Estava na maior correria naquele dia! Saí do estágio apressado e corri para o metrô sem me demorar na sala dos professores como de costume. Eu realmente precisava parar de deixar as coisas para a última hora…
Nessa época eu ainda estava no segundo semestre da faculdade, tinha acabado de completar meus dezenove anos e (algo que mudaria um pouco com o passar dos anos e a chegada das responsabilidades da vida adulta) ainda conseguia manter um circulo de amizades considerável; gente que eu conhecia desde a escola e com quem compartilhara a maior parte das aventuras da minha adolescencia. A princípio eramos Éder (que nessa época estava cursando medicina no interior), Jorge (que fazia direito na mesma faculdade que eu), Cláudio (que não fazia faculdade, pois tinha um excelente cargo na empresa do pai) e eu, Mauro (um ano mais novo do que os outros e estava cursando Artes Plásticas).
Claro que, com o passar do tempo, outras pessoas começaram a se juntar ao grupo de amigos de forma esporádica, normalmente as namoradas de um ou outro. Nessa época, no entanto, as únicas pessoas de fora eram a Fernanda (uma menina da minha turma na faculdade que saia com o Jorge e o tinha conhecido por intermédio meu) e Sofia (namorada do Cláudio desde o Ensino Médio). Era um pouco mais raro que elas saissem com a gente, até porque tinham seus próprios grupos de amizades, mas, quando saíamos todos juntos, eram sempre rolês homéricos!
Cláudio era de uma família de classe média alta (seu pai era dono de uma empresa do ramo de construção) que possuia algumas casas em locais turisticos. Geralmente alugavam os imoveis para temporada, mas era comum que a gente se hospedasse em um canto ou outro nos feriados. Volta e meia íamos para a praia nesse esquema. Nessas viagens íamos sempre todos juntos.
Voltando àquela tarde de quinta! Eu precisava me apressar para chegar em casa, pois não tinha arrumado minha mala para a viagem: Cláudio nos chamara para um fim de semana em Campos do Jordão em um pequeno chalé da família. Era uma oportunidade de ouro, pois a cidade tinha um custo de aluguel bem alto naquela época do ano e, cortando este custo, poderíamos investir nosso dinheiro em bebidas e drogas durante deliciosos três dias!
Cheguei esbaforido em casa e comecei a arrumar tudo as pressas, jogando as roupas que havia separado na noite anterior de qualquer jeito dentro da mala. Conferi se não estava esquecendo nada e logo tratei de tomar um banho para espantar o cansaço e o pó de giz do corpo. “Graças a Deus esse estágio infernal só dura mais uma semana!”, pensava comigo mesmo. O período de estágio no Ensino Médio fora muito divertido para mim, mas trabalhar com crianças no Ensino Fundamental logo se mostrara um pesadelo.
Saí do banho apressado. Tinha que ir correndo para a casa de Cláudio, pois iria de carro com ele e Sofia enquanto o Jorge iria de carona com o Éder assim que ele chegasse em São Paulo (no dia seguinte). Como eu estagiava em escola pública, tinha o privilégio da emenda de feriado, podendo viajar já na quinta.
Enquanto me trocava, ouvi o celular tocar. Era o Cláudio. Por um segundo temi que a viagem tivesse sido cancelada.
— Fala, bonitão! — ouvi a voz de maconheiro do outro lado da linha — Cê já tá em casa?
— Tô sim, mano! — segurava o celular com o ombro enquanto me enfiava dentro das calças — Eu tô saindo daqui a pouco, me espera mais uma meia hora!
— Não, não! Pode se arrumar na moral aí que teve uma mudança nos planos… — desisti de tentar me vestir com uma mão só e parei para prestar atenção — Então, surgiu um B.O. aqui no escritório pra resolver e eu não vou conseguir chegar em casa tão cedo quanto eu achei! Se pá, só posso viajar de manhã…
— Tá beleza… Então eu deixo pra encontrar vocês que horas, amanhã? — fiquei aliviado, pois poderia descansar um pouco antes da viagem, mas triste por perder mais um dia do feriado.
