O HOMEM QUE MATOU MONA – Parte XII
A prostituta Sandra voltava para casa, quando encontrou o funcionário do hotel. Ele perguntou, cismado, de onde ela vinha.
- Vim da casa do seu Vadinho. Fui ver se ele precisava de alguma coisa.
- Eu dei uma fugida do hotel e vim dar uma rapidinha contigo.
- Não. Eu prometi a seu Vadinho que não mais seria puta. Ele vai me ensinar a pescar.
- Ora, eu te ensino…
- Você não sabe pescar. Se soubesse, não se sujeitaria a trabalhar no hotel por uma mixaria.
- E onde eu encontraria outro trabalho aqui?
- Pescando, oras.
- Está bem. Não sei mesmo pescar. Posso te acompanhar até em casa?
- Sim. Mas vamos rápido, pois é capaz de minha filhinha ter acordado.
O casal não percebeu, mas estava sendo seguido de perto por alguém todo vestido de preto. Essa pessoa já seguia a prostituta desde o barraco do negrão. Escondeu-se, quando os dois entraram na casa da jovem. Depois, esgueirou-se mais para perto da janela. Viu quando a mocinha tirou do berço a menina de quatro braços, que estava chorando. A mãe a amamentou e ela calou-se. Também viu quando o recepcionista tentou beijar a jovem a pulso. Ela se negava a transar com ele. Dizia estar satisfeita de ter fodido bem muito com o negrão. Aí, o rapaz, enciumado, bateu nela.
**************
Era quase oito horas da manhã, quando a morena bateu no quarto onde dormia a ruiva, policial federal. Esta abriu a porta ainda sonolenta. Perguntou:
- O que houve, chefe?
- Mais um crime. Uma mulher, conhecida como a fofoqueira da aldeia, veio me dizer que haviam assassinado uma jovem prostituta. E que a filha desta tinha sumido. É coisa do maldito padre Lázaro, pois o crime tem as mesmas características dos outros três: ela foi degolada, quase decapitada.
- Minha nossa. Esse filho da puta ainda está matando o povo? Precisamos impedi-lo.
- Falar é fácil. Vista-se e venha interrogar a velha fofoqueira. Ela disse ter visto alguém rondando a casa da puta. Talvez saiba de mais coisas.
Pouco depois, estavam diante da mulher. Ela disse logo:
- Foi aquele jovem que trabalha aqui, que a matou. Só pode. Tanto que nem veio trabalhar hoje.
- Você o viu por perto da casa?
- Sim, mas estava todo vestido de preto. Não tenho certeza de que era ele.
- Lembra de mais algum detalhe?
- Não, senhora.
- Como soube que a jovem havia sido assassinada?
- A menina costuma chorar a noite toda. Como não ouvi mais seu choro, fui olhar pela fresta da janela. Aí, vi a putinha safada caída no chão. Como a porta estava aberta, entrei querendo socorrê-la. Mas ela já estava morta. A filha tinha desaparecido. Procurem na casa do jovem tarado. Ela deve estar lá.
- Está bem. Vou procurá-lo. Mas, se lembrar de mais alguma coisa, venha nos dizer.
Pouco depois, a dupla de policiais federais chegava à casa do jovem. A irmã dele veio atendê-las. Disse que o rapaz estava doente, gripado, por isso, não fora trabalhar. A morena insistiu para que ela o fizesse vir à sala. Quando o jovem apareceu, demonstrando estar realmente doente, Cassandra perguntou:
- Onde estava hoje de madrugada, por volta das duas horas?
- Estava aqui dormindo. Por quê?
- Há uma testemunha que te viu rondando a casa da prostituta assassinada.
- Como é que é? Do que vocês estão falando?
- Uma tal Sandra, prostituta, foi barbaramente assassinada de madrugada, na própria casa. Nega ter estado com ela?
- Porra, Sandrinha foi assassinada? E a filhinha dela?
- Diga você.
- Não sei de nada.
- Nega ter estado com ela?
- Não, eu estive com ela. Mas foi antes do horário que você disse. Deixei-a em casa e vim embora, pois não estava me sentindo muito bem. Tanto que cheguei aqui ardendo em febre.
