Gabriel vivia em uma pacata cidade do interior do estado. Um típico lugar onde a educação não é prioridade, os jovens começam a trabalhar cedo e a tradição ainda é muito forte. Filho de uma família muito católica, ele frequentava a igreja constantemente, tanto para ir à missa, quanto para reuniões de adolescentes para discussão das pautas católicas nessa fase. Esse era o círculo de amizade de Gabriel. Ele, porém, não queria permanecer nesse lugar e trabalhar na loja de materiais de construção dos pais. Sonhava em ser engenheiro civil e desde cedo focou-se nos estudos para atingir seu objetivo. Seus pais, obviamente, apoiavam-no bastante, pois queriam que o filho tivesse condições financeiras melhores, porque a loja supria não muito além do conforto mínimo que eles precisavam.
O seu esforço foi recompensado quando, recém completos, 18 anos, Gabriel foi aprovado no curso desejado na UF da capital. A família fez uma festa, convidando parentes e vizinhos para comemorar, visto que não era sempre que alguém naquela cidade ia para a faculdade. Passada a euforia inicial, a família começou a planejar a mudança. Não teria como ele ir e voltar da capital com frequência, pois a distância era grande e os custos sairiam altos. Ele iria precisar de uma casa. Entretanto, seus pais não tinham como arcar, naquele momento, com os custos de uma casa alugada e alguns eletrodomésticos para ele. As aulas começavam em uma semana e isto estava preocupando o garoto, que começava a se despedir dos seus amigos da igreja.
Seu pai, então, propôs uma solução. Disse que ligaria para seu irmão, Edgar (o qual trabalhava como gerente de uma concessionária na capital) e perguntaria se tinha como seu sobrinho permanecer poucos meses lá até a situação melhorar. Gabriel não gostou da ideia, mas fez um esforço surreal para dizer ao pai que era uma ótima ideia. Ele não queria incomodar ninguém e não era próximo do seu tio. A resposta positiva de Edgar foi empolgada, pois ficaria feliz em ajudar o sobrinho. Havia, porém, uma ressalva: o apartamento dele possuía um quarto somente. Aquilo desanimou ainda mais Gabriel, que nem a notícia de uma escrivaninha para estudo o fez ficar mais confortável com a situação. No domingo antecedente da semana da matrícula e início das aulas, Gabriel partiu de sua pacata cidade. As instruções de seus pais foram as mesmas que eles passavam na sua casa: não mexer em nada, limpar tudo que sujou e, além, disseram para ele se preocupar com a arrumação geral da casa, como forma de agradecer o grande favor que seu tio estava fazendo.
Ao chegar na capital, foi recepcionado por Edgar. Fazia bastante tempo que não o vira e quase não o reconheceu. Antes de irem para a casa, o tio fez um tour pela cidade, para mostrar alguns pontos e mostrar o caminho da faculdade. Ele era um cara bem-humorado, o que tranquilizou a ansiedade de Gabriel. O apartamento era próximo a faculdade, em torno de 20 minutos de ônibus, por um caminho que não possui engarrafamento nem nos horários de pico. Por dentro, era uma casa totalmente diferente que o rapaz frequentara. Moderna era o adjetivo que vinha a cabeça. A cozinha minúscula junto a uma sala. Uma mesa redonda e pequena. Na frente, um espelho grande. A escrivaninha, que ele falara, estava desocupada e dava sinais que fora limpa recentemente. A varanda média, mas muito confortável, tinha vista para o estacionamento do condomínio. Edgar continuou no corredor e mostrou o banheiro da casa, igualmente pequeno, e sua suíte, talvez o maior compartimento da casa e muito elegante. Depois de conhecer o ambiente, Gabriel notou na decoração da casa. Era bem colorida, com placas em inglês e souvenirs espalhados. Sentia-se estranho ali, pois realmente parecia que ele estava vivendo em outra época no interior. Estranho, porém, gostando.
