Incompatibilidade - Cap I

Um conto erótico de eusousoueuquemeusou
Categoria: Homossexual
Contém 2858 palavras
Data: 01/06/2018 07:12:11

==PRÓLOGO==

Minha vida nunca mais sera a mesma depois daquilo...

Depois de meses eu finalmente fui liberado do instituto psiquiatrico, quando meus pais morreram eu fiquei catatônico, depois que acordei tive um sério problemas, com várias crises de depressão, ansiedade e pânico, relambrando a noite do assassinato.

==FLASHBACK==

-Pedro, se esconde.

-Mas pai...

-Se esconde logo garoto, vai ficar tudo bem - Meu pai sussurava pra mim, calmo, tentando passar tranquilidade em suas falas, mas eu tinha um péssimo pressentimento sobre aquilo.

Dei um abraço rápido em meus pais e me escondi em um lugar que só eu conhecia, havia descoberto quando era criança, tinhamos acabado de se mudar para aquela casa, estava brincando de pique-esconde com meus pais quando encontrei, me escondi lá e acabei dormindo, no final até a polícia estava envolvida no meu "desaparecimento", mas eu apareci como se nada tivesse acontecido, desde então apenas eu conheço aquele lugar, uma falha na parede atrás de uns ármarios, rapidamente me encondi lá e esperei pelo melhor.

Eu tinha visão da sala de estar onde meus pais estavam escondidos na sombra, meu pai com um bastão em mãos, preparado pra invasão que estava prestes a acontecer, ele costumava ser militar então eu acreditava que ele poderia sair sem problemas disso, até porque era apenas um invasor. E eu estava errado, eram dois deles, armados, um deles com uma faca e outro com uma glock, meu pai atacou, conseguiu acertar o que tinha a faca direto na cabeça, o desmaiando, com o susto o outro acabou atirando cegamente, e sem querer acabou acertando minha mãe no peito, ela caiu morta no chão, eu segurei um grito, nesse momento meu pai surtou e foi pra cima do invasor restante, no instinto de defesa ele atirou na perna do meu pai, oq n adiantou muito, meu pai continuou e conseguiu acertar o invasor no braço, derrubando sua arma, ambos rolaram no chão brigando até que meu pai pega a arma e a briga vira uma disputa, ouve-se um disparo e o invasor joga o corpo do meu pai pro lado, era isso, meus pais estavam mortos.

Por sorte (irônico falar isso em uma situação dessas) eu tinha contatado a polícia enquanto eles tentavam invadir, então antes que o que estava consciente conseguisse fugir, pude ouvir as sirenes rodeando a casa, era o fim da linha para ele, mas apenas o ínicio de tudo para mim.

Quando os políciais adentraram a casa eles logo algemaram o que estava inconsciente e pelo que percebi depois, o outro tinha tentado fugir, porém foi pego na tentativa. Depois de alguns minutos eu sai do meu esconderijo e uma policial me viu, viu o meu rosto destruido, olhos inchados das lágrimas que caiam, eu estrava em estado catatônico, não falava nada, não comia, não tinha vontade de fazer nada. Fui levado à ambulância e logo contataram a advogada da família pra cuidar do meu caso, já que eu n tinha familiares restantes, meus pais eram filhos unicos e a geração antes deles já estava morta.

==FIM DO FLASHBACK==

Eu não estava totalmente recuperado, ainda tinha pesadelos, porém nada que me afetasse muito, e os remédios conseguiam conter parte das minhas crises.

Como eu era uma testemunha o governo automaticamente me proviu proteção, eu iria viver em outra cidade até o julgamento que seria no final do ano, em uma casa nova, longe do trauma, recomeçar minha vida seria bom para meu psicológico também. Eu não iria morar sozinho já que um amigo meu, Lucas, havia se oferecido pra ir junto comigo, com permissão de seus pais, obviamente. Ele era meu melhor amigo de infância e acompanhou todo meu processo de recuperação, sou muito grato por isso.

===CAP I===

Eu acordei com meu depertador tocando, eu realmente odiava o som dele, sempre acordava o mais rápido possivel pra poder desligar na pressa antes que a melôdia invadisse meus ouvidos e me deixasse estressado. Sentei na cama, limpei meus olhos, eu ainda tinha uns flashs do trauma mas me acostumei, levantei e fui direto pro banheiro fazer minha higiene, depois fui direto me preparar pra aula, estava no terceiro ano e fiquei as férias inteiras em um instituto psiquiatrico, não tinha o que reclamar, talvez estudar me ajudasse a limpar a mente. Coloquei a farda, uma jeans preta, um tênis all stars básicão e luvas que cobriam todo meu antebraço para esconder as cicatrizes, apenas meus dedos ficavam expostos, fiz um rabo de cavalo no meu cabelo e desci para a cozinha.

