Os Verões Roubados de Nós
Capítulo 10
Narrado por Tati
Detesto acordar cedo, principalmente nas férias. Na época das aulas tudo bem, mas férias são sagradas. Porém, pelo meu irmãozinho lindo abro uma exceção.
Nunca imaginei que uma simples viagem de férias o mudaria tanto. Na verdade sabia sim! Enzo já havia me dito o que faria com ele (rsrs) e se meu primo disse que faria então eu acredito nele. Estou feliz pelos dois, pois agora não precisarão mais se esconder de ninguém.
Não consegui contar sobre a conversa com meu pai, mas acho que ele já percebeu algo pelo meu tom de voz.
Bom, o melhor é eu me levantar e cuidar do que ele pediu. Vou comprar um colchão e providenciar algumas coisas que Enzo pediu. Sorri. Contei para ele o que Gabe pediu e ele já tomou a frente. Meu irmão está perdido conosco, pois quando Eno e eu nos juntamos não fica pedra sobre pedra.
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Narrado por Antunes.
Acordei com sons de risos vindos de fora do quarto. Levantei e caminhei até a janela e vi que algumas crianças acompanhadas dos pais brincavam na piscina. Que saudades da minha pequena!
Faço minha higiene e desço para tomar café e enquanto o tomo penso se farei ou não outra campana. Decido não fazer, pois eles não irão sair tão cedo da toca e com certeza não vou ficar sentado lá até minha bunda ficar quadrada. Volto para meu quarto e resolvo descansar mais um pouco.
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Narrado por Francisco (pai de Gabriel).
O dia de ontem começou estressante com Vera reclamando logo cedo, mais tarde uma reunião chata com um cliente mais chato ainda e depois um almoço com minha filhota linda. E devo confessar que esse almoço me deixou abalado, triste, confuso e principalmente com um sentimento de culpa.
Culpa por ter sido omisso quando achei que estava presente. E depois de ver o rancor que minha filha guarda pela mãe senti como se um véu fosse tirado dos meu olhos.
Conheci Vera na juventude e confesso que sua beleza foi o que mais me chamou a atenção. No início ela era doce, delicada, educada, porém após sua doença se tornou fria e ressentida com algo, mas mesmo assim nos casamos. Eu não me casei enganado e no início do nosso casamento tudo ia às mil maravilhas, pelo menos para mim. Em algum momento ela se tornou amarga e dura e ouvindo Tatiana falar percebi que foi após o nascimento deles. Eu sei que em algum ponto eu a amei, mas como bom moço e pai de família dedicado deixei a educação dos nossos filhos sob sua tutela enquanto fazia o papel de provedor e se arrependimento matasse agora eu estaria duro num caixão.
Meus filhos são as pessoas mais importantes na minha vida. Graças a Deus são pessoas de boa índole e caráter. Cresceram com os primos e cercados por poucos amigos já que Vera não permitia que eles frequentassem nossa casa.
- O que eu fiz meu Deus? – falei baixinho me olhando no espelho – O que posso fazer para mudar e ajuda-los?
Vejo uma lágrima escorrer. Quando Tati mencionou sobre Gabriel entrei em estado de negação. Nem voltei para a empresa. Fui conversar com meu melhor amigo e cunhado Pietro, pai de Enzo.
Flashback on.
Cheguei ao restaurante italiano do qual ele é proprietário e enquanto caminho pelo estabelecimento um sorriso se forma em meus lábios. Meu Gabe ama esse lugar e o sonho dele é ter um restaurante também, tanto que fez um projeto que apresentará para mim quando voltar de viagem deixando-me curioso, mas meu filho é competente e tenho certeza que vou gostar logo de cara de seu projeto.
- Chico meu amigo! – ele vem me receber de braços abertos – A que devo a honra dessa visita?
Ele me dá um abraço caloroso.
- Ah meu amigo! Eu preciso conversar com você. – meus olhos já estão marejados.
- Claro claro! Vamos ao meu escritório. Aceita beber algo?
- Aceito aquele uísque 12 anos que você tem escondido lá. – rimos e seguimos para seu escritório.
- Tudo bem, apenas não conte para sua irmã! – ele diz – Ela odeia bebida.
Depois de nos acomodarmos e estarmos saboreando nossa bebida resolvo falar.
