Amor e Sexo sem Fronteiras - Final
Durante a primeira semana após o regresso das férias, recebi uma vídeo-chamada do Simon. Eu estava voltando do almoço quando ouvi a notificação no meu computador. Aquela não estava sendo uma semana fácil, pensei com meus botões.
- Oi Diego! Tudo bem, cara? Eu já liguei antes e sua secretária me disse que você estava de férias. – aquele sorriso amistoso e, a energia que ele era capaz de passar mesmo através de uma simples imagem me desarmou.
- Oi Simon! Tudo legal, e como você está? O que faz acordado a essa hora da madrugada? – indaguei, pois ele estava treze horas a frente do horário brasileiro.
- Melhor agora! – respondeu, dando uma piscadela.
- O que mandas? Não vi nenhum recado de que havia assuntos a tratar com vocês. – disse, me referindo aos costumeiros contatos que as secretárias faziam para agendar a pauta e o horário das videoconferências com as outras filiais.
- Eu queria me desculpar pelo papelão que fiz em Nova Iorque. Lamento ter me comportado como um imbecil. Peço mil desculpas e, por favor, não fique magoado comigo. – sua fisionomia ficou séria de repente.
- Esqueça isso, eu já esqueci. – respondi.
- Não consigo! Você deve ter ficado com uma péssima impressão a meu respeito. Mas, eu garanto que não sou assim. – continuou.
- Simon, eu estou na empresa, lembra? Acho que não é oportuno termos essa conversa através dos computadores da empresa. – retorqui cauteloso.
- É verdade! Passe-me seus dados, quero me explicar e ter certeza que me perdoará.
- Não tenho do que perdoá-lo! – mesmo assim passei meu e-mail e combinamos um horário para uma vídeo-chamada no dia seguinte, que era um sábado e eu podia conversar mais a vontade de minha casa.
- Combinado! Só mais uma coisa, por onde andou nas suas férias? – parecia que ele já sabia a resposta e, eu hesitei antes de responder.
- Fui conhecer a costa oeste dos Estados Unidos. – respondi.
- Com o Ross? – eu sabia que era nisso que ele queria chegar.
- Sim.
- E como vocês estão? Pelo visto a coisa vai de vento em popa. – arriscou.
- Amanhã nos falamos então, Ok? Abração!
- Abração! Ele não te merece! – a ligação se encerrou antes de eu responder qualquer coisa.
Passava da meia noite quando subi para o meu quarto e fui conversar com o Simon, conforme havíamos combinado na véspera. Foi a primeira vez que o vi trajado mais descontraidamente, sem aqueles ternos sisudos que éramos obrigados a usar no dia-a-dia, mas que mesmo assim lhe caíam muito bem. Não pude deixar de notar aquele peito largo e vigoroso deliciosamente forrado de pelos que desciam até seu abdômen. Já havíamos trocado algumas frases quando ele repentinamente voltou ao assunto do Ross.
- E por onde anda o Ross que te deixou sozinho em pleno sábado há essa hora? Se fosse comigo eu estava cuidando do que é meu! – disse, estampando uma cara safada na tela.
- Não existe Ross e eu! – devolvi
- Como assim? Ele parecia um cão de guarda durante a conferência da empresa. Não tirava aquele olhar de proprietário de cima de você.
- Impressão sua! – eu não estava querendo ter essa conversa. Primeiro por que me lembrava de uma situação que ainda mexia comigo e, segundo, por que tinha receio de que isso chegasse aos ouvidos de alguém na empresa.
- Você ficou triste! Eu sei que não causei a melhor das impressões quando nos conhecemos, mas quero muito ser seu amigo. O que aquele babaca aprontou com você? Eu já o conhecia de um encontro anterior, na conferência passada, e não gostei dele. Vou te confessar uma coisa. Eu fui para essa conferência cheio de expectativas com relação a você. Terminei um namoro com uma garota, que só estava servindo para preencher minhas necessidades, depois daqueles dois casos que mencionei durante o coquetel de confraternização, uns meses antes de ir te conhecer pessoalmente. Fiquei fascinado quando participamos da primeira videoconferência juntos. Mesmo com mais de treze mil quilômetros nos separando eu jurei a mim mesmo que você seria meu algum dia. Investi todas as minhas expectativas naquela oportunidade em Nova Iorque e, por ironia do destino, pus tudo a perder quando te vi com aquele boçal. Acabei bebendo mais do que devia para criar coragem para te confessar meus sentimentos e deu no que deu, você acabou nos braços dele. – confessou.
- Simon, nem sei o que dizer! Você é um maluco. Vamos esquecer isso tudo. E, não se martirize. Não existe mais absolutamente nada entre o Ross e eu. Aliás, existe sim! Estamos em pé de guerra dentro da empresa. A coisa está tão chata que estou pensando em pedir demissão. Não consigo mais trabalhar com ele. – afirmei.
- Não faça uma bobagem dessas! Se as coisas estão nesse pé, vou te abrir uma coisa que você vai jurar não comentar com ninguém. – precisei rir, pois ele olhou para os lados como que para se certificar que ninguém pudesse ouvi-lo, muito embora estivesse em sua própria casa e tudo que eu podia ver a câmera captando no ambiente era o rhodesian ridgeback dele tirando uma soneca num tapete próximo ao Simon.
- Diga lá, juro que fico de boca calada!
- Estão querendo te trazer para cá num cargo de diretoria. Nosso diretor de novos negócios pediu demissão e, estão cogitando esta vaga para você. Depois da apresentação do seu projeto durante a conferência bienal, fiquei sabendo que há algumas filiais de olho em você. Nosso superintendente é um deles. – afirmou
- Ainda não tenho os cinco anos de casa como exigem os estatutos da empresa para ocupar um cargo de diretoria. – mencionei
- Gordon, nosso superintendente regional está esta semana em Nova Iorque. Entre outros assuntos, ele foi tratar com o Austin dessa questão. Portanto, não faça nenhuma bobagem, espere que, vem novidade por aí.
- Nossa! Que tijolada! Isso seria uma reviravolta e tanto na minha vida. Nem sei o que pensar. – balbuciei, vendo abrir-se um mundo novo bem diante dos meus olhos.
- Algo me diz que na minha também! – exclamou com um sorriso malandro.
Não sei se motivado pelo segredo que o Simon me revelara ou se pela minha total falta de paciência em lidar com aquela face perversa do caráter do Ross, o fato é que meus dias na empresa estavam se tornando cada vez mais insuportáveis. No final do expediente, que para mim sempre terminava muito além do horário normal, ao entrar no carro eu tinha a impressão de ter acabado de travar uma batalha. Não fosse o estímulo da minha equipe, sempre de alto astral apesar daqueles tempos difíceis e, do incentivo da diretoria que via em mim uma promessa da filial brasileira se destacar entre as demais, eu já teria deixado a empresa a procura de dias mais amenos.
A ligação do superintendente para a América Latina diretamente para a minha sala pegou-me de surpresa durante uma reunião com a minha equipe para realinharmos algumas questões.
- Bom dia Diego! Tem como você subir aqui dentro de meia hora? – inquiriu ele, com sua indefectível voz de barítono.
- Claro, Henrique! Precisa que eu leve alguns dados ou informações?
- Não, não! Sua presença é o suficiente. Te espero dentro em pouco.
Para meu espanto a cúpula da diretoria me aguardava numa conversa animada no saguão que antecedia a sala do superintendente. Entre eles estava o Gordon, destacando-se com seu porte quase uma cabeça acima dos demais. Meu coração começou a palpitar acelerado. Será que a revelação do Simon tinha algo haver com essa reunião? Cumprimentei-os a todos antes de adentrarmos a sala do superintendente. Vi a Lourdes lançando-me um daqueles seus olhares amistosos acompanhado de uma piscadela discreta e de um esboço de sorriso nos lábios antes da porta ser fechada.
- Bem Diego! Desta vez perdi a batalha para o meu amigo Gordon. – começou o Henrique, em inglês onde sua voz ganhava ainda mais ressonância. – Recebi um e-mail esta manhã diretamente do Austin, autorizando a sua nomeação para um cargo de diretoria bem como a sua transferência para Sidney dentro de quatro semanas, se você resolver aceitar a proposta. – completou, um pouco decepcionado.
- Isso é que é ser pego de calças curtas! – exclamei demonstrando surpresa, para que tivessem a certeza de que eu não sabia de nada. Todos deram uma risadinha. – Sempre gostei de trabalhar com você Henrique, muito do que aprendi devo a você. Mas, sem dúvida a proposta é tentadora e irrecusável! – exclamei.
- Você é um talento, Diego! Confesso que eu já contava com a sua perda. Só não imaginei que fosse tão rápido e para outra filial, pois eu tinha como certa a sua ida para a matriz da empresa. Mas, essa vingança eu deixarei para provar quando o Gordon tiver que abrir mão de você. – disse brincando e provocando o australiano, enquanto dava uns tapinhas em seus ombros.
- Não seja tão rancoroso! – revidou o Gordon. – Não estou te roubando nada! Encare isso como um reconhecimento por sua capacidade de agregar talentos. – completou, amenizando. E, dirigindo-se a mim emendou – Após sua chegada a Sidney você terá um mês para providenciar os detalhes da sua mudança, para que possa escolher com calma onde morar e se instalar. Enquanto isso, providenciaremos um carro da empresa e todos aqueles trâmites com a documentação e tudo mais. Vou deixar uma pessoa a sua disposição para te ajudar com a escolha da moradia, uma vez que você não conhece nada por lá.
- Fico muito grato pela oportunidade e por tudo que está fazendo por mim. – devolvi.
- Sei que vamos nos dar muito bem! Pude constatar todo seu potencial durante a última conferência em Nova Iorque.
Quando voltei para a minha sala tive a impressão de que todos já sabiam do teor daquela conversa da qual eu tinha acabado de sair. As notícias se espalhavam pela empresa com a mesma ligeireza de um rastilho de pólvora e, tinham, muitas vezes, o mesmo poder que este ao atingir seu fim, uma detonação capaz de mexer com muita gente. Algo me dizia que desta vez o estopim tinha sido a Lourdes, como toda secretária, ela tinha dificuldade de manter em segredo as preciosidades que lhe caíam nas mãos. Primeiro fiquei uns instantes sozinho trancado na minha sala, eu próprio queria desfrutar daquela boa notícia. Depois, fiz uma ligação para cada um dos meus pais, dando a boa nova e recebendo com alegria as felicitações carinhosas que me desejaram. Em seguida, inspirei fundo e fui encarar minha equipe. Houve choros, abraços efusivos, cumprimentos emocionados e, um quê de incertezas quanto a quem me substituiria. Combinei com eles uma happy-hour para depois do expediente e constatei com satisfação que ninguém havia se furtado a comparecer.
Pouco antes do final do expediente, o Ross adentrou minha sala e trancou a porta atrás de si. Sua cara não era das melhores e, por um instante, temi pela minha integridade física. Eu bem sabia como aquele sujeito podia ser truculento quando perdia uma batalha, e desta vez ele perdera a guerra.
- Parabéns! – grunhiu, embora não fosse isso que queria expressar.
- Obrigado!
- Então finalmente o Simon vai conseguir comer o seu cuzinho! Ele passou todos aqueles dias lá em Nova Iorque farejando atrás de você como se você fosse uma cadela no cio. Agora é só uma questão de semanas para ele arregaçar suas pregas. Parabéns aos dois! – enquanto rosnava as palavras, seu olhar ia se injetando de raiva.
- Não seja vulgar! Eu nunca te dei motivo para se referir a mim nesses termos! Se você tivesse um pingo de decência e respeito, pelo que tivemos juntos, não falaria desse jeito comigo. – repreendi.
