O HOMEM QUE MATOU MONA – Parte IX
Badhia deu um pulo da cama. Estava apavorada, suando muito. Olhou para o lado e o negrão estava lá, dormindo a sono solto. Sentiu a vulva molhada e levou a mão ali. Encontrou-a ensopada. Olhou para a mão e se assustou. Sangue. Depois, suspirou aliviada. Tinha menstruado.
Correu para o banheiro, deixando pingos rubros pelo chão. Tomou um banho demorado, fazendo o asseio. Não contava em menstruar tão cedo. Não tinha nenhum absorvente. Teve que rasgar uma blusa de malha para fazer de tapume, para não ficar escorrendo sangue.
Estava ainda agitada. O sonho que teve havia sido muito intenso, como se tudo aquilo estivesse acontecendo, mesmo. Aí, viu o livro recebido do negrão jogado num canto e entendeu:
- Porra, o negrão tinha razão. Esse livro é foda. Não me admira que ele tenha escrito um romance tão erótico. Mas quem seria a tal Mona? Amanhã, pergunto a ele.
Quando o escritor acordou, no entanto, ela estava dormindo. Ele tomou novo banho e saiu. Como não encontrou o amigo recepcionista, resolveu-se a fazer o desjejum no bar. Pensava em comer um cuscuz com carne cozida, ou uma macaxeira com charque. Quando chegou lá, no entanto, o bar estava fechado. Estranhou. Como estava ainda com a chave dada pela dona do estabelecimento, arrodeou e abriu a porta. O que viu, o deixou estarrecido.
A dona do bar jazia sobre a cama, com a garganta cortada de orelha a orelha. Os olhos mortos arregalados diziam que ela havia sido morta de surpresa. Talvez não conhecesse o seu assassino. Mas não reagira, já que os móveis do quarto continuavam no mesmo lugar, sem sinais de luta no local. Voltou para o hotel e tocou uma campainha sobre o balcão. Seu amigo recepcionista apareceu, ainda sonolento:
- Desculpe não atender logo. Estava tirando uma soneca. A esta hora, o povo ainda está dormindo.
- As duas federais estão aí?
- Sim, dormem em quartos separados. Por quê?
- Chame-as. Houve um crime.
****************
- Saberia dizer se sumiu alguma coisa dela? Ouvi dizer que você costumava beber aqui, e que ficou tomando conta do bar, quando tua amiga foi nos buscar no Recife.
Ele deu uma olhada em volta, no quarto. Depois se dirigiu ao salão do bar. Foi quando percebeu que o “peixe” já não estava no aquário. Este estava vazio. Avisou a morena de longos cabelos. Esta disse para a ruiva:
- Veja se colhe alguma impressão digital no vidro, Bruna.
Depois, voltando-se para o pescador, perguntou:
- Alguém sabia que viríamos dar uma olhada no que estava no aquário?
- Só a defunta, a jornalista, um funcionário do hotel e…
- E?…
- E mais ninguém. - Disse ele, sem querer acreditar que a médica, ou a puta, pudesse ter assassinado a pobre dona do bar. A prostituta Sandra sabia das propriedades curativas do bicho, mas ele nunca tinha falado dele para a médica. Porém, não duvidava nada que ela tivesse sabido por alguém da vila.
- Todos da vila conheciam a criatura dentro do aquário? - Perguntou a ruiva.
- Todos. Quando o pesquei, cada um que viesse dar uma olhada. Mas, depois de matarem a curiosidade, perderam o interesse.
- Suspeita de alguém? - Perguntou a morena.
- Não. - Mentiu ele.
- Acho que é melhor nós chamarmos Cassandra. Teu irmão saberia desvendar esse mistério rapidinho. - Afirmou Bruna.
- Cassandra está numa missão em São Paulo. Não poderá vir. Temos que, nós mesmas, resolvermos essa parada. - Disse a outra.
- Têm ideia do motivo pelo qual a mataram? - perguntou o negrão, se referindo à dona do bar.
- Para levar o “peixe”, lógico. - Respondeu a morena. - E você, Bruna, ligue para os nossos homens que estão guardando o barraco do nosso amigo escritor. Quero falar com eles.
- Sim senhora.
Mas ninguém atendeu à ligação. Então a morena ordenou:
- Vocês dois vão dar uma olhada lá. Eu fico aqui, investigando e falando com os aldeãos, para descobrir se viram algo suspeito neste bar, ontem.
