- O QUÊ ?! Não, mãe não rola! Uma coisa é eu provar essas roupas aqui, pra senhora fazer os ajustes. Outra é eu me expor com essas roupas para o mundo todo me ver vestido de mulher. Esquece essa hipótese.
- Eiiiiii baixe o tom que você está falando comigo e não com suas coleguinhas! E depois é muito caro pagar uma modelo ou essas blogueirinhas, que muitas vezes nem dão o resultado que a gente espera. Eu fui no SEBRAE, e fui orientada. Se eu colocar as roupas em um cabide, pendurado, e tirar umas fotos como eu havia pensado, não dá o desejo de comprar, a mulher compra quando ver outra vestida. E também eu to com aplicativo de foto aqui, eu corto do seu pescoço pra baixo.
- Mas mãe, é que...
- É que nada, você sabe muito bem que dependemos disso aqui, e a gente precisa evoluir, as coisas estão difíceis e cada dia mais caro. É a forma que eu consegui fazer pra gente poder melhorar de vida. E lhe prometo, que se as coisas melhorarem vamos viajar nas férias.
Realmente ano passado passamos por maus bocados, as encomendas diminuíram e a minha mãe já estava cogitando a voltar a trabalhar. Eu era novo, mas já tinha a noção das coisas. E só em ver minha mãe, mais alegre e querendo prosperar, eu fiquei balançado. A gente precisava daquele dinheiro que ia entrar e qualquer economia era bem vinda. Afinal era só uma roupa (como eu era bobinho, mal sabia o poder de mudança que uma roupa feminina fazia em nós). Me fiz de contrariado e aceitei.
- Tá, mas vai ser dessa vez. Se começar a entrar dinheiro a senhora separa para contratar uma modelo.
- Combinado, vou ajeitar tudo aqui, vou comprar umas luminárias, para fazer uma boa iluminação no cenário que eu to pensando. Amanhã depois que você voltar da escola almoçamos e começamos.
Não sei porque mas depois desse papo, algo começou a mudar em mim. Não sabia se era ansiosidade ou medo, tudo estava se desenhando estranho e diferente ao que era minha rotina. Toda aquela história de foto, de ir pra ir internet martelava no meu consciente, e me fazia ficar sempre pensando naquilo. Não conseguir fazer o dever direito. Jantei meio aluado, só confirmava o que a minha mãe falava, toda empolgada. E ante de dormir passei um tempo olhando para o teto. Era nervoso, era medo, era ansiosidade. Adormeci...
“Acordo de repente, levantando e olhando para o canto, e vejo meu quarto rosa, paredes, cortinas, móveis e até os tapetes. Meu armário, um monte de vestidos, saias, blusinhas, alguns acessórios, maquiagens. Olho ao lado e vejo bonecas em cima de prateleiras junto com pôster do Justin Bieber e de Caio Castro. Minha Mochila no canto era uma mochila RipCurl com detalhes rosas e roxo, meu caderno em cima da mesa da Mulher Maravilha e meu estojo rosa com desenho de um cachorrinho. Comecei a me desesperar.
- Mas era só amanhã? Será que eu me tornei uma menina de verdade – Pensava
- Nãoo pode ser! O que vão pensar de mim na escola, na rua, no bairro, aiiiinn!!
Olhei no espelho. Eu estava com uma camisola semi transparente preta, com babados e dava para ver que eu estava de lingerie. Comecei a me desesperar, ajoelhei comecei a chorar com a cabeça escorada no chão e em prantos foi quando uma mão me tocou e ...”
- Acordaaa Marcelo. Você não é de se atrasar! – Era minha mãe me sacudindo tentando me acordar.
Estava sonolento, assustado e tentando me tocar para o que estava acontecendo, olhei rápido ao redor, vi que tudo estava normal. Olhei pra minha roupa e confirmei, era só um sonho.
- Filho! Está tudo bem? Parece que teve um pesadelo!
- Não, mãe está tudo bem. Vou me trocar e tomar café.
Estava um pouco confuso. Fui para o banheiro mas antes dei uma olhada e conferir mais uma vez se era meu quarto. Tomei meu banho e meu café. Fui pra escola. Confesso que foi o dia mais longo na escola. Toda hora eu me pegava, lembrando do sonho ou me lembrava do que ia acontecer mais tarde. Minha mão as vezes tremia, meu coração palpitava eu estava deixando aquilo tudo me vencer. No caminho pra casa. Eu tentava mentalizar que era só aquela vez e que afinal eram só roupas.
Cheguei em casa, e já percebi a empolgação da minha mãe.
- Vamos almoçar que temos muito o que fazer essa tarde.
Realmente tinha mesmo, fomos comer e durante o almoço minha mãe comentou que tinha saído e comprado umas luzes e um tecido enorme branco para servir de cenário. Chegando no ateliê onde ia acontecer a sessão de fotos, os looks estavam todos em uma arara e na frente tinha o pano enorme branco para cobrir a parede e um monte de luzes de luminárias em volta. Colocou um vaso com uma planta até bonita, acho que era para compor o cenário. Estava tudo pronto podíamos começar. O primeiro look era um vestido amarelinho florido, com detalhes de rendas no busto e uma sainha balonê, vesti logo depois um outro vestido dessa vez tubinho e com detalhes rosas cortando, ambos eram muito curtos. Eu estava me sentindo estranho com as pernas praticamente de fora, mas sei lá eu acho que estava gostando. Tirei algumas fotos, tentando imitar as poses que minha mãe mandava eu fazer. Paramos para um breve lanche. Nesse intervalo, minha mãe tinha enviado as fotos para Coach do Sebrae que estava assessorando tudo. Foi quando minha mãe volta meio desconfiada.
- Temos um problema, A Soraya, a Coach do Sebrae não gostou das fotos, ela falou que sem o rosto não passa credibilidade, que fica ruim postar as fotos assim. Vai ser preciso que mostre o seu rosto.
Na hora cuspi o café longe, virei pra ela assustado e disse
- E agora, mãe?
- Agora vou ter que fazer uma mega produção em você para te tornar o mais feminino possível pras essas fotos.
Por essa Marcelo não esperava. O que vocês acham que vão rolar nos próximos capítulos não perca!
Gente nos comentários do ultimo texto, foi mencionado que essa história parecia com uma tirada de uma Blog, realmente a ideia foi pensada e baseada ali, como no blog a história não continuou eu estou adaptando e colocando algumas particularidades e contando a história do meu jeito (espero que a autora não fique brava comigo), queria somente dar continuidade a belíssima história. Espero que estejam gostando. Estarei lendo sempre os comentários de vocês.
