Pessoal, o conto ganhou mais um capitulo, mas acho que termino ele ainda esse mês. Já tenho o ultimo capitulo praticamente pronto, mas ele não chegara a 100 capítulos, irá terminar antes, kkk
valtersó, pois é, mas tem pessoas que tem o dom de tirar os outros do sério, até mesmo pessoas pacatas como o Antônio.
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Geomateus, olha que se ele matar o verme seria um favor que ele iria fazer.
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Suara, não vou abandonar o conto, acho que termino ele ainda esse mês, só demoro as vezes pra postar. Que bom que gosta da história. Bom, se ele vai conseguir ou não isso só saberemos no ultimo capitulo, a história agora se centrara nesse assunto. O Laercio vai ter o pior castigo que ele poderia ter, isso será no capitulo seguinte. Beijos.
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duduzinhog, sim, teremos alguns momentos tensos, mas antes do grande final também terá momentos leves, descontraídos.
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Guigo, ainda terá mais alguns momentos tensos, alguns momentos leves, não vejo a hora de postar o ultimo capitulo, ele já esta totalmente pronto na minha cabeça.
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Marceloveloz, seria uma maneira fácil de resolver esse problema, mas acho que existe uma maneira de liquidar de vez com esse velho porco e quem pode fazer isso é o Rodrigo. Que bom que percebeu que os personagens dos contos anteriores deram as caras, alguns até foram citados, rsrs. Eles ainda irão se reunir, os 3 casais. Obrigado.
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neterusso, O Antônio já teve problemas de mais, ele não merece ser preso novamente, mesmo sendo por uma boa causa, livrar a humanidade desse velho escroto. Aos poucos e sem perceber o Rodrigo mudou totalmente, está sendo um filho sério, um pai responsável e amável, deixando de lado futilidades, brigas. Olha, sobre a Telma, você pegou num ponto chave, mas não vou comentar sobre isso agora, kkk, anda lendo meus pensamentos? O Sidney é uma mala sem alça mesmo, mas uma coisa é certa, ele adora de mais esses netos, não é só um capricho e birra contra o Rodrigo. Bom, algum leitor sugeriu algo sobre o Douglas, resolvi por ele mais na história, vamos ver onde isso irá dar, kkk.
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Antônio – Cale a boca, eu não sou como você.
Laercio – Além das surras que eu deveria ter lhe dado, a outra coisa que eu me arrependo de não ter feito foi não ter enfiado aquela faca mais forte no peito daquela desgraçada.
Sentindo uma raiva descomunal, Antônio abriu os olhos e dominado pelo ódio pegou uma faca que estava sobre a pia.
Antônio - Eu não sou como você.
Como a 30 anos atrás, aquela cena se repetia, mas agora os papeis estavam invertidos.
Virando-se para o pai, Antônio ergueu o braço empunhando aquela faca contra ele.
Laercio arregalou os olhos, prestes a ser golpeado.
Antônio – Eu te odeio.
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Capítulo 91
Laercio arregalou os olhos e completamente apavorado retraiu seu corpo, colocando as mãos em frente ao peito, enquanto olhava assustado para a lamina daquela faca, que brilhava no ar prestes a golpeá-lo.
Dominado pelo ódio e totalmente descontrolado, Antônio não viu mais nada em sua frente. Com toda sua força, foi para cima do pai, prestes a cometer a maior loucura de sua vida.
Laercio parecia um inseto minúsculo apavorado, mas Antônio só via um clarão e a imagem de sua mãe a sua frente, como se quisesse barra-lo.
Antônio só saiu de seu transe quando escutou os gritos que vinha a sua frente, enquanto sentia uma forte pressão em seus braços.
-Nãooooo
Quando se deu conta, percebeu que seus braços estavam no ar e seus pulsos agarrados com uma força descomunal.
Carlos – Não Antônio!!!!
Como se tivesse acordado de um terrível pesadelo, Antônio encarou Carlos, que estava a sua frente a milímetros de seu rosto, segurando seus pulsos.
Carlos – Não faça essa loucura.
Carlos – Você não é um assassino.