Quando o casal chegou ao barraco do negrão, não encontraram ninguém.
- Tem certeza de que havia alguém vigiando? Não vejo vivalma. - Falou o negrão.
- Sim, ontem só saímos daqui quando os dois agentes da PF chegaram para nos dar apoio. Ficaram de pegar o “peixe” no bar, hoje. Devem estar por perto.
A ruiva chamou os dois pelos nomes. Ninguém respondeu. Então, o pescador percebeu marcas na areia branca perto do barraco:
- Veja, parece que alguém foi arrastado daqui. - Disse, apontando os rastros.
Seguiram os sulcos no chão, que ia em direção a uns arbustos que rodeavam o barraco. Atrás do mato, viram os corpos dos dois policiais. A ruiva ligou para a morena. Logo depois de desligar, dizia:
- A irmã de Cassandra pediu-nos para esperar aqui. Virá daqui a duas ou três horas.
- Como é mesmo o nome dela?
- Nunca soube. Gosta de ser chamada de Lua. Por quê?
- Simples curiosidade. Bem, você fica aqui. Eu tenho muito o que fazer. - Disse ele, sem querer revelar que pretendia visitar a médica.
- Não senhor. Lua disse para ficarmos, nós dois. Não queiramos contrariar aquela fera.
- Está bem. O que podemos fazer, enquanto ela não chega?
- Isso é pergunta que se faça? - Estranhou a ruiva. - Nós fodemos, claro.
- Confesso que estou meio esgotado. O dia de ontem foi puxado, pra mim.
- Não se preocupe. Tenho um santo remédio para cansaço.
Pouco depois, ela aplicava o líquido verde na coxa dele. O negrão deu um longo grito e perguntou:
- Onde conseguiu isso?
- Pegamos de um inimigo nosso, um tal padre Lázaro (*), num dos últimos confrontos que tivemos com ele. Passei meses analisando esse composto e ele é uma maravilha sexual. Pena que o cara sumiu, e meu estoque está quase acabando. Mas vou gastá-lo por uma boa causa.
Deixaram os cadáveres onde encontraram e entraram no barraco. Ela já foi tirando a roupa pelo caminho. Ajudou-o a se despir, também. Ele jogou-a sobre a cama. Ela agarrou-se a uma escora do telhado, que tinha por trás da cama, e arreganhou-se toda, pois era uma contorcionista. A boceta e o cu ficaram expostos para o sujeito. A cabeça dela estava bem projetada para frente e perto da sua boceta. É que ela tinha dobrado o corpo pra gente, entre as pernas, ficando com o queixo colado à testa da vulva. Estava posicionada na borda da cama.
O negrão posicionou-se perto dela, de modo que a ruiva pudesse ver bem de perto o seu pau entrar-lhe no cu ou na xoxota. Ela ronronou:
- O cardápio é à sua escolha: cu ou boceta?
- Você sabe do que eu gosto.
Dito isso, o negrão, sem lubrificar, lhe enfiou a pica no cu. Ela gemeu feliz. Quando o caralho se escondeu totalmente no ânus dela, ele o retirou e fincou em sua boceta. Ela gemeu mais demoradamente.
Ele ficou revezando, do cu para a vagina, até que ela começou a gozar:
- Ui, ai, uuuuuiiiiiiiiii. Vai, puto roludo. Mete sem dó. Já havia me esquecido do quanto é gostosa, essa pica.
Ele continuava revezando os orifícios. Mas não demorou muito a anunciar a primeira gozada. Ela desfez a posição incômoda e agarrou-se ao caralho dele. Mamou-o, até não sobrar nenhum vestígio de porra. Depois, tornou a ficar na mesma posição anterior, expondo os sexos. Ele mandou rola. Logo, atingiu seu segundo orgasmo, seguido de mais dois, cada um vertendo meio mundo de espermas. Enquanto ele metia, ela murmurava:
- Xoca, xoca, xocaxocaxocaaaaaaaaaaaaaaaa…
Quando a morena chegou, acompanhada de um coroa que se fazia xerife do local, quis ver os dois agentes mortos. Tinham cortes, cada um, abrindo-lhe a garganta. O xerife só fez atestar as mortes, depois foi embora. As duas policiais estivera conversando, depois a tal Lua disse:
- Soube que você chegou aqui dizendo ter assassinado alguém. Então, não minta para mim: quem você matou?
