PHROYBIDO – Parte VIII
Rosa correu para perto e abraçou os filhos, chorando. No entanto, percebeu que eles estavam diferentes. Ela compreendeu. Disse, fazendo uma reverência:
- Bejiróó! Oni beijada. Eles são dois! Salve os que são crianças.
O negrão ficou sem saber o que fazer. Os dois guris disseram ao mesmo tempo:
- Ajoelhe-se perante os Erês. Viemos trazer uma mensagem de Oxumarê.
Max, agora mais acostumado com a intervenção dos orixás, ajoelhou-se. As duas crianças se levantaram do sofá e se aproximaram dele. Pegaram, cada um, em uma mão do negro. Disseram, ao mesmo tempo:
- Oxumaré quer falar contigo. Gostou muito de você. Pediu que você o encontrasse, quando houvesse novo arco-íris, na casa de Nanã Buruku.
- Está falando do filho bicha dela? Não sou chegado a homossexual.
- Oxumaré não é boiola. Ele é homem, mulher e o que quiser. Ele ter gostado de ti é uma honra. - Continuaram falando os dois, ao mesmo tempo.
- O que ele quer comigo?
- Quer te livrar de Phroybido. Para sempre.
- Ih, agora fodeu. Quem é esse tal de Proibido?
- Phroybido, com PH – falou um – é um espírito maldoso e poderoso, que odeia todos os orixás.
- Esse espírito se apoderou de você e está prejudicando a tua saúde. - Disse o outro.
- É preciso que seja arrancado de ti. - Disseram os dois ao mesmo tempo.
- Podem me contar melhor essa história? Mas não falem ao mesmo tempo. Isso me confunde.
- Começa tu, Cosme. - Disse um dos gêmeos.
- Não. Melhor que você comece, Damião. - Insistiu o outro.
- Está bem, eu conto. Mas ele terá que nos prometer uns doces e uns brinquedos.
- Está prometido. - Afirmou o negrão.
A mãe dos garotos permanecia ajoelhada, perto do negrão, de cabeça baixa, como se não se atrevesse a mirar o rosto das crianças.
- Nos tempos antigos, não se sabe de onde, um orixá apareceu diante dos povos da Guiné, à procura de Olorum. Ele, Olorum, era rei da Guiné e regiões vizinhas, e foi o criador do mundo, passando a residir no firmamento. Olorum, ao contrário de todos os outros orixás, não “baixa” para ninguém. Não participa do cerimonial da Umbanda, não exige oferendas nem comidas caprichadas ou vestimentas especiais. Na verdade, Olorum está acima dessas e de outras necessidades materiais. Olorum não é homem nem mulher, não tem características humanas, nem se envolve nos problemas do dia-a-dia. Sua única ligação com os homens acontece por intermédio dos orixás e do arco-íris – que, segundo a lenda, ele criou especialmente para esse fim, em apenas quatro dias.
- Pois bem, - intrometeu-se na conversa Cosme – por não fazer parte da esfera humana, Olorum nunca havia sido visto na terra. Por isso, Phroybido nunca conseguiu encontrá-lo. Ele queria desafiá-lo para um duelo, para provar o quanto era poderoso. Os orixás ficaram injuriados com sua arrogância e tentaram expulsá-lo da aldeia. Pegaram-no adormecido, após fazer sexo com a mais bela aldeã, e bateram muito nele. Botaram-no para correr, mas ele jurou voltar.
- E fez isso. - Retomou a palavra Damião. - Mas não se atreveu a lutar contra todos os orixás ao mesmo tempo. Foi desafiando um por um, sem que os outros soubessem do duelo, e venceu a todos. Só faltava derrotar Oxumarê. Este, mais esperto, desapareceu da aldeia. Dizem que foi passar um tempo no céu. Quando surgiu o primeiro arco-íris, Oxumarê voltou. Reuniu todos os orixás e os convenceu a ataca-lo, todos de uma vez.
- O guerreiro chamado Phroybido foi derrotado, e teve sua cabeça separada do corpo. Antes de morrer, no entanto, jurou que voltaria de novo, para enfrentá-los. - Disse Cosme.
- Reza a lenda que O Phroybido perde a memória por cem anos, por estar procurando sua cabeça. Depois retorna, para derrotar os orixás. Este ano, é o ano da sua volta. - Afirmou Damião.
- Não estou entendendo bem o que isso tem a ver comigo.
