– Pai, olha lá! É o meu papai Rafalel ali na flente. – Dizia o nosso pequeno Cauê chamando minha atenção enquanto eu observava Lara dormindo tranquila no carrinho de apoio ao meu lado.
–Eu to vendo filhão. Ele está lindo não está? – Falei olhando fixamente para frente vendo o meu Rafael sentado ao lado dos seus amigos de faculdade esperando começar a solenidade para finalmente terminar esse ciclo na vida dele.
–Ele está lindo sim. – Respondeu o meu pequeno.
Cauê estava um pouco agitado naquela noite, queria a todo instante ir para o encontro do “papai Rafalel” dele, era assim que ele o chamava.
–Hoje você está impossível, não é rapaizinho? – Alertou Olavo todo babão falando com o seu neto. – Vem, senta aqui no colo do vovô.
–Obrigado Olavo.
Agradeci ao meu sogro que tomou pra si meu pequeno Cauê por alguns instantes. Ele se divertia com seus avos Olavo e Marta e eu, observava com mais atenção o meu outro pequeno ali, frente a mim. Distante o suficiente para não conseguirmos nos falar, mas perto o bastante para eu admira-lo. Todos a quem ele mais amava estava ali: seus pais, seus amigos, minha mãe, os meus irmãos e obviamente: eu. O seu esposo, com os nossos dois filhos. Todos ali para prestigiar o inicio do sucesso que a vida tinha reservado para o meu branquelo.
Já haviam se passado quatro anos desde o nosso casamento, e desde então, o meu amor por aquele homem só fazia crescer. É totalmente impossível explicar para vocês a imensidão do amor que sinto por Rafael. Ele me completa em tudo. Sem modéstia ou achismo. Eu me sentia totalmente pleno ao lado dele e ele, me dizia o mesmo estando comigo. Eu não sei bem se esse lance de alma gêmea existe, mas se existir, Rafael com certeza é a minha.
– Tão bom ver você dois crescendo juntos meu filho... Formando essa família linda e me dando esses netos maravilhosos – Falou minha mãe acariciando a pele macia de Lara que dormia feito um anjo em seu carrinho.
– Ah, mãe. Eu não podia estar mais feliz...
– Eu imagino meu amor.
O olhar de minha mãe para mim era esplendido. Ela parecia ter um orgulho tão grande em seus olhos que todos ali podiam notar isso. Ela respirava satisfação, acho que assim como a mim, partilhava uma sensação de dever cumprido, afinal, todos os filhos dela estavam com suas vidas encaminhadas.
Camile já havia se formado há alguns anos, e depois de um concurso publico, estava trabalhando numa penitenciaria para menores infratores. Desde sempre ela queria poder mudar de alguma forma a vida dos jovens e adolescentes que cresceram a margem da sociedade. Para ela, aquilo era algo básico. E que ela devia fazer. Não preciso nem contar que minha mãe achou de longe aquele emprego SUPER arriscado, confesso que eu também achei, mas eu sempre acreditei na minha maninha, sabia que se era isso que ela queria, então ela teria capacidade para suportar o peso da sua profissão. Hoje em dia, ela está mais que realizada. E ainda por cima, super contente e orgulhosa de ter como cunhado um psicólogo também.
Já Alan, estava em seu terceiro semestre de Engenharia Elétrica e até aqui, apesar dele quebrar a cabeça com a matemática, vinha adorando o curso que fazia. Estava maior e assumindo a cada dia uma postura mais altiva e que me enchia de orgulho. Aquele moleque ainda teria o mundo nas mãos dele, eu sentia isso cada vez mais forte a cada conversa que eu tinha com ele. ORGULHO define o que eu sentia naquele momento.
– Parece que vai começar. – Disse Marta eufórica alertando a todos ali. Ela estava visivelmente mais nervosa do quê o próprio filho que estava lá à frente com sua beca cobrindo seu corpo todo. Eu o admirei por mais alguns segundos e sorri ao pensar que mesmo naqueles trajes, Rafa era o homem mais bonito e gostoso naquele palco. Por um segundo um relapso de ciúmes subiu em mim. “Será que mais alguém o deseja assim como eu estou fazendo agora?”
Balancei minha cabeça em negativa sabendo que mesmo se houvesse alguém desejando o meu pequeno, ele era INTEIRAMENTE meu. Ele vivia me falando isso e quem sou eu para duvidar dele, não é?
