Uma geração de mulheres alfa através da História. Parte 10: Jurema

Um conto erótico de Astrogildo Kabeça
Categoria: Heterossexual
Contém 1614 palavras
Data: 19/07/2018 09:59:51
Última revisão: 19/07/2018 17:02:08

O bando de Ciriaca tocou terror entre Pernambuco e Ceará. Saquearam várias cidades e tinham uma peculiaridade: sequestravam crianças para servirem de escudo, caso se batessem com alguma volante.

No sertão do Cariri, no Ceará, encontraram uma mulher com quem Ciriaca tinha grande intimidade.

- Eita, mulher! Quanto tempo!

A mulher em questão era uma negra com pele bem escura chamada Nizinga.

- Como vai, Ciriaca? Tô doida pra correr essa caatinga de novo.

Nizinga fazia parte do bando também. Só que ela ficou por aquelas bandas seduzindo fazendeiros. Pouco tempo depois, ela roubava o que podia para acumular capital pro grupo.

Nizinga olhou Jurema de cima a baixo. Parece não ter gostado muito da presença dela.

- E essa aí? Quem é?

- Essa é Jurema. Ela era artista de circo. Tem habilidade a danada, arrematamo ela lá pelas banda da Paraíba, num sabe?

Nizinga fechou a cara. Não gostou nada de vê-la ali. Jurema percebeu. Nizinga voltou a seguir o grupo.

Além de promover saques e terror, o grupo realizava muitos bailes. Jagunços, quengas, matadores de aluguel e toda sorte de marginalizados frequentavam essas festas onde rolava a dança típica do Cangaço: o xaxado.

Em uma dessas festas Estavam Jurema, Nizinga e mais dois homens. Um era do bando, conhecido como Cara de Gato. O outro era um segurança de um coronel da região, Dente de Calango. Conversavam ao pé da fogueira, quando Nizinga e Cara de Gato começaram a se beijar. Dente de Calango tentava o mesmo com Jurema, mas ela estava arredia e não cedia. Nizinga vendo o insucesso de Dente de Calango, falou.

- Tá com medo de pica, moça? Pode deixar que Nizinga sacia esses homens todos. Se não é de nada, por que não cai fora?

Provocação pura.

Jurema iria passar uma descompostura nela, mas resolveu não baixar a cabeça.

- Não tô aqui pra ser pau mandada de ninguém.

Os homens começaram a rir, prevendo uma boa discussão.

- Se não tá pra ser pau mandada, deixa então que eu mando pau pra minha xota. E cai fora, anda!

Jurema era de uma família de desafiadoras. Não iria deixar barato.

- Até parece que você é de alguma coisa. Fodeu com um monte de rola murcha pra pegar dinheiro deles e vem dar uma de fogosa pra cima de mim.

Nizinga ficou séria. Os homens gargalharam, se preparando pra uma briga de foice entre aquelas mulheres.

- Duvido que seja mais mulher do que eu!!!

Jurema encarou Nizinga. As duas ficaram cara a cara. Jurema falou pausadamente em bom tom rente a Nizinga.

- Você não é de nada!!!!

Nizinga ficou branca. Quase suando de ódio.

- Então faz o seguinte: a primeira que deixar um dos dois sem condições nenhumas de trepá, enfia um cano de pistola no cú da outra! Vai arregar, mimadinha?

Jurema aceitou o desafio. Os homens botaram o pau pra fora e as duas caíram no boquete. Uma olhando a outra se acabando de chupar. Os caras estavam bêbados, tão cedo não iriam gozar. O barulho das chupadas era alto, pareciam se engasgarem com a babação que produziam naquela chupança. Nizinga tinha uma boca enorme e engolia o pau até a base. Jurema sugava com força, fazia Dente de Calango ter tremeliques.

As duas começaram a cavalgar seus machos. Nizinga zunhava Cara de Gato e Jurema se inclinava atirando a buceta no pau de Dente de Calango. As duas estavam disputando uma espécie de corrida de “senta em pau”.

A gemedeira começou. As duas gozavam quase que simultaneamente. Aliás a competição pedia sincronia de posições. As duas cavalgavam agora de costas pra seus comedores. Os peitos das duas balançavam no ritmo das sentadas. Uma olhando pra outra de cara feia, embora os rostos fechados por vezes cediam a uma expressão de gozo.

De quatro, os homens já não metiam com muita força. Quem estivesse de fora assistindo, apostaria num empate. Elas agilizavam a disputa.

- Mete, porra, me arromba. Seu coroinha de merda! Tá metendo em algum padre?

- Vai, Dente de Calango...Espeta pra valer, vara nessa quenga!!

Os homens recuperaram o folego e meteram mais forte, como as duas pediram. Porém, Nizinga começou a fraquejar os braços, apoiada no chão seco. Jurema estava firme, concentrada no horizonte.

As duas já estavam deitadas e os homens se esforçando ao máximo. Nizinga estava esgotada, mas Cara de Gato parecia impor um ritmo maior do que Dente de Calango, sinal que Jurema estava à frente do placar. Cara de Gato enfiava forte, Nizinga já virava o rosto insatisfeita e toda ardida. Jurema percebia que estava ganhando a partida e ria como se contassem uma leve piada. Até que Nizinga tentou se levantar e ficar com os braços apoiados, mas não teve forças. Desabou e bateu três vezes no chão. Cara de Gato mandou.

