O Adônis do Aplicativo
Sou um cara sério, trabalho bastante e depois de passar algum tempo em crise pessoal, com algumas brigas e desentendimentos acontecendo no meu relacionamento homo, eu resolvi abrir o leque de opções da vida e instalar no meu celular um aplicativo de encontros gay bem conhecido.
Tenho 27 anos, sou relativamente magro, cabelos castanhos lisos, olhos verdes, tenho 1,75m de altura com 78 quilos relativamente bem distribuídos. Como eu malho, costumo chamar bastante a atenção nos locais que frequento, talvez por ser um tipo físico que costuma atrair tanto as mulheres quanto os homens além de ser muito simpático.
Num dia de treino na academia, logo após instalar o aplicativo, a tela do meu smart-fone já apresentava milhares de bundas, peitorais, homens deslumbrantes, algumas pessoas estranhas, mas muito para se ver e aguçar meus desejos pessoais. Muitos, a poucos passos de mim. Com pouco tempo de uso percebi que um carinha começou a chamar a minha atenção no meio de todos aqueles perfis quadradinhos. Ele não estava nas redondezas. Sua descrição no aplicativo aparecia como “29a e sim sou fit”. Nas características gerais ele se descrevia como sendo magro, por volta de 1,70m de altura tendo 70 quilos, branco, versátil e interessado em conversas e encontros. Ele liberou as fotos do instagram e já no perfil e eu pude acessar as fotos dele antes mesmo de o conhecer.
A surpresa continuou a sendo boa quando abri o Insta dele. Muitas fotos sem camisa na praia, com o abdômen definido a mostra, seu rosto com a barba ralinha e a pele bem branca, parecia muito com o ator Channing Tatum no filme G.I. – A Origem da Cobra, olhos levemente puxados e verdes, boca perfeita, carnuda o suficiente para dar longos beijos e uma cara de safado, muito safado compunham o seu vasto portfólio fotográfico.
Me apaixonei à primeira vista é claro. Não tinha a menor ideia se aquela belíssima espécie humana de gênero masculino iria “dar sopa” para mim. Em todo caso não custa tentar, né?! Não é todo dia que temos oportunidades como estas. E foi exatamente o que eu fiz quando iniciei a conversa com o Adônis por mensagem:
Eu: – Oi! Beleza?
Adônis: – Tudo bem, fala de onde?
Pensei comigo, “Ele me respondeu!!! Agora é tudo ou nada”. Um frio na minha barriga já começou a aparecer e prosseguimos com a conversa. Mandei a minha localização e em seguida uma foto minha de rosto. Nela aparento ser um tipo bem gostoso, tirei a foto num dia ensolarado com boa luminosidade dentro do meu carro, e esperei a resposta dele. No minuto seguinte ele respondeu:
– Legal, E está a fim de quê?
Minha barriga congelou quando li a resposta. Talvez pelo meu interesse nele, talvez pelo possível caminhar da conversa, talvez por sentir uma vontade enorme de encontrar com ele... tantos talvez que me perdi em meus pensamentos naquele interminável minuto, quando ele retornou com a mensagem:
– Parece ser muito gato. – Aquilo foi o estopim. Eu precisava prosseguir com o ritual de acasalamento moderno. E nessa altura o meu falo já estava endurecido suficientemente para as pessoas da academia olharem para o meio das minhas pernas com certo desejo. Fui para o banheiro, e entrei no box para poder continuar a conversa:
Eu: – Estou a fim de encontrar, e obrigado pelo gato. Também achei você bonito.
Adônis: – Sou normal, e sou magro. (Seguidos de fotos do seu rosto, corpo e uma nude da parte traseira que por sinal era de deixar qualquer ativo subindo pelas paredes).
Eu: – Nossa, você é bem bonito.
Adônis: – Obrigado.
Nessa hora pensei comigo: “Devo mandar uma foto do meu corpo... Mas eu não tenho nenhuma aqui”. Não teve outro jeito, dentro do box tirei a roupa, fiquei apenas de roupa íntima e tirei cerca de cinco fotos selecionando uma em que eu aparecia de cueca amarela com meu volume grosso bem aparente. Não pensei duas vezes ao mandar para ele e receber um: – Que delícia você. Quero ver sem a cueca!
Respondi com um singelo: – Obrigado – Mas meu tesão estava deixando meu pau babando de desejo. Logo em seguida dominado pelo instinto de caça dei sequência a conversa e respondi:
Eu: – Demorou, te mostro quando você quiser!
