos do notebook.

— Se essa água faz mal para o meu cabelo, imagina o que faria com o meu estômago.

— Meu amor. Vamos chegar em três horas.

— Sou tão incompreendida. — bufou Giovanna subindo para a área de convivência do barco.

— Teus sobrinhos são demais, hein. — comentou Carlos, que havia acabado de enviar alguns documentos para um pen drive.

— Eu que o diga. Eles são geniosos, principalmente, os menores.

— Acabamos que nem aproveitamos a viagem. — disse Carlos levantando e abraçando a namorada.

— Amor. Aqui não. As crianças. Vamos aproveitar, eu prometo. — tia Olivia disse, tentando disfarçar o constrangimento.

Depois de quase um dia, chegamos em Manaus. A loucura da cidade era demais. A gente desembarcou e o pai da Ramona já estava nos esperando. O engraçado de viajar é que sempre trazemos mais bagagens. A Kombi ficou lotada.

Mundico foi com o Juarez. Íamos manter contato pelo celular, realmente tinha gostado dele e torcia por sua recuperação. No caminho, o meu novo amigo falou sobre o carro do pai de Juarez. "Essa coisa só falta servir café", escreveu Mundico em uma das mensagens.

Ao entrar em casa, a única coisa que eu busquei foi a minha cama e o ar-condicionado. Diferente de mim, o Zedu foi para o futebol e depois ajudou o pai a consertar o portão de entrada da sua casa. Depois de um dia puxado, o meu namorado tomou um banho e decidiu fazer uma visita.

Nessas últimas semanas, o Zedu se tornou uma figura constante na minha casa, igual ao Carlos. Ele subiu e entrou no meu quarto. Eu ainda estava deitado e debaixo das cobertas.

— Pensei que a gente fosse fazer algo. — disse Zedu, deitando ao meu lado e puxando o edredom.

— Minha cabeça tá explodindo. Quer comer pipoca e assistir à série?

— Pode ser. — concordou ele, pegando o controle da TV e caçando uma série para assistirmos.

Eu amava a companhia do Zedu. Ele assistia qualquer coisa comigo, queria ter o poder de ler pensamentos, só aí que eu saberia de verdade o que ele sente, principalmente, quando é um seriado de época.

Acabei adormecendo nos braços dele. Isso sempre acontecia, pois, nos braços do Zedu eu me sentia seguro, inabalável, até mesmo, invencível. Quando a série acabou, Zedu beijou a minha testa e seguiu para casa.

Nossas casas não ficavam tão longe uma da outra, porém, Zedu apertou o passo para evitar um possível assalto, afinal, já passavam das 23h. Ao entrar, ele encontrou o pai dormindo na poltrona, enquanto na TV um filme antigo passava.

— Pai. — Zedu o chamou tocando no seu rosto. — O senhor dormiu na poltrona.

— Filho? — ele perguntou, quase ficando assustado, mas disfarçando. — Você quer comer alguma coisa?

— Não, pai. Eu vou dormir. Estou quebrado. — falou Zedu, cerrando os punhos e juntando coragem para contar a verdade para seu pai. — Pai, eu...

— O que foi filho? — ele questionou, antes de desligar a TV.

— Nada não, seu Ulisses. — desconversou Zedu. — Quer que eu te carregue no colo?

— Sai fora! — exclamou Ulisses, fazendo o sinal da cruz com os dedos.

De repente, o irmão do meio de Zedu, José Leonardo, conhecido também como J.L entrou em casa e flagrou os dois brincando sobre a velhice de Ulisses.

Diferente de Zedu, J.L era um cara magricela com os cabelos espetados e algumas tatuagens espalhadas pelo corpo. Ele trabalhava em um shopping da cidade e havia desistido da faculdade de engenharia.

— Reunião de família? — brincou J.L, deixando seus pertences no sofá.

— O teu irmão quer me carregar até o quarto. — explicou Ulisses fazendo os filhos rirem.

— Tá quase na idade, pai. A gente vai ter que trocar as suas fraldas. — afirmou J.L entrando na brincadeira e deixando o pai revoltado.

— Bem, família. Eu vou dormir. Aproveitar os últimos dias de férias. — anunciou Zedu indo em direção ao quarto que dividia com J.L.

A minha aula começaria na quarta-feira, então, os meus amigos e eu, ainda poderíamos aproveitar por dois dias. Já as aulas dos meus irmãos começaram naquela segunda-feira. Fiquei responsável por levá-los à escola. Acordei e notei que o Zedu havia me deixado bem confortável. Ele era muito carinhoso.

Como voltamos de viagem no dia anterior, não deu tempo de ir ao mercado. Resolvi fazer um café da manhã reforçado para os pestinhas e fui até a padaria. No caminho, encontrei a Luciana que nem parecia ter voltado de um festival tão agitado.

— Onde vai tão cedo? — perguntei, enquanto caminhava lado a lado com a Luciana.