- Hoje almocei com Tatiana e ela resolveu desabafar muitos anos de raiva, angústia, tristeza e algo mais contra a própria mãe – olho para ele e continuo – o que ela disse fez eu me sentir culpado e omisso. – e conto a ele tudo o que ela me disse – Meus filhos sofreram por minha culpa e negligência. Eu sou um monstro Pietro!
Ele apenas me observa e nada diz, minhas lágrimas rolam e meu choro torna-se sentido.
- Meu amigo, não se sinta um monstro. Você fez o que esperam de homens como nós. Cuidam e não deixam que faltem nada a sua família... – ele diz calmamente – Porém, isso não é apenas material, envolve também carinho, atenção, amor... – ele percebe que meu choro aumenta – Mas nunca é tarde para recomeçar.
O silêncio volta e tento controlar o choro. Pietro se levanta e vai até mim com uma caixa de lenços. Meu cunhado é um homem incrível. Ele se senta ao meu lado e pergunta calmo.
- Isso foi tudo meu amigo?
Faço um gesto negativo com a cabeça.
- Quer me contar?
Solto um suspiro e recomeço.
- Ela me disse que o Gabriel... Que o meu menino Gabriel... É-é- é... Gay. – confesso com dificuldade – Ela não disse essas palavras, mas deu a entender...
- E o que mais?
- Que ele e o Enzo...
- Estão juntos?
Olho para ele surpreso.
- Você sabia disso Pietro?
- Que o Gabe é gay? Não sabia... Você está me dizendo agora. Que eles estão juntos? Por favor, Chico, se o Gabe é gay é só somar 2+2. – ele constata calmo.
Pietro é um homem gigante e de uma calmaria invejável. Invejo isso.
- Você não se abala? O que minha irmã irá dizer?
Meu cunhado faz um gesto com as mãos pedindo calma.
- Chico... Eles sempre foram grudados. Quando Enzo assumiu sua homossexualidade para todos, nós em casa já sabíamos. Não vou mentir que preferiria meu filho hetero, mas meu amor por ele é maior que qualquer coisa, então eu apenas tive que aceitar. – ele suspira – E quanto a sua irmã, ela pensa da mesma forma que eu. Tivemos e criamos nossos filhos para serem felizes e não para viver de acordo com a sociedade. Você deveria tentar fazer o mesmo, afinal ver os filhos felizes e realizados deve ser nossa prioridade não acha?
Aquilo foi uma tapa com luva de pelica na minha cara, mas concordo com ele
- Então meu amigo... – Pietro continua – Ou você aceita ou acabará perdendo seu filho. E outra, já basta a bru... A Vera com seu veneno mortal.
- Eu sei Pietro, eu sei. – digo triste – Eu... Devo confessar que aceito meu filho como ele é. Principalmente porque Vera não poupará esforços para separá-los. Eu tenho que fazer algo que nunca fiz antes. Protege-los.
- Tatiana e Gabe? – Pietro pergunta.
- Sim, mas também nossos meninos.
Pietro sorri se levantando e me puxando para um abraço de urso.
- Estamos juntos meu amigo! Vamos protegê-los juntos. – Pietro dá um largo sorriso – Nossos meninos serão felizes.
- Eu sei.
- Chico... – seu tom de voz muda – Você ainda ama a Vera?
Confesso que a pergunta me pegou de surpresa. “Eu a amo?” me pergunto em pensamento.
- Eu não sei... Confesso que me casei apaixonado e sabendo exatamente como ela é, mas hoje em dia eu não sei se ainda a amo. Ou se um dia a amei. – olho para ele – Eu nunca tive com ela o que você tem com minha irmã. Realmente Pietro, sua pergunta me deixou confuso.
Pietro sorri amplamente.
- Alice é mais que minha esposa e companheira. Ela meu amor, minha vida, minha esposa, namorada, amante... – ele ri quando o cunhado torce a boca – faço tudo por ela e por nossos filhos e eles são uma extensão do nosso amor. Até mato por ela se preciso for. Você mataria por Vera?
- Claro que não! – respondo rápido.
- Então reflita meu amigo. Coloque tudo na balança. Os bons e maus momentos e veja o que pesa mais. É o único conselho que posso lhe dar.