Adônis: – Eu moro atrás do estádio do Morumbi. Você mora com quem?
Eu: – Com minha mãe e irmã. E você?
Adônis: – Com minha mãe. Estamos próximos né?
Logo eu entendi o recado. Ele estava a fim. Isso sem eu ter mostrado uma foto sequer do meu pau. Ele estava com desejo de me ver e a recíproca era verdadeira. Respondi dois minutos depois:
Eu: – Sim... menos de 1km.
Adônis: – Podiamos...
Eu: – O que quer dizer com os três pontos?
Adônis: – Nos encontrar?
Foi o suficiente para eu colocar a minha roupa, uma regata suada uma calça com um volume aparente. Apenas um parêntese, meu cheiro estava maravilhoso, uma fragrância de pós-banho combinado ao suor de um bom período de treino e os feromônios a mil. Sabia que eu estava pronto para o combate se é que me entendem. Respondi:
Eu: – Sim podemos.
Adônis: – Marcamos um motel qualquer dia.
Que frustrante. Não sabia o que fazer. Precisava conhecer aquele cara. Todo aquele tesão acumulado, a vontade de o conhecer, as fotos dele, aquela bunda deliciosa. Não podia deixar passar para outra hora e percebi que teria que demonstrar mais interesse se quisesse atrair a presa. Então eu respondi:
Eu: – Ok, combinado.
Adônis: – Vou comer alguma coisa agora e daqui a pouco continuamos a conversa.
Resolvi continuar o meu treino na expectativa de realmente poder continuar a conversa. Os seguintes 25 minutos fiquei checando quase de minuto a minuto meu celular para verificar se ele não havia me mandado alguma mensagem. Pensei: “Bom, vou fechar o meu treino e bem que eu poderia ser a sobremesa dele”. Era realmente tudo o que eu queria naquele momento.
Para minha surpresa, passados 26 minutos ele me retornou com a seguinte mensagem:
Adônis: – Terminei, bom e ai o que você faz da vida, me fale mais de você?
Eu: – Sou gerente de projetos e você?
Adônis: - Sou redator. Você tem 1,75m, tem um corpo legal, seu cabelo é lindo e têm olhos verdes. Têm algum defeito?
Eu: - A obrigado. Acho que não kkkkk.
Nessa hora quase tropecei numa menina que estava fazendo abdominal tamanha a minha atenção na conversa.
Adônis: – E o que você está fazendo de bom?
Eu: – Estou na academia. E você?
Adônis: – Debaixo das cobertas e espero que você não use shorts ou calça de moletom sem cueca. Sou tarado em homens assim. Se estiver eu te ataco onde for.
Eu: – Pode atacar.
Adônis: – Não diga isso, apesar de amar o frio, estou sofrendo por estar sozinho aqui. Não tem coisa melhor do que mamar uma pica e depois ficar de conchinha nesse frio.
“Caralho”, pensei comigo, “Olha o que esse puto está falando pra mim!”. Eu não pude resistir e acabei mandando uma foto do meu pau para ele. E não deu outra. Ele já me respondeu com a seguinte mensagem:
Adônis: – Que delícia. Porque fez isso comigo? Agora estou com mais vontade ainda de você!
Eu: – Vamos matar essa vontade então!
Adônis: – Como se nem temos local. Só se você quiser uma pegação no carro.
Eu: – Tudo bem, Eu curto.
Adônis: – Que horas você termina ai?
Eu: – Por volta de 16hrs.
Adônis: – Da sua casa até a minha deve ser uns 10 minutos no máximo. Você vai tomar uma ducha ainda? Se for não tome adoro caras suados.
Tudo o que ele falava só despertava cada vez mais o meu tesão por ele. E só de pensar que poderia acontecer algo logo após o meu treino. Nossa, eu já estava ficando completamente alucinado por ele. E ainda aquele cara maravilhoso se chamava Adônis. Não poderia ser melhor. Na mitologia, Adônis era um jovem de grande beleza que nasceu das relações incestuosas do rei Cíniras de Chipre com a sua filha Mirra. Adônis aquele que despertou o interesse de ninguém menos do que Afrodite a Deusa do Amor, agora personificado naquele homem que carregava seu nome. Era muita coincidência e eu não poderia deixar aquele momento passar.
Continua...