Preparei um ovo mexido e taquei no meio do pão, me preparando pro primeiro dia de aula, quando terminei fui acordar Lucas, que parecia um cadáver, o sono do garoto era pesado e ele pesou pra acordar.

-Cara, acorda! - falei elevando um pouco do tom na esperança de que ele acordasse.

-Só mais cinco minutos mãe... - sussurou e voltou a se cobrir com os cobertores.

Perdi a paciência e puxei tudo que tinha na cama dele, menos ele obviamente.

-Hã? Que? Oque? - falou confuso - CARALHO PEDRO OQ TU TA FAZENDO NO MEU QUARTO?

-A gente mora junto cara, tu já se esqueceu?

-Aé, eu tinha esquecido

-Agora levanta que daqui a pouco a gente tem que ir pro colégio, estudar, ficar com tédio, sabe, essas coisa de adolescente.

-Que horas são? - falou esfregando os olhos.

-7:00, tu tem meia hora pra se arrumar. - Eu tenho o costume de acordar bem cedo pra me organizar.

-É o suficiente e ainda sobra tempo.

-Então se arruma logo, você sabe que eu gosto de chegar cedo.

-Ok, senhor pontual - falou em um tom sarcástico.

-Vai logo - disse impaciente - e belo pijama - falei apontando pro pijama de Hora de Aventura que eu sabia que existia mas que ele nunca usava perto de outras pessoas, era engraçadinho, ficava largo no corpo dele, parecia uma criança.

A pele dele era em um tom negro escuro, mas mesmo assim dava pra notar que ele tinha corado de vergonha, sai do quarto dando uma risadinha e fui pra sala assistir algo enquanto ele se preparava. Parei pra pensar na minha vida, se algo aconteceria esse ano ou se ele passaria sem eu perceber, mais cedo eu tinh decidido evitar ao máximo eventos em minh vida, porém nunca se sabe o que o destino pode reservar. Depois de uns 20 minutos refletindo e criando infinitas possibilidades, Lucas apareceu, pronto pra sair.

-Cara tu não acha que é meio tarde sair as 7:30?

-Nem, a gente mora perto do colégio, com alguns minutos de caminhada da pra chegar lá de boas.

-Pelo menos a gente n precisa mais de ônibus.

-Graças aos deuses! - falei levantando os braços, morar na capital era bom, mas depender de transporte público era uma merda, morar em uma cidade no meio do nada era praticamente terapeutico.

Nós saimos de casa e eu finalmente senti o ar fresco daquele local, era tão pequeno e reconfortante, é verão, mas o tempo no Brasil sempre tá cagado então nuvens carregadas cobriam o céu, o clima perfeito na minha opinião. Eu queria ter certeza que chegaríamos bem no horário em que o sinal soaria, as 7:40, para chamar o minimo de atenção possível.

Infelizmente, eu e Lucas estavamos em salas separadas, eu no 3º ano B e ele no A. Eu entrei na sala e procurei um lugar afastado, sentei e apenas me apoiei o meu queixo na minha mão, esperando o tempo passar, olhando pra janela, prestando atenção na chuva que acabará de começar e apreciando a música que já tocava nos meus fones. O clima nublado melancólico me deixava feliz, não sei o porquê. Em pouco tempo a sala lotou e mesmo com fones eu ouvia a conversa entre os alunos, quando notei que o professor tinha entrado, tirei meus fones e voltei minha atenção a ele, era um senhorzinho, provavelmente na casa dos 60, logo ele começou o discurso de todo inicio de ano, me obrigou a fazer uma apresentação já que era novo ali, falei o básico, nome, idade, planos pro futuro e etc, evitando falar do meu passado, me sentei e a aula seguiu normalmente.

Logo o primeiro sinal bateu e eu saí sem pressa da sala, sendo o ultimo a sair. Logo na entrada da sala encontro o Lucas me esperando.

-Eae, tudo certo?

-Por que não estaria?

-Sei lá cara, além de colega de quarto eu tbm to aqui pra evitar que tu faça alguma merda, tenho que demonstrar preocupação. - Ele disse fazendo um tom sarcástico de super-herói.

-Eu sei Capitão Anti-Suícidio - respondi dando risada

-Tu não vai comer não?