– Pai, posso ficar com você agola? – Falou Cauê com carinha de pidão entre minhas pernas.
Eu apenas sorri para o meu filho e o tomei em meus braços o pondo em meu colo. –Olha lá pra frente que daqui a pouco o nome do papai Rafael vai ser chamado e ele vai levantar e olhar para gente.
– E ai a gente glita, né? – Ele me perguntou risonho se lembrando do nosso combinado horas antes da Formatura do Rafa.
– Isso meu pequeno. Quando ele levantar a grita de alegria.
Beijei os cabelos lisinhos de Cauê e sorri para ele querendo demonstrar naquele olhar, todo o amor que eu tinha por esse menino, para falar a verdade, todo o amor que eu tinha pelos meus dois filhos: Lara e Cauê. Depois de amar tanto o Rafa, achei que nunca mais conseguiria abrir espaço no meu coração para mais ninguém, mas a vida sempre gostou de me pregar peças. E ali ao meu lado estava Lara e no meu colo Cauê, as duas engrenagens que faltavam para que eu me sentisse completo, mantendo o meu coração sempre batendo.
Dois Anos Antes.
– Ahhnn! Você acaba comigo Rafael. – Dei um longo suspiro para trazer de volta oxigênio as meus pulmões e completei: – Você anda muito safadinho esses dias.
– O que eu posso fazer se o meu marido é um homão gostoso pra caramba?
Sua voz saiu leve e carregada de malicia, senti vontade de fode-lo novamente ao ouvir aquilo. Ele tinha o dom de me fazer atingir níveis estrondosos de prazer, eu só ficava totalmente seguro em transar com ele por que sua entrega a mim e aos meus comandos provava que não era apenas eu que atingia o céu quando transávamos.
– E então meu mais novo associado da ‘X Advocacy Company’, gostou do seu presente?
– Se esse foi o meu presente por conseguir um bom emprego, não quero nem imaginar o que você vai fazer quando eu tiver o meu próprio escritório. – Falei ainda deitado junto a ele.
Apesar daquela noite de sexo ter sido fantástica, um sentimento maior de felicidade rodeava minha mente. Desde que finalmente me formei e prestei prova na OAB, tentava arrumar um emprego melhor para mim, se passaram alguns meses e eu ainda trabalhava em meu antigo emprego já como advogado, mas quando surgiu à oportunidade de ser um novo associado de um dos escritórios de advocacia mais famosos do país, eu pirei. Com uma sessão de provas ininterruptas e de uma boa indicação dos meus antigos chefes, consegui me tornar o mais novo advogado X da Advocay Company. Uma empresa judiciária privada, internacional.
–Posso adiantar que sua recompensa será mil vezes melhor do quê foi hoje.
Seu sorriso sapeca estava estampado em seus lábios e como numa mordida, beijei aquela boca vermelha que eu tanto amava. Seu corpo ainda quente pelo sexo de minutos atrás, se arrepiou ao sentir o meu toque. Colei com força os nossos corpos e beijei sua boca com todo o desejo e amor que sentia por ele.
– Amor... – Falou Rafa enquanto eu o ajudava a se ensaboar.
– Fala.
– Eu vou esse fim de semana novamente naquele orfanato que te falei. Eles vão dar uma festa junina e eu me comprometi a levar alguns salgados... Você não quer vir comigo?
– Não sei amor. Você sabe que eu não gosto de lugares assim... Com crianças que foram abandonadas ali.
Ele deu um longo suspiro ouvindo minha resposta e evitando me olhar, falou baixinho:
–Por isso mesmo, você não acha que já está na hora de ajudarmos algumas crianças...
Ele não precisou nem terminar sua fala. Eu já sabia aonde ele chegaria.
– De novo isso amor? – O respondi mais seriamente.
– Poxa Hugo, estamos tão bem. Tudo está dando tão certo... Eu quero tanto criar um filho contigo. Eu tenho certeza que você será um ótimo pai.
– Eu já sou pai. Esqueceu que cuido de você, da Camile e do Alan? – Disse de vez.
–Melhor ainda, você já tem todas as bases de como criar um filho. Repito: tenho certeza que você será um ótimo pai.