- Nizinga deu pra trás!!! A nega não aguentou, ahahahahahah...Quem era você, Nizinga, tá veia já? Ahahahah

Jurema mandou Dente de Calango se deitar e cavalgou com os braços abertos em sinal de vitória. Chamou Cara de Gato que enfiou o pau na boca da vencedora. Nizinga, puxando ar, viu sua concorrente se acabando de pular e ainda dar linguadas na cabeça da pica de Cara de Gato.

“Essa putinha tem um folego anormal. Nunca vi tanto empenho durante tanto tempo”. Pensou Nizinga, resignada pela derrota.

Cara de Gato punhetou, urrou e despejou porra na cara de Jurema. Dente de Calango estava escornado, sem comando. Era Jurema que dava as ultimas montadas. Jurema se levantou pegou no pau de Dente de Calango, botou o linguão pra fora e recebeu uma carga grossa de porra, em três fartos filetes. Cara de Gato desabou quase em cima de um cacto e Dente de Calango ficou lá estirado ao chão. Jurema se levantou e foi até Nizinga. Essa tentava ficar de quatro para que Jurema realizasse seu prêmio: enfiar o cano da pistola no anel da negra. Mas Jurema estendeu a mão e disse.

- Não preciso provar nada. Vou te ajudar a levantar, não vou enfiar o cano de pistola nesse cu imundo seu.

Nizinga olhou com a cara muito amarrada pra Jurema, vendo a mesma se distanciar andando normalmente, como se acabasse de acordar.

Durante uma emboscada que fariam a um grupo de viajantes, Ciriaca foi picada por uma cobra venenosa vindo a falecer. Como ela herdara o comando do bando de outra mulher, estava entre Nizinga e Jurema a chefia agora. Jurema era a preferida de Ciriaca, provocando a ira e ciúmes de Nizinga.

Uma noite, em mais um baile, todos se divertiam quando Jurema se distanciou para fazer alguma necessidade. Quando retornava pra festa, viu Nizinga parada a esperar.

- Vamos ver quem vai chefiar esses homens...

Nizinga tirou um facão e esperou Jurema fazer o mesmo. Jurema puxou o seu e as duas começaram a lutar. Ao ouvirem o tilintar dos metais se chocando, perceberam o que se tratava.

- Nizinga e Jurema tão lutando!!!

Todos correram e arrodearam as duas. Os homens, já bêbados, gritavam assistindo a peleja. Nizinga tinha o domínio total da arma branca, mas Jurema tinha a habilidade de se esquivar.

Em dado momento Nizinga consegui derrubar o facão de Jurema. Esta então passou a fazer de tudo pra se desviar dos golpes. Todos impressionados com as contorções de Jurema, se desviando de um golpe que poderia ser fatal. Foi então que Jurema deu um salto mortal ao ver que Nizinga deu uma rumada que provavelmente abriria seu crânio. Os homens que gritavam se calaram vendo aquela mulher saltar por cima de Nizinga, esta ficou vendo o que acontecera, sem acreditar. Ao cair no chão, Jurema acertou um pontapé que fez Nizinga se estrebuchar no chão. Jurema não a atacou e Nizinga se levantou com toda a raiva

- Vou matar você sua cadelaaaaaaaaaaaaaaaa

Todos sabem que raiva cega e o raivoso fica desprevenido. Jurema se agachou, mas viu por pouco a lamina passar rente a seus olhos. Quando Nizinga tentou enfiar o facão, Jurema segurou a mão da negra e fez um movimento que fez com que o facão atingisse em cheio a jugular de Nizinga, rasgando totalmente o pescoço de um lado a outro da oponente.

- Vai pro inferno fuder com o capeta, sua vaca!!!

O corpo de Nizinga já caiu sem vida, os olhos esbugalhados, querendo sair do corpo, como num desenho animado.

Jurema passou a comandar o bando e recebeu o apelido de “Madame Carcará”, nome de uma ave que, como diz a letra de uma música, “é um pássaro malvado, tem o bico ponteado que nem gavião”. Toda vez que chegavam a uma cidade gritavam

- É o bando de Madame Carcará!! Corre!!

Jurema engravidou de Cara de Gato, seu amante mais frequente. Quando Silvéria nasceu, o bando voltou a sequestrar crianças.

As recompensas para quem pegasse “Madame Carcará” viva ou morta começaram a circular. Fotos dela eram pregados nos postes dos maiores municípios do Nordeste. O Sargento Amaro, que comandava uma volante, conseguiu abater o último grupo de cangaceiros que ainda corriam a região, em pleno anos 40. O grupo passava por uma região de vegetação fechada no Rio Grande do Norte quando foram atacados. Sem esperar, o bando se desarticulou. Jurema tentou fugir e pegar Silvéria para correrem dali. Mas quando se aproximava da menina, ouviu-se um estampido. Silvéria viu a mãe se retesar. Outro estampido. No meio das costas. Silvéria viu o corpo da mãe, rosto assustado, cair lentamente do cavalo e desabar no chão. O bando estava todo dizimado.

As crianças foram poupadas e levadas a cidade. Quem ainda tinha pai, mãe ou responsável, foi entregue. Mas Silvéria não tinha ninguém. Ela então, com apenas dez anos, passou a mendigar e pedir esmolas pelas ruas de Mossoró, Rio Grande do Norte.

(continua)

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 2 estrelas.
Incentive Astrogilldo Kabeça a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Show de bola. Muito obrigada pelo comentário lá no meu conto. Mas eu não pretendo jamais fazer sexo com 3 homens ao mesmo tempo. É muito puxado. Cada um tem uma vontade diferente. Fiquei bem machucada e tive que esconder tudo isso da Barbie. Ela é muito sensível. E é casada. Acho que ela não toparia transar com outro homem.

0 0
Este comentário não está disponível