PHROYBIDO – Parte III
Os três estavam deitados no tapete da sala. A loira no meio e Max à sua direita. O preto que atendia pelo nome de Zé Pilintra estava acomodado ao lado esquerdo da mulher e fumava um cigarro. Ela estava deitada de lado, e parecia satisfeita de sexo. Max estava admirado dela não ter sentido o cheiro forte do cigarro vagabundo.
- Vista-se e vamos embora. - Disse o Malandro.
- Já? - Espantou-se Max. - Ainda nem fodi o cuzinho dela. Demoremos só um pouco mais, até ela descansar…
- O que disse, amor? - Falou com voz arrastada a mulher.
- Oh, nada. Estava pensando em voz alta. Aliás, disse que eu preciso ir embora. Ainda tenho umas coisas para resolver – Mentiu ele.
- Tá bem, amorzinho. Eu estou com soninho, tá? Desculpa, mas fiquei destruída. Acho que não aguentaria mais uma bimbada hoje. Mas gostaria que você voltasse amanhã, pode ser?
- Está bem. Como é teu nome?
- Jandira. Encima do móvel onde está a tevê tem um cartão de visitas meu. Nele, tem meu telefone. Ligue-me por volta das onze, tá? E leve teu dinheiro, que está dentro do envelope.
- Já disse que não preciso dele. Fique pra você.
- Então, leve meu carro. Amanhã você me devolve. A essa hora, é difícil pegar um táxi por aqui. A menos que tenha o telefone de algum. - Disse ela, de olhos fechados, ainda sonolenta.
Eles desceram ao térreo e se encaminhavam para o carro de Jandira. Max tinha as chaves na mão. O preto falou:
- A noite ainda é uma criança. Continuemos nossa farra.
Quando entraram no carro, no entanto, o negro chiou:
- Porra, levaram os sacos de dinheiro que ganhamos hoje!!!
- Não, ninguém levou teus tostões. A grana desaparece, quando fica longe de você por mais de uma hora. Também, quando você não divide com alguém ou não gasta.
- Caralho! Estou liso de novo. Se soubesse, não teria deixado a grana lá de cima com ela.
- Deixe de ser chorão. Podemos ganhar muito mais do que aquilo, jogando. Vamos voltar para o cassino. Mas, desta vez, você é quem vai jogar.
******************
Voltaram ao cassino clandestino da zona portuária. Usando o mesmo esquema de jogo, onde o malandro bem-vestido ficava por trás dos jogadores dando as dicas para Max, logo o negrão havia ganho uma nova bolada. Percebia-se logo que os adversários do rapaz não estavam nada satisfeitos de estarem perdendo partidas seguidas. Mandaram trocar o baralho por duas vezes, mas ele continuava levando vantagem. Até que todos da mesa abandonaram o jogo, ao mesmo tempo. Mas aí, Max já estava satisfeito com o que tinha ganho. Comprou umas sacolas, no próprio cassino, para colocar o apurado dentro. Quando procurou o malandro, com as vistas, ele tinha sumido, deixando-o sozinho.
Max achou que ele o esperava no carro e saiu em direção ao estacionamento. Percebeu um movimento estranho atrás de si e viu um grupo suspeito, de cinco homens mal-encarados, querendo disfarçar que não estavam de olho nele. Sentiu uma pontada no coração, como um sinal de alerta. Apressou os passos em busca do carro estacionado. Realmente, o preto estava lá, sentado tranquilamente no banco do carona.
- Apresse-se que tem umas almas sebosas querendo o que é teu: tudo o que ganhasse lá dentro.
- Já vi. Vamos sair daqui.
- Não vai dar tempo. E estão armados.
Max olhou para trás e, de fato, o bando já havia sacado suas armas: revólveres e pistolas. O negro gelou. Se corresse, poderia ser alvejado pelas costas. Se entrasse no carro, talvez fosse alvejado antes de fugir.
- Relaxe. Já chamei ajuda. Jogue as sacolas dentro do carro e aguarde do lado de fora.
O negrão fez o que ele disse, mas ficou de cu piscando. Estava com medo. Aí, viu uma figura exótica correndo em direção ao grupo.