Seus olhos brilhantes e molhados pela água do chuveiro o tornava ainda mais irresistível, mas eu era forte, e logo falei:
– Chega desse assunto amor.
Seu olhar se abaixou um pouco desapontado, mas mesmo assim ele teimou:
– Pelo menos venha comigo esse fim de semana na festa junina do orfanato...
–Tudo bem! – Falei num suspiro tirando todo o ar do meu pulmão. Era impossível competir com o meu pequeno em minha frente me olhando daquele jeito. Soltei um sorriso contido com sua reação mais alegre e beijei sua boca com propriedade. Saímos do banho e nos deitamos agarradinhos em nossa cama.
O fim de semana tinha chegado e com ele o meu comprometimento em acompanhar Rafa na visita ao orfanato. Apesar da alegria que via no rosto das crianças e das cuidadoras ali, eu sentia que não era todos os dias que aquele lugar era assim: repleto de felicidade. Algo em mim me incomodava ao ter essa ciência.
Rafael já havia ido a aquele lugar e por isso já conhecia partes das crianças e das cuidadoras daquele orfanato. Para mim, tudo era novidade. A festa começou animada, as crianças se divertiam nos brinquedos montados e atacavam as comidas na mesa. Confesso que foi impossível não sorrir com a felicidade tão simples e pura que tinha aquela molecada. Rafa estava mais a frente, cercado de meninos e meninas o pedindo a todo instante a torta que ele tinha em suas mãos. Cedendo, ele se abaixou ali mesmo e fez a felicidade da moçadinha. Ele quase caiu de bunda no chão tamanha era a fome dos guris e gurias ali. Foi impossível não rir daquela cena. Ouvindo meu riso alto ele me revidou um olhar como quem dizia: “Está rindo não é? Seu idiota”.
O clima ali estava até agradável, se não fosse por um único e estranho incidente. Com rapidez, uma das cuidadoras chamou algumas outras atraindo a atenção de Rafa que a seguiu, e por reflexo, o segui também. Entrei com pressa na entrada grande e clara daquele orfanato, segui até o aglomerado de pessoas ali e quando estava perto, ouvi:
– Um jovem acabou de deixa-los aqui. Parecia estar desesperado. Apenas me entregou esses dois bebes e saiu sem se identificar. Disse apenas que os nomes dos gêmeos eram: Lara e Cauê.
– E o rapaz era o pai das crianças? – Perguntou Rafa.
– Sim! – Falou rapidamente à mulher que estava ainda levemente abalada. – O estranho, é que na maioria dos casos quem sempre entrega seus filhos, são as mães. – Ela completou.
Um pouco afastado, eu ouvia toda aquela conversa. Uma sensação diferente tomou conta de mim. Nunca vou saber explicar a vocês o que senti. Aproximei-me daqueles bebes enrolados em lençóis esfarrapados e uma angustia gigante tomou meu coração. O berro dos pequenos começou a ser ouvido e as mulheres a todo custo acalentavam os pequenos, mas nenhuma tinha sucesso. Foi quando Rafa tomou em seus braços um dos bebês e com todo amor que sentia, acalentou o neném cantarolando alguma musica infantil, gradativamente, o bebê foi diminuindo o seu choro.
Ele cruzou o seu olhar com o meu e acenou para que eu pegasse o outro. Meio se jeito e me cobrando mentalmente CUIDADO, eu tomei aquele pedacinho de carne em minhas mãos e como num passe de mágica o choro se interrompeu NA HORA.
Eu olhei espantado para Rafael e ele, me retribuía um sorriso carregado de lágrimas e emoção. Voltei minha visão para aquele bebê em meu colo e me senti voltando no tempo. De novo criança, eu sentia as dores e as dificuldades que passei junto da minha família por ter sido abandonado por meu pai. Era uma dor tão grande que eu não queria e não deixaria que aqueles bebês sentissem o mesmo. Eu me sentia na obrigação de protegê-los, de cuida-los, de dar a eles uma expectativa de vida. Uma lágrima pesada e insistente caiu dos meus olhos. O meu coração batia sem parar. Uma sensação forte me embalava ali. E naquele instante, eu sabia que tinha me tornado: PAI.
Dias Atuais.