-Já comi mais cedo e tu sabe que eu não curto comer no colégio, pode ir na frente, acho que vou sentar lá no meio do pátio.

-Tudo bem - ele mal terminou de falar e saiu correndo pra cantina.

Andei em direção o centro do pátio do colégio que ficava no meio da construção onde ficavam as salas, no centro tinha uma árvore cercada por um murinho de concreto, sentei no muro, coloquei meus fones e parei pra observar o cenário, o colégio é um lugar bonito, o lote é grande, e onde não existia nenhuma contrução, era sempre um lugar lotado de árvores, acho que alguém poderia até se perder.

O tempo deve ter passado sem eu ter percebido, a natureza, para mim, é algo fascinante que poderia me prender por horas de observação. Logo, na minha visão periférica, percebi alguém sentando do meu lado, logo associei com Lucas.

-Achei que você demorava mais pra comer - disse sem virar meu rosto, ainda observando o céu nublado.

-Nem sempre... - eu me assustei na hora com a voz da pessoa, não era Lucar, só se ele tivesse tomado uma quantidade gigantesca de hormônios pra ter aquela voz. Quando olhei percebi que era um cara alto, com o cabelo loiro em corte militar, corpo atlético e pele pálida.

-Me desculpa, sério, achei que era um amigo meu.

-Sem problemas cara, você é um dos novatos né?

-Sim, me mudei pra cá com um amigo faz uma semana, mas só comecei a estudar agora, a mudança acabou nos atrasando e etc.

-Pera ai, você quer me dizer que vocês dois, com dezessete anos, moram sozinhos?

-Sim.

-Por que extamente? - ele disse curioso, à essa hora ele já tinha se sentado.

-Motivos, prefiro não comentar.

-Okay, desculpa ser invasivo, é que sou meio curioso demais as vezes. Inclusive, sou Eduardo, mas pode me chamar de Duda. - falou extendendo a mão pra mim.

-Pedro. - respondi aceitando seu cumprimento

A conversa fluiu normalmente, descobri que aquele ditado "nunca julgue um libro pela capa" quase sempre está correto, eu nunca imaginei que um cara grande e forte com pinta de galã de novela seria um nerd de carteirinha. Ele comentou sobre séries, quadrinhos e filmes que gostava.

-Merda, falei demais - ele disse em um tom preocupado - geralmente eu não me abro desse jeito pra qualquer pessoa, não que você seja qualquer um, mas é que quase ninguém conhece esse meu lado.

-Relaxa, eu sei guardar segredo. - respondi sorrindo, ele ficou mais aliviado. - Bom, não era pra ter mais gente aqui? - No pátio só tinhamos, eu, ele e uma garota sentada em um dos bancos.

-É que o povo prefere ficar na área da cantina quando esta frio e nublado.

-Eu amo esse clima. E você? Por que tá aqui exatamente?

-Não sei, só tive vontade de vir aqui, do nada sabe?

-Sei... - Quando eu ia continuar Lucas apareceu no pátio.

-Cara! O que tu ta fazendo aqui? Tá frio e tipo, todo mundo tá lá nas mesas. - Ele me perguntou e parou pra olhar pro Duda - E quem é esse?

-Duda, Lucas. Lucas, Duda - Eu disse, tentando apresentar os dois. - Acabei de conhecer ele. Esse é o meu amigo que mora comigo - tirei logo a duvida dos dois, eles apenas acenaram com a cabeça fazendo um "Eae". - E cara, tu sabe que eu gosto do frio e que eu não gosto de ficar cercado de pessoas.

-Aé, eu tinha esquecido desse seu traço solitário. Bom, eu vou voltar pra lá porque lá pelo menos eu não morro criogenizado. - Ele disse e foi andando rápido pro lugar de onde ele tinha saído, Lucas era uma rainha do drama.

-Cara simpático - Duda disse apontando.

-Vocês nem se falaram.

-Eu tenho essa habilidade de descobrir a personalidade dos outros só de olhar a pessoa nos olhos.

-Aé? Então oq seu poder mutante diz de mim? - Ele me fitou diretamente nos olhos, demorou um tempo.

-Que você é um cara legal e interessante, que eu deveria investir em conhecer.

-Quero algo novo, até agora vc só disse o óbvio. - disse rindo e fazendo ele rir.

A conversa continuou até o sinal bater novamente. Estava voltando pra classe normalmente quando percebi que o Duda ainda estava atrás de mim.