- Sabe o que eu aprendi com o Brad e com você? Que apesar de serem veados vocês querem determinar as regras de uma relação. Não é hilário? Precisam de um macho, mas querem ser machões! – exclamou.
- Que conversa sem sentido! Você é que acha que o fato de ter essa pica enorme entre as pernas e ser o ativo na relação te dá o direito de fazer o que bem entende, mesmo que, além de subjugar, você humilhe e, no fundo, sinta um enorme desprezo por quem está deitado debaixo de você te dando todo o amor e dedicação. Torno a repetir, eu não vou me prestar a esse papel, nem com você nem com ninguém. Ser passivo na cama não significa ser submisso e se anular como pessoa diante de seu macho. Como você, muita gente pensa assim. Tanto que se acham no direito de agredir física e psicologicamente suas mulheres, os homossexuais que encontram nas ruas ou qualquer pessoa que demonstre sua sensibilidade. – respondi.
- Belo discurso! Pouco eficaz, com certeza! Mas, se você acha que com ele vai mudar o mundo, pode continuar se iludindo. – disse com desprezo.
- Não quero mudar nada! Eu só gostaria de ter mudado você. Bastar-me-ia ter transformado o homem que amei numa pessoa melhor. No entanto, fui um fracasso total nessa missão. Nunca troquei uma única palavra com o Brad, mas acho que ele também tentou fazer isso com você. Não por conveniência, mas por amor. Coitado, acabou tão ou mais ferido do que eu. – pela primeira vez o rosto do Ross se transfigurou. Eu vi aquela arrogância desaparecer à medida que minhas palavras ecoavam e algo se instalar em seus pensamentos.
- Você vai mesmo aceitar a proposta do Gordon? – perguntou, embora o que desejasse saber era o que formulou em seguida. – Você vai mesmo me deixar, definitivamente?
- A proposta do Gordon é irrecusável! É o futuro da minha carreira. Talvez minha decisão tivesse sido outra se você tivesse retribuído todo o amor que eu senti por você. – afirmei, sentindo a emoção tomar conta de mim.
- Perdão! – quase não consegui ouvi-lo pronunciar, antes de ele me abraçar com força. Ao se virar e tomar a direção da porta pude ver a umidade cintilando em seus olhos. Eu tinha certeza de que aquele sentimento que estava em meu coração não era mais amor, mas eu ainda gostava dele.
- Desejo que você ainda seja muito feliz! – exclamei, antes que a porta se fechasse após a passagem dele.
Meus pais me levaram até Cumbica, naquela manhã de sábado de trânsito intenso, o que me deixou ainda mais estressado temendo perder o voo. Apesar de já ter enviado há algumas semanas meio container de coisas para o endereço do Simon, eu ainda estava com muita bagagem. O Simon tinha me convidado a ficar na casa dele enquanto não encontrasse onde morar e, me convencido a dispensar o hotel que a empresa colocara à minha disposição para esse mesmo fim. Foi aí que descobri que o Simon podia ser um cara muito persuasivo. Os preparativos para a viagem tinham me deixado muito ansioso. A despedida dos amigos, as inúmeras idas ao consulado australiano atrás da regulamentação dos meus documentos e, creio eu, a própria incerteza pelo desconhecido tinham me transformado numa pilha de nervos. O voo da Latam até Santiago no Chile, minha única escala, já estava apontado no painel. O simples fato de olhar para aquelas letras iluminadas fez meu coração acelerar. Eu já havia feito inúmeros voos internacionais e nunca me senti tão abalado como desta vez. Havia muita coisa em jogo, mas eu não era um sujeito afeito a perder o controle por qualquer coisinha. Alçamos voo sob uma garoa repentina que logo fez desaparecer as ruas e o casario lá embaixo. Ao contrário do que aconteceu ao pousarmos em Santiago, com um atraso de meia hora, sob um sol dourado de inverno salpicando o Pacífico de um azul escuro com pequenos pontos dourados refletindo no agite da superfície. O voo QF28 da Qantas saiu de Santiago, rumo a Sidney, no horário previsto no início da tarde do dia seguinte, numa viagem de quase quinze horas. A grande diferença no fuso horário, as infindáveis horas de voo, a escala em Santiago e o tumulto a ser enfrentado nos aeroportos me fizeram chegar a Sidney atordoado e exausto. Foi um alívio encontrar o rosto risonho do Simon me esperando no portão de desembarque. Lembro-me até hoje da expressividade de seu olhar naquela tarde, próximo ao por do sol, de uma segunda-feira invernal. Havia um brilho úmido e cheio de esperança nele, apesar do sorriso franco que seus lábios desenhavam. Seu peito estava quente e, mergulhar nele como se eu fosse um animal me alojando na toca segura e receptiva, fez meu corpo esquecer o cansaço da viagem.
- Fugiu do trabalho mais cedo? Ou vocês têm um expediente mais curto do que o nosso deste lado do mundo? – brinquei, um pouco constrangido com o beijo efusivo que ele conseguiu pousar no canto da minha boca, diante da multidão que aguardava o desembarque de passageiros do meu voo.
- Eu prometi que estaria a sua espera, não prometi? – retrucou, sem permitir que eu me desvencilhasse de seu abraço ursídeo.
- Obrigado Simon! É muito bom reencontrá-lo. Você está ótimo! – arrependi-me logo que pronunciei a última frase, pois aos meus próprios ouvidos ela soou um pouco atrevida e carregada de um sentido dúbio. Por isso, me apressei a acrescentar – com esse bronzeado que parece nunca desaparecer de sua pele!
- São as vantagens de se morar junto ao mar! Mas, quem está ótimo como sempre é você! – retribuiu e, nessa sentença estava intencionalmente embutido um duplo sentido que ele queria expressar.
- Chega de conversa fiada! Estou quase morto de cansaço e varado de fome, me mostre o que a sua cidade tem de bom. – disse, procurando dar outro rumo àquele diálogo que estava começando a ficar embaraçoso.
- Claro, claro! Vamos sair dessa confusão. Vou leva-lo diretamente para casa. Eu mesmo preparei nosso jantar. A cidade eu vou te mostrar depois, com tempo e quando você não estiver mais com essa cara amassada. – disse rindo e, deslizando sua mão pelo meu rosto que ficou imediatamente corado com essa intimidade à qual eu não estava habituado com um quase estranho.
- O que você queria? Para quem saiu no sábado de sua casa e está chegando ao anoitecer de segunda-feira ao seu destino, não se pode exigir uma cara melhor do que esta. – observei.
- Só estou te provocando! Sua cara está linda como sempre! – exclamou descaradamente.
- Deixa de zoar comigo, estou extenuado demais para isso. – respondi. Eu não esperava outra coisa dele, pois suas intenções para comigo ficaram mais do que explícitas desde que nos conhecemos pessoalmente em Nova Iorque. Mas, eu precisava de um tempo para conhecê-lo melhor, pois temia entrar em outra canoa furada.
Com o trânsito se intensificando no final de tarde, levamos cerca de uma hora até chegarmos a Mosman, o bairro onde o Simon mora, há mais ou menos oito quilômetros a nordeste do centro comercial e financeiro de Sidney. As luzes das ruas e do comércio ao longo delas iam se acendendo mais ou menos ao mesmo tempo em que as percorríamos, o que dava a sensação de estarem iluminando o caminho para a nossa passagem. Havia um cheiro marítimo dominando o ar, trazido junto com a brisa que soprava fria do mar. Paramos diante de uma casa na Readen Street, no estilo de um bangalô moderno, toda pintada de branco com um telhado grafite de inúmeras águas que se debruça numa encosta com vista para a idílica praia de Balmoral algumas quadras abaixo. Apaixonei-me pela vista assim que desci do carro. Além da enseada percorrida por um calçadão, via-se além da baía, a cúpula do farol de Hornby, situado no alto do promontório da península de Watson’s Bay, toda acessa e lançando seu facho sobre as águas na entrada sul do porto de Sidney. As últimas gaivotas ainda percorriam o céu, que se apagava aos poucos, rumo aos abrigos onde passariam a noite.
- Estou encantado, Simon! É uma das paisagens mais lindas que já vi! – exclamei exaltado.
- É toda sua! Você vai poder aproveitá-la todos os dias da varanda nos fundos da casa. – disse ele, contente por eu ter gostado do lugar. E, talvez contando que ela podia ser parte de seus argumentos para me manter ali.
Assim que o carro entrou na garagem dava para ouvir os latidos potentes do rhodesian ridgeback que eu tinha visto na vídeo-chamada. Ao destrancar a porta ele saltou sobre o Simon numa alegria fiel, me encarou com seus olhos castanhos levemente caramelados e quis rosnar, mas desistiu quando ouviu a voz do dono.
- Barry este é o Diego! Diego, este é o Barry!
- Oi Barry, malandrão! – ele simplesmente me ignorou.
A casa é espaçosa e com amplos cômodos muito claros que dão uma sensação de aconchego. O ar cheirava a grama ou capim recém cortados, acrescentando frescor à brisa do mar que fazia o cortinado leve e transparente esvoaçar diante dos janelões.
- Deixe suas coisas por aí! Depois as levamos para o quarto. Quero te mostrar a casa e começar a fazer o nosso jantar, uma vez que você disse que está varado de fome. – disse o Simon, vindo me abraçar mais uma vez. – Você não faz ideia de como estou contente por você estar aqui. – emendou sem me soltar.
- Também estou feliz por estar em Sidney! Estou cheio de esperanças de consolidar minha carreira aqui. E, também, por você fazer parte dessa nova etapa da minha vida. – afirmei.
- Não quero te assustar com a minha objetividade, mas eu não me referia a sua carreira. Meu contentamento tem haver com o fato de eu querer você para mim. Quem manda ser tão sedutor até por videoconferência? Você disse que se encantou com a paisagem agora a pouco, e eu me encantei por você desde a primeira vez que o vi. – revelou, me deixando sem graça.
- Não seja exagerado! – protestei com um sorriso. Ele riu.
Dormi feito uma pedra tão logo minha cabeça se afundou no travesseiro e só fui acordar no dia seguinte. A casa estava imersa no silêncio. Lembrei-me que era um dia útil da semana e que o Simon já devia estar na empresa. Consultei o relógio, faltava pouco para o meio dia. Eu havia dormido por quinze horas consecutivas, não admira que estivesse me sentindo tão atordoado. Saí do quarto de pijama e tudo, trotando rumo à cozinha. Eu sabia que o Simon não estaria lá, mas mesmo assim fui conferir. Ao passar pela sala acordei o Barry que estava encaracolado sobre uma manta num canto do sofá. Ele tornou a me encarar e passou a acompanhar com o olhar cada passo ou movimento que eu fazia, como que dizendo – estou de olho em você. Na cozinha a mesa estava posta para o café e havia um bilhete do Simon – Sinta-se em casa! O que estiver faltando na mesa está na geladeira. Há anos moro sozinho, mas nunca aprendi a fazer um café descente, portanto, não se espante com o que deixei pronto. Vemo-nos no final da tarde. Beijo grande!! (PS: Que eu adoraria ter dado pessoalmente). Esbocei um sorriso e me senti acolhido com esse gesto delicado dele.
- Esse seu dono é uma figura! Não perde tempo. Pelo ritmo que as coisas vão, antes do final desta semana ele vai acabar comendo meu cuzinho. – disse, dirigindo-me ao Barry que não desgrudava de mim aquele olhar vigilante, ora enrugando a testa, ora erguendo um pouco a cabeça e movimentando-a de um lado para o outro.
- Esse cara deve estar falando comigo! Espera lá, o que ele está fuçando na geladeira?
- Uma vez que você não tira esse olhar questionador de cima de mim, o que me diz dessa fatia de presunto? – questionei, fazendo um rolinho com uma fatia e oferecendo-a ao Barry, que imediatamente pulou do sofá e veio abocanhá-la. – Vejo que suas convicções são inquebrantáveis, um cão de princípios! – exclamei. Ele só me encarou.