— Então, mano! Era justamente isso que eu ia falar! Cê não tem como pegar meu carro e ir com a Sofia na frente? Porque aí eu saio amanhã com o carro do meu pai e encontro vocês lá — ele sabia que eu detestava dirigir — É só porque a Sofia já tá com tudo pronto lá em casa, mano! Não queria deixar ela de molho até eu terminar tudo aqui… Tem como fazer essa?!
— Ai, ai… — não gostava daquela ideia, mas valia a pena o sacrificio para aproveitar mais tempo no chalé — Tá bom, então! Cê me deve uma tequila depois! Seu porra… — Cláudio riu do outro lado da linha e desligou.
Terminei de me arrumar (agora com menos pressa), me despedi da minha mãe e peguei o metrô. A casa dos pais de Cláudio e a minha eram separadas por apenas duas estações, então, em menos de dez minutos estava lá. Quem me recebeu na porta foi a própria Sofia, já pronta pra sair.
— Oi, Mauro! — me cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto — Meu, o Cláudio só arruma problema na hora errada, é impressionante! Tem certeza que não tem problema você dirigir?
— Não, relaxa! — fui ajudando Sofia a carregar as malas para o carro — É bom que a gente aproveita um pouco a casa sem aqueles nóias zoneando tudo!
Ambos rimos daquilo, embora, geralmente, estivéssemos entre os tais nóias. Trancamos a casa e partimos. Passava um pouco das 14h e, por sorte, a estrada ainda não estava congestionada. Isso, somado ao carro potente de Cláudio, fez com que não demorássemos muito para completar a maior parte do caminho até Campos do Jordão. Fomos fumando, ouvindo música e falando de amenidades no caminho todo. Sofia (embora fosse, no fim das contas, uma patricinha) era muitíssimo simpática e engraçada. Sempre nos demos muito bem nas reuniões que faziamos periodicamente. Poucas vezes vi alguém que acompanhasse aquele grupo na bebedeira como aquela garota!
Sofia não era uma garota feia, de forma alguma, mas posso dizer que não era alguém para quem eu olharia mais de uma vez na rua. Era bem alta (quase da minha altura) e esguia, com pernas longas e finas (embora tivesse até um certo porte atlético). Usava um cabelo tingido de preto (era loira natural) no meio das costas e com uma franja reta. Tinha olhos azul-esverdeados, o nariz fino e um pouco arrebitado e um sorriso fino mas bem bonito que lhe dava um ar sempre alegre. Tinha peitos bem pequenos e pouca bunda. Algo nela me parecia um tanto quanto francês, por algum motivo.
A única coisa que me chamava a atenção as vezes em Sofia eram os pés. Por conta da altura, Sofia tinha pés um pouco maior do que o da maioria das mulheres (eu chutaria que eram 39/40), mas eram pes realmente bonitos e bem cuidados.
Mas, de qualquer forma, eu nunca teria olhado com segundas intenções para Sofia pois sempre pensei nela como uma grande amiga. Era tão parte da minha família quanto o próprio Cláudio.
Chegamos em Campos depois de algumas horas de estrada. Sofia havia cochilado e eu estava cansado da estrada, mas ainda estava começando a anoitecer. Levamos as malas para dentro e eu mandei mensagem para os meninos avisando que haviamos chegado. Fazia um frio delicioso na região! Nossas respirações formavam pequenas núvens ao nosso redor enquanto tirávamos as coisas do porta-malas.
A casa da família de Cláudio não era gigante, mas era extremamente aconchegante. Uma construção feita aos moldes antigos, com vigas de madeira e janelas largas. O piso de madeira rangia de leve enquanto caminhávamos pela casa. Sofia ligou a lareira à gás da sala de estar ampla, abriu alguns cobertores grossos e deixou no sofá.
— Vamos assistir alguma coisa, Mauro! — Sofia me chamou na cozinha enquanto eu guardava as cervejas na geladeira — A gente prepara alguma coisa pra beliscar e põe um filme…
— Pode ser! Eu só preciso tomar um banho pra relaxar… — estava com as costas doendo pela viagem e tudo que queria era estrear o ofurô que havia nos fundos da casa.
— Ah, pra relaxar dá pra fazer um monte de coisa, ué… — Sofia me olhou com uma expressão de criança sapeca — Eu trouxe um pouco de maconha pra gente ficar de boa até os meninos chegarem!