Seu tio voltou a falar. Era o momento de saber as regras da casa. Ao invés de ditá-las, Edgar quis o deixar confortável. Disse que recebia pouquíssimas visitas e trabalhava o dia todo, então, ele podia ficar à vontade por ali, fazer da sala seu quarto. O banheiro seria todo seu. Perguntou se Gabriel sabia cozinhar e o jovem respondeu que sabia se virar. Eles riram e Edgar achou bom, pois tinha preguiça e na maioria das vezes acabava comendo produtos industrializados. Por último, o anfitrião disse que tinha desocupado um espaço em seu guarda-roupa para o visitante, que a princípio recusou, mas foi praticamente obrigado por seu tio a guardar as coisas lá. Ele dissera que deixaria a porta sempre abertaA segunda-feira chegou e com isso a rotina. Seu tio ofereceu carona para o primeiro dia, quando Gabriel ia se matricular. O rapaz aproveitou para andar pelo campus, a fim de conhecer o local que passaria os próximos 5 anos de sua vida. Conheceu também alguns dos seus colegas de classe, que já estavam mobilizando um grupo no aplicativo de mensagens. Apesar de todas as novidades, estava se adaptando bem a nova fase. Tão bem que esquecera de avisar os pais sobre sua situação. Assim o fez, que ficaram feliz pois notaram que o filho estava gostando da hospitalidade e da faculdade.
Gabriel descobriu, então, que as aulas só começariam na próxima segunda-feira. Voltou para casa antes do almoço. Recebeu as chaves de seu tio, que havia depositado muita confiança nele. Planejou, então, o almoço e uma limpeza geral na casa, para seu tio notar o quão respeitoso e agradecido ele estava. Passou a tarde inteira na faxina. Limpou a cozinha, sala, varanda e banheiro. Evitaria entrar no quarto do tio, somente para pegar as roupas. Ao anoitecer, Gabriel começou a pesquisar os livros que ele precisaria para o primeiro semestre do curso, mas logo ficou entediado do silêncio da casa. No interior, a todo momento era um grande falatório e atividades da loja dos pais. Procurou um filme na TV a cabo e assistiu. Era um filme de ação. Não que ele fosse fã desse gênero, ele só estava completamente entediado. O relógio apitou às 20h. Gabriel estranhava a demora do tio, mas o mesmo disse que trabalhava o dia todo. Não custou muito, Edgar chegou. Disse que o trânsito estava infernal, perguntou se estava tudo certo e partiu ao banheiro da suíte para se banhar. Gabriel pôde ouvir exatamente a hora que seu tio abriu o chuveiro, pois a porta estava aberta. Quando terminou o banho, foi para a sala conversar um pouco com o sobrinho.
Ele trajava unicamente um samba canção que deixou Gabriel um pouco envergonhado. O volume no meio de suas pernas era grande, mas Edgar demonstrou total naturalidade com isso. Obviamente ele não iria interferir na forma que seu tio ficava na própria casa, até porque era verão e estava bastante quente. Então, tratou-se de acostumar com aquela cena. Conversaram um pouco sobre o dia e Edgar ficou bastante surpreso com a limpeza geral da casa. Depois, partiu para o quarto. Gabriel, então, preparou o colchão de ar que tinha trazido e se deitou, sem conseguir dormir. Pensou, então, em acessar um site pornô. A ideia já o deixava excitado. Ele sentia um pouco de culpa, mas era algo que não conseguia controlar. Seus hormônios estavam em alta. Após alguns minutos pesquisando, encontrou um vídeo que o interessou. Resumia-se a uma mulher branca e magra, vestida com roupas quase infantis, que chamava o homem de daddy. O homem era mais forte, como um adulto qualquer. Ela começou a chupar o pênis dele, que quase não dava em sua boca. Gabriel masturbava-se. Depois, ela estava de quatro e o homem a penetrava com vigor. Ele gemia alto. Gabriel sentia seu corpo mais quente. Percebeu, logo, a semelhança que aquele homem do vídeo tinha com seu tio. Isto foi bastante estranho para o jovem, que encerrou o ato e fechou o vídeo. Seu pênis continuou ereto por um tempo até que ele adormeceu.
A semana continuou seguindo um tédio para Gabriel, que já estava ansioso para estudarO início das aulas foi muito empolgante para Gabriel. Novos professores, novas matérias, novas amizades. Seu tio acordava mais cedo e deixava café pronto; o trabalho de Gabriel era limpar a pouca louça suja. Saia em tempo suficiente para chegar às 07:30h na faculdade. Como era um pouco tímido com o pessoal moderno da capital, sentava no canto atrás da sala, mas prestava atenção aficionado na matéria. As matérias de cálculo começaram bem mais complicadas do que ele imaginou, e já passava as tardes estudando para acompanha-las. Os outros estudantes que sentavam próximo de si começavam a conversar com ele. Eram duas garotas, uma nerd e outra roqueira, e um rapaz que desfilava alguns trejeitos diferentes. Na primeira semana já estavam andando juntos pelo campus.