Era um negro, nu da cintura para cima, vestido com umas roupas africanas azuis escuro e verde, com uma espada na mão direita e um escudo na esquerda. Uma máscara cobria-lhe o rosto e tinha algo parecido com um capacete espartano na cabeça. Vinha pra cima dos caras. Os homens voltaram sua atenção para ele. Apontaram as armas. O que aconteceu em seguida foi algo lindo, apesar de violento.
Num bailar gracioso e preciso, o negro nu rodopiou e pareceu ter rebatido as balas com golpes de escudo e espada. Movimentava-se como numa coreografia ensaiada. Aproximou-se cada vez mais dos sujeitos, como se fizesse questão de que eles o confinassem num círculo. Atiravam à queima-roupa, mas parecia que não lhe haviam acertado um tiro sequer. Aí, de repente, os homens foram caindo, um a um. Tinham o peito aberto por golpes da espada afiada.
O negro fez uma pose majestosa e depois veio sorridente em direção a Max e ao preto elegante. O malandro saldou:
- Ogunhê! Salve a Ogum, cabeça coroada. Chegou numa boa hora, mermão.
- Pronto. Agora podem ir tranquilos. Não haverá mais perigos, por hoje. Estou com pressa e vou-me embora. Já tem gente em outras paradas me chamando.
Max também agradeceu à entidade, que havia acabado de salvar a sua vida. Ogum deu meia volta e saiu em disparada. Num instante, sumiu das vistas dos dois.
- Quem é mesmo aquele? - Perguntou o jovem.
- Aquele é Ogum, um temido guerreiro. É filho de Iemanjá, e irmão mais velho de Exú e Oxóssi. Mas aqui, ele é mais conhecido como São Jorge. As terças-feiras, como hoje, são os seus dias.
- Bem, gostaria de te fazer uma pergunta importante… - Disse o negrão, mudando de assunto.
- Manda lá…
- Você disse que esta grana vai logo desaparecer e…
- Só vai sumir se tu não gastar ou não der a alguém. Tem que fazer caridade, mermão. Tudo que tu der aos pobres, vem de volta em dobro, malandro.
- Não posso depositar num banco?
- Pra quê? Compra o que tu precisa pra comer, paga as tuas dívidas e divide o resto entre quem precisa, malandro. Vai por mim. Quando precisar de mais, ganhe no jogo. Tu gosta de jogo do bicho? Posso te dar umas dicas.
O negrão o esteve analisando.
- Engraçado… desculpa, mas você não parece um desses caras que sabe das coisas. Mas isso é ledo engano. Confesso que estou espantado.
- Às vezes a maior sabedoria é parecer não saber nada. - Retrucou o preto elegante. - Mas vamos embora, pois quero ir para algum bar. Me dá as moedas que tu ganhou. Faço coleção delas.
Pouco depois, estavam num bar, no bairro da Encruzilhada, no Recife. O malandro pediu para que Max acendesse uma vela branca num canto. Uma garçonete olhou para ele e depois quase que correu para pegar a oferenda. Entregou o objeto na mão do negrão e disse:
- Pode pedir. Seu Zé, aqui, tem o que quiser. Eu te vi lá no terreiro. Fiquei…
A mulher de cerca de uns trinta anos interrompeu a frase. Baixou a cabeça, como se estivesse envergonhada. O negro perguntou:
- Ficou o quê?
- Nada não. Nada não. Sente-se. Vai querer tomar o quê?
O negrão olhou para o outro, que havia se sentado numa das cadeira do bar, ao seu lado. Nem foi preciso o sujeito bem-vestido falar.
- Uma cerveja clara. Bem gelada. Outra cerveja puro malte para mim.
- Vai tomar as duas de uma vez? - Estranhou a garçonete.
- Não… uma é para o meu amigo aqui.
- Não vejo ninguém com o senhor, moço. Me desculpe. Se já está bêbado, não atendemos. Sinto muito.
- A outra é pro santo, mulher. - Disfarçou o negrão. O outro gargalhou. Ninguém, a não ser Max, o estava vendo.
- Ah, bom. Vou já buscar, viu?
Enquanto a mulher não trazia as cervejas, ambos deram uma olhada em volta. Havia poucas mulheres no bar. Apenas uma se destacava das demais: uma morena linda e gostosa, de longos cabelos. Bebia sozinha e, de vez em quando, esticava os olhos para a rua. Parecia estar à espera de alguém. O preto perguntou:
- Te agrada alguma?