- Você está preso. Leve-o para o hotel e tranque-o no meu quarto. Depois, veremos onde instalá-lo melhor.
Bruna levou o cara algemado. Só então, Cassandra se dirigiu à casa da prostituta. Encontrou o cadáver lá. Examinou-o. Ela tinha um dos punhos cerrados. Abriu-o e encontrou uma mecha de cabelos. Estreitou os olhos. Aí, ouviu passos. Era o sujeito que se passava por xerife, que havia entrado na casinha. Cumprimentou a policial.
- Bom dia, senhor. Vou precisar de você. Reúna todas as pessoas de cabelos desta cor, aqui na frente. Vou querer falar com elas. Antes, chame a policial Bruna, e peça para ela vir logo.
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O negrão havia dormido mais do que costumava, pois acordou com batidas na porta. Armou-se com a pistola que recebera da morena, caso precisasse salvar sua vida, e foi ver quem era. Surpreendeu-se, ao ver a policial Bruna. Ela estava sorridente.
- Bom dia, dorminhoco. Vim dar uma rapidinha, pois estou em horário de trabalho.
- Só se trouxe o líquido esverdeado, pois estou pregado, pregado.
- O que andou fazendo ontem?
- Nada demais. Por quê? – Perguntou ele, deixando a arma sobre um móvel.
Ela pegou a arma e apontou para ele. Ele ficou desconfiado.
- Eu quero foder de qualquer jeito. Não trouxe o “Viagra”, mas quero trepar contigo. Trate logo de ficar de pau duro.
- Sem acordo. Já disse que estou esgotado.
- Esteve com alguém, de madrugada? É por isso que está cansado?
- E se eu estive?
- Você está preso pela morte da prostituta Sandra. - Ela disse, ainda lhe apontando a arma.
- Que história é essa? Não matei ninguém.
- Mas você, sim, rapariga safada. Largue a arma ou atiro. - Ouviu-se uma voz feminina.
A policial virou-se e disparou a arma. A morena esquivou-se rápido, livrando-se de ser atingida. Atirou. A agente Bruna dobrou-se sobre si mesma e caiu no chão. O negrão ficou sem ação. Depois, perguntou:
- Como descobriu?
- Você já sabia?
- Sim. A médica me disse. Mas eu não acreditei. Ela não tinha motivos para os crimes.
- Matou mais uma. A prostituta que você andou ajudando.
- Puta merda. Eu devia ter acreditado na doutora. Teria salvo a vida da jovem. E a filhinha dela?
- Não sei. Mas ela vai dizer. - Falou Cassandra, abaixando-se perto da ruiva. Tinha ainda a mecha de cabelos na mão. Comparou-a com as madeixas da policial. Esta ainda estava viva. Perguntou para a chefe:
- Como descobriu?
- Você deve ter lutado com a pobre prostituta. Deixou que ela te subtraísse um tufo de cabelos. Ruivos. Reuni o povo do lugar e ninguém tinha cabeleira dessa cor. Agora, sou eu quem pergunto, Bruna: por quê?
- Fiquei doida, quando vi a criatura. Depois, vi a criança com quatro braços. Eu queria pesquisar ambos. Para não ser descoberta, matei nossos companheiros da mesma forma como o padre assassina suas vítimas.
- Isso te traiu. O padre tem mais classe e não fazia um corte muito profundo, quando usava a arma: um punhal, e não um bisturi médico, como você usou. Mas, por que matou a dona do bar?
- Para roubar o “peixe”, claro. Ela me viu. Tinha que ser eliminada. A puta também, pois tinha me visto. E tinha fodido com esse galinha aí. Fiquei com ciúmes. E ela ainda disse que sabia do líquido esverdeado. Era preciso silenciá-la.
- Você foi longe demais.
- Mate-me. Não quero ser presa.
- Não vou fazer isso, te matar. E você vai me dizer onde estão a menininha e a criatura.
