Numa grande sorveteria do centro, chegaram, e foram até uma mesa. Lá estava Beto. Ele e Diego se encararam.
Beto levantou-se, abraçou a mãe do Diego e puxou a cadeira pra ela. Acho que não puxou pra Diego porque ele havia sentado.
- Como você está? –Perguntou ela.
Beto baixou os olhos para a mesa e direcionou um olhar desapontado para o Digo:
- Ainda me recuperando. E você?
- Bem, à medida do possível. Nosso rapazinho veio falar com você. – Disse ela, olhando para Diego.
- Que sabor vão querer? – Perguntou Beto, sem se importar com o que a mãe havia dito.
- Me desculpe! – Disse Diego, olhando para Beto.
Beto fechou o menu deixando um dedo no meio, ficou calado por algum tempo.
A cena mais feia que já presenciei em toda minha vida foi a de um negão daquele tamanho, começando chorar.
As lágrimas do Beto foram rápidas para escorrerem, acho que ele estava com choro preso. Aos soluços de choro ele disse:
- Um pedido de desculpas vai apagar tudo o que aconteceu? Eu sempre andei correto, nunca tive problemas com ninguém, em casa, com justiça, com nada... eu nunca imaginei na minha vida que passaria por uma prisão e sem nem saber o que estava acontecendo e nem o porquê. Um pedido de desculpas vai apagar tudo?
- Beto... – Disse a mãe, apertando seu antebraço como tentando consolar. – Ao menos ele assumiu a culpa, contou a verdade.
- Essa mancha nunca mais vai sair de mim pelo resto da vida. O pior de tudo foi eu estar sozinho, meus irmãos só vieram no dia seguinte [eles moram em outra cidade, Beto morava sozinho na cidade da mãe do Diego].
- E seus amigos, não foram te ver?
- Foram, mas presença de família é insubstituível[...]
Foi inevitável algumas pessoas de mesas vizinhas não verem ou talvez ouvirem, e começou alguns olhares. E Beto continuou:
- [...]Sabe como me chamavam lá? Estuprador de Viado.
Diego com o rosto apenas direcionado pra frente, curvava os olhos para as mesas. As pessoas passavam o olho na mesa onde Beto chorava. Sua mãe disse:
- Mas eu deixei você aos cuidados do delegado “fulano”, e pedi que não espalhassem o motivo de você estar lá.
- Mas não é somente ele quem trabalha lá. Ele tem uma equipe.
- E seu trabalho, já se resolveu lá? Eu posso te ajudar.
- Estive lá mas meu patrão está viajando, só...
Beto foi interrompido com um grande susto que ele e a mãe do Diego tomaram.
Diego fechou as mãos e bateu com força na mesa de alumínio, fazendo bastante barulho, e levantou gritando:
- O que estão olhando? Se ficarem olhando pra cá vou abrir um buraco na barriga de vocês, puxar todos os órgãos pra fora, arrancar seus olhos com meus dedos, arrancar o coração de vocês ainda batendo, e...
Diego teve a boca tampada pela mãe. Espantada, olhando para o povo que ficou abismado, ela tentou puxar Diego pra fora da sorveteria.
- Gente, desculpa...! Desculpa!
Ela tentava puxar Diego para fora, mas ele estava com uma força estranha.
Na primeira puxada que sua mãe deu, ele deu um tapão na cabeça de um homem sentado com duas meninas, que abandonou rapidamente seu assento. Diego apoderou-se da taça de vidro com sorvete na intensão de quebrá-la e usá-la como arma, Beto segurou firme sua mão e tomou a taça, devolvendo o sorvete intacto para a mesa e pediu desculpas ao homem.
Vendo a mãe sem aguentar direito com Diego, com um braço Beto o agarrou pelo peito segurando também seus braços e os deixando imóveis, com o outro braço o agarrou pelas pernas levando-o para fora. Algumas pessoas assustadas correram para fora da sorveteria, outras ficaram no canto, lá fora outros curiosos que se aproximaram pra ver o movimento. Diego saiu gritando que ia matar todo mundo e rangendo os dentes como animal feroz.
Do lado de fora Beto levou Diego pra um local longe da sorveteria, sentou-se num banco da praça, segurou o rapaz firme com os braços e abraçou-o com as pernas, para contê-lo. A mãe tentou conversar com ele, pedindo calma, mas Diego estava descontrolado. E Diego tomou um tapa na cara.