- Sim, aquela morena bonita. Mas parece que marcou com alguém aqui. Não tira os olhos da rua.
O preto elegante levantou-se, caminhou até a jovem e sentou-se ao seu lado. Ela pareceu não lhe dar a mínima atenção. Nem olhou para ele. Mesmo assim, o cara ficou conversando com ela um tempão. Ela apenas parecia escutar, de cabeça baixa. Aí, o preto apontou para Max. Ela olhou para o negrão. Devia ter percebido o jovem naquele instante. A garçonete acabara de lhe entregar as duas garrafas. Este levantou o copo, oferecendo-o à morena. Ela esteve indecisa, depois fez um aceno positivo com a cabeça.
Ele despejou uma garrafa inteira num cantinho de parede, depois levantou-se com a outra na mão. Levou-a, mais seu copo, para a mesa onde a morena estava sentada. O preto elegante, mais uma vez, havia sumido. Max descansou a garrafa sobre a mesa e apresentou-se:
- Boa noite. Sou Maximiliano, e é um prazer conhecer uma jovem tão encantadora. Como se chama?
- Michele. Mas advirto que estou esperando alguém. Se ele vier, vou te apresentar como meu primo, pode ser?
- Não creio que os homens de hoje engulam essa velha desculpa, Michele. Portanto, se teu namorado aparecer, pode dizer-lhe que eu estive te paquerando e fui afoito o bastante para sentar-me à mesa.
- E isso é verdade? Está me paquerando?
- Oh, claro que sim. Você é uma morena linda.
- E se ele se zangar?
- Aí, eu invento uma desculpa qualquer e saio de perto. Não tema. Não vou brigar com ele.
- Pois eu preferia sair daqui, antes que ele chegue. Vamos para outro bar?
- Não vai nem querer terminar essa cerva?
- Melhor não.
Max chamou a garçonete. Pediu a conta, inclusive o que a morena havia consumido até então. Deu uma gorjeta de cem reais à atendente. Ela ficou contentíssima. Roubou-lhe um beijo, mesmo estando perante a morena. Quando ele entrou no carro, a garçonete disse:
- Xau, Seu Zé. Apareça.
A morena viu as duas sacolas sobre o banco traseiro. Perguntou:
- Veio das compras?
- Mais ou menos.
- Para onde vamos?
- Pode ser um motel?
- Eeeeeeeiiiiii, que pressa é essa? Vamos nos conhecer melhor. Depois, quem sabe?
Meia hora depois, estavam aos beijos de língua. Fogosa, ela apalpou o caralho dele sob a calça. Mediu-lhe a extensão com o palmo. Aprovou o tamanho. Ela estava de saia curta e ele metia-lhe a mão entre as pernas. Encontrou lá um bocetão. O bar onde estavam agora era escuro, desses propícios a encontro de casais. A penumbra era instigadora. Mesmo assim, ele estava tímido para tentar “avançar o sinal”. Mas olhou em volta e viu que os demais casais não prestavam atenção a eles. Uma jovem, inclusive, não teve vergonha de botar os peitos para fora para que o acompanhante mamasse. Aí Max tocou com a ponta do dedo médio a racha dela. Ela gemeu baixinho e mordeu o biquinho do peito dele.
Ela não demorou muito a gozar com o dedo enfiado lá dentro. Quis devolver-lhe o prazer. Escorregou a boca pelo peito dele, até tocar com ela o mondrongo causado pelo pênis. Abriu o zíper com ansiedade e engoliu o caralho do negrão. Este gemeu alto. Um casal olhou em sua direção e sorriu. O cara fez um gesto obsceno, para que ele continuasse. Max fechou os olhos e ficou curtindo a mamada. Ela punhetava o cacete, enquanto o chupava. Mas estava em má posição. A mesa tinha uma toalha longa, que arrastava no chão. Ela entrou debaixo da mesa.
Max havia perdido a vergonha de estar ali, fazendo sacanagens. Ajeitou-se melhor na cadeira e ergueu o rosto, fechando os olhos. Ela continuou chupando-lhe o caralho, depois, de repente, parou. Ele ainda esperou um pouco, em seguida abriu os olhos. O preto malandro estava ao seu lado, com um sorriso safado no rosto. Estava claro pro negrão que a morena agora o estava mamando.
- Relaxe. Ela pensa que está fazendo com você. He he he.
FIM DA TERCEIRA PARTE