De repente, o padre surgiu por trás da policial e a desarmou com um golpe. Tinha uma pistola na mão e o braço esquerdo estava enfaixado. Tomasini jogou-se, rápido, apanhou a pistola do chão e atirou. O padre foi atingido na barriga. Ele soltou a arma. A morena deu-lhe um pontapé, que o pegou em cheio, no rosto. Um novo golpe, em forma de coice, acertou-lhe o ferimento na barriga. O cara desmoronou. Quando ela tentou algemá-lo, o padre reagiu. Deu um murro na policial, e ela soltou a arma. Ele pegou-a no ar e apontou-a para o escritor. Atirou. Tomasini recebeu a bala no peito. Foi jogado para trás. O padre voltou a arma para a ruiva e atirou duas vezes. Ela morreu no ato. Então, ele encostou a pistola no crânio da morena e falou:
- Não quero você. Quero teu irmão. Diga isso a ele. Prometi à médica não te matar. Deve isso a ela. E o negro, também. Salve-o.
- Cadê a menininha e a criatura?
- Agora, estão com Maria. Estive seguindo tua policial e vi quando ela se dirigiu a uma casinha escondida, longe daqui. Lá, encontrei a criatura. Também vi quando ela matou a prostituta, com ciúmes. Levou a menina para essa mesma casa. Vamos cuidar de ambos, não se preocupe. Mas você precisa escolher agentes melhores.
- Filho da puta. Eu vou…
Cassandra levou um murro no rosto que a fez perder os sentidos. Quando acordou, o negrão agonizava. Ligou para o “Xerife”. Pediu que ele trouxesse algo parecido com uma ambulância. Depois, desmaiou novamente.
Quando acordou, o negrão estava deitado numa cama confortável. Viu a jornalista, sentada perto dele. Perguntou-lhe:
- Onde estou?
- Na casa da policial, em Olinda. Não se preocupe.
- Onde está ela?
- Trabalhando. O irmão chegou. Estão atrás do paradeiro da doutora e do padre.
- Duvido que consigam achá-los. E você, como está?
- Maravilhosa. Fiz a cobertura do caso para o jornal e conquistei o meu primeiro emprego.
- Vai continuar com a minha entrevista?
- Claro. Estou aqui para isso. Pode-me falar sobre a tua primeira trepada, já adulto?
“ Não foi lá algo muito especial. Eu costumava ir a um clube de bairro, no Recife, chamado Bandeirantes. Era uma gafieira, na verdade. Eu acabara de completar 18 anos de idade. Como nunca fui de muitos amigos, resolvi bebemorar a data sozinho. Cheguei cedo e peguei uma mesa bem próxima ao bar. Uma mulata gostosa aproximou-se de mim e ficou encostada a uma pilastra, bem perto da minha mesa. Fiquei esperando tocar uma música lenta para chamá-la para dançar. Como demorei, ela veio até mim, pegou na minha mão e convidou:
- Vamos?
Eu fui, claro. Dançamos enfiados umas três músicas, e já estávamos suados quando a chamei para a minha mesa. Nos apresentamos, mas não lembro mais o nome dela. Bebemos muito, dançamos mais ainda. No final da festa, ela me perguntou por que eu bebia tanto. Disse-lhe que era meu aniversário. Ela ficou contente:
- Mesmo? Pois, então, merece um presente. O que gostaria de ganhar?
Eu não pensei muito. Disse-lhe:
- Uma grande trepada.
Ela riu. Também já estava bêbada. Respondeu:
- Então, vamos providenciar. Quem das mulheres do clube você escolhe? Se eu a conhecer, ajeito-a pra ti.
Olhei bem para ela e disse:
- Escolho você.
Ela esteve olhando para mim, depois baixou a cabeça. Disse que era casada, e que nunca ia ao clube. Se o marido soubesse que ela tinha estado ali, era bem capaz de matá-la de cacete.
- E por que veio? - Perguntei.
- Estava a fim de dançar. Ele não gosta. Então, vim sozinha. Mas tenho que voltar já para casa, pois está na hora dele largar. É policial.
- Não podemos dar uma rapidinha?
Ela esteve pensativa. Depois me pegou pela mão.
- Vamos. Mas tem que ser o mais próximo de casa possível.
- Onde você mora?
- Perto daqui.
- Mas, por aqui não tem motel.
- Não gosto de motel. Vamos lá para casa.
- Está doida? E se teu marido aparecer?
- Levo uma surra. Tudo bem, já estou acostumada.