- Está desconfiando de mim? Acha que matei a dona do bar e teus amigos?
- Faz parte do meu trabalho perguntar. Quem você matou?
O negrão esteve um tempo calado, depois disse:
- No dia que eu falei isso, estava terrivelmente bêbado. Acho que me referia a uma personagem dos meus livros, que resolvi matar, pois fiquei sem motivação para fazer-lhe novas histórias. Depois, me arrependi, pois fiquei sem ideias para escrever novos livros. Só pode ter sido por isso. Não seria capaz de matar uma pessoa, por mais mal que ela tivesse me feito.
- Conversa. Não acredito em você. Portanto, não saia do povoado. Vou querer ficar de olho em você.
- Como queira. Então, não me interessa mais estar ajudando-as. Vou-me embora.
- Eu também vou querer falar de novo com você. - Disse a ruiva, piscando-lhe um olho.
- Se eu tiver direito, gostaria de um favor teu. - Falou o negrão, se dirigindo a ruiva.
- Diga.
- Tem uma jovem, uma putinha da comunidade, que sabe algo sobre o peixe. Converse com ela. Foi para isso que te chamei aqui.
- Onde ela mora?
- Pergunte a qualquer um. É a única puta do lugar.
A ruiva o beijou nos lábios, demoradamente. A morena não percebeu, pois estava examinando os cadáveres dos agentes. Ele foi-se embora sem se despedir dela. Tinha urgência de chegar à casa da médica. Temia que seu namorado fosse o autor dos assassinatos. Encontrou-a tranquila em casa, tomando um chá quente.
- De volta? A garotinha piorou?
- Não, senhora. Mas aconteceu algo terrível na comunidade: três pessoas foram assassinadas, inclusive uma amiga minha. E todas as mortes têm as características do modo de agir do teu amante.
- Acha que foi ele?
- Sim, acho. Só pode ter sido.
- E por que ele faria isso?
- Talvez para roubar a criatura que capturei há anos, quando cheguei aqui, antes de vocês.
- Do que está falando?
O escritor esteve falando por longo tempo sobre o seu achado, e sobre a descoberta da jovem prostituta, que deu a água do aquário para sua filha beber. A curiosidade demonstrada pela velha médica dizia que ela nunca houvera ouvido falar do tal "peixe". Fez-lhe um monte de perguntas. Disse que a criatura poderia ser a cura para a sua doença. Estava animada em voltar às suas pesquisas. Mas não podia se encontrar com as federais. Mesmo assim, estava disposta a se entregar, para participar das investigações, junto com as policiais. Tomasini pediu que ela tivesse paciência, pois iria sondar as agentes. Talvez, por cooperação, as mulheres abrissem mão de prendê-la. Ficou de voltar lá para dar-lhe a resposta. Enquanto isso, ela tratasse de saber o paradeiro do padre. Ele teria que provar a sua inocência.
Quando saiu da casa da médica, ele voltou para o hotel onde estava hospedado. Encontrou a jornalista ainda dormindo. Ela parecia estar sonhando, pois sorria e meneava o corpo sensualmente. Achou por bem não acordá-la. Aí, um vulto aproximou-se dele. Estava totalmente nua e tinha longas madeixas, arrastando no chão. Entregou uma garrafinha de uísque a ele.
- Você sabe que eu só bebo Campari. Quando muito, uma cerveja.
Ela sorveu a garrafinha de um gole só. Depois, pegou o livro de capa de couro que estava próximo à cama onde a jornalista dormia e o folheou. Sorriu, ao ler o poema escrito:
- Ela escreve melhor do que eu. Tem futuro, a menina. Vai deixar o livro com ela?
- Pretendo.
- Ela tem maturidade para usá-lo?
- Foi você quem pediu que eu o entregasse a ela. Deve saber.
- Não lembro. Começo a misturar minha história com a tua. Não sei mais qual é a de quem.
- Não me importa. O que quero é me livrar de você.
Aí o vulto sumiu, levando o resto do uísque que tinha na garrafinha. Ele deitou-se perto da jornalista. Ela acordou.
(*) Ler a série BELEZA MORTAL, publicada por este autor.