Com os olhos vermelhos, Antônio olhou assustado para Carlos e para Cris, que estava na porta.
Carlos – Você não é como ele. Você não é um assassino.
Antônio teve a sensação de um peso ter saído de cima de seu corpo, mas sua mão direita ainda apertava com força aquela faca.
Antônio abriu a mão, deixando a faca cair no chão. Rapidamente Cris pegou a arma, dando um sumiço, com medo que algo ainda pudesse acontecer.
Laercio permanecia acuado, com medo, mas foi totalmente ignorado por eles.
Antônio – Eu...eu não sou como ele.
Carlos – Claro que não é.
Carlos foi afrouxando as mãos, enquanto Antônio ia relaxando o corpo.
Antônio – Eu ia..mata...
Sem saber o que fazer e na tentativa de tranquiliza-lo, Carlos abraçou Antônio, apertando forte o seu corpo.
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Enquanto isso o pau começava a comer solto do outro lado da cidade.
Alice – Sua empresa?
Alice deu um sorriso cínico, tentando disfarçar seu nervosismo.
Rodrigo manteve-se firme, ele não pretendia estender aquela situação por muito tempo e foi curto e grosso.
Rodrigo – Fora da minha empresa!!!
Alice – Fora? Você acha mesmo que eu vou sair da empresa da minha família? Do meu pai, seu bastardo ridículo, sua bicha metida.
Rodrigo – Você pode espernear a vontade Alice e nem adianta gastar seu repertório de ofensas pois você não me atinge.
Simone queria se intrometer, mas achou melhor Rodrigo decidir tudo sozinho, ficando apenas como expectadora.
Rodrigo – Você perdeu.
Rodrigo – Você realmente achou que eu fiquei satisfeito com aquela surra que dei em você na mansão?
Rodrigo – Aquilo foi só o aperitivo.
Rodrigo – Eu estou aqui a meses te aturando só pra poder esperar esse dia. O dia que vou ter o prazer de botar você pra fora daqui feito uma cadela sarnenta que é o que você é.
Alice – Eu não saio. Essas ações são minhas, essa empresa é da minha família, não será você e nem um juiz qualquer que vai dizer o que eu posso ou não fazer.
Alice sentou-se na cadeira da presidência, pegando o telefone pra chamar os seguranças.
Já sem paciência, Rodrigo começou a gritar com ele, indo pra cima da irmã.
Alice – Eu sou Alice Santarém, presidente dessa porca...
Rodrigo – Pois eu vou fazer você esquecer seu próprio nome...
Rodrigo grudou nos braços da irmã, disposto a leva-la pra fora a força.
A essas alturas os berros do dois já era possível ser ouvido em todo o prédio. Os funcionários se agitaram, se aproximando da sala da presidência.
Alice cravou as unhas no ombro de Rodrigo, que ignorou qualquer sinal de dor.
Bufando feito um cão, Rodrigo grudou em Alice e começou a arrastar seu corpo. Alice caiu no chão feito uma criança birrenta, sendo arrastada pelo chão da sala.
Alice – Me largue, me solta seu desgraçado, covarde, viado.
Rodrigo – Abra a porta Simone.
Rodrigo saiu da sala e tinha uma verdadeira plateia aguardando.
Alice se debatia, gritava, estapeava o irmão, mas Rodrigo parecia imune a dor. Com toda sua elegância naquele terno impecável, foi arrastando Alice pelos corredores da empresa.
Descabelada e com a roupa rasgada, Alice gritava, esbravejava, chutava.
Ao chegar na porta do elevador, os dois finalmente se encararam.
Alice – EU te mato.
Rodrigo – Hora de dar adeus a presidência do Grupo Santarém.
Alice olhou para o escritório e todos os funcionários a encararam, até que sua secretaria começou a bater palma. Nada tinha sido combinado e seguido por outro funcionários, todos começaram a aplaudir como se tivessem diante de um grande espetáculo.
Rodrigo colocou a irmã dentro do elevador, arrastando seu corpo para fora do prédio.
As pessoas ficaram olhando mas Rodrigo estava pouco se lixando. Simone vinha logo atrás, junto com alguns seguranças.
