15:42m São Paulo, Brasil.
- Como você quer começar?
Tic Tac...
Tic Tac...
Tic Tac...
Tic Tac...
-Podemos ficar aqui o dia todo se preferir!
Tic Tac...
Tic Tac...
Tic Tac...
-Bom. Sou seu psicólogo e já faz uma semana que estou tentando algo com você. Sua família já cogitou a possibilidade de um psiquiatra, mas quero tentar te trata sem nenhuma medicação... Só me ajuda te ajuda. Não quero te fazer nenhum tipo de mal...
Tic Tac...
Tic Tac...
-Desisto...
Ele estava levantando da sua cadeira branca a minha frente com seu jaleco branco e sua planilha de plástico duro transparente aonde estava anotando as informações mais relevantes para a sua pesquisa.
O relógio em cima da mesinha – O único objeto que fazia algum tipo de baralho – Me fazia recorda de uma época aonde tudo era fácil.
Ele era novo no ramo e também na empresa. Lembro-me da pequena discussão que teve com meus pais e o dono da clínica no corredor. Meus pais não queriam que ele me tratasse por ser novo no caso, preferiam um profissional mais experiente para trata da minha depressão. De tanto discutirem, optaram por fazer um teste com ele e se acaso melhorasse no decorrer do tempo - Isso seria em um mês ele continuaria.
Naquele lugar tinha hora para tudo; para comer, para momentos de laser, para se exercitar e fazer outras coisas. Para ir ao banheiro andávamos com uma pulseira eletrônica que apertávamos um botão, em instantes aparecia um funcionário com roupas brancas nos levar até o banheiro que ficava na parte mais alta do local para que não houvesse fuga. Estava com depressão, pelo menos era o que diziam, mas me tratavam como louco.
Não estava ligando para quem iria me tratar ou conversar, estava pouco me importando com ele e com qualquer outro que aparecesse, apenas queria me afogar no meu mar de decepções que me enfiei e afundar, afundar, afundar até que encontrasse o fundo dele. Não estava facilitando para ele, na realidade não estava facilitando para ninguém e nem queria facilitar, mas meus pais não me deixariam em paz e esse psicólogo até o momento é a prova disso. Não queria está nesse lugar, nesse momento nem respirando queria esta, mas era o certo. Tinha um plano, e precisava executar o quanto antes.
Olho para janela aonde raios de sol tentava entrar naquela sala extremamente gelada e com todo o meu orgulho desarmado digo:
-Bom...
Ele estava com a mão na maçaneta pronta para ser aberta; tira a mão dela a trancando novamente.
–Bom?
- Como devo começar? – Nunca tinha precisado passar por nenhum tipo de tratamento ou conversar com algum psicólogo sobre uma “possível” depressão. Sempre fui uma pessoa na minha, mas amava a minha vida por ser simples. Não era complicado ser eu. Sempre fui uma pessoa calada quieta que não tinha nenhum tipo de problemas sociais. Dava para perceber que não estava bem, eu não queria morrer, mas também não estava querendo viver. Olhava para ele e era notória sua expressão de preocupação. Ele me aparentava ser uma pessoa jovem e preocupado com estado das pessoas em sua volta.
Seus cabelos loiros num corte Quiffed Back o deixava com cara jovial o aparentando ter menos idade do que tinha, seus olhos azuis penetrantes focavam em mim tentando entrar no fundo da minha alma, era notório que não queria perder nenhuma informação. Sua pele extremamente branca, quase albina demonstrava que tomar banho de sol não era o seu gosto. Mesmo coberto por um jaleco branco, percebia o quanto fino ele se comportava. Tudo era cronometrado e simétrico, com certeza a pessoa mais charmosa que conheci nos últimos dias.
Estava em uma sala branca sem móveis nenhum, no teto várias lamparinas iluminava o local e mesmo de dia permanecia acesa. Entre eles tubos de entrada de ar deixava um ar gélido incomodar todos que estavam ali menos o doutor que parecia não se incomodar com a claridade e o frio que fazia.
Eu o incomodava, meu silêncio o deixava aflito. Ele queria saber de mim. Ele me parece ser uma pessoa boa. Quem sabe um amigo, alguém que possa-me ajudar chama Gabriel e tenho dezoito anos. Fiz dezoito alguns meses atrás antes de...