Foi tão prazeroso chegar na minha casa depois de tanto tempo. Tomei um bom banho e fui dormir. Estava tão cansada que só acordei no dia seguinte com Lari pulando sobre mim.
- Você ficou muito tempo fora, agora temos que colocar as fofocas em dia.
- Que horas são?
- Oito e meia.
Estava deitada de barriga pra cima com um braço na testa, o afastei um pouco e abri um olho.
- Eu te bato agora ou depois?
- Depois, agora fala tudo logo.
- Tudo o que?
- Como foi a viagem.
Ainda estava sonolenta, mas comecei a falar tudo o que aconteceu. Larissa me ouvia atentamente sem piscar.
A cada palavra que saia de minha boca me remetia a Jéssica, a vontade de voltar no tempo e me eternizar no abraço dela era enorme.
Não poderia ligar pra ela, já havíamos passado tanto tempo juntas que um tempo distante seria bom.
Alguns dias depois recebo uma mensagem da minha morena informando que iria viajar e voltaria no próximo ano, Coração chegou a apertar. No mesmo dia meu pai chegou de viagem com um Sorriso de ponta a ponta da orelha.
- Meninas, venham cá. Tenho algo para contar!
Lari correu e o abraçou
- Oi, pai. Conta. – Disse grudada em sua cintura.
- Nessa viagem tomei coragem e pedi a madrasta de vocês em casamento.
- Sério? – Larissa se afastou. – E ela?
- Disse que sim.- Fiquei tão feliz com aquela notícia, Patrícia sempre cuidou muito bem de nós, e saber que ela definitivamente iria ser da nossa família foi espetacular. – Amanhã iremos jantar fora.
O parabenizei, Seu Rubens subiu com suas malas e fui assistir algum seriado na tv, sentei no chão e encostei no sofá. Já estava no quarto episódio e o sono chegou junto com ele, o bocejo foi inevitável.
- Não deixa ninguém dormir aí não, Melissa. - Minha irmã chegou me zoando. – Posso perguntar uma coisa?
- Pode. – Disse sem tirar os olhos da televisão.
- Já transou com homem? – continuei com os olhos da tela, Se ela perguntar de novo, serei obrigada a fingir demência. – É verdade que o homem quando perde a virgindade goza rápido?
Virei para Larissa que estava debruçada sobre o encosto do sofá.
- Garota, eu vou ser obrigada a cortar seu Netflix, está assistindo muito Vikings. Eu, hein!
- Por favor, eu só posso conversar com você. Papai nunca irá querer falar disso comigo e Pri pode contar pra ele.
Sacudi a cabeça tentando colocar as ideias em ordem.
- Vou ser direta, tá querendo perder a virgindade?
- Sim.
- Deveria ter me preparado mais para a resposta.
- Oras, você por algum acaso é virgem?
- Foca que o assunto é você.
- Só quero entender mais sobre isso. Não quero chegar na hora e ser leiga.
- Aiaiai. – Cocei minha nuca. – Está ficando com alguém?
- Estou.
- Onde o conheceu?
- Lembra do campeonato de bike que teve na orla? Então, foi lá.
- Campeonato? Mas isso foi em Janeiro. - Ela concordou com um sorriso sem jeito. Já havia se passado quase um ano que minha irmã estava de namorico e eu sem saber. – Por que não me disse antes?
- Ele é mais velho que eu, e como não sabia que íamos nos aproximar tanto, não achei necessário.
- Larissa, mais velho quanto?
- Dois anos.
- Pensei que a diferença ia ser maior. Você disse que se aproximaram, estão namorando?
- Não rolou pedido, mas ele disse que não tá ficando com mais ninguém. Os beijos estão ficando mais quente e tudo mais.
Aquele diálogo estava me deixando louca, queria ajudá-la, mas não queria falar de sexo com minha caçula, mas também não queria que ela fizesse algo despreparada. Conversamos e a convenci de ir comigo em um ginecologista, peguei o telefone e marquei já marquei uma data.
Meu pai desceu para jantarmos e o assunto cessou.
No dia marcado levei Lari no ginecologista onde ela fez várias perguntas a profissional que estava lá.
Mais dias passando. Natal na casa da família de minha madrasta. Uma família de Espanhóis felizes e berrantes, com suas comidas típicas e músicas natalinas.