-Esqueci de dizer que nós somos da mesma sala. - disse ele

Eu realmente não tinha notado, não parei pra prestar atenção em ninguém ali, não era algo muito importante. A aula continuou normal nas ultimas três aulas, dessa vez eu parava pra reparar na sala de tempos em tempos, eu sentava na parede direita, na primeira carteira, no meio do outro extremo da sala ficava o Duda e pelo que percebi alguns dos amigos dele, o unico mais chamativo era um que era mais alto e mais forte que ele, uma versão "plus ultra" dele com cabelo preto em um corte undercut e com barba. Mais ao meio tinha um garota loira rodeada por várias outras garotas menos chamativas, de resto, a sala era comum, nada novo em relação à adolescentes na puberdade.

Quando o sinal de saída tocou eu sai calmamente da sala, nunca tenho pressa, ou melhor, sempre evito ter. Fui andando em direção ao portão principal onde já avistei Lucas me esperando, mas ele não estava sozinho, estava acompanhado de uma garota baixinha e um garoto loiro franzino.

-Eae cara, pronto pra ir? - cheguei já perguntando.

-Sim, só tava conversando aqui com o povo, esses são Ricardo e Emanuele, são da minha sala.

-Oi - disse tentando ser o mais simpático possivel.

-Oi - ambos responderam ao mesmo tempo.

-Bom, eu adoraria conhecer vocês mas nós temos que nos apressar, o almoço não vai se fazer sozinho.

-A cara, só porque a conversa tava ficando boa! - Lucas reclamou. - Mas é isso gente, se o senhorio ali mandou eu tenho que obedecer. Até amanhã - disse ele, se despedindo.

Dos dois novos amigos dele, ambos tinham auras diferentes, Emanuele era baixa, com cabelos cacheados volumosos e tímida, falava pouco e corava fácil, já Ricardo era magro, mais alto que Emanuele, porém ainda era baixo, usava um topete em seu cabelo loiro e tinha uma feição quase sempre séria, não sei o por quê, mas eu não ia com a cara dele.

-Cara, tu viu a Manu? - Lucas disse enquanto iamos em direção à nossa casa - eu acho que apaixonei.

-Mas já? Tu se apega muito fácil!

-É que ela é diferente sabe, sei lá, eu gosto dela.

-Isso vai acabar dando merda ainda.

-Por que tu acha isso?

-Sei lá, vocês são diferentes, você é todo animado e espontâneo enquanto ela é toda timida e reprimida.

-Mas é o que dizem, os opostos se atraem! - Disse ele, animado. - Mas e você? Se interessou por alguém?

-Eu não tenho muita cabeça pra essas coisas e você sabe disso.

-E aquele tal de Duda?

-Cara, eu não sou gay...

-Mas você também diz que não é hétero.

-Eu sou eu - afirmei - simples.

-Okay senhor anti-rótuloas, mas tipo, você nem deve ter percebido como ele te olhava.

-Nem, ele não faz o tipo que curte.

-E precisa fazer? As vezes ele apenas esta interessado em você, é uma possibilidade.

-Não faz tanta diferença pra mim, to focando nos estudos.

-Sei... - Ele disse e voltou a atenção pra panela.

A semana seguiu normal, nada novo, passei todos os dias lendo ou procastinando vendo videos no Youtube e Facebook, durante a semana recebi algumas novas solicitações, Ricardo, Emanuele, Duda e outros três que eu não conhecia, Paulo, Carol e Alice. Paulo era o amigo chamativo do Duda, Carol era a garota loira da minha sala e Alice aparentemente era a que estava no pátio, bom, aceitei todos e segui minha vida normalmente, não ficava muito tempo em redes sociais.

Na noite de quinta-feira quando estava prestes a dormir recebi uma mensagem, de um número que eu não conhecia, e eu meio que tinha salvo o número de todos que eu tive contato durante o colégio, então estranhei a mensagem que dizia : "Fiquei te observando durante todo o dia, não sei o porquê mas você me atrai de um jeito que ninguém nunca me atraiu antes, o que me faz ter um conflito interno, creio que nunca terei coragem de admitir estar a fim de tu, mas posso me confessar por aqui, essa será a única mensagem que mandarei, eu só precisava desabafar sobre esse sentimento que me incomodou a semana inteira". Eu tentei salvar o número, mas não havia foto ou status.

Eu apenas consegui pensar em uma coisa.

"QUE PORRA É ESSA?!"

==CONTINUA==

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive eusousoueuquemeusou a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários