Tomando Juízo_ 1° capitulo
Quem tem filhos sabe a dificuldade que é lidar com eles nas fases da adolescência e inicio da idade adulta. E comigo não seria diferente. Sou o Arnaldo, 45 anos, um metro e oitenta de altura, já estou bem calvo e um pouco grisalho. Desde jovem gosto de esportes e malhação, então mantenho um corpo forte, musculoso. Sou peludo e apenas aparo algumas regiões por questões estéticas. Sou um cara vaidoso e até me considero moderno. Algumas pessoas também me acham bem liberal, só o meu filho Anderson que não. O garoto está arrisco desde a adolescência. Distante, não conversa comigo e acho que com ninguém além dos amigos. Só apronta e vai mal nos estudos. Agora que completou a maioridade está se achando o adulto e vem me desafiando. Devo confessar que toda essa situação vem me tirando o sono. Prezo pela boa relação familiar, assim como tenho com meu pai. Detesto ficar brigando e sendo chato com o Anderson, mas ele não colabora. Primeiro atribuí toda essa rebeldia a minha separação da mãe dele. Porém já faz quase cinco anos e ele só piora. O Anderson se parece muito comigo. O garoto é bem bronzeado, adora uma praia, surf, piscina. Também é bem alto, um metro e oitenta. Posso dizer que é uma cópia minha quando mais jovem. Fiquei buscando pela memoria se dei ao meu pai o mesmo trabalho e acabei recordando bons momentos. Percebi que o Anderson se tornaria um homem de bem e eu apenas deveria ajuda-lo, orientá-lo.
O garoto não estava facilitando o meu serviço de ajuda-lo a tomar juízo. Precisei viajar a trabalho em uma quinta-feira e deixei avisado que não queria ter surpresas quando voltasse. Ele me garantiu que tudo ficaria bem e mesmo apreensivo tive de seguir viagem. Era a primeira vez que o deixaria sozinho no apartamento por quase três dias. Só voltaria no sábado a noite. Na minha mente só vinha a lembrança de dois anos atrás, quando a mãe dele deixou ele ficar na casa dela enquanto ela visitava a mãe no interior. Preocupado, resolvi dar uma incerta e peguei o garoto fazendo um bazar na garagem. Depois de uma boa bronca e castigo, Anderson deu uma melhorada para em dois ou três dias voltar a aprontar. Pedi ao meu vizinho de porta para avisar qualquer movimentação suspeita. Entretido com o trabalho e sem ter qualquer tipo de noticia negativa do Anderson fiquei mais tranquilo. O garoto sempre respondia minhas mensagens e garantia estar tudo bem.
No sábado, consegui lugar num voo mais cedo e logo estaria em casa. Chegaria no inicio da noite ao invés do final dela. O cansaço me consumia e só queria dormir na minha cama. Cheguei ao condomínio, cumprimentei ao senhor Carlos nosso porteiro e subi. Moro no 7° andar e já no 3° podia ouvir uma música alta. Não podia acreditar que o Anderson havia feito isso. Preferi imaginar que outro vizinho estava dando uma festa no play. Conforme o elevador subia, à música ficava mais alta. Quando a porta do elevador se abriu me senti em uma boate, música alta, fumaça e risadas. Estava muito puto e seria capaz de matar um. A porta do apartamento estava aberta, diversos jovens lá dentro dançavam, fumavam, se agarravam. Meu sofá servia de motel para uns três casais. Parecia que eu era invisível caminhando entre eles. Cheguei até o rádio e o desliguei. Todos me olharam e começaram a vaiar. Eles estavam bem altos e alcoolizados. Tentei me acalmar e perguntei: – QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – Os olhos se fixaram em mim e de repente Anderson apareceu na sala, arrumando as roupas e com uma expressão assustada. Cheguei perto dele e falei apenas para ele ouvir: – Tire essa gente toda daqui e vamos ter uma conversa muito séria – Percebi ele engolir em seco e ensaiar alguma resposta, porém desistiu quando olhou bem em meu rosto. Rapidamente as pessoas foram dispersadas. Haviam pessoas amontadas por todo o apartamento. Quando finalmente ficamos sozinhos, eu olhava e não conseguia acreditar. Havia passado uma multidão ali? Como os jovens poderiam ser tão bagunceiros e porcalhões? Estava muito decepcionado com o Anderson e faria ele entender isso. Ele tentou se esconder no quarto, mas não seria tão fácil assim fugir de mim. Fui até o quarto dele e nem o deixei se explicar:
– É justo eu chegar em casa depois de três dias intensos de trabalho e me deparar com uma festa? Depois de você ter me garantido estar tudo bem várias vezes. Por que não mencionou que estava planejando essa social com os amigos? – Minha boca estava seca e um nó se fixará em minha garganta. O nervosismo tomava conta de mim enquanto Anderson permanecia de cabeça baixa. Isso me deixou um pouco intrigado, já que ele sempre tinha uma resposta na ponta da língua.