- O Phoybido precisa de um humano para incorporar, e desta vez escolheu você. Ele está, aos poucos, readquirindo a memória. E também a ereção, para copular com todas as mulheres que quiser. Por isso, você não consegue se lembrar de muitas coisas acontecidas. Desta feita, ele foi conjurado por alguém, e vai vir mais forte. - Falaram os dois garotos ao mesmo tempo.
Max esteve pensativo. Depois, perguntou às crianças:
- Vocês sabem quem o conjurou?
- Não sabemos – disseram ao mesmo tempo – mas Oxumarê pode descobrir. Por isso, quer ficar ao teu lado por um tempo, para saber quem o chamou desta vez. Portanto, você deve ir à casa de Mãe Nanã Buruku hoje mesmo, e ficar lá até que chova pela manhã. E não faça sexo com mais ninguém, a não ser com Oxumarê. Isso te deixará mais forte e dificultará o domínio do teu espírito, por Phroybido.
Rosa ficou triste por se separar do negrão, mas disse:
- Vá, amor, pro Terreiro. Outro dia nós repetimos a... diversão.
Os dois meninos estremeceram e saíram do transe. Ficaram surpresos, ao ver o negrão dentro de casa. É que os Erês haviam abandonado os corpos deles. Perguntaram:
- Quem é esse, mamãe? Bem que papai disse que a senhora vivia trazendo machos para dentro de casa.
- Esse é o nosso salvador, meus filhos. Vai nos ajudar a ficarmos juntos, sem precisar da caridade do teu pai.
As crianças se abraçaram com o negrão. Disseram que sempre quiseram morar com a mãe, mas o pai não deixava. Naquela noite, o pai lhes parecia um zumbi. Deu banho neles, colocou-lhes as melhores roupas e os trouxe para a casa da garçonete, abrindo a porta com uma cópia da chave. Pediu que eles não ligassem a luz, nem a televisão, dizendo que o aparelho era obra do Demônio. E foi embora, fechando a porta a chave, tão zumbi quanto viera.
Pouco depois, o negão se despediu de todos e foi-se embora. Pretendia ir direto para o Terreiro mas encontrou a morena que conhecera no bar, algumas casas depois. Essa ficou feliz, mas desconfiada, ao vê-lo. Ele explicou que havia trazido a garçonete em casa. Que lhe ficara devendo uma grana, da última vez que esteve no bar, e voltara para pagar.
- Mas você não trepou com ela, não é? Essa mulherzinha dá em cima de todos os maridos das outras. Inclusive, do meu ex. Nós nos deixamos depois que o flagrei com ela.
- Oh, não. Apenas fui pagar-lhe o que devia – mentiu ele – aí ela me pediu para trazê-la aqui.
- Acredito em você. E gostaria de ficar contigo, hoje, mas meu ex-marido vai trazer uns brinquedos para meu filho. Mas, não acho que ele venha, mesmo. Porém, não quero que ele te encontre aqui em casa.
- Tudo bem. Se ele não trouxer, amanhã de noite eu te trago uns doces e uns brinquedos para o teu filho. Qual a idade dele?
- Tem dez anos.
Aí, um cara fortão, bem mais do que o negrão, se aproximou do casal. Perguntou, com raiva:
- Quem é esse?
A morena se assustou, pois não o tinha visto chegar. Gaguejou:
- Esse é meu primo, que veio me fazer uma visita. Mas já está indo embora.
- Primo, porra nenhuma. É algum macho teu. Entre, antes que eu te dê umas tapas.
- Você não é mais meu marido.
- Mas ainda pago casa e comida para você e teu filho. E tu, filho da puta, suma da minha frente, antes que eu te dê uma surra!
Max não quis brigar com o cara. Até porque ele dava dois dele. Ia se afastar, sem nem se despedir da morena, quando ouviu uma voz rouca dizendo:
- Peça desculpas a meu homem, antes que EU te dê uma surra.
Era o filho (ou filha?) de Nanã Buruku. Estava cada vez mais parecido com uma mulher, a despeito da voz grossa. E estava linda, com seus esvoaçantes cabelos multicoloridos. O sujeito fortão riu, zombeteiro:
- Quem vai me dar uma surra, você e mais quantas?
A mulher não se alterou. Pareceu ter desenrolado da cintura uma fita tão multicolorida quanto os seus cabelos, e a atirou sobre o cara. A fita se enroscou no pescoço do fortão e o sufocou quase que imediatamente. Michele deu um grito medonho. Ela estava vendo o mesmo que o negrão: uma enorme serpente enrolada no sujeito. A morena tinha pavor a cobras. Correu para dentro de casa. A rua, no entanto, estava deserta, como se ninguém ouvisse o que estava acontecendo ali.
