DECADÊNCIA II - Parte VIII
Acordou-se se sentindo ainda zonza e com o corpo todo dolorido. Estava deitada numa cama confortável. Quando abriu os olhos, percebeu que estava em um hospital. Teve a certeza quando viu a sua amiga Angeli adentrar o quarto vestida de enfermeira. A moça sorriu, ao vê-la desperta. Saudou:
- Boa tarde, bonita. Dormiu bem?
- O que aconteceu?
- Quer primeiro a boa ou a má notícia?
- Prefiro a má.
- Pois lá vai: você foi drogada. Te encontraram vagando nua, pelas ruas. Um verdadeiro escândalo para a sociedade careta de nossa cidadezinha.
- Meu Deus... como vim parar aqui?
- Seu Joaquim, da quitanda, te viu zanzando pelas ruas à noite e te trouxe para cá. Teu marido esteve aqui, mas não demorou muito. Saiu pouco depois, sem falar com ninguém. Parecia envergonhado. Não voltou mais. Você passou cinco dias desacordada...
- Como é que é?
- Sim, amiga. Você esteve sedada esse tempo todo. Mas temos uma boa notícia...
- Qual?
- Operaram um tumor que você tinha no cérebro. Não está sentindo a cabeça enfaixada?
Só então, Maria percebeu as ataduras. Passou a sentir uma dor leve ali. Lembrou-se que andava vendo coisas estranhas. Acreditava que o tumor lhe havia causado tais visões. Mais ainda estava preocupada, dessa vez com outra coisa. Perguntou:
- Alguém da empresa onde trabalho esteve aqui?
- Um tal de Sr. Genaro. Fez um monte de perguntas aos médicos. Depois, foi embora.
Maria ficou mais preocupada ainda. Temia perder seu emprego. Também estranhava o fato do seu apaixonado funcionário não ter ido vê-la. Perguntou por seu celular.
- Já disse que te encontraram nua. Sem celular. Completamente drogada. Lembra quem te deu os entorpecentes?
- Não o conheço -, mentiu Maria - ele me ofereceu uma carona e depois não me lembro de mais nada.
Nisso, Seu Joaquim invadiu a sala. A enfermeira Angeli saiu de fininho, deixando os dois sozinhos. O quitandeiro pegou nas mãos de Maria. Disse:
- Que bom que acordou. Eu estava preocupado. Vim todos os dias.
- E o meu marido?
Ele custou um pouco a dizer:
- Teu marido assumiu o caso com a minha mulher, aquela catraia. Depois que soube que você havia sido encontrada nua, nas ruas, cheia de drogas, esteve lá em casa e conversou comigo. Disse-me que era apaixonado por minha esposa e que ela também era apaixonada por ele. Que haviam se resolvido, finalmente, a morar juntos.
- Coitado do senhor. Ficou arrasado, não é?
- Eu??? Eu já desconfiava daquela puta. Achei foi bom me livrar dela! Dei-lhe uns tapas e a expulsei da minha casa.
- Você bate em mulher?
- Aquilo não é uma mulé, e sim uma "muléstia". Nesse tipo de gente, bato sim.
- E o que faz aqui? O que quer de mim?
- Quero que vá morar comigo. Fiquei doidinho por você, depois da nossa transa. Aliás, eu já era afim de ti. Mas te respeitava, por ser uma mulher casta e casada.
Ela esteve em silêncio. Depois, prometeu:
- Eu não posso te responder nada agora. Mas, depois, a gente volta a se falar, tá? Ainta estou tentando digerir o que me aconteceu. Preciso sair daqui e saber o que vai ser da minha vida. Do meu novo emprego e...
Ela ia falar da sua relação com o jovem Jessé e o garoto de programas Ralf, mas calou-se. Também queria resolver seu caso com Angeli. Torcia para que a moça ainda ficasse com ela, mesmo estando prestes a se casar.
- Sim, eu entendo. E saberei te esperar. Mas queria saber quem te fez isso.
- Isso importa? Já aconteceu, mesmo...
- Você foi conivente?
- Sim, fui. Mas não imaginava que seria drogada - disse ela, sem querer dar a saber ao verdureiro que procurou fazer o gigolô gozar logo para poder se encontrar com o subordinado.