- Agora posso falar? – Perguntou sua mãe, brava. Diego balançou a cabeça que sim, quase chorando [Diego dificilmente chora, é um de seus atributos, e quando o choro vem, ele engole].
- Vou passar na farmácia, comprar seus remédios e nós iremos pra casa. Se você não se acalmar vou te dar os remédios agora e você vai perder seu resto de tarde porque vai apagar. Se se comportar, só te darei à noite. E se continuar esse escândalo vou voltar contigo naquele lugar e mandar te aplicarem uma injeção. Estamos conversados?
Diego balançou a cabeça que sim.
- Pode soltá-lo, Beto. Obrigada!
Beto o soltou.
- Vamos lá em casa para terminarmos de conversar.
- Melhor não. Depois conversamos em algum lugar ou...
- Beto, você vai evitar ir lá em casa? Como vou ter um namorado que não frequenta minha casa? A não ser que nossa relação termine, e não gostaria que isso acontecesse por causa de algo que não tive culpa. Eu fui tão enganada quanto você. Mas se você quiser terminar eu vou respeitar sua decisão. Mas gostaria de conversar contigo, esclarecer as coisas. Meu Deus! Pedir desculpas direito...
- Tudo bem! Eu vou.
Diego seguiu com a mãe, de carro, e Beto foi atrás, com a moto.
A rua do Diego é meio deserta, mas as poucas pessoas que passaram ficaram olhando.
- Não ligue. Você não deve nada. – Disse a mãe.
- Ainda preciso me acostumar. Na minha rua estão todos surpresos com minha prisão. Só não sabem o motivo. Não sei até quando.
Dentro de casa Diego queria escutar a conversa.
- Agora tome. Você vai jogar. – Disse a mãe dando o controle do game para Diego. Olhando para eu rosto, apontou o dedo: - Agora a mamãe vai pra cozinha conversar com o Beto, pedir perdão direito por você, e pelo que ela fez e tudo por sua causa, tá.
Diego balançou a cabeça que sim, colocou GTA V e começou o game.
- Tira isso. Chega de violência. Troca esse jogo.
Diego obedeceu e colocou Real Racing 3.
Tempos depois que Beto foi embora.
- O que Beto disse sobre o trabalho dele?
Sua mãe estava foleando uma revista.
- Que o patrão não estava. Está viajando e ele vai lá na segunda pra saber como fica a sua situação no emprego.
- A senhora vai me odiar para o resto da vida.
Sua mãe fechou a revista, a colocou entre as pernas e o olhou:
- Venha cá. Sente aqui.
Diego deu pause no jogo e sentou-se.
- Mãe é mãe em todos os sentidos e em todos os momentos. Posso ficar com raiva de sua atitude cruel e horrível, mas nunca vou te odiar. Mas a mamãe queria entender o motivo de você ter feito tudo isso.
- Tem certeza que quer saber?
- Com certeza, absoluta.
- Eu amo o Beto, sou estupidamente apaixonado por ele desde a primeira vez que o vi.
A mãe ficou paralisada. E Diego continuou:
- Eu queria separar vocês para ficar com ele. Queria que você tivesse raiva dele e o expulsasse de sua vida.
- Diego, o Beto nunca vai te retribuir esse sentimento, filho. Um dia você vai ter alguém que te ame.
- Alguém? Mamãe, você nunca falaHomem? – completou a mãe. – Filho, eu já disse...
- Que é só uma fase. Mãe, eu sou gay, eu não gosto de mulheres, não sinto atração, tesão, não sinto nada. Em vídeos eu só sinto tesão pelo homem. Já estou numa fase que sei o que quero e do que gosto.
- Filho, você precisa de um pai. Isso é fase. E acho que já sei o que fazer.
Diego entristeceu-se com a negação da mãe, baixou a cabeça e disse:
- Eu quero ir embora. Quero morar sozinho.
- Filho, você ainda não tem como morar só.
- Não importa. Quero ir embora e eu vou, e a senhora não vai me impedir. Se eu ficar numa casa onde minha própria mãe não me aceita, eu me mato.
Diego levantou-se, desligou a TV e foi para o quarto. Sua mãe calou-se porque sabe que Diego seria capaz.
Bem, quanto ao Beto, foram feitos exames [depois que ele saiu da cadeia] e foi constatado substâncias da Olanzapina no sangue, e os exames foram anexados como prova da inocência dele. O próprio delegado tratou de limpar seu nome sem a exigência de um advogado. O delegado pediu para a mãe do Diego um tratamento mais intenso no rapaz, dizendo que Diego sofria de problema maior dos que ele possui [o próprio delegado solicitou isso do psiquiatra que acompanha Diego].
Algum tempo depois eu soube que o patrão do Beto queria abrir um processo contra a responsável pelo Diego, por danos morais. Ele não deixou. Seu patrão o acolheu novamente sem nenhuma objeção. Beto sofreu críticas mas a mãe do Diego ajudou o namorado a superar, até mesmo revelou para algumas pessoas o que realmente havia acontecido. Diego sofreu críticas por isso, muitos vizinhos o abandonaram e tinham medo de sua companhia. Algumas pessoas ainda custam acreditar que um rapaz raquítico tenha dobrado e feito um grandalhão de boneco.
Beto não quis mais conta com Diego. Algum tempo depois os dois se falavam somente o essencial, Beto evitava-o a todo custo, não ficava na companhia do Diego sem alguém por perto, não bebia nem comia nada feito ou servido pelo Diego. Beto o isolou. Diego aceitou em seu consciente que não rolaria nada e deixou Beto em paz e não perturbou mais o relacionamento dele com a mãe.
Durou pouco tempo pra Beto ter a vida normal, fora a dor na memória que isso nunca se apagará [eu acho], e fora algumas pessoas que custam acreditar que Beto nunca pegou Diego.
Encerro aqui o drama do Diego com o Beto. Não que eles não se vejam mais, mas o relacionamento dos dois é frio até os dias de hoje. Mas se houver dúvidas, não hesitem em me perguntar. Responderei tudo, menos aquilo que possa comprometer minha segurança. E também tem coisa que não chegou a meu conhecimento com detalhes.
Em seguida contarei sobre a saída do Diego da casa da mãe e sobre suas tentativas pra perder a paixão pelo Beto, namorando sério e trepando por aí de torto a direita. Rss.
********************************
RESPONDENDO OS COMENTÁRIOS DO CONTO ANTERIOR:
Nossa! Não sabia que iriam gostar dar respostas em um capítulo separado. Que bom que gostaram. É que teve muita coisa acumulada pra responder. Rss.
*VALTERSÓ, sou muito grato, e está valendo a dica.
*IG0R, ainda bem que você entende o Diego. Realmente Diego acostumou-se com o sexo mesmo depois de iniciar a atividade sexual através de um estupro coletivo. Esse negócio de abuso sexual existe muito, e começa mais pela, realmente, pela família. Mas você curte beijos na boca? [Boca de outros, sem ser daquele que te molestou]. E obrigado, veremos o que o futuro reserva para os “conflitos internos” do Diego [me refiro futuro daqui pra frente, não o passado que um dia foi futuro, porque esse já passou mesmo e que tinha de acontecer já aconteceu]. Mas acho que todo mundo tem o dom de melhorar, até mesmo quem não veio ao mundo com juízo perfeito. Rss.
*HEALER, doida sem juízo. Kkkkk. Cuspe na bunda vez ou outra. Acredito! Kkkkk. Acho que esse rabo vai tanto cuspe que você fica em dúvida o que está cuspindo: sua boca ou seu cu. Kkkk. Ah, com cuspe, com hidratante, com lubrificante, com qualquer droga, importante é ter o cu tapado se possível todos os dias. Kkkkk. Você tem toda razão, estava até conversando com um amigo sobre isso, ele também é fanático por terror, ultimamente não estão fazendo filmes legais, a cada 10, 8 são ruins, 1 presta e 1 é mais ou menos. Hoje a tarde como estou sem aula, até assisti um, começo ótimo, continuação mais ou menos final péssimo. O nome “Curse of the witchs doll”. O filme tinha tudo pra ser assustador. Foi uma pena! Nossa! E você foi longe, eu assisti “Contato de quarto grau” acho que meu cu ainda era cabaço. Rss. Ele não envolve espíritos mas realmente foi assustador. Você falando que ia de um lugar a outro só após acender as luzes, lembrei do filme “Quando as luzes se apagam”. Eu amei, o que você achou? Kkkkk, você realmente foi terrível rir da partida do meu amigo numa despedida de solteiro. Se bem que ele saiu da casa ainda com vida, chegou no hospital já em outro plano. Eu acho que o Túlio se passou com seu comentário. Eu li. Kkkkk. Pirado mesmo. Usar o desfibrilador no saco dele vai explodir tudo, não o saco dele, mas o desfibrilador, com esse fogo que esse maluco tem. Kkkkk. Nossa! Quase gozo com sua vidência. 23cm? Adoro! Kkkk. Quanto dar muito... huuumm. Rss. Digamos 3, 4 vezes por semana. Rss.