Seus novos amigos achavam Gabriel engraçado: vinha de um interior bem católico para uma cidade grande bem agitada. Isso porque ele ainda não estava totalmente habituado aos costumes de lá. A verdade é que Gabriel esbanjava educação, um sorriso cativante e vocativos de respeito. Logo, ele cativou seu grupo. Na quinta-feira começou a discussão sobre um churrasco de integração dos calouros e veteranos que aconteceria na próxima sexta. Gabriel não estava animado para ir, mas seus amigos insistiram e explicaram que seria uma boa oportunidade de conhecer mais pessoas do curso, alguns professores, algumas meninas. Ele digeriu a proposta até a segunda seguinte e topou.
Nas duas semanas de aula, quase não conversou com seu tio. Ambos estavam ocupados, e somente a noite, em trajes de dormir, trocavam algumas palavras. Na quinta, porém, passaram um pouco mais de tempo juntos. Gabriel contou a Edgar que no dia seguinte seria o churrasco da turma, e o tio perguntou que horas aconteceria. O sobrinho, então, disse que seria na hora do almoço, na própria faculdade, mas achava que não iria se prolongar por muito tempo. Edgar ouviu, pensou alguns instantes e disse que estava planejando o convidar para sair juntos na sexta à noite, visto que pouco tinham convivido os últimos dias, seria um bom momento para se conhecerem melhor. Continuou dizendo para ele não se preocupar com dinheiro, ele fazia questão. Gabriel não queria ser deselegante com o tio. Topou sair com ele também, porém, perguntou qual seria a ocasião. Edgar respondeu que ainda estava pesquisando onde seria bom na sexta-feira. Gabriel assentiu e os dois se dispersaram.
Na madrugada, Gabriel acordou de um sonho. Não conseguia lembrar exatamente o que tinha sonhado. Sabia, somente, que estava com o pênis ereto e precisava ir ao banheiro urinar. Antes de entrar no local, olhou ao fim do corredor, onde ficava a suíte de seu tio. A porta estava aberta. A TV estava ligada pois iluminava a parede do quarto. Notou o samba-canção de seu tio jogado no chão. Ficou mais alguns instantes observando a cena, até que entrou no banheiro. Depois, voltou a seu colchão de ar.
O dia seguinte continuou da mesma maneira. Café. Louça. Ônibus. Aula. A diferença foi que terminou mais cedo e todos foram em direção a um espaço próximo a um laboratório, onde seria o evento. Todos estavam muitos animados, mas Gabriel ainda não se sentia totalmente confortável. Permaneceu ao lado dos seus amigos, porém, eles também estavam interagindo com pessoas diferentes. As músicas tocavam alto e o falatório também. A maioria estava bebendo cerveja em copos de plástico. De repente, uma menina bonita, branca, do cabelo castanho claro, se aproximou de Gabriel com dois copos de cerveja na mão. Ele ficou um pouco nervoso e disse que não bebia, mas a garota retrucou que isso ia ajudar ele a perder a timidez. Eles riram e Gabriel pegou o copo. De fato, nunca tinha colocado uma gota de álcool na boca e o gosto da cerveja parecia amarguíssimo. Ele, entretanto, continuou a beber e conversar com a garota. Seu nome era Shirlei e estava no 6° semestre de engenharia civil. Contou das matérias difíceis, dos professores que reprovam por falta, dos melhores laboratórios. Perguntava a Gabriel sobre suas primeiras impressões do curso, sobre sua cidade de origem, se ele conhecia alguém na capital. Ela bebia bastante e toda vez servia Gabriel até o momento que ele já estava rindo, animado, contando sobre como achou estranho a vida por ali, mas que estava gostando muito. Trocaram contatos e ela se despediu. Gabriel, então, notou que a maioria das pessoas já tinha ido embora e só conseguiu enxergar Pablo, seu amigo. Ele conversava com outro rapaz e Gabriel, sem perceber, alcoolizado, atrapalhou a conversa. Pablo, porém, não ficou chateado, pois nunca vira ele tão animado daquele jeito, despediu-se do seu rapaz com um beijo no rosto e atendeu à solicitação de Gabriel para acompanhá-lo até a parada.