Alice – Me larga.
Já na rua, Rodrigo empurrou Alice no chão da calçada, fazendo com que ela caísse ajoelhada diante a ele.
Os dois se encararam novamente, mas dessa vez com Rodrigo olhando a irmã de cima, totalmente superior.
Rodrigo – Agora você esta no lugar que merece, na rua, na sarjeta.
Mesmo destruída e no chão, Alice encarou o irmão e com o olhar diabólico voltou a ameaça-lo.
Alice – Eu vou me vingar.
Alice – Eu vou me vingar em onde mais machuca você.
Rodrigo olhou no fundo de seus olhos e não disse nada, dando as costas a ela.
As pessoas ficaram olhando e também dispersaram. Antes de subir para seu andar, Rodrigo fez questão de proibir a entrada da irmã em qualquer dependência daquele edifício.
Humilhada, Alice ficou no chão, com a roupa rasgada, evitando o olhar de curiosos.
Para sua surpresa, uma mão foi estendida diante de seu rosto.
Ao olhar para cima, viu Marcio em pé, diante dela.
Marcio fez um sinal com o rosto, oferendo sua mão.
Alice aceitou e Marcio se abaixou, pegando a garota no colo, na rua.
Alice – Obrigado.
Alice – Me tira daqui, estou com vergonha.
Alice colocou seu braço no pescoço do ex namorado.
Márcio ficou em silencio e caminhou alguns metros com a moça em seu colo.
Parando na esquina, olhou em seu rosto e finalmente falou.
Márcio – O Rodrigo estava errado, seu lugar não é na rua, na sarjeta.
Alice olhou para ele sem entender.
Marcio estufou o peito e com toda sua força soltou o corpo de Alice no chão.
Assustada, Alice caiu em cima de um monte de saco de lixo que se acumulava na beirada da calçada, a espera da coleta de lixo.
Márcio – Agora sim você está no lugar que merece, no lixo!!!
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Sentado na cadeira, Antônio se recuperava daquele susto.
Cris – Beba esse copo d’água, você vai se acalmar.
Antônio – Eu não queria matar ele.
Carlos – Nós sabemos disso.
Antônio – O que vocês fazem aqui?
Carlos – Vim procurar o Rodrigo.
Cris – Foi Deus que nos trouxe aqui, poderia ter acontecido uma tragédia.
Antônio – Esse homem!!
Antônio levantou-se indo até a sala atrás de Laercio.
Cris – Eu não acredito que você ainda esta aqui seu verme.
Carlos – Por favor, vá embora.
Antônio se aproximou do pai, olhando em seus olhos.
Antônio – Você é tudo de ruim.
Antônio – Aonde você passa, o que você toca, tudo apodrece.
Laercio – Você é um louco.
Antônio – Já tive ódio de você, raiva, pena, agora só tenho indiferença.
Antônio – Você é só um verme e vou tirar você da minha vida simplesmente te ignorando.
Antônio – Você não tem mais nenhuma influência sobre mim.
Laercio ainda estava assustado e vendo que estava em desvantagem achou melhor tirar seu time de campo.
Laercio – Nós ainda vamos nos ver Antônio. Ainda temos muito a conversar.
Cris – Nossa, finalmente essa praga foi embora. O ar ficou até mais leve.
Carlos estava preocupado com Antônio mas ao receber um telefonema de Stela ficou ainda mais preocupado.
Carlos – Preciso ir, você vai ficar bem Antônio?
Antônio – Obrigado Seu Carlos, muito obrigado por tudo.
Antônio abraçou o empresário e depois ficou sendo confortado por Cris.
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Telma – Do que você esta falando?
Telma – Não existe nada que justifique um novo pedido de guarda. E o Rodrigo tem se mostrado eficaz na educação dos meninos.
Sidney – Não existe? Um relacionamento homossexual, um pai biológico que tentou matar a esposa e o principal, incesto.
Sidney – Você quer mais?
Sidney – Quero ver que juiz vai dar a guarda a ele, sabendo que as crianças convivem nesse tipo de ambiente.