- Qual é a desse cara? Se ele pensa que vai me comprar com uma única fatia de presunto, está redondamente enganado!
- Já que você é tão vigilante, podia me contar um pouco sobre a vida do seu dono. Você deve ter conhecido os dois namorados e a última namorada dele? Sabe me dizer se moraram com ele? Por que o relacionamento terminou? – perguntei, encarando aquela cara sentada ao lado da minha cadeira me dizendo que uma fatia era pouco para sua voracidade.
- Iiihh! Au, au, au! Que idioma é esse que o cara está falando agora? Parece que ele está querendo saber alguma coisa. Que me importa, estou mais interessado nessa fatia que ele está enrolando, deve ser para mim!
- Calma lá! Tudo isso é fome, seu malandrão? Os dedos me pertencem, não estou a fim de perdê-los! – exclamei, diante da abocanhada gulosa. – Você acompanhou cada passo dos namorados do Simon, sabe me dizer se ele era muito apaixonado por eles? Como eles eram? A namorada não me interessa muito, pois o próprio Simon me disse que estava só passando um tempo com ela. Ele chegou a terminar com ela antes de ir me conhecer pessoalmente em Nova Iorque, sinal de que a coisa não devia ser muito séria. Conhecendo o pouco que conheço do seu dono, o safado devia estar com ela para ter onde enfiar a jeba.
- Eu gostaria de saber o que esse sujeito estranho tem tanto para conversar comigo! Parece maluco!
Um sol pálido de inverno brilhava lá fora, eu tinha a tarde toda pela frente. Embora só me aguardassem dali a quatro semanas na empresa, resolvi que iria até lá mais tarde para dizer que havia chegado bem e me apresentar ao Gordon. Faria uma horinha por lá e, voltaria com o Simon no final do expediente.
- Você podia me apresentar as redondezas! O que acha de darmos uma volta? Podemos descer até o calçadão da praia. Em algum canto por aqui deve ter uma guia para você passear comigo. Ah! Aqui está! Vamos lá, malandrão? – bastou eu encontrar a guia e o Barry estava enroscado nas minhas pernas, agitado e ansioso.
- Acho que vou me dar bem com esse cara! Presunto, passeio, bem diferente dos outros que mal olhavam na minha cara.
Comecei descendo a encosta pela Balmoral Avenue e depois a Raglan Street em meio às suntuosas residências até chegar à praia. O Barry parecia conhecer o caminho de cor, pois seguia um pouco à minha frente, preso à guia, parando aqui e acolá para cheirar o trajeto e demarcar sua passagem. Eu havia me munido de alguns sacos plásticos para recolher o número dois dele, mas até o momento eles continuavam no bolso da minha bermuda. Certifiquei-me de checar a placa onde se lia Balmoral Reserve bem na entrada no calçadão se não havia restrições ao trânsito de cães. Os dois latidos do Barry pareciam dizer, a barra está limpa, anda logo! Havia poucas pessoas andando pelo calçadão, alguns casais de idosos, uma ou outra dupla de mulheres fazendo jogging, uma mãe empurrando um carrinho de bebe seguindo um garotinho que tentava se equilibrar sobre sua bicicletinha ainda sustentada por rodinhas auxiliares. A brisa amena estava um pouco fria e eu fiquei satisfeito por ter vestido um moleton sobre a camiseta. O passeio durou umas duas horas e meia. Tanto o Barry quanto eu chegamos em casa ofegantes pela subida da encosta. Ele foi direto para o canto na cozinha onde ficava seu pote de água e comida, enquanto eu me enfiei debaixo da ducha para me preparar para ir à empresa.
- Santo Deus, o que faz aqui? Eu só o esperava daqui a quatro semanas! – exclamou o Gordon, saindo de sua sala tão prontamente quanto o tempo que a secretária levou para me anunciar.
- Boa tarde, Gordon! Vim dizer que cheguei bem e, te agradecer mais uma vez pela oportunidade que está me dando. – retruquei, encabulado pelo abraço efusivo que ele me deu diante dos olhares curiosos de seu pessoal.
- Sei que fiz um bom negócio trazendo você para se juntar a nós. Disseram-me que você dispensou o hotel que estava reservado. Onde está alojado? – perguntou curioso. Fiquei um pouco constrangido em responder, pois não sabia se o Simon havia feito algum comentário a respeito e, principalmente, por que sabia que ele costumava ser muito aberto sobre suas conquistas sexuais. Naquele momento, não sei por que, eu me senti uma delas.
- O Simon teve a gentileza de me hospedar por um tempo até que eu encontre um lugar definitivo. – respondi, num tom de voz bastante reservado, pois não queria que as pessoas em volta ouvissem e começassem a tirar suas conclusões.
- Ótimo, ótimo! Aliás, Margareth, como está essa questão com a imobiliária? – retrucou ele. A secretária assegurou que tudo estava em ordem. – E o carro, você já verificou isso também? – emendou ele. Ela voltou a assentir e, depois ter se dirigido até sua mesa, voltou com um envelope e o entregou a mim.
- É a papelada para o senhor ir retirar o carro na concessionária. Ficou em aberto apenas a cor e alguns acessórios que poderão ser os da sua preferência. – disse ela, orgulhosa de sua eficiência.
- Obrigado, Margareth! É muita gentileza sua.
- Vamos dar uma volta! Vou aproveitar que está aqui e apresenta-lo a algumas pessoas, depois, quando você efetivamente começar, terá tempo de conhecer a todos. – disse o Gordon, apoiando seu braço pesado sobre meus ombros e me ciceroneando pelos corredores e departamentos.
Propositalmente o Gordon deixou o departamento do Simon para o final da turnê. Ele veio me recepcionar surpreso com minha presença, mas fez questão de me mostrar seus projetos e me apresentar a seu pessoal. O Gordon nos deixou, não sem antes repetir um de seus abraços.
- Como foi seu dia? Não esperava te ver por aqui. – disse o Simon, assim que ficamos a sós.
- Foi ótimo! Obrigado pelo café da manhã! Até tive tempo de dar uma caminhada pelo calçadão da praia com o Barry. – esclareci.
- Bondade sua agradecer por aquele café! – exclamou rindo. – Posso te garantir que você conseguiu uma façanha, o Barry não costuma ser muito amigável com estranhos. – acrescentou.
- Creio que ele se rendeu ao suborno de duas fatias de presunto. – retruquei, sorrindo.
- Que bom que você veio, a caminho de casa, vou leva-lo para jantar num lugar incrível! – revidou.
Nas semanas seguintes eu agendava com o corretor da imobiliária para ir ver os imóveis que ele havia reservado e, a pedido do Simon, aos sábados, ele voltava comigo àqueles que eu havia escolhido. Invariavelmente para todos ele encontrava um defeito. Ora era o bairro que podia ser melhor, depois era a rua que tinha movimento demais, depois era o imóvel que estava cheio de falhas que ele apontava esmiuçando cada pequeno e insignificante detalhe.
- Desse jeito não vou encontrar nunca nada que seja bom! – exclamei, diante de mais um dos imóveis que ele recusara, mas que eu tinha achado maravilhoso.
- Por que você não fica morando comigo? A menos que minha companhia não o agrade.
- Claro que não, Simon! Não é nada disso. Você é um ótimo anfitrião, não tenho queixa alguma. Mas, eu preciso ter o meu próprio canto. Já dispensei o hotel que a empresa havia posto a minha disposição, não posso recusar mais isso, o que vão pensar? – respondi.
- Que interessa a opinião dos outros? Você não deve explicações de sua vida particular! – exclamou ele.
- Além do que, você tem sua vida, seus interesses, morar com você vai tirar sua liberdade dentro de sua própria casa. – argumentei.
- Estas semanas que você está comigo estão maravilhosas. E, atualmente, todos os meus interesses estão concentrados em você, você sabe disso!
- Você é um ótimo sujeito, Simon. No entanto, você sabe que eu acabo de sair de um relacionamento, ou quase relacionamento, pois não acho que algumas semanas de intimidade com o Ross possam ser chamadas de uma relação. Em todo caso, sentir essa avidez sua está me assustando um pouco. Confesso que não estou pronto para me envolver com alguém agora que tanta coisa está mudando na minha vida. – afirmei sincero.
- Aquele cretino deve ter te magoado muito para você ainda estar assim abalado. Eu juro que não vou te pressionar. Fique aqui comigo! Prometo esperar o tempo que for, mas não se mude. – pediu.
- E, se chegarmos à conclusão de que nunca haverá algo entre nós? Como faremos? Não quero perder sua amizade! – retorqui, sem saber como convencê-lo.
- Isso não vai acontecer! Eu tenho certeza de que muito antes do que você imagina, vai estar caidinho por mim! – exclamou, dando um daqueles seus risinhos petulantes e maliciosos.
- Convencido! Eu não teria tanta certeza disso! – respondi.
- Olhe bem nos meus olhos. Eu te garanto que um dia, quando você estiver olhando desse mesmo jeito para mim, aí dentro, estará pulsando um amor tão grande que vai te fazer sentir a pessoa mais feliz desse mundo. – ele disse isso pausadamente, sem desviar o olhar do meu e, eu senti um estremecimento tomando conta de mim. Era assustador e, ao mesmo tempo, aquilo que eu mais desejava na vida. Eu não soube o que responder.
O corretor não gostou nenhum um pouco de ter perdido tanto tempo comigo e ficado sem sua comissão. Ele até foi educado comigo quando o dispensei de sua tarefa, pois sabia que minha decisão estava sob a influência dos argumentos do Simon. Por isso, foi para ele que dirigiu uma cara carrancuda quando nos vimos pela última vez. A partir daí, outra preocupação passou a assolar meus pensamentos. Eu temia que na empresa começassem rumores a meu respeito com o Simon. Ele fez pouco caso dos meus receios, disse apenas que eu me preocupava demais com a opinião dos outros. E, que jamais seria feliz se priorizasse o que os outros diziam, e não aquilo que eu queria. Pensei comigo mesmo, para você é fácil dizer isso, com a sua fama de garanhão ninguém nunca vai censurar suas atitudes. Pelo contrário, vão te invejar por foder uma xoxota ou um cuzinho com a mesma desenvoltura. Enquanto que um cara com essa beleza e essa bundona roliça que a natureza me deu, só pode gostar de uma bela pica.
Uma vez que cedi aos argumentos do Simon e desisti de procurar uma moradia, comuniquei minha decisão ao Gordon e me prontifiquei a assumir imediatamente as minhas funções, uma vez que o período que haviam me concedido para a mudança se tornara desnecessário.
- Então aproveite esse tempo para conhecer a cidade! O combinado é que você teria um mês para a mudança. Fica valendo o combinado! – disse bem humorado, quando fui até a empresa para comunica-lo da mudança de planos. – E, suma da minha frente, antes que eu te arrume o que fazer! – acrescentou, me acompanhando até a porta.
Eu resolvi seguir o conselho dele. Visitei os pontos turísticos, perambulei pelos bairros da moda, aproveitei para fazer umas compras e criei o hábito de sair todas as manhãs com o Barry assim que o Simon ia para o trabalho. Nos finais de semana o Simon fazia questão de me levar para conhecer a cidade onde havia sido criado, o que nos fazia passar muito tempo juntos.
Duas semanas após o fim oficial do inverno, Sidney foi assolada por uma frente fria retardatária vinda da Antártida. Por estar localizada mais ou menos na mesma latitude que Porto Alegre sem, no entanto, contar com uma proteção continental contra os ventos vindos do Pacífico sul, a temperatura despencou para pouco menos de seis graus centígrados pelas manhãs. Fiquei metido nos cobertores naquela manhã de sábado até mais tarde. O Simon devia estar fazendo o mesmo, pois a casa estava mergulhada no silêncio. O único a deixar sua cama e procurar um lugar mais quentinho foi o Barry, pois senti um peso sobre as minhas pernas assim que despertei.