— Menino, ba-ba-do! — ela disse como fosse revelar o maior segredo do universo. — Meu irmão desistiu da faculdade e o clima está péssimo em casa. Aproveitei para escapar.

Que merda! O Leonardo vai continuar no Amazonas? Espero que isso não represente nenhum perigo para a minha relação com o Zedu. Estamos em um ótimo lugar e demoramos muito para chegar aqui.

Em sua casa, Mundico recebeu uma visita que o surpreendeu: Juarez. Eles ficaram conversando muitas trivialidades, então, Mundico tentou ser sincero e fez uma pergunta importante.

— O que você está fazendo aqui?

— Quis saber como você estava. É proibido? — respondeu Juarez de uma forma ríspida.

— Não é que, qual é, você sabe que nunca fomos amigos.

— Mas eu me preocupo com você. Sei que fui um idiota, e confesso, que tinha inveja de você, mas...

— Não sou mais uma ameaça para você. — Mundico cortou o colega que ficou sem palavras.

— Eu não quis dizer isso.

Desesperado, Juarez começou a pensar em uma desculpa convincente. Ele olhou para a TV e viu um filme de romance que passava na Sessão da Tarde. Sem outra escolha, o dançarino apostou suas cartas em um plano no mínimo maldoso, para conquistar o coração de Mundico.

— Sempre gostei de você. — soltou Juarez para o colega. — Eu sei que fui um idiota, mas era uma defesa. Bem, já que você não me quer aqui. — saindo de forma dramática e deixando Mundico boquiaberto.

Para celebrar os últimos dias de liberdade, o Zedu e eu fomos ao cinema. Havia estreado um filme sobre bruxas e anjos, com certeza, um romance que no final eu ficaria aos prantos.

Compramos os ingressos e seguimos para a fila da pipoca. O Zedu é um namorado carinhoso, já devo ter escrito isso milhares de vezes, mas é a verdade. Enquanto, aguardávamos a pipoca, ele ficou acariciando meu rosto.

Não percebemos, entretanto, de longe alguém nos observava. O Zedu esqueceu que o irmão José Leonardo trabalhava no Shopping. De fato, estávamos agindo como um casal de namorados, sem pudor ou medo.

— Como está se sentindo? — Zedu perguntou, depois que compramos as pipocas e seguimos para a sala do cinema.

— Hum?

— O que você está sentindo, digo, voltando para a escola? Sabe, depois da premiação, a gente meio que nunca mais viu ninguém...

— Bem, com você ao meu lado. Eu tenho coragem para tudo.

Procuramos os nossos assentos e, cara, que lugar escuro. Na verdade, passamos um bom tempo procurando os nossos assentos. Ficamos tão focados que nem percebemos J.L entrando e sentando em uma das cadeiras vazias.

Depois de alguns minutos, nós sentamos e o Zedu levantou um dos braços da cadeira para me abraçar. Coloquei um pouco de pipoca na boca dele, esperei ele comer, então, o beijei. Um gostinho salgado e característico da pipoca.

— O quê? — pensou José Leonardo, chocado com a descoberta. — Meu irmão é bicha? Não. Não pode ser. — ele ficou tão fora de si que apertou o copo de refrigerante, fazendo o líquido escorrer pelo chão.

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Comentários

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PRIMEIRAMENTE AINDA NÃO FICOU CLARO O COMPORTAMENTO DE JUAREZ. PELO QUE ME DIZ RESPEITO CREIO TER SIDO ELE O RESPONSÁVEL PELO ACIDENTE QUE TIROU MUNDICO DA PROFISSÃO DE BAILARINO PRA VIDA TODA. AINDA SIM, GOSTARIA DE UMA OPINIÃO DE OUTROS MÉDICOS. NÃO SERIA JUSTO COM MUNDICO. OUTRA COISA É A BABAQUICE DE BRUTUS. NÃO TEM NADA QUE TROCAR TELEFONES COM KELLEN. DE LONGE JÁ DEVERIA PERCEBER QUAIS AS REAIS INTENÇÕES DA GAROTA. MAS COMO TODO BRUTS É BABACA, ESSE NÃO PODERIA SER DIFERENTE. NÃO PERDOO TRAIÇÕES NEM APÓS A MORTE. TB ACHO QUE PASSOU DA HORA DE YURI E ZEDU ASSUMIREM PRO MUNDO ESSE RELACIONAMENTO ANTES QUE AS COISAS SE COMPLIQUEM. E PELO VISTO JÁ VÃO SE COMPLICAR COM JOSÉ LUCAS. AQUI ANSIOSO PELO PRÓXIMO CAPÍTULO.

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Nunca fiquei tão ansioso pra algo, entrei no site todas as noites haha. Ainda cm medo sobre a questão do brutos e sua namorada, ainda mais com esse desfecho de hoje... muito bom capitulo, agora sei que o Zedu realmente ama o Yuri, antes eu acabava achando que era só sexual mesmo, bobagem a minha

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