Não parou de falar um segundo. Falou de Shirlei, dos laboratórios, do seu tio que iria sair mais tarde. Pablo ria. Quando se deu conta, Gabriel lembrou que tinha interrompido a conversa dele e perguntou quem era. Pablo disse que era um rapaz do 4° semestre, que ele tinha se interessado, achava que ia ficar com ele. Gabriel processou a informação aos poucos. Sabia que ele era gay, mas ainda não tinha entendido como funcionava. Preferiu não perguntar, e desejou sorte para ele. Pablo continuou a rir de Gabriel cambaleando levemente. Subiram no ônibus, que em menos de 20 minutos chegou a parada de destino. Pablo continuou, pois morava bem mais longe que ele. O caminho até a apartamento foi longo, mas Gabriel tratou de preparar um café bem forte para se espertar. Checou as horas. 16:00 h. Sentou no sofá e foi tirando sua roupa de forma bem lenta. Até que ficou somente de cueca. Lembrou, então, de Pablo e seu amigo. Ficou na curiosidade para ver o sexo entre dois homens. Sacou o celular e pesquisou sobre isso. Ele, normalmente, não faria isso, mas o álcool tinha deixado mais à vontade sobre o assunto. Abriu um vídeo curto, onde um rapaz novo estava fazendo sexo oral em um homem maduro. Ele sentiu-se agitado por dentro, seu pênis começou a enrijecer. O homem batia com seu membro no rosto do outro. Era enorme. O de Gabriel era bem menor e agora estava mais quente e duro. O rapaz que chupava tentava colocar tudo na boca, mas era grande mais para caber. Gabriel então colocou seu pau para fora, cheio de tesão nessa cena. Porém, com muito esforço, fechou o vídeo, ofegante da excitação inexplicável que tinha sentido. Bebeu o café. Estava um pouco nervoso com a situação. Foi para o banheiro e tentou se acalmar no chuveiroÀs 18:00 horas Edgar estava em casa; tinha saído mais cedo do trabalho. Encontrou seu sobrinho cochilando no sofá, de cueca. Seu olhar varreu o corpo jovem de Gabriel. Liso, sem pelos no corpo, exceto nas pernas. Ele era alto, magro, branco. Corpo de um típico adolescente que não teve uma puberdade acentuada. Seu coração acelerava de pensar naquele menino ali deitado. Talvez não imaginasse o quanto Edgar tinha desejado ele nas últimas semanas, nem percebido as indiretas a ele destinadas. O garoto era ingênuo e isso deixava Edgar mais atiçado. Ele era seu sobrinho, mas não tiveram laços fortes durante sua infância. Logo que ele nasceu, Edgar se mudou para a capital para cursar faculdade de Administração. Foi o primeiro da família. Depois que concluiu, passou um difícil período até conseguir um emprego, porém, logo no primeiro, em grande concessionária do estado, conseguiu se manter. Hoje estava com 40 anos. Buscava manter o corpo em forma, ainda que possuísse uma barriga um pouco proeminente. Era vaidoso e desde que o sobrinho chegou na casa, tentou se esforçar para deixar o rapaz à vontade. O tempo do trabalho e trânsito impediam que ele tivesse mais contato com o garoto, por isso tinha convidado para sair essa noite, a fim de ter uma conversa mais íntima, em um ambiente propício. Ele já sabia onde levá-lo, mas evitou dizer para que não se assustasse. Era uma boate/bar gay. O melhor da cidade.