A serpente dominou o fortão e depois o arrastou, sem esforço aparente, para dentro da casa da morena. Ela gritava apavorada, agarrada com o filho. O menino estava assustado, como se não visse o que apavorava a mãe. Perguntou várias vezes a ela o que estava acontecendo. O pai dele, no entanto, já estava roxo do aperto da serpente. Antes do sujeito desmaiar, porém, a jovem dos cabelos multicoloridos fez um gesto e a serpente sumiu. Mas o cara ficou teso, como se ainda estivesse sendo atacado e enrodilhado pelo réptil. A moça de cabelos multicoloridos ordenou:
- Sente-se numa cadeira. E vocês – dirigiu-se à mãe e ao filho – durmam.
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Quando o sujeito recuperou o fôlego, viu o casal abraçado e se beijando, de forma voluptuosa. Ele arregalou os olhos e vociferou:
- Sua puta safada. Eu bem que sabia que você me botava chifres. Deixem eu me soltar, que acabo com os dois.
Max parou u pouco para olhar para o cara. Estranhou ele dizer aquelas coisas. Mas o filho de Nanã explicou:
- Ele está nos vendo transar, achando que você está fodendo a mulher dele. Ela e o filho dormem. Podemos dar vazão aos nossos desejos.
- Você é homem ou mulher? - Arriscou perguntar o negrão, mas sem evitar ser beijado pelo travesti.
- Eu sou o que você quiser. Pegue em minha xoxota e tire suas dúvidas…
Ele levou a mão ali, temeroso de encontrar uma trolha por baixo da minissaia dela. Achou uma vulva enorme e molhada. Abaixou-se e a beijou ali.
- Chupão safado. Era bom que te caísse a língua. - Gritou o ex de Michele.
- Não dá para calá-lo? Ele vai incomodar a vizinhança. - Disse Max, temendo que ele chamasse a atenção da garçonete, vizinha da morena.
- Ninguém mais, além de nós dois, o está ouvindo. Mas posso calá-lo.
Ela fez um gesto e o cara ficou mudo. Gritava, mas o negrão não conseguia ouvi-lo. Michele e o filho dormiam tranquilamente numa cama.
Max ainda se sentia meio estranho, garanhando com a jovem. Mas, aos poucos, foi se soltando. A boceta dela era quente e molhada, e ele a chupou com gosto. Quando ela começou a gozar, agarrou-se a ele, e o cara teve a impressão de que era abraçado por uma jiboia, tal era a força que ela imprimia, com as pernas e com os braços, no corpo dele. O ex-marido de Michele ainda vociferava, mas ninguém lhe prestava atenção. Então, ela fez com que o negrão se levantasse e se ajoelhou aos seus pés. Aí, sim, ele teve maior impressão de que uma cobra enorme lhe engolia o pênis, quando ela meteu a boca ali. Ia sugando a haste aos poucos, e ele sentia um indescritível prazer. Gemeu alto. Ela disse:
- Não se prenda para gozar. Quero toda a tua porra dentro da minha goela. Vou precisar dela para ficar mais forte e vencer o guerreiro antigo, o temível Phroybido.
Ela já não falava grosso. Sua voz era melodiosa e feminina. Aí, ela deitou-se no chão e girou sobre o próprio corpo, como uma serpente. Então, ele percebeu que ela tinha duas vulvas, uma acima da outra. Ele podia escolher onde meter seu enorme falo. Escolheu a boceta de cima, para saber a sensação de introduzir ali. O órgão era muito apertado, e ela gemia gostoso a cada estocada. Ele retirou o pau dali e o enfiou na outra reentrância. Era tão apertada quanto a anterior, mas ela estava mais encharcada por ali. Ainda curioso, ele a virou de costas. Surpreendeu-se quando não achou um cu. Ela se enroscou de novo no corpo dele e se atracou com seu pênis, dessa vez simulando um meia-nove. Aí, o negrão gozou tanto que quase não parou de verter sêmen.
Sentiu-se leve, depois de gozar. Já não sentia o toque da boca dela. Percebeu movimentos ao seu lado. Aí viu, também deitados no chão, um casal fodendo. Era ele próprio, metendo na filha de Nanã Buruku. Mas a moça foi mudando de forma, a cada socada, transformando-se na sua falecida irmã. Ela estava sorridente, levando rola e olhando para o negrão.