– Desculpa pai, eu não pretendia dar festa nenhuma. As pessoas foram chegando e não consegui impedi-las de entrar e ficar. – Anderson falava numa naturalidade que me tirava do sério, a expressão tranquila dele também me intrigava.
– Você quer mesmo que eu acredite nesse conto da carochinha? Seus amigos apareceram do nada, com bebidas e todo o resto e te forçaram a abrir a porta? É isso? – Minha paciência estava quase no final.
– Eu convidei apenas o Vitor para jogar um game, bater um papo. Só que alguém ouviu e espalhou. Quando o Vitor chegou ele subiu direto porque eu já tinha avisado ao porteiro. A galera chegou na mesma hora e subiu junto com ele. Aí deu merda – Anderson tinha total controle da história que contava. Ou ele era um excelente mentiroso, ou a história era verdadeira.
Comecei a coçar a cabeça e andar de um lado para o outro não sabia o que fazer, não sabia o que falar. O garoto tinha passado de todos os limites e não poderia ficar impune.
– Escuta garoto, você já tem dezoito anos, mas ainda mora comigo e é sustentado por mim. Você me deve no mínimo respeito. Isso que aconteceu aqui é inaceitável e não se repetira. A partir de agora ou você entra na linha ou entra na linha – Anderson me olhava com uma expressão culpada, nem de longe parecia o garoto respondão e abusado de alguns dias atrás.
– O que está acontecendo com você? Está doente? – Perguntei inconformado com a mudança repentina. Esse moleque não ia me enrolar com um joguinho tão baixo.
– Não pai! Eu apenas não tive intenção, nem controle de tudo o que aconteceu aqui. Já estou cansado das nossas brigas e discussões. Quero ficar de boa. Evitei até sair. Não queria dar motivos. Não deu muito certo – A sinceridade dele estava me desarmando, mas eu precisava ser firme.
– Apesar de tudo estou contente dessa sua mudança de comportamento. Mas isso que aconteceu aqui não pode ficar sem castigo – A expressão no rosto dele mudou, de tranquilidade para raiva em segundos.
– Não sou mais nenhuma criança para ficar de castigo. Isso é um absurdo! – Vociferou, levantando e me encarando nos olhos. Lembrei da vez em que encarei meu pai daquela forma e o papo acabou de uma maneira bem inusitada naquela vez.
– Pare de agir como criança e vou parar de te tratar como uma. Primeiro, quero essa casa limpa, completamente limpa até as 22 horas – A expressão de contrariedade no rosto dele havia se instalado.
– Mas já são 19 horas, já viu como a casa está suja? – Questionou na tentativa de me dissuadir.
– Fui eu quem sujou? Não, então sem questionamentos. Segundo você ficará de castigo, de casa para a faculdade e da faculdade para casa. Nada de trazer amiguinhos aqui nem tão cedo e nada de ir a casa deles também. Ah, também vou controlar o uso da internet, se não for para estudar apenas 30 minutos de uso. – Anderson não podia acreditar nas minhas palavras, o rosto dele estava todo vermelho, assim como o pescoço. Havia atingido muitas feridas ao mesmo tempo.
– Agora sou seu escravo e prisioneiro também? Vai controlar quantas vezes eu como ou vou ao banheiro? – O ar de deboche na fala dele me deixou puto.
– Esse atrevimento só vai aumentar o tempo de castigo. Mas se você colaborar comigo, só ficará cinco dias de castigo. Você escolhe me desafia e fica um mês ou colabora e fica cinco dias. – As alternativas não estavam agradando muito ao garoto atrevido.
– Como eu vou colaborar e reduzir a minha pena? – Anderson disse isso com um sorrisinho sacana no rosto.
– Primeiro basta você deixar essa atitude rude, fazer o que eu pedi e participar de uma atividade comigo. – O olhar que ele me lançou mesclava entre a dúvida e a ironia.
– Que atividade? –Perguntou curioso.