- Ah, seu malandro! Já está tomando intimidades? Deixa seu dono te pegar aqui! – ele me encarou com um olhar suplicante e a testa franzida. Como a bronca não veio, soltou um bocejo manhoso e se virou de barriga para cima, como quem diz – aproveita e faz um cafuné!
- Por isso não o encontro pela casa! O que é que você está fazendo ai? Eu já disse que não pode subir nas camas, não disse? – ralhou o Simon, vindo à procura do Barry, que se limitou a abanar a cauda e encarar o dono com um ar bonachão. – Devo reconhecer que você foi mais astuto do que eu. Vê se me ensina como é que se faz para ganhar essas carícias na barriga, pois eu também estou louco para recebê-las. – continuou, fazendo um muxoxo de desamparo, ao mesmo tempo em que erguia a camiseta e exibia seu abdômen tentadoramente sarado e peludo.
Apesar do frio, depois do café o Simon e eu fomos caminhar pelo calçadão da praia. Topamos com um grupo de caras, que ele conhecia, jogando vôlei numa quadra cercada entre a rua e o calçadão. Tão logo o avistaram, eles o chamaram para terminar de formar um time. Após as apresentações daqueles com os quais ele mais tinha intimidade, deixei-o disputando uma partida e continuei minha caminhada com o Barry, até a ponta da praia. Ao voltar, sentei-me num banco próximo à quadra e fiquei contemplando aqueles corpos másculos e sarados se exercitando. Alguns caras haviam tirado os agasalhos e as camisetas e seus torsos nus pareciam imunes ao vento gelado. O Simon era um deles.
- Seu dono é um pedaço de mau caminho! Esse peito largo e peludinho aliado a esses braços musculosos são de deixar qualquer um sonhando nas nuvens! – exclamei baixinho, apesar de não haver ninguém à minha volta. O Barry me respondeu com três latidos. – Qual é a sua, deu para responder às minhas observações? – mais três latidos pareceram dizer que sim.
Tão logo a partida terminou o Simon veio se juntar a nós. Ele estava deliciosa e sensualmente suado, e percebeu que eu estava admirando sua nudez.
- Gostou do meu desempenho? – perguntou, cheio de si.
- Não estava muito ligado na partida! – respondi, para não deixa-lo ainda mais convencido.
- Então devem ser meus músculos que atraíram seus pensamentos!
- Quem disse que estou atraído por eles?
- Essa sua cara de constrangimento pelos pensamentos pecaminosos que devem estar passando pela sua cabeça e, esse desdém de quem gostou, mas não quer dar o braço a torcer! – exclamou.
- Pateta! Cheio de gracinhas você, não é? – ele riu. – Ponha o agasalho antes que pegue um resfriado, seu pavão presunçoso! – o safado tinha adivinhado meus pensamentos libidinosos.
Eu estava completando quatro meses morando com o Simon. Durante todo esse tempo ele vivia fazendo insinuações e me passando umas cantadas, mas não tinha tomado nenhuma atitude intempestiva e desrespeitosa como havia feito o Ross, ao me enrabar naquele quarto de hotel em Nova Iorque sem esperar pelo meu consentimento. Aquela atitude do Simon durante a conferência, de ter me pedido para segurar sua pica para ele poder mijar, havia deixado em mim uma péssima impressão sobre ele. Decorrido esse tempo de convívio, eu pude perceber que aquilo tinha sido uma tentativa desesperada de me convencer a aceitar sua investida. Aquilo que eu, à época, julguei ser uma grosseria, era, na verdade, a expressão de sua objetividade e autenticidade. O Simon era um sujeito direto, autêntico e isso o fazia parecer rude muitas vezes. No entanto, no convívio diário ele era amável e delicado; se é que se pode considerar um homenzarrão de mais de um metro e noventa e, cento e tantos quilos de músculos soberbamente distribuídos sobre uma ossatura colossal de delicado. Ele se comportava de maneira tão respeitosa, que eu não sabia como é que ele estava se virando com todo aquele tesão com o qual ele cobiçava a minha bunda, uma vez que eu o flagrava constantemente com o olhar focado nela, muito embora ele não fosse muito além de umas cantadas e eventuais encoxadas quando conseguia me encurralar contra algum móvel ou diante da bancada da cozinha, enquanto preparávamos as nossas refeições. Nessas ocasiões, voluptuosamente encoxado, ele sussurrava em meus ouvidos, com aquela voz intencionalmente grave e sedutora, para eu sentir como eu tinha sido feito na medida certa para ele, afirmando que minha bunda tesuda se encaixava em sua virilha tal como o símbolo do Yin Yang, um plugue numa tomada, ou outra besteira do gênero. A comparação com o Ross era permanente, pois ele é minha única referência como macho com o qual eu mantive relações sexuais. Mas, a cada dia, eu percebia que o Simon era um macho muito mais ciente de sua condição e, que seu desejo por mim ia muito além da cobiça carnal. Ele sentia algo verdadeiro por mim, como eu um dia senti pelo Ross. Essa descoberta me deixava muito mais vulnerável diante do Simon e mexia com todo meu corpo quando ele me tocava.
O feriado do dia do trabalho é comemorado na primeira segunda-feira de outubro em alguns territórios australianos, entre eles Nova Gales do Sul onde Sidney está localizada. O Simon quis aproveitar o feriado para visitar os pais que se mudaram para os arredores Queenstown na ilha sul da Nova Zelândia depois que seu pai se aposentou dos negócios da família na Austrália e, adquiriu uma fazenda onde passou a se dedicar ao cultivo de hortaliças orgânicas e a criação de ovelhas. O voo lotado da Jetstar pousou em Queenstown exatas três horas e dez minutos após a decolagem em Sidney. Eu não consegui relaxar um segundo que fosse durante todo o voo. O Simon pegou na minha mão e, ao senti-la fria e gelada, perguntou se eu estava me sentindo bem. Aquele nervosismo exacerbado começou assim que me dei conta de que em poucas horas estaria frente a frente com os pais dele. Eu não conseguia tirar da minha cabeça aquilo que havia vivido ao conhecer os pais do Ross em Los Angeles. Será que agora que em meu peito havia se solidificado um sentimento amoroso pelo Simon eu viria a descobrir coisas que poriam fim a esse sentimento que alimentava todo o meu ser?
- Tem certeza de está tudo bem? – inquiriu ele, percebendo que minha preocupação continuava.
- Sim. – respondi, sem convencê-lo.
- Logo estaremos pousando. Eu não sabia que você tinha medo de voar. – disse ele, apertando minha mão com mais força entre a sua.
- Não tenho medo de voar. Até gosto muito! Não é nada, não se preocupe. – garanti, extraindo um sorriso protetor de seus lábios.
Logo que chegamos à fazenda percebi que meus temores eram infundados. A mesma transparência, autenticidade e franqueza que havia no Simon estava presente em seus pais, que me acolheram como a um filho. A vista dos picos cobertos de gelo dos Alpes sulinos da Nova Zelândia e do lago Wakatipu emoldurava a paisagem da fazenda. Os pais do Simon eram comunicativos e muito acolhedores e me deixaram tão à vontade como se estivesse na presença dos meus próprios pais.
- O que há de especial com o Diego, para você trazer um colega da empresa para nos visitar? Você nunca fez isso antes. Nem na infância você trouxe um colega do colégio para casa, ao contrário dos seus irmãos. – ouvi a mãe do Simon comentar, sem que eles percebessem o meu retorno com o pai dele, que me levara para conhecer as estufas onde cultivava as hortaliças.
- O Diego está morando comigo desde que a empresa o transferiu! Talvez você e o pai estranhem um pouco, mas eu estou apaixonado por ele! Foi uma coisa tão estranha e forte que nem mesmo eu sei como explicar. Quando ele ainda estava na filial brasileira, nos falamos por videoconferência para tratar de assuntos relacionados à empresa. Eu me encantei por ele no mesmo instante em que coloquei meus olhos nele. Consegui convencê-lo a morar comigo e, desde então, estou vivendo os dias mais felizes da minha vida. – aquela confissão, que o pai dele também acabou ouvindo, fez com que duas lágrimas começassem a descer pelo meu rosto. Ao mesmo tempo e, por uns instantes, tive medo da reação dela.
- Não posso dizer que seja a coisa mais normal deste mundo, pois estou velha demais para essas modernidades. Mas, eu sei que você é um homem que não se contenta com a normalidade das coisas. E, o que eu e seu pai queremos é que você seja feliz. Se esse rapaz for capaz de fazer isso, nós o receberemos com o mesmo amor que temos por você. – respondeu ela, obrigando-me a sair apressado em direção à varanda, que circundava boa parte casa, para não cair no choro bem diante de todos.
- Vá lá acalmá-lo! Acho que ele não estava preparado para ouvir você confessando seu amor por ele, assim tão abertamente. – disse o pai dele.
Assim que senti os braços de Simon enlaçando minha cintura por trás, eu me virei em direção ao seu rosto sorridente e toquei suavemente suas faces, antes de ele me puxar para junto de si e selarmos nossos lábios num beijo demorado e apaixonado.
Fiquei bastante constrangido quando o jantar foi servido e me vi obrigado a encarar os pais dele depois dessa revelação. No entanto, eles deram um jeito de fazer parecer que o assunto estava resolvido e não havia mais o que dizer. Ao final da refeição, a conversa girava animada sobre a época de juventude do pai dele quando fez sua única viagem ao Brasil e se lembrava de algumas particularidades dessa experiência. A mãe do Simon aproveitou para me falar um pouco sobre os outros dois irmãos dele e, acabou me confessando que achava que o caçula iria surpreendê-la com a mesma atitude do Simon, uma vez que já tinha percebido nele uma inclinação para se interessar por rapazes.
- Isso deve estar no DNA da sua família, Scott! Pois, que eu me lembre, ninguém da minha família teve esses desejos. – comentou ela, rindo para provocar o marido.
- Pode ser, querida! Isso só vem a provar que os machos da minha família sabem tirar proveito de tudo que a vida nos oferece! Não é mesmo Simon? – revidou, fazendo troça.
- Não liga não, Diego! Agora eles vão querer convencer um ao outro quem é que têm os melhores machões na família. – exclamou o Simon. Retribuí com um sorriso encabulado.
Muito mais confiante depois de revelar seu segredo aos pais e, por estarmos partilhando o mesmo quarto, o Simon ficou mais assanhado que de costume. Já era madrugada quando todos foram dormir e, ele quis que eu o deixasse entrar na cama de solteiro comigo, usando uma calça de pijama indecorosa que deixava à mostra, através de uma braguilha sem botões, uma pentelhada densa e o contorno colossal de sua rola.
- Pode ir tirando seu cavalinho da chuva! Na casa dos teus pais nem pensar! Já tive emoções fortes o suficiente por hoje! Dá para você me explicar onde foi que arranjou essa calça indecente? Você nunca andou assim lá em casa! – questionei.
- Estava entre as roupas que trouxe para cá uma vez. Ela é ótima para se ter acesso fácil ao cacete e, também ajuda quando ele quer sair para tomar um arzinho! – exclamou petulante.
- Pervertido! – revidei, embora o tesão me fizesse querer sentir aquela jeba em sua plenitude.
A oportunidade surgiu algumas semanas depois.