Fiquei cismado. Se o marido dela era policial, eu estava fodido, se ele me flagrasse com ela.
- Vou andando na frente. Você me segue. Mas procure não dar “bandeira”.
Chegamos à casa dela, um barraco pobre, de taipa. Ela entrou, viu se ele tinha chegado e logo me botou para dentro. Havia três crianças deitadas num colchão, no chão. Ela as afastou, deixando um espaço apertado para nós. Disse, ao meu ouvido:
- Não podemos fazer barulho, para não acordá-las. O maior tem cinco anos e, se te ver, me denunciaria ao pai, entende?
Tirou a roupa, botou um vestido leve e depois tirou a calcinha. O ambiente era iluminado por um candeeiro. Nem deu para lhe ver direito o corpo. Deitou-se, com cuidado, entre as crianças, e me chamou. Fui já de pau duro. Não deixou que eu tirasse a roupa, apenas abrisse o fecho e baixasse a calça com a cueca. Deitei-me sobre ela e fodi-lhe a tabaca. Era afolozada demais. Pedi-lhe a bundinha. Ela resistiu, mas virou-se de costas. Fiquei feliz. Meti minha pica toda ali, sem cuspe e sem nada, e ela gemeu chorosa. Uma das crianças, justamente o mais velho, acordou. Olhou para mim, deu-me um beijo no rosto e disse:
- A bênção, papai? - E virou-se para o outro lado.
Estávamos tensos, mas sorrimos, quase gargalhamos. Voltei a foder-lhe o cu. Era muito apertado. Acho que, naquele dia, rompi meu cabresto. Ardeu muito. E, para piorar a situação, ela não tinha feito a lavagem do reto. Enquanto metia, eu sentia o cheiro ruim de fezes. Assim que gozei, doido para me livrar daquela situação, ouvimos um barulho de chave rodando na fechadura. Ela deu um pulo, abriu uma janela do quarto que dava para o quintal e me mandou sair por ali. Bêbado e fraco das pernas, por causa da recente gozada, quase não consegui.
Escondi-me rápido, por trás de umas tralhas que tinha no quintal, e fiquei quietinho. Ouvi ele reclamar do cheiro de merda na casa, de chamá-la de imunda e bater no rosto dela. Dei um tempo e fugi. Quando cheguei em casa, corri para tomar um banho. Havia bem meio quilo de bosta grudada ao meu pau. Deu trabalho para mim, com nojo, limpar tudo ali. Tive que jogar a cueca no lixo, pois estava podre. Fiquei com o cheiro nauseabundo entranhado nas narinas. Por um longo período, não consegui mais foder um cu.”
- Eca, até eu fiquei com asco agora. Ia te dar uma chupada, pois ainda estou menstruada, mas desisto. Sinto muito.
Aí, bateram à porta do quarto transformado em hospital, onde ele estava. Uma morena belíssima entrou.
- Bom dia.
- É a minha editora de Variedades. Fez questão de te conhecer.
O negrão estava embasbacado. A coroa tinha as feições e o corpo do seu personagem do livro. E da mulher de cabelos compridíssimos que lhe vivia assombrando.
- Bom dia, Mona. Por onde andou? Está linda, com esse cabelo cortado curto.
A mulher estranhou as suas palavras.
- Mas eu sempre o uso curto, senhor. Queria tanto conhecê-lo. Li todos os seus livros.
Estendeu-lhe a mão e se apresentou:
- Sou Mona Tomasini, editora de Variedades do jornal que te enviou a jornalista Badhia, para fazer uma entrevista contigo. Ela me falou do livro em branco. Emprestou-me ele por uns dias.
- Também se chama Tomasini? Quer dizer que somos parentes?
- Quisera eu. Mas são apenas essas coincidências que existem na vida. Talvez, por isso, tenha tanto me identificado com a tua personagem.
Ele esteve sorrindo, observando-a. A jovem jornalista disse:
- Vou deixá-los a sós, pois devem ter muito o que conversar. Até mais tarde, amor…
Os dois nem perceberam a saída da repórter. Continuaram se mirando, embevecidos. O escritor quebrou o silêncio:
- Quer se casar comigo, Mona?
FIM DA SÉRIE