*TÚLIO, Deus do céu, acho que um pãozinho tem mais miolo do que você. Ai que nojo! Healer ainda não leu aquilo, eu acho. Kkkk. Você conseguiu mexer com minha imaginação, me deu náuseas. Você é tão perturbado. Até o Valtersó que não mexe com ninguém, é todo sério, você tenta perturbar. Imagino o que sofrem aqueles que estão em sua companhia. Desculpe se pareci grosseiro. E se eu visse meu pai de cueca, mesmo pelado, eu não sentiria nada. Incesto não é a minha. Kkkk. Não critico quem curte. Até leio contos de incesto, fico pensando se será mesmo verdade ou não, se bem que alguns você nota que é fantasia, mas quem posta, mesmo sendo fake, é porque gosta. Mas fico bobo com tanta coragem. Que bom que você pega leve no uso de certas substâncias, que não ficou grilado com meu comentário e que se preocupa com seus estudos. Quem sabe um dia você pare de vez! Rss. E não sei de nada. Se o Healer esteve em sua casa e você passou cuspe na bunda dele antes de comer seu rabo, você quem está dizendo, estou sabendo disso agora. Kkkk. Meu deus, fiquei rindo de sua imaginação sobre Valtersó, Healer, Ig0r e até VeriPassiva que nem disse nada, coitada. Todo mundo tem um pedaço do Diego? Kkkk. E você é fofo? Ah ta! Rss. Vou procurar vídeos do Jacaré. Você ia dar um trato no Diego? É mais fácil ele te dar um trato, se bem que ele só gosta de “comedores”. Rss. Deixei sua bunda arrepiada? Kkkk. Tu tem fogo em tudo que é parte do corpo, ne? Aguardo o conto que você prometeu ao Healer mas que me dispus a ler. Você é doidão mesmo, pelo seu estilo de música. Mas quanto ao funk, você só curte ou você dança? Adoro funk, e adoro ver moleques dançando. Me assanho toda. Rss. Tem um vídeo que amiga me enviou de um delicioso dançando passando a rola na cara de uma menina, vou ver se encontro no youtube e mando o link. Até a Healer vai perder o juízo. Kkkk. Já não tem. Rss. Eletrônica também adoro. Pelo que você já mencionou sobre seu pai em alguns contos, eu achei que ele também era “maluqueiro” igual você, achava que ele curtia reggae. Mas curte MPB, internacionais românticos... Nossa! Pesquisei essas músicas que você deixou no comentário. Não conhecia pelos nomes ou cantores, mas as conheço. São lindas! Não sabia que a mulher que canta essa música longa é a mesma que canta com o Fábio Junior. Huuuum! Minha mãe curte MPB, cresci ouvindo ela tocar Gal Costa, Roupa Nova, Adriana Calcanhoto, Roberto Carlos [que ninguém merece] e outros. Desses aí a Gal e a Adriana vai lá que seja! Não tem chance de seu pai voltar morar com você? Nossa! Você é masoquista. É gostoso às vezes, mas não sempre. Healer e Valtersó te disseram que só gozam depois que tomam um soco nas costas. Acredito! Kkkk. E não gozo na pancada. Bem, as vezes. Mas não na primeira. Rss.
Gente, obrigado por tudo! Ótimo resto de noite e me deixa dormir porque já estou vendo tudo fora de foco. Nem sei se estou digitando correto de tão atordoado de sono. Kkkk.
Abraços!