- Vou refletir sobre isso. – e o abraço novamente – Obrigado meu amigo... Por tudo.
Conversamos por mais um tempo e fui embora, pois Pietro tinha que gerenciar ser restaurante. Diante disso começo a pensar sobre minha vida no caminha de casa.
Flashback off.
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Capítulo 11
Narrado por Antunes.
Passo o dia cercado por anotações prévias sobre esse caso. O dia passou rápido e resolvi sair um pouco para tomar um ar. Sentei-me a beira da piscina e pedi uma cerveja junto com uma porção.
Alguns pontos não estavam previamente esclarecidos:
1) Por que investigar um rapaz tão jovem, sem passagem pela polícia e com certeza bem de vida?
2) O que essa pessoa ganha com isso? Estaria a mando de outra pessoa?
3) E esse ponto me deixa em alerta total: se ele é bem de vida, o fato de eu investiga-lo poderia ser um esquema para um sequestro.
“Meu Deus... Por favor, clareie minha mente!” suplico em pensamento.
Minha porção chega juntamente e peço outra. Enquanto como faço um apanhado da minha vida e acho que vou dividir um pouco com vocês.
Meu nome é Diego Antunes, tenho 32 anos e sou detetive particular há dez anos. Comecei muito novo pessoal, pois eu já trabalhava nesse escritório com um detetive bem mais velho do que eu. Antonio Carlos era um excelente detetive particular e aos poucos foi me introduzindo no trabalho de campo.
Passei a gostar e quando ele se aposentou passou- me todos os seus clientes. Aos poucos fui conquistando meus clientes também. Sou profissional ao extremo e não deixo meu emocional interferir numa investigação.
Aos 26 anos conheci Fabíola. No início ela era toda doce, inteligente e ótima de cama. Não demorou muito para ela engravidar e fomos morar juntos passando por cima dos conselhos dos meus pais e também do meu mentor Antonio Carlos. Todos eles sabiam quem ela realmente era, mas eu cego e surdo não dei atenção. Paguei caro por isso. Ela me esfolou até o último centavo e ainda ficou com a guarda da minha filha Julia. A única coisa boa que restou desse relacionamento.
Decidi cuidar da minha filha, porém para isso precisava me reerguer. Então o fiz, estudei e trabalhei feito louco e fui reconstruindo minha vida aos poucos. Comprei uma casa, um carro novo e poupei uma boa reserva no banco, e por fora iniciei uma investigação sobre Fabíola e seu atual namorado, sobre os quais eu montei um dossiê. Eu precisava me armar contra ela e ter uma carta na manga.
Atualmente não havia espaço para nenhuma mulher na minha vida, tanto que as mais importantes para mim são minha mãe e minha filhota. A mulher que eu quero acho que nem existe, pois ela tem que ser guerreira, segura de si, inteligente e principalmente aceitar minha filha.
Bom pessoal enquanto essa mulher não aparece vou trabalhando e me respaldando contra Fabíola até o dia em que a guarda da Julia for definitivamente minha. Esse sou eu. Abraços.
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Narrado por Enzo.
Ao acordar pela manhã percebi que Gabe não estava e que seu lugar estava frio. Sorri e me espreguicei gemendo um pouco, pois estava dolorido.
Fui caminhando devagar até o banheiro e fiz minha higiene matinal. Ao descer ouço a voz dele conversando com alguém. Percebo que ele está ao telefone.
Chego e o abraço por trás.
- Preparar para o quê? – pergunto.
Ouço uma voz praticamente gritar do outro lado da linha.
- É a Tati? – Gabe confirma – Deixa eu falar com ela, por favor.
Ele termina de falar e me passa o telefone dizendo que vai preparar nosso café.
- Bom dia gata! – cumprimento minha prima enquanto caminho para a beira da piscina sentando-me na espreguiçadeira. – Como você está?
- Eno Eno! Seu safadinho... – ela ri feito louca do outro lado – Eu estou ótima, mas eu quero saber de você? Como foi? Deu muito? Como você deixa meu irmão ficar acordado a noite toda e dorme? Eu esperava mais de você mocinho!
- Opa... Como assim não dormiu a noite toda? – estou em alerta.
- Ah sei lá! Vai ver foi o tesão em excesso, mas deixa pra lá! Conte- me tudo e não esconda nada.