– Nós vamos ter uma sessão da luta diariamente. Vou lhe ensinar luta greco-romana, um pouco de disciplina e espero que isso ajude a nos entender melhor – Falei esperançoso.
– Logo luta, sabe que eu não levo jeito nenhum – Falou contrariado.
– A luta me ajudou muito quando mais novo e vai te ajudar também. Agora chega de papo e vai limpar a casa. Até as 22 horas, nada de enrolar. – O garoto saiu muito puto do quarto, praguejando os amigos e eu fui tomar banho. Durante o banho, enquanto relaxava debaixo da água quente, pensei em como agi diante da situação e julguei ter acertado. Esperava poder me tornar amigo do meu filho e melhorar nossa relação familiar.
Ele limpou a casa toda enquanto eu descansava e supervisionava. Preparei algo para comer e jantamos em silencio. Sabia que havia ferido o orgulho dele, mas só assim ele aprenderia. Durante muito tempo ele foi mimado devido a separação dos pais e isso só o prejudicou. Agora eu seria enérgico. Com o sofá já limpo, deitei para assistir TV e acabei cochilando. Quando despertei, já passava da meia noite. Eu estava sozinho na sala e ouvia Anderson no quarto dele. Passei no corredor em direção ao meu quarto e ouvi parte de conversa que Anderson tinha ao telefone: “Caramba cara, foi mal ter gozado na sua boca. Quando eu ouvi o berro do meu pai perdi o controle e nem deu tempo de avisar. Mas e ai gostou do sabor? rsrs...”. Então o moleque havia se divertido na festa que ele não planejou. Já me dirigia ao meu quarto e o papo recomeçou: “A próxima vez será a sua, mas não vou engolir. Ah, para de bobeira Vitor...”. Vitor? Eu tinha ouvido direito? O Anderson e o Vitor tinham um lance, como eles mesmo falam? De alguma forma saber disso mexia comigo. Alguns fatos não fogem à regra.
O domingo foi de descanso para mim e de aborrecimento para o Anderson. Ele implorou para que eu o deixasse sair, porém fui firme e mantive o castigo. Caso ele colaborasse poderia voltar a liberdade de antes. Até lá seria nos meus termos. Combinamos de começar a sessão da luta na segunda-feira pela manhã. Exercícios pela manha nos deixam mais revigorados para o dia que segue. Acordei as 06 horas e preparei um lugar na sala para os exercícios. Um acolchoado no chão seria o local de combate. Na verdade, tudo não passava de um pretexto para poder conversar com meu filho. Saber mais dele, contar mais de mim. Ele apareceu na sala com a cara amarrotada de sono e usando apenas um calção de futebol. Expliquei que aquela não era a melhor roupa, já que corria o risco de ser arrancada durante a luta. Uma bermuda mais justa, ou até compressiva seria melhor. Ele apenas se dignou a dizer que era única bermuda limpa dele. Engoli a resposta para não iniciar uma nova discussão. Expliquei alguns detalhes da luta para Anderson:” O objetivo é imobilizar os dois ombros de um adversário até a rendição. Uma característica da luta greco-romana é a luta com as mãos – a habilidade de controlar e manipular as mãos e braços do adversário para ganhar vantagem durante uma contração dos membros superiores, são movimentos empregados pelos lutadores greco-romanos durante uma disputa. O estilo proíbe ataques abaixo da cintura e os competidores são encorajados a ataques de projeção do adversário ao chão, desde que os competidores não podem usar as pernas para prevenirem serem atirados. Uma das regras principais proíbe o uso das pernas, o que limita o lutador a usar somente a parte superior do corpo para derrubar, erguer e descolar o adversário.” Anderson pareceu entender as regras e não fez nenhuma pergunta. Iniciamos a disputa, um de frente ao outro. Eu tentava explicar os movimentos, mas era como falar para as paredes. Ele parecia dormir acordado. Então apliquei o golpe e o derrubei. O garoto levou um baita susto e soltou um palavrão. Depois disso ficou mais atento e nós até conversamos sobre alguma coisa durante os trinta minutos de treino. Sai feliz aquela manhã para o trabalho porque tinha alcançado um pequeno progresso. Só uma coisa me preocupava. Durante toda a luta, todo o contato físico com o Anderson me deixou excitado, fiquei com o pau meia bomba na maior parte do tempo e não sei se o garoto percebeu. Estava evidente o tesão que sentia. Agora precisava lidar com isso.
Continua...