Ambos caímos na risada. Sofia subiu no quarto para buscar a erva enquanto eu fui para a sala onde ficava a enorme banheira de madeira onde cabiam (facilmente) cinco ou seis pessoas. Enchi a tina com agua quente, preenchendo o cômodo de vapor. Aquele ambiente era realmente relaxante…
Sofia entrou no “banheiro” usando um roupão grosso de lã preta. Trazia um segundo roupão para mim em uma mão e um baseado já pronto na outra. Voltei para a cozinha e peguei uma garrafa de vinho e duas taças e deixei-as em uma bancada curva que ficava na borda da banheira. Por baixo do roupão, Sofia usava um biquini preto que contrastava com a pele extremamente branca. Me permiti um breve olhar para suas pernas e (especialmente) os lindos pés.
Tremendo, Sofia entrou na tina de madeira e submergiu até os ombros. Tirei a roupa, ficando só com a cueca boxer e também afundei naquelas aguas quentes. Aquilo era o paraiso! Sentia meus poros se abrirem lentamente com o calor, deixando a pele macia ao toque. Apoiei as costas na beirada da banheira e abri o vinho, servindo para nós dois, enquanto Sofia acendia o baseado com uma expressão de prazer.
Por baixo da água, Sofia tirou o biquini e colocou na borda da tina. Segui a deixa e também tirei a cueca. Mesmo ambos nus, não dava para ver nada por baixo da água devido à pouca iluminação do cômodo e a quantidade de vapor.
— Nossa, meu! Eu amo esse lugar… — Sofia comentou com a voz vagarosa — Você nunca tinha vindo com a gente pra cá, né?
— Com vocês, não. Eu viajei pra cá uma vez com a minha ex. Passamos uma semana aqui, mais ou menos… Mas eu adoro essa cidade também!
— E sua ex? Nunca mais teve contato com ela? — perguntou enquanto me passava o cigarro.
— Nem… — traguei e segurei durante uns bons dez segundos antes de soltar, misturando a fumaça ao vapor — Ela até mudou de horário na faculdade, tá namorando de novo e tal…
— Ah, uma pena! Vocês pareciam se gostar…
— Sim, sim. Mas, sei lá… — dei mais um trago e passei para ela — Foi melhor ter terminado antes da gente partir pra algo mais sério e tal… Já pensou se a gente vai empurrando com a barriga durante anos e anos?
— Olha, isso é uma merda mesmo… — ela deu um ultimo trago, apoiou o cigarro no cinzeiro e pegou a taça de vinho. Seus olhos já estavam com um brilho febril, típico da brisa de maconha — Eu e o Cláudio acho que já chegamos nesse ponto…
— Nossa… Como assim? — já sentia minha cabeça ficar enuviada, então parei de fumar e resolvi ficar só no vinho.
— Ah… É complicado… — deu um gole na taça e a apoiou na bancada — Tipo, a gente já namora tem quase cinco anos, sabe? As vezes dá a sensação de que estamos só no automático já faz um tempo… Cê entende?
— Sim, sim! Mas, sei la! Eu acompanho o namoro de vocês desde o começo… Ainda tenho a impressão de que vocês se gostam muito!
— Mas a gente se gosta! — Sofia deu uma risadinha — Mas as vezes parece que a gente tá junto mais por comodismo do que qualquer outra coisa… — reparei uma breve expressão de melancolia — As vezes sinto que falta paixão entre a gente…
— É… Isso é complicado mesmo… — não sabia exatamente o que dizer naquela situação, minha cabeça estava um pouco lenta já — Mas imagino que isso seja normal em casais que estão juntos há muito tempo…
— Pois é! — virou o restante da taça e serviu mais vinho para ambos — Por isso que as vezes eu entendo a galera que trai depois de muito tempo junto… Não que eu acho certo! De jeito nenhum… — apenas bebi e continuei prestando atenção — Mas entendo as pessoas quererem experimentar algo novo… Sentir aquele fogo, sabe?!
— Uhum… — continuei bebendo em silêncio. Aquele papo estava me deixando um pouco desconfortável, embora eu soubesse que Cláudio estava longe de ser um santo quando o assunto era fidelidade — Mas você já… Tipo, ficou com outras pessoas?