Eu rio. Tati é doida.
- Vou te contar pessoalmente, ok? Mas posso adiantar que foi maravilhoso. Ele é perfeito e nosso amor apenas confirmou o que eu já sabia, que ele é o homem da minha vida. – suspiro apaixonado.
- Oouunnn... Que lindo! Eu sabia que essa viagem seria excelente. Vocês precisavam disso. – ela diz.
- Pois é ele resolveu sair do armário. – dou uma risadinha – E está a todo vapor mulher!
- Eu sei, ele meio que disso isso para mim. Ela faz uma pausa – Eno... Eu conversei com papai ontem.
Fico sério. Havíamos conversado sobre isso antes da viagem. Ela iria preparar o tio para qualquer eventualidade.
- E como foi? – pergunto.
- A meu ver tudo bem. Ele deve estar assimilando tudo isso. Eno tomara que ele não ouça a bruxa. Oremos... – ela ri amarga.
- Deus te ouça prima! – rio também – Amém... O que ele queria? Por que ele te ligou?
- Para que eu mande alguém limpar o apartamento. – ela responde.
- Jura?! – minha imaginação começa a trabalhar – Tati...
- Aaahhh... Lá vem! – ela gargalha.
- Para! Deixa eu falar.
O que você quer aprontar hein, seu tarado? – minha prima é curiosa, mas o melhor de tudo é que ela me ajuda nas loucuras que quero fazer com Gabe. Adoro.
- Preciso que você arrume umas coisas e mande pra lá, por favor. Colchão, travesseiros, fronhas, edredom, lençóis, toalhas e o que mais puder. Encomende comida também no restaurante do meu pai. O Gabe ama comida italiana. Vou fazer uma surpresa pra ele. – nem preciso terminar, pois ela já comprou a ideia.
- Isso! – ela solta um gritinho – Vou deixar o ambiente bem romântico. Deixa comigo primo!
Rimos.
- Eu sei que posso contar com você gata!
- Apenas um detalhe Enzo Maia Mancinni.
- Aaafff... Lá vem...
- Meu apartamento fica abaixo do de vocês, portanto nada de ficar pulando, esmurrando paredes e nada de gritaria, por favor. Não precisam me lembrar de que vocês transam e eu não. Então, não quero ver meu teto tremer seus tarados! – e ela ri.
Dou uma gargalhada gostosa.
- Amada, onde está seu atual?
- Arghhh... Nem me lembre. Cara porco...
- Quero saber tudo depois gata e não se preocupe, somos discretos! – declaro – Mas seu irmão é intenso, então se houver barulho não é culpa minha.
- Você é tarado Enzo! Eu te conheço.
- Sou mesmo... Kkkk... Já viu o tamanho do meu homem... Jesus me salva! E toda aquela delícia é minha! Portanto conforme-se priminha... E se você reclamar grito seu nome durante o orgasmo.
- Ecaaa... Kkkk... Seu nojento!
- Também te amo Tati. – observo Gabe arrumar a mesa para nosso café – Mas falando sério, você pode me fazer esse favor?
- Claro Eno e faço com gosto. – ouço o bocejo dela. Acho que vou me levantar para cuidar disso. Seu namorado é um chato que me acordou. Babaca.
Rio.
- Quando vocês voltam?
- Ainda não decidimos – respondo – Mas te envio um SMS avisando, ok?
- Ok primo. – ela concorda – Assim peço a comida para vir fresquinha.
- Isso – Gabe me chama – Meu amor está me chamando... Depois nos falamos Tati! Amo você.
- Te amo primo... Ah, diz pro seu amor que eu o amo também. – ela ri. Desligo e vou tomar café.
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Narrado por Gabriel.
Enquanto tomamos nosso café decidimos como será nosso dia.
- O que vamos fazer hoje amor? – ele pergunta.
- Pensei em arrumarmos nossa mala, chamar os zeladores para arrumar a casa um último passeio.
Enzo me olha estranho.
- Calma amor. Pensei em ficarmos na praia do condomínio mesmo. – sorrio – fazer algumas fotos.
- Vamos embora à noite então? – ele pergunta.
- Pensei nisso, mas acho que poderemos estar sendo vigiados, então podemos ir de madrugada ou na hora do almoço amanhã. O que acha?