Sidney – Fique tranquilo minha queria, essa causa é praticamente ganha.
Rafael – Vóooo, posso andar de bicicleta na sala?
Arthur – Eu to com fome.
Sidney aproveitou que os netos apareceram na sala e começou a comemorar sua vitória.
Sidney – Vem aqui no colo do vô.
Os garotos sentaram ao lado dele, ouvindo atentamente.
Sidney – O que vocês acham de morar aqui, pra sempre.
Rafael – Pra sempre?
Sidney – Sim, eu você, o Arthur e a vó.
Arthur – O papai e o tio Tonio também vão vir?
Sidney – Eles...
Telma – Bom, chega de papo. Não é hora disso Sidney.
Telma pegou os netos e foi para a cozinha.
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Stela – O Rodrigo expulsou a Alice do escritório.
Stela – Eu pedi tanto pra ele esperar você chegar.
Carlos – E você achou que iriamos conseguir resolver essa história amigavelmente?
Carlos – Meu medo é que ela fique ainda mais revoltada.
Alice chegou em casa e iniciou uma discussão violenta com os pais.
Alice – Aquele bastardo que vocês pegaram do lixo me humilhou.
Alice – Eu odeio vocês dois. Eu nunca vou perdoar vocês.
Stela chorava enquanto Carlos tentava controlar a filha.
Alice – Tire as mãos de mim. Não me encoste.
Carlos – Você roubou seu irmão, sua mãe.
Carlos – Será que você não se dá conta dos crimes que comete? Por que são crimes.
Carlos – Você provocou a morte da Elisa, do Gustavo, tramou, fez intriga e mais um monte de coisas que eu tenho até medo de descobrir e ainda que pagar de vítima?
Alice – Eu sabia que você não ia ficar do meu lado mesmo.
Alice – Você nunca gostou de mim. Desde sempre o Rodrigo sempre foi o queridinho de vocês.
Alice – Pare com essa infantilidade Alice.
Alice – Pare de só pensar em dinheiro, poder, será que você ainda não se deu conta que você será presa?
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Rodrigo chegou em casa já sabendo do que tinha ocorrido. Antônio já estava bem mas Rodrigo fez questão de abraça-lo, mostrando-se preocupado.
Antônio – Eu não quero te trazer mais problemas. Eu sei o que aconteceu hoje no escritório, você deve estar péssimo.
Rodrigo – Antônio, problema seu é problema meu também.
Rodrigo – Eu vou resolver essa situação.
Antônio – Esquece isso, não tem mais nada que esse cara possa fazer contra mim.
Antônio estava completamente enganado, Laercio ainda iria tentar dar a cartada final.
Naquela noite Antônio custou pra dormir. Rodrigo ficou o tempo todo ao seu lado, com sua mão entrelaçada a dele, vigiando seu sono.
NO dia seguinte os dois seguiram sua rotina. Rodrigo recebeu suas ações de volta e providenciou a devolução das ações ao Sidney, que só foram cedidas a ele para enfrentar Alice.
Rodrigo ainda não tinha sido comunicado sobre a audiência e começou a agir naturalmente, feliz ao lado do seu grande amor.
Rodrigo – O que tanto você faz nesse computador?
Antônio – Procurando uma escola para o Rafael, já está na hora dele sair da creche.
Antônio – Achei essa daqui, acho que dá pra pagarmos e parece ser boa.
Rodrigo o abraçou por trás, sentando no sofá.
Rodrigo – Eu gostei. O Sidney tinha visto uma escola, o valor acho que era 8 mil, mas é meu filho e eu que vou decidir. Quer dizer, nós que vamos decidir.
Antônio – 8 mil por ano acho um pouco pesado.
Rodrigo deu um sorriso, beijando o rosto de Antônio.
Rodrigo – Bobinho, é 8 mil por mês.
Antônio – O que????
Antônio – Vou ter que pedir então um aumento de uns 1000% pra poder pagar o colégio dos meu filhos?
Rodrigo olhou para Antônio, surpreso e também feliz. Antônio não entendeu nada pois nem se deu conta da frase que tinha acabado de falar.
Antônio – O que foi?
Rodrigo – Nada!!
Rodrigo preferiu não falar nada e gostou ainda mais pois aquilo “meus filhos” tinha realmente saído de maneira natural.
Rodrigo – Sabia que te amo? Você pensa em tudo, sempre cuida de tudo.
Antônio – Eu sou o cérebro dessa casa.
Rodrigo – Não pode elogiar que já fica se achando né.
Rodrigo voltou a beija-lo, apertando suas costas.
Antônio – Agora que fiquei pensando...Afinal o que a Cris veio fazer aqui ontem?
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Alice ficou o dia todo trancada no quarto. O silencio era tão grande que as vezes Stela pensava que a filha estava morta ou que tinha saído sem que ninguém visse.
Para sair daquele ambiente toxico, Stela foi ao lugar que nos últimos meses só estava lhe dando alegria.
Shirley – Isso tudo vai passar.
Stela – Agora que o Rodrigo tomou um rumo na vida, a Alice tem dado um problema atrás do outro.
Shirley – Agora que você e o Carlos estão bem novamente, porque vocês não viajam, não saem um pouco desse ambiente de preocupações.
Stela – Não consigo, só vou me sentir tranquila quando essa história terminar, quando a Alice encontrar um rumo.
Stela – Mas confessor que tem horas que nem da vontade de voltar pra casa.
Carlos foi buscar a esposa e encontrou seu novo amigo meio pra baixo.
Carlos – E ai garotão, porque está com essa tromba?
Douglas – Nada!!
Carlos – Ei, fala pra mim. Carlos se ajoelhou, passando a mão na cabeça do garoto.
Douglas – Minha bola caiu no espinho e furou.
Douglas – Mas a tia Shirley disse que vai comprar outra pra mim.
Carlos – A tia Shirley pode demorar, então vamos fazer o seguinte. Amanhã eu trago uma bola pra você e chame seus amiguinhos pra gente montar um time, eu vou ser o juiz.
O garoto abriu um sorriso de orelha a orelha.
Douglas – Jura tio???
Carlos – Claro que juro, não sou homem de mentir.
Douglas de um beijo no rosto de Carlos e saiu correndo pra contar a novidade.
Douglas – Dona Stela, seu namorado esta ai.
Shirley – Que isso menino!!!
Douglas – Ele vai dar uma bola pra mim.
Shirley – A tia já falou que não pode ficar pedindo as coisas.
Carlos – Eu que prometi Shirley.
Carlos – Nossa, como é fácil ver essas crianças sorrindo. Com tão pouco você já consegue tirar um sorriso deles.
Carlos – E não sabia que estávamos namorando.
Stela – O tio Carlos é meu marido.
Douglas – Então vocês não podem namorar.
Carlos – Pode sim, dai que a gente namora ainda mais.
Stela – Carlos, olha o menino!!!
Carlos e Shirley deram risada enquanto o garoto na sua inocência não entendia nada.
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Rodrigo saiu do escritório e pegou Antônio no trabalho. No caminho eles conversam um pouco sobre o dia que tiveram e ao chegar em casa já começaram a sentir falta daquele barulho.
Antônio – Essa casa fica um silencio sem o Rafa e o Arthur.
Rodrigo – Já estou com saudades das minhas tripinhas. Eles me deixam nervoso mas..
Antônio – Mas no fundo você adora.
Rodrigo – Adoro nada, sou um pai rígido, sério, energético.
Antônio – Você é um pai babão, bundão, que tenta ser sério.
Rodrigo – Falar nos garotos, hoje meu advogado me ligou, querendo marcar uma reunião.
Antônio – O que ele quer?
Rodrigo – Sei la, deve ser sobre a guarda dos garotos.
Antônio ficou apreensivo mas Rodrigo mostrou tranquilidade.
Rodrigo – Fique tranquilo, está tudo bem. O Juiz não irá aceitar o pedido do Sidney, não tem nada que justifique uma nova audiência.
Antônio – Espero que você esteja certo.