Eu já estava amaldiçoando os meus sogros por ter dado ao meu pequeno um nome cuja primeira letra era ‘R’, já estávamos há horas ali e como os nomes eram chamados por ordem alfabética, tínhamos que esperar pacientemente o nome do meu amor ser convocado.
Finalmente estava chegando a hora, depois de todo o juramento, Rafael seria chamado a frente para receber o seu digno diploma de graduado em psicologia. Foi de IMEDIATO, quando ouvimos o nome dele, levantamos todos em uníssono gritando o seu nome com alegria. Lá de cima, ele percebeu a algazarra que fazíamos aqui atrás e como agradecimento, jogou um beijo no ar que foi bem recebido por mim e por todos ali.
A sua festa de colação de grau estava animada como ele sonhou: bebidas, comidas e muita diversão.
– Papai, você viu quando eu glitei altão o seu nome lá atrás? – Falou Lara com sua voz manhosa se agarrando no pescoço de Rafa enquanto Cauê estava em meu colo.
– Eu ouvi sim minha princesa. É claro que eu ouvi. E você? Pegou o beijo que eu joguei no ar pra você e o seu irmão?
Os dois responderam que sim e sorriram felizes para ele. Rafa se aproximou de mim e deu um beijo em nosso filho e depois, beijou nossa menininha.
– Epa! Só eles ganham beijo? – Eu protestei.
– Bobo. – Falou ele se aproximando de mim dando um selinho demorado em meus lábios.
A festa durou até tarde, e já de madrugada, tendo acabado de por as crianças para dormir, me ajeitei ao lado do meu amor.
– Estou muito orgulhoso de você, vida. – Falei apertando sua cintura contra meu corpo e o prendendo junto a mim. O admirei por um instante e passando minhas mãos por entre seus cabelos cor de ouro, confessei: – Eu te amo Rafael Ferraz Sampaio!
– E eu te amo muito, muito, muito, MUITO mais Hugo Sampaio.
Beijamos-nos apaixonadamente, era incrível como nossos beijos ainda tinham a mesma força, intensidade e sabor de quando nos conhecemos. Mesmo depois de anos de casados, tudo ainda era igual e ao mesmo tempo diferente.
–Eu sou o homem mais feliz e realizado desse mundo, amor. – Disse Rafa quando descolamos nossos lábios.
Seu olhar terno e claro estava lindo sendo avivado pela luz da lua que entrava em nosso quarto. Minhas mãos ainda curiosas tateavam todo o corpo do meu amor, meus olhos fixos nos dele me impressionavam pela beleza que via ali, frente a mim, e com um sorriso gigante e repleto de certeza, falei:
– Nada disso, eu inda te farei muito mais feliz... Você, e a nossa linda família.
FIM.
Meus queridos leitores. AGRADEÇO imensamente por terem seguido comigo até aqui. Foi maravilhoso poder contar com vocês em todos os momentos. Espero que assim como a mim, tenham gostado dessa história e que eu possa ter levado a vocês um sabor mais doce da vida. Eu sou assim mesmo: um canceriano raiz e incurável.
A quem perguntou: tenho sim outra história em mente, e assim que estiver tomado corpo eu começo a postar aqui.
Beijos e Abraços,
Little Boy.
Guardian: Meu querido, eu só tenho a te agradecer por estar sempre comigo. Me fazendo sempre continuar com seus comentários maravilhosos. Um grande FORTE abraço. Te adoro!
Geomateus: Meu querido, muito obrigado por sempre ter acompanhado. Foi um prazer te ter como leitor.
Guigo: Obrigado pelas palavras querido. Espero que tenha gostado.
Valtersó: Sonhe, sonhe MESMO. Muito obrigado por ter acompanhado querido.
Abduzeedo: Muito obrigado por ter acompanhado.
Healer: Muito obrigado de coração por ter acompanhado essa história sempre comentando. Um abraço gigante!
Nayarah: Minha lindona, muito obrigado por estar sempre presente. Um beijão!
Bruninhooo: Meu lindão. Muito obrigado pelas palavras, sabe que te tenho muita admiração, não é? Foi uma honra te ter como leitor.
Mistyck: Muito obrigado por ter acompanhado. Um beijo!
Raftxv: Muito obrigado por estar sempre presente. Um beijo!
Alex: Meu lindo, muito obrigado sempre pelas palavras e pelo apoio. Um beijão!