- Quem é bom de logística aqui é você amor! Mas eu acho que ele pode estar lá fora esperando por nós de qualquer forma. Então eu apenas concordo.
- Vida não é assim! Eu estou apenas sugerindo e precisamos chegar num acordo. Decidir juntos. – digo com um suspiro resignado
Ele sorri.
- Minha intuição diz que devemos ir amanhã pela madrugada. – ele ri
- Bobo. – jogo o guardanapo nele – De acordo então?
Ele se levanta e vem me beijar.
- Sim sim sim meu loirão gostoso.
Terminamos nosso café, limpamos tudo e subimos para arrumar nossa mala. Agendamos com Zenaide e seu esposo a arrumação da casa e fomos para a praia.
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Narrado por Tati.
Depois de tomar meu café e me arrumar ligo para Cícera para que ela venha limpar o apartamento. Providencio todo material de limpeza e enquanto Cícera limpava fui providenciar as coisas que Eno pediu. Compro um colchão, um jogo de lençol, edredom, uma mesa e um abajur (rsrs). Feito isso parto para o restaurante do tio Pietro para encomendar a comida.
Ainda não sei realmente o que houve em Paraty, mas já adianto a vocês que gostei de meu irmão sair do armário. Eu ainda não contei para ele que conversei com nosso pai e contei sobre tudo o que passamos e ainda por cima sobre a orientação sexual dele. Gabe com certeza vai me matar.
Quero que vocês entendam que fiz isso porque precisamos de aliados, pois há uma pessoa que não vai deixar barato a escolha do meu irmão. Vera. Ela detesta o Eno e nos despreza.
Enquanto volto para pegar a comida resolvo ligar para o meu pai..
- Oi paizinho! Bom diaaa... Como você está? – tento dar um tom animado a minha voz.
- Bom dia filha – sua voz é séria –Eu estou bem. Na verdade, estou muito bem. Onde você está?
- Resolvendo uns assuntos e encomendei uma comida no restaurante do tio.
- Legal e será que rola um convite para jantar na sua casa? – ele pergunta animado.
“Ai caramba! O que eu faço?” penso aflita.
- Ah... Tu-tudo bem pai. Jantar lá em casa. – aiiii ferrou tudo – O que houve?
- Nada filha. – sua voz parece cansada – Quero apenas conversar. Esclarecer algumas coisas.
“Ok... Tomara que os meninos venham amanhã” peço em pensamento.
- Ok paizinho. – suspiro – Hoje à noite então? Que horas?
- Às 20.
- Tudo bem então. Até mais tarde então! Beijo.
- Até filhota! Beijos.
Tati para Enzo
# Já decidiram quando voltam? Bj#
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Narrado por Francisco.
Ontem ao sair do restaurante de Pietro fui até a minha empresa encerrar o expediente e fui para casa. No caminho pude refletir sobre o dia, as conversas com minha filha e Pietro e, por fim, sobre minha vida. E cheguei a uma triste conclusão: Eu sou infeliz. Infeliz no meu casamento que é praticamente de fachada já que Vera ‘odeia’ sexo (pelo menos comigo, vai saber não é?), então eu não sei o que é fazer amor há tempos. Às vezes eu acabo pagando para transar, afinal eu sou homem, mas é só isso.
Percebi que invejo meu cunhado e o que ele tem com minha irmã. Isso sim é amor. Os olhares, os toques, os sorrisos que eles trocam, o amor pelos filhos, enfim, tudo o que não tenho. Fui um pai omisso, confesso, e vou me culpar para o resto da vida, porém o que eu puder fazer pelos meus filhos de hoje em diante para vê-los felizes, eu vou.
Ao chegar em casa Vera não estava. Que novidade. Deveria estar na casa de alguma amiga ou em algum chá beneficente ou sei lá. Ainda bem, pelo menos não ouviria mais um sermão a respeito do meu filho.
Fiz um lanche rápido, tomei um banho e segui para meu quarto para ler um pouco. Teria algumas horas de sossego, pois Vera e eu não dividimos a mesma cama. Graças a Deus.
Reflito mais um pouco sobre minhas decisões tomadas e decido dormir sem ler mesmo.
Amanhã será um novo dia.