Os dois aproveitaram o último dia de casa livre e namoraram bastante, transaram e curtiram aqueles poucos momentos de paz.
No dia seguinte as crianças chegaram e já foram fazendo uma bagunça.
Sidney fez questão de levar os netos para poder cutucar o ex genro.
Sidney – Fiquei sabendo o que você fez com sua irmã.
Rodrigo – Acredito, afinal você é sempre bem informado.
Sidney – E no mais está tudo certo?
Rodrigo – Tudo na santa paz, porque? Não deveria estar?
Sidney ficou sem ter certeza se Rodrigo já sabia da audiência e estava sendo cínico. Rodrigo só ia falar a noite com o advogado pois com certeza se já soubesse teria explodido com o sogro ali mesmo no meio da sala.
Sidney – Nos vemos em breve então. Bom dia.
Antônio – Cadê meu abraço?
Antônio se ajoelhou e foi derrubado pelos garotos, beijando os dois.
Rodrigo se juntou a eles, sentando no chão.
Antônio estava um pouco carente e nem disfarçou a saudade que estava dos meninos.
Rafael – A gente também estava com saudade tio.
Arthur – Você vai cuidar da gente agora?
Antônio – Claro que vou, de você, do seu irmão, do Chico e do papai.
Antônio – O papai da um trabalho.
Arthur – Ele também fez xixi na cama?
Rodrigo ficou dando risada, os quatros estavam na maior alegria, nem imaginando os furacões que ainda viriam pela frente.
Antônio tinha conseguido o dia de folga e Rodrigo como era seu próprio chefe, se deu folga para ficar em casa com a família.
Rodrigo levou os filhos até a creche e voltou para casa. Ele ia aproveitar a tarde para fazer comprar, cuidar da casa mas ele não contava com visita inesperada que iria receber.
Antônio – Quem será essa hora?
Rodrigo abriu a porta e para surpresa de todos era Laercio, que entrou na casa sem ao menos ser convidado.
Antônio – Realmente sua cara de pau não tem limites.
Laercio – Oi Guilherme, eu estive aqui outro dia e seu irmão quase me matou.
Laercio – Mas eu te perdoo Antônio, uma pai sempre perdoa um filho, por mais que esse filho erre.
Antônio não acreditava no que ouvia, ele chegou a creditar que aquilo era uma pegadinha.
Rodrigo – O que você quer aqui?
Laercio – Eu vim...
Nesse momento a campainha voltou a tocar.
Rodrigo abriu a porta e Cris entrou junto com Bruno e Romeu.
Cris – Estou com sorte, pelo visto cheguei no momento certo.
Laercio – Guilherme, será que podemos conversar a sós, esse é assunto de família.
Rodrigo – A Cris, o Bruno e o Romeu são como se fosse da família.
Sem alternativas Laercio soltou o verbo ali mesmo.
Laercio – Guilherme, eu e sou mãe ainda éramos casados no papel. Nunca regularizamos isso.
Cris – Pena, realmente a Maria não merecia isso.
Laercio olhou com raiva mas continuou. Antônio sabia onde ele queria chegar mas deixou ele continuar com o circo.
Laercio – Eu já estou velho, estou com dificuldades.
Cris – Quer que eu te indique alguns asilos?
Laercio – Será que você pode parar de se intrometer na minha conversa com meu filho?
Cris – Nosssssa, desculpa, só quis ajudar.
Laercio – Filho, eu como marido da sua mãe, tenho direito a uma parte nessa casa.
Laercio – Você é uma pessoa instruída, tenho certeza que você não irá criar barreiras.
Antônio já estava indignado enquanto Rodrigo ainda permanecia em silencio.
Cris – Epa, epa, epa. Vou ter que interromper de novo.
Bruno – É com vocês Cris.
Cris – Sei que é um assunto de família, o digníssimo pai de vocês está falando, mas vim até aqui por que tenho um assunto sério pra falar.
Cris – No outro dia vim aqui, mas deu aquele rolo e no final o seu Laercio acabou indo embora mais rápido que um rato.
Cris – O negócio é o seguinte. Eu estou aqui pois vim tomar posse da minha nova propriedade, no caso essa casa.