Deixou o garoto dormir até às 22:00 horas. Ele se espantou quando seu tio o acordou tocando suas pernas. Reclamou de dor de cabeça. “Ressaca?”, perguntou Edgar, oferecendo a chance de cancelar a saída. Gabriel disse que estava bem e que eles iam sair sim. Seu tio sorriu, olhando nos seus olhos. Marcaram às 23:00. Edgar tinha comprado uma pizza no supermercado para comerem antes de sair. Disse que essa era a dica para não ficar bêbado rápido. Fez o sobrinho rir ao lembrar da tarde agitada. Então, revelou que iam numa boate/bar, e que era para ele ir bem arrumado, pois bonito ele já era. A brincadeira deixou Gabriel envergonhado. Seu tio foi para o quarto se arrumar, deixando, como sempre a porta bem aberta. O jovem lembrou que não tinha escolhido um camisa e precisaria ir ao quarto nesse momento. Antes de entrar, porém, chamou seu tio e bateu na porta, seguido da permissão de entrar. Lá dentro, Gabriel ficou atônito. Uns instantes parados com o olhar baixo, fixado na cueca de seu tio, que encobria um longo e grosso pênis colocado à esquerda. “Vim só buscar uma camisa”, ele disse. O tio fingiu que não percebera e assentiu, continuando a se arrumar. Pegou a camisa e segurou-a na frente de suas pernas, para não mostrar ao tio que estava excitado ao vê-lo de cueca. “O que está acontecendo comigo?”, pensou. Acalmou o membro e terminou de se vestir. Edgar saiu do quarto bastante cheiroso e com uma calça justa. Eles, então, saíram de casa.
Chegaram ao local e o tio conseguiu estacionar bem próximo. Tinha bastante gente fora da boate, conversando, rindo, bebendo. Era, também, a primeira vez que Gabriel saía para festa assim, então, sentiu-se deslocado em um primeiro momento. Aqueles que estavam na frente estavam vestidos de maneira bem ousada. Seguindo Edgar para entrar no local, alguns homens o encararam. A música estava bastante alta e logo se deparou com a pista de dança. Tocava um funk bem conhecido. Homens rebolavam junto com mulheres até o chão. As luzes de efeito iluminavam o local, como se acompanhassem o ritmo da música. Ao redor da pista, haviam mesas onde muitos homens estavam conversando no ouvido do outro. Era possível ver também algumas mulheres se beijando contra a parede. Gabriel nunca vira algo parecido, mas já estava convencido que era uma boate gay. Pensou por que motivo seu tio o levaria para lá. A resposta podia ser muito óbvia: ele era. Isso explicaria muita coisa. Antes, entretanto, que pudesse seguir a linha de raciocínio, chegaram a parte inferior da boate, onde tinha o aspecto de bar, um pouco mais reservado. Ali a música não era ensurdecedora e eles sentaram numa mesa de canto, onde, ao invés de cadeiras, havia um sofá em L. Edgar pediu duas caipiroskas com Belvedere. O tio disse que essa era uma das melhores vodkas que vendiam por ali. Gabriel disse que não conhecia nada sobre bebidas e essa seria a sua primeira vez com vodka. O tio riu e disse para irem com calma então. O garçom serviu e o garoto colocou o canudo à boca. O sabor do limão era forte, porém doce, seguido do amargo da vodka que o fez arrepiar. Estranhamente, aquilo era agradável a si. Edgar começou a puxar papo com ele. Perguntou como tinha sido os últimos anos na cidade onde vivera, o que Gabriel gostava de fazer lá, se estava sentindo saudades de casa. O jovem respondeu uma atrás da outra. O tio então contou sobre os anos de faculdade que tivera, sobre as festas universitárias, sobre como foi difícil o primeiro emprego. Gabriel ouvia aquilo de forma descontraída, porém matutava o motivo de seu tio frequentar aquele lugar. Não queria ser indelicado e perguntar, de cara, se ele era gay. Ignorou seus pensamentos.