Estávamos voltando do trabalho no início da noite quando sugeri passarmos no Peppe’s Pasta na Ramsay Street em Haberfield para comprar uns tortellinis de salmão para o jantar que o Simon adora. Ele me fez prometer que eu faria um pesto com castanhas de caju que ele simplesmente idolatrava. Livramo-nos dos ternos e, após uma ducha rápida, vestido mais confortavelmente, começamos a preparar o jantar, um ritual diário que tinha se tornado um dos nossos momentos favoritos juntos. O Barry não desgrudava da gente, pois sabia que invariavelmente ia sobrar algum petisco para ele. Eu preparava uma salada de mix de folhas com vegetais da estação e tinha colocado a água dos tortellini para ferver, enquanto ele se dispôs a fazer o pesto seguindo minhas dicas. Para algumas coisas o Simon era muito desajeitado por conta de suas mãos enormes e sua força muitas vezes aplicada com exagero. Tudo seguia bem no preparo do pesto até que ele, não sei como, conseguiu fazer o conteúdo do processador sair voando por toda a bancada e paredes da cozinha.
- Caralho! A merda dessa tampa desencaixou! – exclamou ele, tentando conter o que extravasava do utensílio ainda ligado.
- Desliga o processador primeiro! – apresse i-me a dizer.
Além de pesto para todo canto, que o Barry lambia do chão, havia molho nas mãos e na camiseta do Simon. Eu ri da cara dele e ele se zangou.
- Veja se o que sobrou pelo menos está bom. – grunhiu fulo, vindo com a mão lambuzada na direção do meu rosto.
Para tirar uma com a cara dele, coloquei os dedos indicador e médio dele na boca e comecei a lamber o molho, enquanto o encarava fazendo uma careta sensual. Ele enfiou os dedos na minha boca e eu comecei a chupá-los. Um olhar cheio de tesão e cobiça começou a se formar em seu semblante. O tarado entrou na brincadeira e já sonhava com um desfecho que ia muito além do término daquele jantar.
- Está uma delícia! – sussurrei sacana, e continuei, por mais um tempo, a chupar os dedos grossos dele que exploravam minha boca carregados de tesão.
Para deixa-lo um pouco mais irritado, afastei sua mão e mandei-o trocar a camiseta cheia de molho. Ele grunhiu algo indecifrável e foi até seu quarto. Só então eu notei a ereção se formando por baixo da bermuda dele. Continuei a preparar o jantar e, vendo que ele se demorava além da conta, uma vez que os tortellini já estavam cozidos e eu havia desligado o fogo, fui ao encontro dele. Ele estava no banheiro de seu quarto, sem a camiseta, diante da bancada da pia, com a mão enfiada na bermuda aberta. Sem notar minha aproximação, ele se masturbava com a mesma mão que a pouco estava na minha boca. Ao vê-lo se punhetando senti uma paixão imensa e um tesão incontrolável por aquele macho que devia ter feito isso inúmeras vezes desde que vim morar com ele, dando vazão a seus instintos. Venci as três passadas que me separavam dele como se estivesse flutuando. Ele se assustou ao me ver a seu lado, e tentou disfarçar o indisfarçável, uma vez que a jeba enorme pendia pesada para fora da bermuda. Toquei a ponta do meu indicador no sensual redemoinho de pelos que se desenhava pouco acima de seu umbigo. Ele me encarou espantado, mas animado. Percorri o dedo entre os pelos enquanto fitava fixamente seu olhar esperançoso. Depois desci e contornei todo o umbigo até a ponta do dedo penetrar nos pentelhos grossos e quase negros. A respiração dele começou a se transformar num arfar cada vez mais audível. Ao mesmo tempo em que minha mão começava a se fechar ao redor daquele mastro descomunalmente grosso, eu fui me ajoelhando lentamente diante de suas coxas vigorosas e peludas, sob o olhar atento dele. Com a outra mão fiz a bermuda descer por suas pernas até o chão. A benga pulsava entre os meus dedos, quente e cheia de vontade própria. Com toda suavidade levei meu rosto para junto da cabeçorra úmida e toquei meus lábios sobre ela. Ouvi um gemido contido explodir do fundo do peito do Simon. Um odor másculo e almiscarado penetrou minhas narinas e coloquei toda a glande na boca, chupando a umidade viscosa que a cobria. Pelo olhar embasbacado do Simon eu percebi que ele não estava acreditando no que estava finalmente acontecendo, eu estava começando a me entregar a ele. Eu punhetava o Simon com uma das mãos enquanto chupava sua rola, movimentando minha boca e meus lábios ao redor daquele mastro quente onde as grossas veias que o circundavam iam se insuflando, com a outra mão, segurava seu sacão peludo massageando carinhosamente suas bolas ingurgitadas. Ele arfava sentindo seu pré-gozo fluindo e sendo chupado sem que minha boca se abrisse, apenas a língua se movia ao redor do cacete. Quando pressenti que ele ia gozar, desviei meu olhar da jeba para o rosto cheio de tesão dele, eu sabia que meus olhos de um azul muito suave e quase transparente, tinham um efeito avassalador sobre ele. Um gemido gutural e a contração de toda a musculatura de sua pelve acompanharam o primeiro jato de porra espessa e cremosa, e atingiu meu rosto nas proximidades do canto da boca. Os demais eu engoli com a ajuda dele mirando o cacetão dentro da minha boca. Enquanto eu me deliciava com seu esperma suculento ele se deixava envolver pelo prazer que aquilo lhe proporcionava. Após haver engolido uma meia dúzia de jatos, comecei a lamber delicadamente apenas a glande ainda melada de porra. Determinado a me presentear até a última gota daquele sumo viril, ele pincelava a cabeçorra pela porra espalhada pelo meu rosto e a enfiava nos meus lábios para que eu a sugasse.
- O que foi isso, Diego? Você me faz perder a cabeça! Nunca antes alguém havia engolido a minha porra! Você quase me mata de tanto tesão, seu putinho gostoso! – gemeu ele, entre o arfar pesado que ainda convulsionava em seu peito.
- Gostou? – provoquei.
- Você me deixa doido! Pela quantidade do que você acabou de engolir dá para ter uma ideia do quanto eu adorei. E você, gostou? – sua voz já estava adquirindo aquele tom confiante e despudorado, ciente de que eu não estava indiferente à sua inegável masculinidade.
- Bem mais do que do molho! – zombei, lambendo os lábios.
- Ah, seu veadinho tesudo! Você vai gostar ainda mais disso aqui! – exclamou, erguendo-me no ar e caminhando comigo até a cama, onde me atirou como se eu fosse um saco de milho.
Em seguida, ele próprio se lançou sobre mim, empurrando minha camiseta até o pescoço e pondo a descoberto meus peitinhos, onde os mamilos enrijecidos denunciavam o meu tesão. A língua úmida dele começou a voltear ao redor do mamilo, causando uma tremedeira que aos poucos foi se alastrando por todo meu corpo. A primeira mordida abocanhou todo o mamilo que sentiu seus dentes cravando cada vez com mais intensidade a carne que o sustinha. Eu me contorci sobre a cama e soltei um gemido. Era tudo o que ele queria ouvir. Era o meu tesão sendo despertado por seu desejo. Com as duas mãos eu segurava sua cabeça pelos cabelos sobre o meu peito, enquanto ele se revezava no chupar e mordiscar meus mamilos, deixando a pele ao redor marcada por sua voracidade. Como ao contorcer meu corpo eu erguesse constantemente meus quadris, ele desceu ambas as mãos pelos meus flancos e despiu minha calça. Seus dedos afundavam na carne hígida e abundante das minhas nádegas, apertando-as e atiçando seus desejos. De quando em vez, eu sentia um dedo mais fundo no meu rego, quase resvalando meu cuzinho, e eu soltava um ganido de êxtase que punha o Simon louco. Ele girou meu corpo e terminou de tirar minha calça. Aquela bunda carnuda que vivia tumultuando seus sonhos estava bem diante dele, vulnerável e apetitosamente branca e lisa como a neve que cobria as montanhas ao longe na fazenda dos pais. Ele mordeu meus glúteos, apartou-os abrindo aquele reguinho profundo onde um diminuto orifício rosado piscava contraindo as preguinhas que o circundavam. Quando a ponta da língua dele tocou minha rosquinha eu soltei um gritinho libidinoso. Sentir a cobiça do Simon chegar às raias da loucura ante a visão do meu cuzinho me levou a experimentar um tesão que nunca havia sentido antes. Paralelamente, eu sabia o que significava estar diante de um macho ensandecido de tesão, e qual o preço meu cuzinho pagaria pela minha sedução. Contudo, o que eu sentia pelo Simon estava muito acima de qualquer sofrimento pessoal. Eu tinha por ele aquele amor abnegado que só as grandes paixões, a cumplicidade fraterna e o desvelo materno são capazes de gerar. Ele começou a se debruçar sobre mim, encaixando-se nas curvas do meu corpo com uma precisão milimétrica. Depois, movia-se vagarosamente, fazendo a rola roçar meu rego num vaivém torturante e delicioso.
- Ai Simon! – apesar de incorporada ao meu gemido, minha voz soou como uma súplica para que ele me penetrasse com toda sua virilidade latejante.
Tarado por aquele clamor crescente, ele guiou a pica até a portinha do meu cu. Ele podia sentir o cuzinho piscando e chuchando de leve na sua cabeçorra insuflada. O tesão fê-lo perder seus últimos pruridos de racionalidade e, numa investida movida apenas por seus instintos primitivos, ele meteu a pica no meu cuzinho. Espontaneamente meus esfíncteres se contraíram a aprisionaram aquela rola grossa no seu introito, a despeito da dor pungente, do dilacerar abrupto e da instintiva autopreservação de sua integridade. Eu gania enquanto ele ia metendo o caralhão cada vez mais profundamente na maciez úmida do meu cu que o recebia carinhosamente. Ele bombava meu cuzinho num ritmo crescente e vigoroso me fazendo gemer de prazer; simultaneamente, agarrava meu rosto e o virava em sua direção para que sua boca encontrasse a minha e meus gemidos se perdessem na sua garganta. Quando nossas bocas se soltavam e podíamos voltar a tragar aquele ar de que tanto precisávamos, ele enfiava dois dedos na minha boca e eu os chupava avidamente como tinha feito a pouco na cozinha provando o molho. Quando aquela posição parecia não estar mais dando conta de satisfazer seu tesão, ele tirou de um só golpe a rola do meu cu, girou meu corpo e abriu minhas pernas. Uma ficou fletida sobre o colchão e a outra apoiada sobre seu ombro, meu cuzinho exposto, um pouco aberto e maculado por gotículas de sangue continuava tão desejoso como antes. Quando ele voltou a enfiar a verga colossal nele, meu único desejo era dar vazão a todo tesão que eu estava sentindo e, levando minhas mãos até meu pinto, eu gozei entre gemidos de prazer e dor.
- Goza meu putinho safado! Goza com a rola do teu macho arregaçando seu cuzinho! – rosnou o Simon.
Eu sentia o vaivém daquela pica esfolando minhas entranhas e não sabia dizer por que aquilo era tão maravilhosamente prazeroso. A energia do Simon parecia não ter fim, o movimento contínuo de sua pelve socava o caralhão contra minha próstata e me fazia gritar. A cada minuto a benga dele parecia ficar mais grossa e torturantemente dolorida. Seus urros iam ficando mais intensos ajudando-o a liberar aquele furor animalesco. Ao notar que a cadência impetuosa das investidas se tornava mais lenta e, que a pica do Simon praticamente não deixava as profundezas do meu cu, eu espalmei minha mão sobre o peito dele e comecei a receber os jatos mornos e pegajosos de sua porra até que a umidade máscula dele se fizesse sentir cada vez mais presente nas minhas entranhas. Após a última contração de sua pelve, ele se inclinou sobre o meu rosto que lhe sorria cheio de afeto e amor. Beijamo-nos até nossas respirações voltarem ao ritmo normal. Minhas pernas enlaçavam sua cintura e sua pica pulsava mansa e consistente no meu cuzinho, que eu travava aninhando meu macho. Com as costas dos dedos ele percorria o contorno do meu rosto acariciando minha pele, enquanto eu penetrava em seu olhar sereno e realizado. Naquele momento, lembrei-me das palavras que ele me disse no dia em que me dissuadiu a ficar morando com ele - Eu te garanto que um dia, quando você estiver olhando desse mesmo jeito para mim, aí dentro, estará pulsando um amor tão grande que vai te fazer sentir a pessoa mais feliz desse mundo. – A profecia que elas ensejavam acabava de se realizar. Tudo o que eu sentia naquele instante era um amor profundo e único por ele e, isso me tornava o ser mais completo do universo. Ele deitou a cabeça no meu peito e eu fiquei brincando com as mechas de seu cabelo, enquanto o cacetão amolecido deslizava lentamente para fora do meu cuzinho repleto de porra.