Laercio – O que?
Todos olharam surpresos para Cris.
Cris – Romeu, por favor, os papeis.
Cris entregou um documento para Rodrigo, enquanto Laercio dava um piti.
Laercio – Como assim sua casa? Essa casa é da Ana, minha esposa.
Cris – Antes de morrer a Maria vendeu esse casa pra mim.
Cris – Ai no documento está a escritura do cartório, com as testemunhas.
Apesar de surpreso, Antônio abriu um sorriso. Laercio puxou o papel das mãos de Rodrigo e como não entendia nada o que estava escrito não adiantou muito.
Laercio – Se a Ana te vendeu essa casa então onde está o dinheiro? Você coagiu ela.
Cris – Ah então, eu paguei ela e estávamos vindo embora do cartório até que ela decidiu doar toda a grana para o Instituo do câncer.
Laercio – Isso é uma palhaçada.
Rodrigo – Esses papeis estão corretos.
Laercio – Isso só pode ser um golpe.
Cris – Bom, na qualidade de dona dessa casa, tenho total direito de fazer uma coisa.
Cris se aproximou de Laercio e fez o que estava morrendo de vontade.
Cris – Fora daqui!!!! Rua!!!
Sem a defesa dos filhos e diante antes que Cris pegasse uma vassoura, Laercio saiu da casa.
Cris – Ufa, mas que praga hein, pior que encosto.
Antônio – Realmente estou surpreso.
Cris – Sua mãe estava certa Antônio. Ela tinha medo que essa praga aparecesse e tentasse tirar o único bem que ela conseguiu conquistar em toda vida, uma casa pra vocês morarem.
Antônio – Essa casa não poderia ter uma dona melhor.
Cris – Seu bobinho.
Cris – Aqui estão os papeis pra transferir novamente esse imóvel pra vocês.
Cris – Agora sim, ninguém vai poder tirar o que é de vocês, nem mesmo esse homem que infelizmente é seu pai.
Rodrigo estava em silencio mas deu uma risada ao imaginar a mãe tendo toda essa astucia.
Cris – Esse envelope aqui tem um carta. A Maria queria que eu entregasse a vocês.
Rodrigo – Uma carta?
Antônio – O que tem nela?
Cris – Nem imagino, mas vindo da Maria, deve ser algo bom.
Cris – Vamos deixar vocês as sós.
Rodrigo – Eita velha porreta.
Antônio – Ei, olha o respeito.
Antônio também deu risada.
Rodrigo sentou-se ao lado dele e juntos abriram o envelope.
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Maria – Meus filhos queridos.
Maria – Quando vocês estiverem lendo essa carta não estarei mais nessa casa, cuidando de vocês.
Maria – A vida me tirou muita coisa mas aprendi não reclamar, e sim olhar pra frente e lutar pelo o que eu queria.
Maria – Essa casa é fruto de anos de trabalho e nunca imaginei que um dia iria reunir meus filhos novamente, poder ser a mãe que me impediram de ser no passado.
Maria – Que vocês façam um bom uso desse imóvel e se optarem em continuar nele que sejam muito felizes.
Maria – Tão feliz o quanto eu fui ao longo desses últimos e maravilhosos meses, apesar das dificuldades da vida.
Maria – Antônio, meu príncipe com cabelo de anjo, cuide de seu irmão e continue sendo essa fortaleza que você sempre foi.
Maria – Rodrigo, meu príncipe com olhos de esmeralda, seja a família que seu irmão sempre sonhou e merece ter.
Maria – E antes que eu me esqueça, cuide bem das duas tripinhas mais fofas e gostosas desse mundo.
Maria – Amos vocês, um beijo.
Maria – Mamãe!!
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Antônio já havia derrubado algumas lagrimas, mas não havia nada de tristeza. Rodrigo também estava muito emocionado e abraçou o irmão.
Rodrigo – Mas é uma velha porreta mesmo viu.
Antônio sorriu pra ele, limpando as lagrimas dos olhos.
Os dois até esqueceram que iam sair, com tantas novidades naquela tarde resolveram curtir a vida e juntos foram buscar os garotos na creche.
