ARTHUR RIBEIRO
Aproveito que os dois estão no banheiro e vou ao closet, me aproximo da gaveta que ontem a noite Maurício estava chorando diante dela.
Forço para abri-la mas está trancada. O que será que tem nessa gaveta?
-Arthur.- Me assusto ao ouvir Maurício me chamar.
Vou até o banheiro.
- Tio, eu to com frio.- Miguel diz enrolado em sua toalha do Pikachu.
- Então vem aqui, vamos vestir uma roupa bem quentinha.- digo.
- Eu também estou com frio.- Maurício diz.
- Você não espera que eu te carregue no colo né?
- Ele é muito grandão.- Miguel diz.- Você não consegue.
- Mas é claro que eu consigo, eu só não carrego porquê você é muito pesado menininho.
Saímos do banheiro para que Maurício tome seu banho. Seco Miguel com a tolha e o visto com um moletom grosso na cor cinza. Vamos até a cozinha onde Lurdes prepara nosso café da manhã.
- Olha quem está ai.- ela diz.
- Tia Lurdinha.- ele corre e a abraça.
- Sabe o que tem pra hoje?
Ele balança a cabeça de um lado para o outro negando.
- Bolo de chocolate.- ela diz.
- Ebaaa.- Ele corre em direção a cozinha.
- Lurdes, você vai deixar esse menino mal acostumado.- Digo ao nos abraçar.
- Que nada, nessa idade criança tem que comer mesmo.
- Lurdes, bom dia.- Maurício chega e os dois se abraçam.
Como está lindo em seu terno que marcam todos seus músculos, suas pernas, seus braços fortes, seu peitoral largo e sobressalente. E o que dizer do volume entre suas pernas, até parece que o terno foi feito pra valorizar exatamente a área em si.
Tomamos o café da manhã juntos e em seguida deixamos que Lurdes tomasse conta de Miguel enquanto estivermos no trabalho.
Hoje os advogados de Maurício nos darão uma resposta sobre quem é Miguel e onde pode estar sua família, estou um pouco apreensivo pelo fato de que poderemos que ficar longe de dele até mesmo nunca mais vê-lo.
- Fica tranquilo, vai dar tudo certo.- Maurício diz, sinto a sua mão em minhas costa.
Apenas afirmo com a cabeça.
Saímos do elevador da empresa e vemos que os 3 advogados estão sentados na sala de espera e ao nos verem se levantam.
- Bom dia senhores, espero que tenham boas notícias.- Maurício diz enquanto os cumprimenta.
- Bom, é um tanto quanto complicado mas resolveremos em breve.
Entramos na sala de Maurício e sentamos no espaço para reuniões. Fico aflito a cada segundo que se passa, a curiosidade de saber o que se passa me deixa louco por dentro, mas ao mesmo tempo é como se eu não quisesse saber, talvez esteja bom como está agora.
- E então o que descobriram?- pergunto.
- Bom, como eu disse temos noticias.- diz César, o advogado de confiança de Maurício.
Os outros dois advogados estão sentados nos observando e sinto que um deles, Diogo se não me engano não tira os olhos de Maurício, mas não dou muita moral por estar aflito.
- Isso aqui é tudo o que descobrimos até agora sobre o menino.- César continua a falar e entrega uma pasta preta a Maurício.
Ele abre e logo na primeira página tem a foto de uma mulher.
- E quem é essa?- Pergunta Maurício.
- Essa é Isabel, a mãe do menino.- ele responde.
Meu corpo todo congela, sinto uma vontade imensa de chorar antes mesmo de saber o resto. E se ela estiver procurando o Miguel?
Maurício me lança um olhar tão profundo que posso sentir o que ele está sentindo, os dois tem uma ligação tão forte que não sei se ele conseguirá superar caso algo aconteça.
- Se me permitirem continuar...
- É claro.- Maurício diz.
- Ela está a procura do menino, e quando Diogo a procurou ele soube a real situação que o menino viveu. Ele iré contar como foi.- Disse César.
- Bom, o garoto vivia em uma situação precária. A mãe é uma prostituta que ganha a vida em um bordel em Itatinga. Mas o que mais me assustou é que ele cresceu em meio a isso. Enquanto a mãe fazia os programas ele dormia no quarto ao lado, pela idade ele não deve ter noção do que se passava e Isabel disse que sempre fazia o possível para que ele tivesse uma infância feliz.
- Infância feliz? No meio da prostituição?- Maurício diz irritando.- Se eu souber que fizeram alguma coisa à ele eu juro que eu mesmo os mato, um por um.
- Se acalme, deixe-o terminar.- diz César com tranquilidade.
- Quando eu me aproximei ela pensou que fosse mais um cliente, mas quando disse que tinha noticias de seu filho a mulher começou a chorar, por sorte ninguém estava por perto. Quando disse que ele estava em segurança ela se acalmou e me disse que faria de tudo para que o filho tivesse uma vida longe daquilo tudo, até mesmo abrir mão da guarda do filho.
Nos olhamos novamente e um brilho se acende nos olhos de Maurício, eu sei que ele quer isso mais do que tudo e eu também. Me sinto mais aliviado mas ainda não acabou.
- Nas próximas páginas fizemos um levantamento sobre o tal Alemão.- Disse César tomando a frente novamente.- Tem tudo, antecedentes criminais, vida, família.
Quando a página é virada nos deparamos com um homem de uns 35 anos, loiro, forte, com algumas tatuagens. Algo nele me lembra algo.
- Descobrimos também que ele tem ligação com a pessoa que esta na próxima página.- Disse Eduardo que estava calado até o momento.
Maurício vira a página nela contém fotos de uma mulher muito bem vestida, com cabelos ondulados castanhos, pele muito pálida, alta e muito bem vestida. Não consigo ver bem seu rosto, pois as fotos foram tiradas por alguém que estava a espreita.
- Não é possível.- Ouço Maurício sussurrar.
- Também fizemos alguns flagras dela com...
- Já chega.- Maurício grita interrompendo Eduardo e fechando a pasta, ela a segura como se fosse a sua vida ali.- Estão dispensados.
Me assusto com a atitude de Maurício, fazia tempo que não via esse seu lado.
Eles se levantam e saem como se nada estivesse acontecido, ou até mesmo como se estivessem acostumados com isso.
- O que foi isso?- pergunto.
- Nada, não foi nada Arthur.- Ele diz passando sua mão nos cabelos.
- Como não foi nada, o que tem nessa pasta Maurício.- começo a levantar meu tom de voz.- Quem é essa mulher?
- Me deixa sozinho Arthur.
- Maurício?
- Me deixa sozinho.-Com um só braço ele levanta a mesa de cedro que ficava no meio do local de reuniões e a joga como se fosse uma caixa de papelão.
Me assusto com o ato e ele parece perceber.
- Por favor.- ele diz com um tom mais tranquilho, como se estivesse pedido espaço. Seus olhos estão vermelhos, um misto de fúria, dor e seja lá o que for de ruim.
- Tudo bem.- o deixo ali sozinho
Saio da sala e vou direto ao banheiro.
Preciso chorar, não sei o que aconteceu. Mas parece que é algo que meche muito come ele e que é capaz de tirá-lo do controle.
Choro tudo o que consigo e depois lavo o meu rosto e volto ao meu posto.