As rodadas de caipiroskas vinham e Gabriel já estava bem animado, inclusive, com a música. Agora tocava uma música pop, e seu tio perguntou se ele gostaria de dançar. O sobrinho riu e disse que não sabia, preferia ficar ali conversando. Continuaram a conversa com Gabriel falando sobre seu dia, sobre a garota que conheceu mais cedo, sobre seus amigos da faculdade. Edgar prestava bastante atenção a sua fala e olhava fixamente para sua boca. Perguntou, então, se ele já havia namorado. O rapaz disse que era tímido e nunca havia namorado, mas já tinha ficado com algumas garotas da sua cidade, nada sério. Gabriel já começava a sentir os efeitos que sentira mais cedo. Estranhou pois podia jurar que estavam ali há pouco tempo e não deveria ter bebido tanto assim. Ele já sentia-se bem a vontade naquele lugar. Percebera que ninguém ali se importava com padrões e estavam todos se divertindo, dançando, curtindo. Pensou isso enquanto observava a pista de dança. O tio então perguntou se ele havia gostado do ambiente. Gabriel bebeu mais um pouco antes de responder. Sua fala estava lenta. Ele respondeu que a princípio achara estranho ser uma boate gay, mas que tinha gostado pois o clima estava bem agradável e divertido. Forçou sobriedade para dizer isso. Uns instantes de silêncio entre eles pairou antes do sobrinho perguntar ao tio se ele sempre frequentava o lugar. Ele respondeu que era um de seus lugares favoritos, mas ultimamente está trabalhando muito e procurava um pouco mais de sossego. Ele também disse que estava sem companhia para ir e que Gabriel estava fazendo a noite ser especial. O sobrinho sentiu algo diferente nessas palavras. Ele estava bastante empolgado com a noite. Vieram mais caipiroskas. Gabriel ria das histórias do tio. Ele contou que uma vez ficou tão bêbado que se perdeu do caminho de casa e acordou na casa de um amigo que disse que ele apareceu lá porque não sabia como chegar na sua. Desde então, disse que maneirava na bebida, pois também dirigia, e já era um erro beber.
Gabriel sentia-se bêbado. Nesse momento já não entendia o que conversavam. As palavras fugiam fácil da mente e tudo estava mais lento. Levantaram-se. Gabriel não queria. Estavam na pista de dança. Tocava uma música eletrônica, que ele acreditava estar dançando no mesmo ritmo. Enxergava seu tio a sua frente. Depois, já estavam do lado de fora, a caminho do carro. Gabriel falava muito, mas não sabia ao certo o quê. Seu tio pegou na sua mão e o levou em direção ao carro. Ruas vazias. Sinais vermelhos. Gabriel agora conversava mais baixo, o cansaço estava o atingindo com um raio. Observava seu tio dirigir com atenção. Entrada do condomínio. Estacionamento. Elevador. Enfim, a porta da casa. Seu tio trouxe-o o caminho todo, por segurança, de mãos dadas. Caminharam em direção a suíte de Edgar. Ele deitou o jovem na cama. Gabriel estava sentindo-se pesado e a cama do tio era bastante confortável, com um edredon bastante macio. Sentiu seus sapatos saírem dos seus pés. Depois a calça. Foi colocado sentado na beira da cama. As mãos de Edgar agora puxavam a camisa para cima, a fim de tirá-la do sobrinho. Gabriel via tudo de maneira cortada, como em frames de um filme. Levantou o olhar e conseguia somente ver a forma borrada de seu tio. Parecia estar despido. Ele sentiu algo quente tocar seu lábios. Um cheiro bem característico, ainda que não conseguisse o associar a algo. O calor, então, passou para suas bochechas, acompanhado de uma leve pressão, como um tapa delicado. Voltou aos lábios. Dessa vez, instintivamente, abriu um pouco da boca. O sabor era levemente salgado. De repente, uma mão na sua nuca o puxou para frente e ele ficou de joelhos no chão. A boca estava tão aberta quanto poderia, sendo invadida por algo quente e duro. Tentou resistir, em vão. A mão que estava na nuca o puxava forte, e o conjunto dessas forças fazia a boca de Gabriel deslizar naquela coisa grande. Continuou a tentar empurrar para frente e se soltar, mas era difícil demais. Estava sem forças. Desistiu. Foi então que sentiu outra mão na sua nuca, que agora puxava com mais força. O jovem sentia algo duro tocar sua garganta, proporcionando uma sensação de quase dor. Ouviu um som. Não conseguia entender pois era bem arrastado e ficou ainda mais apressado com o ritmo crescente que a boca de Gabriel deslizava. Foi então que ele diminuio o ritmo, mas para deixar aquilo posicionado no fundo de sua boca, tocando-lhe a garganta. Nesse momento, então, sentiu um líquido forte jorrar lá dentro, a cada pulsação que sentia na boca. Parecia que não teria fim e já escorria para fora da sua boca. Finalmente, foi liberado e ele estava livre. Permaneceu de joelhos enquanto o líquido era expulso de sua boca. Sentia uma dor leve no maxilar e garganta, ainda cheia do líquido amargo. Sentiu-se levantado e posto a cama, que permanecia quente e macia. As luzes foram apagadas. Gabriel foi mexido mais uma vez. Agora podia jurar que estava deitado sobre o peito de seu tio Edgar.