- A essa altura, os tortellini viraram uma maçaroca dentro da panela! – observei sorrindo.
- Até me esqueci do jantar! – retrucou ele, emendando... – Pudera, acabei de comer um banquete completo, com sobremesa e tudo a que tinha direito!
- Fico feliz que tenha gostado, pois meu cuzinho está mais macilento do que aqueles tortellini que cozinharam demais. – brinquei.
- Nem adianta reclamar! Essa nossa primeira noite está só começando. Eu ainda tenho que provar muita outra coisa. – retrucou voluptuoso.
- Não estou reclamando de nada! Se você me fizer feliz como estou agora, tem carta branca para qualquer coisa. – retorqui. Um longo beijo selou esse pacto.
Cerca de dois anos depois, o Gordon deixou a empresa aposentando-se e jurando que de agora em diante só o encontraríamos a bordo de um veleiro pescando mundo afora. A turma zoava com ele perguntando sobre a hipótese da esposa recusar-se a acompanha-lo, ao que ele prontamente respondia com seu humor característico – Eu peço o divórcio e arrumo outras duas vinte e cinco anos mais jovens – a galera caia na risada e não perdoava uma piada ou outra fazendo menção de ele não dar mais conta nem de uma quanto mais de duas mulheres cheias de segundas intenções. Para o seu cargo ele indicou o Simon, o que foi prontamente aceito pelo Austin e pelo restante da cúpula da empresa.
- Parabéns! Agora meu marido além de meu macho é meu chefe! – trocei com o Simon, assim que ele assumiu o cargo.
- Para você ver o quanto vai precisar fazer para me agradar! – exclamou ele e, certificando-se de que ninguém nos observava, pois estávamos em pleno expediente, e tascando um tapa na minha bunda, segurando depois a nádega em sua mão.
- Isso é assédio, sabia! – revidei debochado.
- Vamos ver se você vai se lembrar do que é assédio quando isso aqui estiver deslizando para dentro desse cuzinho apertado, seu putinho! – exclamou, pegando no cacete que fazia um volume indecente dentro da calça.
Numa noite chuvosa, poucos dias depois do Réveillon, após termos transado e nos preparando para assistir um filme na TV, o Simon me revelou seu desejo de realizar uma fantasia. Eu o encarei com desconfiança.
- Quero meter em você bem gostoso e devagarinho como fizemos a pouco em cima da minha mesa no escritório da empresa. Só para te ver depois trabalhando com o cuzinho cheio da minha porra. – confessou, todo esperançoso.
- Tarado!
- Sabe o que me deixa maluco toda vez que transamos? Que você não tira minha porra do seu cuzinho. Amo saber que você está todo molhadinho. Preciso me controlar para não te pegar de jeito outra vez. – afirmou, virando-se para o meu lado a fim de roubar um beijo.
- Nada me deixa com mais tesão do que continuar a te sentir dentro de mim. Eu também preciso me controlar para não me afundar nesse peito de perdição quando sinto sua umidade formigando no meu rabo. – confessei. Ele riu, me agarrou e me fodeu.
No mesmo ano em que o Simon assumiu a superintendência regional da Austrália, aconteceu outra conferência internacional na matriz. Eu e ele viajamos para Nova Iorque a fim de participarmos do encontro. O Austin não poupou elogios à atuação do Simon e, ao nos ver juntos, o que procurávamos evitar em todas as reuniões dentro da empresa, ressaltou minha participação no aumento de negócios e faturamento da filial australiana. Eu ainda tinha viva a impressão que o Austin me causou quando nos encontramos pela primeira vez. Ele era o tipo de sujeito que dava em cima de mulheres e rapazes indistintamente, conquanto esses caíssem em suas graças e, o fizessem sentir que, além do seu poder, ele tinha um caralho entre as pernas, ainda capaz de muitas façanhas. Como da primeira vez, minha bunda parecia fazer com que ele sentisse esse vigor aflorar a pele. Tanto que eu tinha a impressão de estar nu toda vez que me aproximava dele. O Simon lhe dirigia um sorriso amarelo toda vez que o flagrava com aquele olhar de bagre fixo na minha bunda.
- Velho filho da puta! Parece uma abelha rondando em volta do mel! Rolam umas histórias meio escabrosas sobre promoções aqui na matriz. Dizem que há umas pessoas na diretoria, cheios de poder, que chegaram e se mantêm onde estão, deixando esse velho se esbaldar no rabo e na buceta delas. – rosnou confidencialmente o Simon quando nos vimos longe do pessoal.
- Amor, isso não é da nossa conta! Felizmente estamos trabalhando a milhares de quilômetros desse sujeito e, você não é capaz de imaginar o alívio que isso me traz. Encara-lo uma vez a cada dois anos já é o suficiente. – retruquei. – E, eu vou te pedir uma coisa. Não faça nada, independente da situação, do que pode se arrepender depois. Uma semana passa rápido e voltamos ao nosso cantinho. Promete? – ele só me rosnou em resposta, mas eu sabia que ele não faria nenhuma besteira, pois meu amor dava a ele uma segurança que ele não conhecia outrora.
Também acabamos por encontrar o Ross, como seria de se supor. Até havíamos conversado a respeito durante o voo para Nova Iorque e, acordado de que isso não nos abalaria. Poucos meses depois da minha transferência o Ross também se transferiu de volta para os Estados Unidos, o que lhe custou uma promoção e um certo ostracismo dentro da empresa.
- Olá! Como você está, Diego? – perguntou, após avaliar por um bom tempo se uma aproximação à rodinha onde o Simon e eu estávamos seria conveniente.
- Oi Ross! Tudo bem, e você como está? E seus pais? – perguntei, descontraído.
- Como vai, Simon? Eles estão bem, obrigado! Você soube que voltei aos Estados Unidos? – perguntou, procurando alongar o assunto.
- Sim, eu soube! Quem me contou foi meu antigo pessoal no Brasil. E você está contente com a nova situação?
- Não tenho queixas! Eu não tinha mais motivação para continuar no Brasil. – revelou, o que colocou uma expressão de desagrado no rosto do Simon.
- Aqui você está próximo dos teus pais, dos teus amigos e de toda sua vida, uma vez que está lotado nos escritórios de Los Angeles. Como se diz, está em casa! – argumentei, para desanuviar o clima tenso.
- Sem dúvida! E vocês como estão? – arriscou, fazendo o Simon demonstrar seu descontentamento com aquela pergunta.
- Bem, muito bem! – respondi, antes de o Simon conseguir articular uma resposta que talvez fizesse a conversa desandar.
Eu percebi que o Ross trazia um arrependimento por não ter sido verdadeiro em nossa breve relação. No entanto, agora, diante dele, eu pude constatar que o que sentia por ele tinha muito mais haver com aquele entusiasmo da primeira pessoa que se mostra interessada na gente. Aquele sentimento de que somos capazes de despertar o interesse e a cobiça de alguém com nossos atributos intelectuais e físicos. Foi esse deslumbramento que eu vivi com o Ross. Algo que jamais se compara ao que sinto pelo Simon, um porto seguro, um companheiro para todas as jornadas, um amor único e infindável que nem a morte é capaz de fazer desaparecer. Assim que o Ross se afastou eu toquei de leve na mão do Simon e mergulhei em seu olhar.
- Eu te amo! – sussurrei baixinho. Ele já tinha ouvido essa jura muitas vezes, mas naquele momento ele soube que todo meu ser pertencia a ele, incondicionalmente.
Estávamos tendo uma semana atribulada na empresa e mal conseguíamos trocar umas palavras durante o expediente, nem mesmo almoçar juntos tinha sido possível nos últimos quatro dias. Quando a secretária do Simon me ligou dizendo que ele precisava falar comigo com urgência, não consegui atinar com o que poderia ser. Ela também foi incapaz de me esclarecer o assunto. Tão logo me vi livre de um cliente externo, fui ter com ele em seu escritório. A secretária não estava na antessala e, para manter o profissionalismo, bati duas vezes na porta antes de abri-la. O Simon estava só e me lançou um sorriso sentado atrás de sua mesa.
- Tranque a porta! – notei certa ansiedade naquele tom que ele empregava para dar ordens.
- A Margareth me disse que você precisava falar comigo com urgência, do que se trata? Ainda tenho uma batelada de documentos para despachar lá embaixo. – fui logo avisando, pois ele costumava reclamar quando deixávamos a empresa muito depois do fim do expediente.
- Sim, como você mesmo pode constatar, é urgentíssimo! – exclamou, pondo-se em pé junto à escrivaninha.
Fiquei tão perplexo com o que vi que voltei a me certificar de que a porta estava trancada. O Simon havia desabotoado a parte inferior da camisa e seu abdômen peludo contrastava com a camisa branca. Ele não passava de um exibicionista despudorado e libertino deixando aquela ereção emergir pelo cós da calça, onde ele também já havia afrouxado o cinto e, posto a descoberto aquela cabeçorra descomunal que, apesar de infringir as mais torturantes e dolorosas penas ao meu cuzinho, eu não conseguia observar sem me sentir tremendamente atraído, especialmente quando ela estava úmida e lustrosa como agora, vertendo seu sumo pré-ejaculatório e impregnando o ar da sala com seu cheiro másculo, que por si só era capaz de me deixar numa fissura danada. Ele sabia qual era o efeito que aquela visão causava em mim e, valeu-se disso para me enfeitiçar, pois estava ciente de que esse era apenas o primeiro passo para eu me entregar a ele, ali mesmo, sobre sua mesa de trabalho, realizando a fantasia que havia me segredado.
- Venha cá! Vem cuidar desse cacete como só você sabe fazer! – grunhiu, deixando-me quase louco de tesão.
- Maluco! Tarado!
Instantes depois, ele havia saído de trás da mesa e vindo em minha direção me puxou pela gravata até se encostar novamente em sua mesa. Eu não conseguia desviar o olhar daquele pedaço de carne aflorando de sua calça. Ele continuou a me puxar pela gravata até me fazer ajoelhar diante de suas pernas abertas. Eu apoiei minhas mãos em suas coxas e, sem perder mais um segundo, lambi a glande úmida e suculenta. Todos os aromas do meu macho estavam ali prontos para me fazer sucumbir aos seus desejos. Assim que a ponta da minha língua passeou pela pele sensível da cabeçorra, o caralhão dele deu um pinote e emergiu com mais vigor. Enquanto o lambia, fui desabotoando sua braguilha até ter pleno acesso ao cacetão e ao sacão, trazendo-os para fora, para a liberdade que tanto almejavam. Ainda com a ponta da língua percorri o trajeto da chapeleta até a base do sacão, onde os pentelhos densos provocavam cócegas no meu nariz. O Simon deixou o ar escapar entre os dentes, o que me deu a certeza de ele estar gostando da minha resposta à sua solicitação. Como a pica não parava de verter pré-gozo eu comecei a chupar suavemente a glande insuflada, que era a única coisa que cabia na minha boca. Lentamente fui enfiando as pontas dos dedos em sua virilha, o que o deixava maluco. No mesmo instante ele agarrou meus cabelos e forçou minha cabeça contra a jeba, fazendo-a chegar até a minha garganta e me sufocando. Ele repetiu o movimento mais algumas vezes forçando a pica na minha garganta e, fodendo minha boca como se ela fosse um cu. Prender a respiração por tanto tempo fez com que o afluxo de sangue ao meu rosto aumentasse e me deixasse todo corado.