Antes de voltar pra casa foram a um parque e brincaram, correram e suaram até a bateria dos garotos acabar.
Antônio – Vocês dois parece que não cansam.
Rafael – Tio, hoje foi maior legal.
Antônio – Maior legal vai ser tirar essa craca de vocês no banho.
Arthur – Eu não vou tomar banho hoje.
Rafael – Nem eu.
Antônio – Vocês dois estão ficando dois porquinhos, desse jeito não vão arranjar namorada.
Rafael – Arranjo sim, eu sou bonito. E eu já tenho namorada.
Rodrigo – Tem é? Quem é? posso saber?
Rafael – Eu não posso falar.
Antônio chegou em casa e deu banho nos garotos enquanto Rodrigo preparava algo pra comer.
No horário marcado o advogado apareceu na casa. Rodrigo já havia até esquecido mas recebeu o homem com um sorriso no rosto.
Antônio estava com os garotos no quarto e foi para a sala quando escutou a campainha tocando.
Rodrigo – Mas afinal, o que aconteceu de tão importante.
Advogado – O juiz aceitou o pedido do Sidney e vai julgar novamente o pedido de guarda definitiva do seus filhos.
Rodrigo levantou agitado, ficando nervoso.
Rodrigo – O que? Como assim?
Rodrigo – Já sigo o acordo, os garotos vão pra casa do avô conforme foi determinado. O que mais esse velho quer?
Rodrigo – Ele pode fazer isso?
Vendo o desespero do irmão, Antônio foi se aproximando.
Advogado – Isso acontece quando surge um fato novo, algo que pode comprometer a educação dos menores.
Rodrigo – Mas que fato é esse? Não aconteceu nada, os meninos estão felizes.
Rodrigo já falava agitado e o advogado parecia um pouco constrangido.
Rodrigo – Fale!! O que essa múmia está aprontando? O que ele esta armando contra mim.
Advogado – Bom, não queria ser invasivo, mas essa situação será exposta no processo e como seu advogado...bom, não deve haver assuntos embaraçosos entres nós.
Rodrigo – Por favor, fale.
Advogado – O Sidney disse que você é homossexual. Ele alega que os garotos estão em um ambiente hostil.
Rodrigo ficou ainda mais nervoso. Todo aquele momento de felicidade que passou horas atrás com a família estava prestes a azedar.
Advogado – Veja bem Rodrigo, sua condição sexual não é um agravante para a criação dos meninos. Hoje em dia isso é algo comum e dificilmente um juiz consideraria isso relevante ainda mais você se mostrando um ótimo pai.
Rodrigo – Mas afinal então porque devo me preocupar?
Advogado – No processo consta que você possui um relacionamento com seu próprio irmão.
Advogado – Aos olhos da sociedade o incesto é algo abominável, inaceitável e condenável.
Rodrigo engoliu a seco pois entendia perfeitamente a gravidade daquela situação.
Rodrigo – Ele pode ganhar esse processo?
Advogado – Se ele comprovar tudo isso, e pelo que eu li ele tem como comprovar, acho muito difícil o juiz não dar ganho de causa pra ele.
Rodrigo – Não, não, isso não.
Antônio ouvia tudo aquilo com o coração apertado, podendo sentir o sofrimento de Rodrigo.
Rodrigo – Tem que ter um jeito. O que eu tenho que fazer? Eu não quero perder os meus filhos.
Rodrigo – Eles são meus, eu sou o pai, eu amo eles.
Advogado – Existe sim, não é uma garantia mas...
O advogado olhou para Antônio e depois para Rodrigo.
Advogado – Você precisa evitar qualquer situação que..
Rodrigo – Como???
Rodrigo já tinha entendido, mas se recusava a aceitar.
Antônio se aproximou e disse o que o advogado tentava dizer nas entrelinhas.
Antônio – A solução sou eu, não é?
Rodrigo olhou para o irmão.
Antônio – Rodrigo, a única chance de você não perder os meninos é eu sumir.
Antônio – Eu tenho que ir embora de sua vida.
Continua...