- Ia trepar com o cara que te fez isso?
- Não -, mentiu novamente - apenas aceitei uma carona dele. Ele me forçou a tomar a droga. Mas eu não devia ter aceitado entrar no carro de um estranho. Então, a culpada fui eu.
- Era só o que eu queria saber.
- O que pretende fazer?
- Por enquanto, nada. Mas, depois, acertarei meus ponteiros com ele... agora durma, minha princesa. Você deve estar cansada. Amanhã, eu voltarei. Aí, saberemos quando sairá do teu internamento.
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Só uns dez dias depois Maria foi liberada. Já havia, inclusive, tirado as bandagens. Haviam raspado sua cabeça para ser feita a cirurgia e agora ela estava sem seus longos cabelos. Seu Joaquim foi buscá-la no hospital, dirigindo a sua velha caminhoneta, a que usava para transportar os vegetais para a quitanda. Levou-a para a sua própria residência, já que a esposa, Judith, havia ido morar na casa de Maria. Nesse meio tempo, a evangélica conversara com Angeli e esta se mostrou disposta a esquecer seu próprio passado devasso. Queria só curtir o seu namoro com o médico que a pedira em casamento. Maria conheceu o sujeito. Achou-o muito afeminado. Decerto o cara queria arranjar um casório para disfarçar a sua homossexualide. Acreditava que tem cara que é gay mas não quer demonstrar isso em público. Então, arranja uma namorada só para calar a boca da sociedade. Mas isso não era da conta dela.
No outro dia, foi à firma onde trabalhava. Encontrou muita animosidade, lá. Principalmente do Sr. Genaro, que quase a bota pra fora do escritório. Em resumo, ele se explicou:
- A empresa não tolera drogados, prostitutas ou relacionamentos entre seus funcionários. Soubemos que andou disvirtuando o senhor Jessé e que depois faltou ao encontro marcado com ele. Por isso, agora ele assume as funções que eram tuas. Como eu te disse: eu precisava de um encarregado. Você começou bem, mas acabou de forma catastrófica. Não a quero mais aqui.
Maria estava enojada. O seu subordinado a usara para conseguir o cargo de chefia. Alcaguetou-a como esposa infiel, aproveitando-se de que a flagraram nua e drogada. Estava odiando os homens. Também estava desempregada e sem muita grana. Ainda bem que conseguira economizar algum dinheiro vendendo as lingeries superfaturadas. Mas aquela grana logo acabaria. Aí, resolveu-se a aceitar o convite de Seu Joaquim: iria morar com ele.
Quando saiu da empresa de vendas de lingeries, foi direto para a quitanda. Assim que a viu, Seu Joaquim ficou muito contente. Beijou-a na boca, mesmo estando na frente de freguesas, que torceram seus narizes para o casal. O homem nem ligou. Atendeu a clientela, já dizendo que iria fechar pouco antes da hora do almoço. Nem bem a última cliente saiu, baixou as portas da quitanda. E foi logo tirando a roupa.
Quase rasgou as vestes de Maria, com tanto tesão que estava. Ela, no entanto, apenas se deixou levar. Até porque o homem é quem dava rumo à foda: arrancou suas roupas, mamou seus seios com uma gula animalesca, chupou seu grelo com urgência, quase a machucando e, bem dizer, derrubou-a sobre o piso sujo do estabelecimento. Sem demora, abriu bem as pernas dela e apontou a cabeça do caralho pulsante. Introduziu a rola de uma vez, quase a estraçalhando por dentro. Meteu como quem mete numa boneca inflável, sem se preocupar em fazer-lhe também gozar. Ela comparava a apatia do ex-marido à sanha do verdureiro. Claro, adorava enlouquecer de tesão um homem. Mas, dessa vez, não estava satisfeita com a foda. Apesar disso, abriu mais as pernas quando pensou:
- Maldita mania das mulheres de quererem ser amadas e não fodidas. Eu sempre quis ser bem-fodida, agora sinto a necessidade de ser bem-amada.
Mas não reclamou em voz alta. Continuou recebendo as estocadas firmes do homem, sabendo que estava muito longe do orgasmo. Pensou em desviar a sua atenção do ato. Ficou fantasiando que era Ralf quem a fodia naquele momento.
FIM DA OITAVA PARTE.