De volta a casa, Amanda me liga querendo colocar as fofocas em dia. Ela pediu um Uber pro shopping e passou na minha casa antes.
O carro chegou.
- Oi, amiga. Como tá?
- Tô ótima, Mandinha. E você?
- Excelente!
- Chamou o Lipe?
- Chamei, mas disse que ele vai no cinema com alguém. Deve ser alguma puta do 2° ano.
- Espero que não seja aquelas putas do Oliveira Teles.
Ficamos rindo e zoando a companhia de Phelipe, mesmo sem saber se ele realmente iria com uma mulher.
No Shopping Amanda já foi direto pra sua loja favorita gastar o dinheiro ganho no natal. Olhei a entrada da loja e foi ali que eu ganhei o arranhão no braço e bateu uma saudade da morena. Sem pensar duas vezes peguei o celular do bolso, busquei o seu nome e disquei.
Um toque..
Dois toques...
Três toques...
- Alô?
- Oi, amor.
Um breve silêncio – Será que exagerei em chamar de amor? – Fiquei na dúvida mas arrisquei.
- Jess?
- Rs. Oi, amor. – Seu silêncio foi quebrado.
- Você está bem? – Perguntei.
- Eu? Hã, eu tô ótima, e você?
- Huum, não tô bem não.
- Aconteceu alguma coisa?
- Tô cheia de saudade de você.
- Boba.
- Boba por você.
- Mel, para! Rs. Está me deixando sem jeito.
- Me conta, como está sendo as férias em família?
- Esta muito melhor do que imaginava...
Jessica foi contando os detalhes e eu que nem uma panaca ouvindo cada palavra que dá história encostada na pilastra ao lado da loja que esperava minha amiga.
Voltei a mim quando Amanda bateu no meu ombro e puxou pra ela na tentativa de falar em meu ouvido.
- Eu acho que a gente conhece a Puta do Phelipe, e a senhora conhece melhor ainda.
Olhei na direção de seu dedo, que apontava no rumo do cinema, buscando entender sobre o que ela estava falando e foi ali que avistei Phill de mãos dadas com uma garota.
- Ah não! – Falei quase em um grito. – Ela não!
- Ela quem, Mel? – Jess perguntou assustada.
- Te ligo depois, Amor. Beijo.
Ela se despediu e eu desliguei. Coloquei o celular no bolso e arrastei minha amiga pelo braço e fomos de encontro ao casal, que na verdade nem deveria ser casal, pra entender o que estava acontecendo.
- Larissa, Você não falou que ia no cinema? – Já estava com sangue nos olhos. – O que vai fazer aqui?
Minha irmã parou e me olhou pasma, deu um passo pro lado e apontou para a placa gigantesca do cinema sobre nós e um debochado “Assistir filme?!”saiu de sua boca, Eu já tremia por dentro, e com a ironia hereditária da minha família, só piorava.
- Vocês se conhecem? – Phelipe indagou.
- Somos irmãs.
- Jesus! – Disse passando a mão na testa.
- Não precisa começar a pregar o evangelho aqui não, Phelipe! Com você converso depois, minha conversa agora é com Larissa.
- Conversa comigo? Tá bem, mas depois do filme. Vem, Phill.
O segurou pela mão e foi entrando no corredor do cinema. No primeiro passo que dei, fui impedida por Mandinha.
- Amiga, deixa os dois. Eles só vão assistir um filme, poxa.
- Você diz isso porque não sabe o que ela conversou comigo ontem.
- Deixa de ciúmes e vamos comer.
Era a única coisa que eu poderia fazer ali. Minha irmã e meu amigo se pegando fazia tanto sentido pra mim quanto a Pérola ser filha do Sirigueijo.
“O que eu faço agora, Senhor?”
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Ola, amores.
Voltei!
Como sempre demorando mas nunca desistindo de escrever. Hehe
Tanta coisa está acontecendo na minha vida que nem eu tô entendendo, mas sempre que me vem inspiração eu pego o celular e escrevo.
Obg pelos comentários e não desistam de mim.
pittaraquel23@gmail.com
Meu e-mail aí pra quem quiser me dar puxões de orelha. Kkkk