— Ah, qual é, Mauro! — Sofia deu uma gargalhada estridente, sua pele estava ficando corada pelo vinho e o calor da banheira — Se eu tivesse traído o Cláudio, com certeza não ia ficar contando justamente pra um dos amigos dele, não acha? — e levantou uma sobrancelha pra mim em tom de questionamento — Mas não… Nunca saí com outras pessoas nesse tempo todo. Acho que é por isso que as vezes sinto esse vazio…
— Entendo… — finalizei minha taça de vinho e deixei-a de lado; resolvi beber direto do gargalo e passei para Sofia — Mas não discordo totalmente de você. Entendo a pessoa querer se aventurar fora de um relacionamento. E, sobre seu comentário anterior: eu não contaria pra ninguém se você tivesse dito que já traiu. É tão minha amiga quanto os meninos!
— Ah é? — deu um longo gole na garrafa — Fico muito feliz de poder ter esse tipo de cumplicidade com você…
Sofia endireitou as costas contra a borda da banheira revelando parte dos seios por cima da superficie da agua. Eram ainda menores do que pareciam ser sob a roupa, cobertos pelo bojo. Pude ver mamilos pequenos e rosados com auréolas clarinhas. Aqueles peitinhos caberiam facilmente dentro da taça de vinho e ainda sobraria espaço! Sofia não pareceu perceber que estava com os peitos a mostra, então fingi que não tinha visto e continuei bebendo.
Aquele vinho era doce, mas muito forte! Reparei que estava começando a ficar embriagado.
— Mauro! — a voz de Sofia me despertou do rápido transe — Eu tô pensando num negócio aqui…
— Sim?
— Não sei o que você vai achar…
— Pode me falar…
— E se a gente… — ela parecia subitamente envergonhada — Só até os meninos chegarem aqui…
— O que? — eu estava demorando pra entender aquilo — Você diz… Tipo… Eu e você…?
— Só uma vez! A gente nunca mais toca no assunto depois disso! — Sofia começou a “flutuar” na minha direção lentamente. Senti a pele lisa de suas coxas roçar nas minhas quando ela se posicionou sobre meu corpo. Estava quente — Eu sei que o Cláudio é seu amigo…
— Sim… Sofia… Eu não sei, mano…
— Mas eu também sou sua amiga, certo?! — ela começou a acariciar meu rosto com as mãos enrugadas pela água quente — Não faria isso por mim? — senti seus lábios colarem na minha orelha. Sua voz tornou-se um pouco mais que um sussurro, como se alguém pudesse nos ouvir ali — Eu só preciso me sentir desejada de novo, Mauro…
Sofia se ergueu acima da superficie exibindo todo o corpo molhado e ruborizado pelo calor. Era uma visão impressionante! O corpo esguio e tenso como o de uma corredora, a pele rígida e lisa, os cabelos negros molhados colados ao busto. Sofia não tinha um único fio de cabelo na virílha. Seu sexo parecia o de uma virgem: lisinha e inchada, com a aparência de ser apertada. Fiquei hipnotizado com aquela visão, meu pau, rígido como uma rocha!
Não era sequer capaz de falar nada e, imagino eu, devia estar com uma cara de bobo diante daquela beleza. De uma hora para a outra, a menina que eu sempre vira como mais uma integrante do meu grupo de amigos, tornara-se uma beldade diante dos meus olhos!
Sofia saiu da água levantando o vapor conforme caminhava para fora da banheira, secou-se com uma toalha grossa e vestiu o roupão preto por cima da pele nua. Sempre olhando nos meus olhos, pegou a garrafa e as taças e caminhou para fora do cômodo.
Eu estava sem reação! Fiquei alguns minutos imóvel dentro da água enquanto tentava assimilar toda aquela situação. Eu sabia que era errado fazer aquilo. Mas, convenhamos, não seria o primeiro (nem o maior) dos meus pecados ao longo da vida. Eu estava dividido: meu lado racional dizia para ignorar a tentação e evitar possíveis problemas no futuro, mas meu lado passional só gritava para que eu corresse para a sala e sucumbisse ao desejo ardente.
Saí da banheira após um tempo. Meu pau ainda estava em riste e a imagem do corpo de Sofia nu diante dos meus olhos ainda estava gravada na minha mente. Vesti o roupão preto e caminhei para fora da “sauna”.
(CONTINUA...)