- Está ficando sem ar, meu putinho? – rosnou excitado. Eu confirmei com um aceno de cabeça e voltei a me agarrar as suas coxas, fincando os dedos na musculatura rija. – Vou te dar todo o ar de que precisa?! – exclamou, erguendo-me por debaixo dos braços e colando sua boca na minha.
A língua dele vasculhava cada canto da minha boca e eu ora a chupava, ora a lambia com a minha própria língua. Uma demorada sequência de beijos, mordiscadas nos lábios e lambidas, foi nos excitando a ponto de esquecermos onde estávamos e, de que havia um mundo além daquela sala. Inicialmente, ele amassava minhas nádegas através da calça, depois começou a desabotoá-la num afã desesperado de expor o que ela cobria. Por fim, arriou-a até meus joelhos e apalpou minha bunda lisa com sofreguidão. Enlacei meus braços ao redor do pescoço dele e cobri-o de beijos molhados e sensuais. Ele me debruçou sobre a mesa e, metendo sua perna entre as minhas, me forçou a abri-las até o limite que a calça embolada aos pés permitia. Com a voracidade de um garanhão, senti-o pincelando o cacetão incrivelmente duro no meu rego e, isso me deu um tesão enorme. Minhas pernas tremiam a espera da penetração, mas ele se demorava movendo a cabeçorra em círculos ao redor da minha rosquinha pregueada, a fim de umedecê-la com seu pré-gozo farto. Quando suas mãos migraram para a minha cintura eu soube que seria enrabado em questão de segundos. Tentei inutilmente abrir mais as pernas para tornar a penetração menos dolorida, mas foi em vão.
- Ssshhh! Não quero ouvir um piu sequer! E nada de gozar! Se você gozar em cima da minha mesa vai limpar tudinho com a língua, entendeu? – grunhiu cheio de tesão rente ao meu ouvido, enquanto segurava meu rosto e tapava minha boca com sua mão, impedindo que qualquer som que eu fizesse conseguisse escapar.
Ele meteu o cacetão no meu cuzinho num golpe abrupto e rápido. Mesmo cerceada por sua mão imensa minha boca se abriu num ganido abafado. A tremedeira que antes se restringia às minhas pernas agora tomava conta de todo meu corpo. Eu espalmava as mãos sobre a mesa na tentativa vã de me agarrar a alguma coisa que me desse a firmeza que meu corpo já não sentia mais. O Simon esperou até meus esfíncteres se acomodarem à espessura de sua rola. Minhas entranhas se convulsionavam desejosas em abrigar aquela pica, que latejava sedenta na portinha do meu cu, em toda sua plenitude. Para atender a esse anseio eu empinei a bunda e a comprimi contra a virilha dele. Voltando meu rosto em sua direção notei que ele esboçava um sorriso concupiscente. Imediatamente ele começou a movimentar a pelve num vaivém enérgico que foi atolando a rola nas profundezas do meu cu. Como eu gemia sem parar ele intensificou a pressão que sua mão exercia sobre a minha boca. Só ao final de penetração ele me deixou respirar um pouco mais aliviado e, deixou de tapar minha boca para enfiar nela dois dedos que eu chupei com muita gana. O Simon me fodeu sem dó por uns vinte minutos. Eu nunca o tinha visto e, nem sentido em minhas carnes, com tanta brutalidade. Desde a primeira vez que fizemos sexo eu temi pela maneira como ele extravasaria seus instintos em mim, pois toda sua compleição física e o tamanho do seu caralho, especialmente a espessura, me deixaram completamente intimidado. Quando me veio à lembrança a maneira como o Ross tirou minha virgindade, eu estremeci, pois nem de longe a pica do Ross chegava ao tamanho da do Simon. No entanto, minha primeira vez com ele foi a mais sublime e cuidadosa penetração que eu havia sentido até então. O Simon me penetrou com firmeza e, ao mesmo tempo, com um cuidado e uma generosidade que jamais supus poder existir num cara daquele tamanho.
- Ai, Simon, está doendo! – gemi, franqueando meu cu o mais que podia.
- Você sabe que precisa fazer um bom trabalho para o seu chefe, não sabe? Aqui eu não sou só o seu macho, eu sou o seu chefe! – sussurrou no meu cangote, ao mesmo tempo em que o mordiscava alucinadamente.
- Bruto! - protestei
- Gostoso do caralho! – retrucou, cheio de dengo.
Havia algo nessa atitude dele que levei uns dias para atinar. Toda aquela encenação estava ligada ao fato de ele quer mostrar sua dominância sobre mim. Ter-me debaixo dele sobre a mesa de trabalho era me ter completamente submisso. Algo que não acontecia no nosso cotidiano, onde a igualdade e a parceria prevaleciam acima de tudo. Aquilo era mesmo uma fantasia e, ao me dar conta disso, fiquei feliz por não ter sido intransigente e quebrado o encanto que aquele ato representou para ele.
Eu precisei me controlar inúmeras vezes para não gozar, como ele havia ordenado. Aquele macho voraz engatado no meu cu com a pica pulsando dentro de mim me deixava doido e, não poder gozar, exprimindo toda a satisfação que aquilo me proporcionava era mais do que um castigo. Aos poucos senti o Simon debruçado sobre mim começando a se retesar todo, com a mão enfiada dentro da minha camisa acariciando e apertando meu mamilo. Eu sabia o que aquilo significava e o que estava prestes a acontecer. Mais uma vez desviei meus pensamentos para longe daquela deliciosa sensação que meu cuzinho experimentava para não gozar. Era ele que estava na eminência de fazê-lo. Todos os sinais estavam se manifestando, o retesamento do corpo, os ruídos graves que afloravam de sua boca juntamente com a respiração profunda, a desaceleração das estocadas que a pica dava nas minhas entranhas e, a maneira como ele abraçava meu tronco trazendo para junto dele aquele corpo que ele tanto idolatrava e desejava. Eu estava num estado de sensibilidade tamanha que percebi de imediato quando o primeiro jato de porra explodiu contra minha mucosa anal esfolada. O segundo, o terceiro e o prazer tomando conta de tudo. O prazer dele também não experimentava limites e, os jorros do esperma cremoso fluíam aos borbotões aliviando-o daquela tensão que dominava seu corpo, enchendo meu cuzinho com sua gala fértil. Após as últimas contrações da pelve ele ainda moveu algumas vezes o quadril para se deliciar com a compressão que meus esfíncteres exerciam ao redor de seu membro. Levou mais uns cinco minutos até a pica amolecer e aquele ardor anal começar a se esvair lentamente. De uma só vez ele sacou o cacete do meu cuzinho que, mitigado, se travou represando todo néctar do meu macho em seu interior.
- Obrigado, meu doce putinho! Sabe por que eu te amo tanto? Por que você sabe realizar como ninguém todos os meus desejos! – exclamou, ainda abraçado ao meu torso e beijando minha nuca, que eu franqueava como a fêmea de um animal que acabava de ser emprenhada.
- Depravado! Posso, ao menos, me recompor para tentar manter o que restou da minha dignidade? – pedi, uma vez que sua mão continuava a acariciar meu mamilo excitado e, eu permanecia em seus braços.
Ele me soltou a contragosto, não estava nem um pouco a fim de libertar aquele corpo sedutor que acabara de aplacar sua lascívia. Eu havia travado as coxas assim que a pica dele saiu do meu cu, temendo que toda a umidade contida nele escorresse pelas minhas pernas. Por isso, suspendi a cueca e a calça num verdadeiro contorcionismo. Ajeitei a camisa dentro da calça e a gravata da qual ela tinha feito um cabresto para me subjugar. Ele ficou me observando com aquele olhar cheio de prazer e tesão, enquanto guardava a verga dentro da calça e fechava a braguilha.
- Está dispensado, por hora! – exclamou com o mais pérfido dos sorrisos. Fiz cara feia para ele, o que só tirou dele mais contentamento.
Eu mal podia caminhar, o cu ardia como se houvesse uma brasa entalada nele, meu pau doía por não ter conseguido gozar e, dar aqueles passos que me levaram ao banheiro foi um sacrifício hercúleo. Acho que na expressão do meu rosto estava escrito – recém fodido – pois, todos com quem cruzei pelos corredores até o banheiro me olhavam de um jeito estranho. Eu mal havia fechado a porta do banheiro, tirado meu pau para fora e começado a me masturbar quando o gozo explodiu como um gêiser. Preciso articular uma vingança contra o Simon, pensei com meus botões, enquanto aquele gozo me aliviava de toda a tensão, senão ele vai ficar se gabando dessa proeza por um tempão. Contudo, no meu intimo, eu estava feliz por tê-lo ajudado a realizar sua fantasia.
No carro, a caminho de casa, notei que ele queria voltar ao assunto, talvez se vangloriar, por isso, dificultei o início da conversa.
- Está tudo bem com você? – começou o safado.
- Tudo ótimo, por quê?
- Nada! Eu pensei que você ainda estava bravinho comigo.
- E por que eu haveria de estar bravo com você? – perguntei irônico.
- Pelo que aconteceu no escritório! – exclamou, também irônico.
- Ah! Aquilo? Tive tanta papelada para despachar depois que sai da sua sala que nem deu tempo de pensar sobre o assunto. – eu sabia que isso ia deixa-lo puto. Assim que ele fez a curva na Hay Street para entrar na Harbour Street que nos levaria ao acesso ao túnel sob a ponte da Baía de Sydney, estacionou repentinamente junto à calçada com uma freada brusca e se virou para mim. Conhecendo-o como eu o conhecia, sabia exatamente no que aquilo ia dar.
- Seu putinho safado! Quer que eu refresque a sua memória aqui mesmo para se lembrar do que aconteceu lá no escritório? Eu sei muito bem que você não foi nenhum pouco indiferente àquilo. Mesmo porque, aposto o que você quiser que esse cuzinho ainda está todo molhadinho. – revidou presunçoso.
- Estou zoando com você, seu bobinho! Ainda tremo só de pensar se alguém descobre o que aconteceu lá dentro. – disse, devolvendo-lhe um risinho zombeteiro e deslizando minha mão para dentro de suas pernas. – Não vou apostar nada com você, uma vez que você sabe que eu sempre guardo seu sêmen dentro de mim.
- Vai tirando uma com a minha cara, vai! Chegando em casa vou te mostrar como zoar comigo! Você fala isso para me deixar maluco, não é? Para despertar meu tesão! – revidou querendo fazer cara de bravo.
- Dessa vez vai ser mais fácil! Minhas pregas ainda estão folgadas e eu estou todo lubrificado! Você fica com tesão quando falo que fico guardando seu esperma? – ronronei junto ao rosto dele antes de beijar seu queixo que fez espetar sua barba nos meus lábios.
- Claro que fico, seu putinho! Ah Diego! Como eu consegui viver tanto tempo sem você? Sou o cara mais feliz da galáxia desde que você entrou na minha vida. Eu te amo, te amo muito! – devolveu cheio de emoção.
- Então trate de por esse carro em movimento que eu quero chegar logo em casa para você me mostrar o quanto me ama. – disse, tirando a mão que acariciava sua rola para que ele se concentrasse no volante.
Em casa, ele não esperou pelo jantar. Antes disso, entrou debaixo da ducha comigo e me mostrou quão rijo era aquele amor que sentia por mim. Eu me entreguei aos seus caprichos com o mesmo carinho e mansidão que ele bombava o caralhão no meu cuzinho, gemendo sedutor e apaixonado.
Eu nunca mais havia feito uma visita aos meus pais depois da mudança para Sidney. Em nossas conversas pelo Skype viviam me cobrando, mas eu percebia que havia uma razão oculta por trás de tanta cobrança. Até desconfiava qual seria. Baseado nas insistentes perguntas a respeito do motivo pelo qual eu não tinha aceitado o apartamento que a empresa pôs a minha disposição, o porquê de eu estar morando na casa de um estranho, a cobrança de fotografias do quarto que eu ocupava e, a razão de eles quase sempre verem o Simon circulando pelo ambiente enquanto conversávamos, acendeu em mim a luz amarela de alerta. Eles na verdade estavam querendo uma confirmação daquilo que já suspeitavam. E, algo me dizia que minha conversa com eles não seria tão serena e cordata como foi a do Simon com a mãe dele. Por esse motivo, eu sempre me esquivava e dizia que já tinha planos para as férias, o que não deixava de ser uma verdade, uma vez que eu e o Simon as aproveitávamos para ele me mostrar lugares que eu não conhecia, tanto na própria Austrália, quanto na Nova Zelândia.
- Desta vez não quero desculpas! Nem para o casamento do seu irmão você apareceu! Combinamos a comemoração do Natal aqui em casa e contamos sem falta com você! – exigiu minha mãe, depois de me perguntar quando eu tiraria minhas férias daquele ano. – São cinco anos, Diego! Cinco anos que você não aparece aqui, tenha santa paciência! Você tem a vida toda para conhecer esses lugares. – emendou, dramática como de costume.
- Vou pensar no assunto, prometo! – retruquei.
- Pensar, uma ova! Quero você aqui no Natal! Se não consegue se desgrudar desse Simon traga-o junto, pronto! – sentenciou. Essa última insinuação me deixou ainda mais preocupado.
Como o Simon não falava português eu sempre, depois de conversar com minha família, fazia um resumo sobre o que havíamos conversado. Ele me pedia para ensinar-lhe algumas frases só para poder fazer uma graça, após cumprimenta-los. Fiquei remoendo a conversa que tivera com a minha mãe durante todo o passeio que fizemos até o calçadão da praia naquela manhã de domingo. O Simon estranhou eu não ter feito meu habitual resumo.
- Como foi a conversa com seus pais? Tudo bem? – questionou, a certa altura.
- Legal! Está tudo com eles. – respondi, conciso.
- Você está calado depois da conversa com eles!
- Querem que eu passe o Natal e o final de ano no Brasil. – retruquei.
- E, isso não é legal? Estou louco para conhecer sua família. Seu pai me parece um sujeito muito divertido, pelo pouco que observei e conversei com ele. Pena sua mãe não falar inglês, gostaria da trocar umas palavras com ela. – comentou animado.
- É aí que mora o perigo! – falei em português.
- Como?
- Eu não sei se os meus pais vão ser tão compreensivos com relação a nós quanto foram os teus. No Brasil ter um filho homossexual não é algo com que as famílias lidem sem problemas. Entre as classes mais pobres, e também mais ignorantes, chegam a matar o desviado se a religião, um pai de santo ou qualquer outro recurso não conseguir curar o filho. Nas classes mais abastadas simplesmente se isola o filho, mandando-o viver fora de casa e fingindo que ele não existe. – esclareci
- Aqui não chegam a matar, mas muitas famílias também procuram não conviver com um filho homossexual. Seus pais são pessoas esclarecidas, podem estranhar no princípio, mas percebe-se o quanto te amam e, isso não vai atrapalhar em nada a sua relação com eles, tenho certeza! – disse ele, tentando me tranquilizar.
- Quisera eu ter essa certeza! – respondi.
- Você se recorda qual foi a primeira reação da minha mãe? Agora que ela te conhece bem, está tudo uma maravilha, mas lembra-se de como eram difíceis e constrangedoras as primeiras conversas deles com você?
- A reação da sua mãe foi de surpresa, apenas isso! No primeiro dia ela foi de uma compreensão e lucidez espantosas. Se todos os pais reagissem assim, ao saberem que o filho está apaixonado por outro homem, este mundo seria um paraíso! – observei.
- Não fique assim! Não quero vê-lo sofrendo por antecedência! – consolou-me e, depois de um breve silêncio – Você prefere que eu não te acompanhe?
- Nunca! Isso nunca, Simon! – Eu te amo mais do que tudo nessa vida! Eu tenho o maior orgulho em dizer que você é meu homem! Eu sempre levei uma vida descente, respeitosa, digna, não tenho por que esconder esse amor de quem quer que seja e, que tem todas essas características. O que fazemos na empresa é diferente, não abrimos nosso relacionamento por uma questão prática, por profissionalismo, para nos poupar de piadinhas desgastantes. – asseverei.
- Desanuvie essa cabecinha, amor! Vai dar tudo certo, você vai ver. – ele tinha esse poder de me encher de confiança, especialmente quando me encarava com esse olhar que tinha agora, e com o beijo que colocou na minha boca em plena Raglan Street, que por sorte não tinha quase ninguém transitando por ela naquele horário.
Quem nos aguardava em Cumbica era meu irmão mais velho e sua esposa, havia pouco mais de um ano que haviam se casado, mas a saliência na barriga da mulher já denunciava que não haviam perdido tempo e, que o primogênito estava a caminho. Eu já conhecia a garota, pois desde a faculdade meu irmão a namorava numa sequência de idas e vindas. Felicitei-os por ambas as realizações. E também não fiz rodeios na hora de apresentar o Simon como meu marido. Meu irmão fez uma piadinha, a esposa me encarou como se eu fosse um depravado. As coisas estavam começando mal, como eu previra.
Ao chegarmos à casa dos meus pais resolvi mudar de tática, apresentei o Simon como meu amigo, o que não mudou muito a percepção que minha mãe teve. Ela o cumprimentou com reserva, muito diferente da maneira afetiva como sempre recebia as pessoas. Comecei a ficar tenso. O Simon era um conquistador, disso eu não tinha a menor dúvida. Em meia hora ele e meu pai estavam falando de negócios, de pescarias, das cansativas viagens internacionais a negócios e, discutindo sobre suas preferências por cervejas, cujas latinhas iam se acumulando sobre a mesinha entre as duas poltronas da varanda que dava para a piscina.
- Não contei com a vinda desse sujeito. Você sabe que o Natal aqui em casa é uma reunião familiar. Nem sei onde vou alojá-lo. – disse minha mãe, enquanto dava instruções para uma empregada que não era do meu tempo.
- Sei sim, justamente por ser uma reunião familiar é que eu trouxe o Simon. É esse o nome dele, Simon! Eu vou te pedir o favor de se lembrar disso. Ele vai ficar alojado comigo no meu antigo quarto, se é que ainda tenho um quarto nessa casa? - revidei, incomodado com a maneira como ela se referiu ao Simon.
Meu pai era uma pessoa desencanada. Tinha muito jogo de cintura por conta dos anos trabalhados numa multinacional e, depois, pelo próprio negócio que exigira dele muita tática para transformá-lo em algo bastante lucrativo. No entanto, minha mãe era uma formadora de opiniões, fosse por sua persuasão, fosse pela aporrinhação constante até cansar seu interlocutor. Era muitas vezes essa a estratégia que usava para fazer a cabeça do meu pai. Eu sabia que ela ia fazer exatamente isso com relação ao Simon e eu.
- Claro que você tem seu quarto nessa casa e, sempre vai ter. Não seja ingrato! Vou dar um jeito que colocar seu amigo em algum lugar. – sentenciou.
- Ele vai ficar comigo no meu quarto, isso é ponto pacífico! – exclamei. Ela ficou furiosa. – Também podemos ir para um hotel, não há problema nenhum. – acrescentei.
- Não diga bobagens!
- Eu não me abalei de tão longe para brigarmos, nem para ouvir sermões e muito menos para ver meu amigo ser tratado com grosseria. Quero deixar isso bem claro! – afirmei.
- Quem está sendo grosseiro é você! Olhe lá para fora, você chama aquela conversa do seu pai com seu amigo de grosseria? – argumentou ela.
- Não, claro que não. Eu só não entendo o porquê de você estar fazendo drama sobre onde vai alojar o Simon. – revidei.
- Você há de convir que não fica bem você e ele estarem no mesmo quarto!
- Eu durmo com ele todas as noites a quase cinco anos! O que é que não fica bem? E, principalmente, para quem não fica bem? Por que para nós dois está maravilhoso dessa forma! – eu sabia que iria me estressar com ela.
- Não sei onde você aprendeu essa indecência, por que aqui em casa não foi!
- Eu não vejo onde está a indecência entre duas pessoas que trabalham na mesma empresa, chegam em casa e dividem as tarefas, cuidam de um cachorro, fazem supermercado, assistem TV juntos e tudo o mais como qualquer outro ser humano. – argumentei
- Eu estou me referindo a dois homens fornicarem, é disso que estou falando. – sentenciou ela.
- É essa a sua única visão de um casal? Quer dizer que quando você pensa no Danilo e na esposa você fica considerando como eles fornicam? É a isso que você resume um casal? Duas pessoas trepando e fodendo o tempo todo? – retruquei.
- Maneire seu linguajar! O Danilo e a esposa são um casal!
- Por que eles são um casal e eu e o Simon não? Por que eles são macho e fêmea, ou por que eles se amam?
- Não é porque um bando de depravados e pervertidos está aparecendo na mídia e se intitulando como um casal dos tempos modernos que isso configure uma verdade.
- E você acha que eu me sustento, minha carreira está em ascensão e eu estou realizando meus sonhos por ser um depravado, um pervertido? Faça-me um favor, essa conversa já deu! Para mim chega! – deixei-a na cozinha, diante do olhar perplexo e da mudez da empregada.
- Está tudo bem? – questionou meu pai, quando fui me juntar a eles na varanda, com os olhos marejados.
- Não sei se vamos passar o Natal com vocês, pai! – respondi. O Simon me olhava enternecido, eu sabia que ele estava louco para me tomar em seus braços, mas ficou constrangido de fazê-lo em frente ao meu pai.
- É claro que vão! Eu imagino o que sua mãe andou falando. Mas, não leve isso a sério. Ela está reagindo do jeito dela ao impacto da situação, é só isso. Tudo vai ficar bem, dê tempo ao tempo. – ele me puxou pela mão e me fez sentar em sua perna. Foi dele o abraço que me sensibilizou. O Simon nos encarou e, mesmo não tendo entendido uma única palavra do que meu pai e eu falamos, ele soube o que estava acontecendo.
- Mas é ela quem vai fazer a cabeça de todo mundo, como sempre! – exclamei, enquanto ele passava a mão nos meus cabelos como fazia quando eu era criança e esfolava o joelho por ter caído da bicicleta ou ter me machucado numa rusga com meus irmãos.
- Não desta vez! Eu garanto a você que não desta vez! – foi o tempo que comprovou essas palavras.
Aquele não foi um dos Natais e finais de ano dos mais tranquilos da minha vida, mas sobrevivi a ele e, principalmente, o maior sobrevivente do reencontro com a minha família foi o nosso amor. Provavelmente, eles levaram um tempo para digerir a situação depois da nossa partida. No entanto, nosso amor chegou a Sidney muito mais visível e fortalecido com mais essa provação. Tanto o Simon, quanto eu, sabíamos que não seria a última. O que nós sabíamos, sem dúvida, é que também iríamos superar as que viriam. Essa certeza vinha da força que conseguíamos a cada troca significativa de olhares, a cada toque carinhoso em nossas peles, a cada beijo trocado sob as estrelas nas noites de verão ou na intimidade dos nossos lençóis ou, a cada gemido que aflorava as nossas bocas quando meu cuzinho se contraía ao redor da rola impetuosa do Simon nos transformando num único ser.