Os Verões Roubados de Nós/CAPÍTULO 14

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 5049 palavras
Data: 16/08/2018 21:41:57

Os Verões Roubados de Nós

Capítulo 14

Narrado por Gabriel.

Acordamos cedo no dia seguinte e fomos tomar café da manhã com a Tati aproveitando para combinarmos uma conversa com meu pai e aproveitei para agendar uma reunião com ele no período da tarde. Deixei Enzo em sua casa e segui para minha pensando nas coisas que tinha para fazer.

Estacionei meu carro tirando minhas coisas e segui direto para meu quarto. Separei as roupas sujas da viagem e já fui arrumando meu material de apresentação para reunião que teria com meu pai e enquanto separo uma roupa mais formal para a ocasião ouço:

- Gabriel? Já em casa? – minha mãe pergunta surpresa.

- Bom dia para a senhora também mãe. – respondo seco.

- Hun... – ela dá de ombros invadindo meu quarto – Pelo que estou vendo vai sair novamente.

- Sim... Tenho um compromisso importante. – termino de ajeitar o material na minha mochila.

- Sei. Mas até esses dias atrás você estava de férias com ‘turma’... – diz ela fazendo o sinal de aspas com os dedos – Veio sozinho?

Enquanto ela vai falando pega minha mala e começa a fuçar.

- O que está fazendo? – pergunto arrancando a mala das suas mãos – Eu já separei a roupa suja. Pode ficar tranquila.

- Eu só quero ajudar, meu filho. – algo no seu tom de voz me arrepia. Está muito calma e ela nunca me chama de meu filho se não for para me exibir a suas amiguinhas fofoqueiras.

- Obrigado, mas não precisa. – faço uma voz controlada.

- O Enzo veio ou ficou por lá? – ela pergunta – Com a turma, é claro!

Olho debochado para ela e não respondo.

- Gabriel, eu estou falando com você! Responda!

Vou até o banheiro levar meu material de higiene quando ela solta.

- Aposto que o pederasta ficou por lá. Na certa vai rolar alguma festinha para os amigos dele regada a drogas, bebidas e sabe se o que mais acontece nessas orgias...

Meu sangue ferve fazendo com que eu saia praticamente correndo do banheiro e fico de frente para ela olhando-a de cima.

- PARAAA... – grito com ela e seu olhar é assustado – PARA DE CHAMAR ELE ASSIM! QUE DROGA! – tento me controlar para não falar demais. Ainda não – Para sua informação ele voltou comigo. E quer saber o que mais...

Eu me calo antes de falar o que está entalado na minha garganta. Respiro fundo antes de continuar.

- Fora daqui... – a pego pelo braço e a empurro porta afora – Fora do meu quarto e me deixa em paz!

Ela se recompõe rapidamente.

- Essa casa é minha, rapaz! Você não tem o direito de me expulsar de lugar algum dela! – ela retruca berrando.

- A casa não é sua. É do meu pai. E esse quarto é meu e você não é bem vinda aqui ouviu bem? – e bato a porta na sua cara.

- Isso é influencia daquele anormal... Eu vou contar tudo ao seu pai. Pode esperar, Gabriel. – ouço sua voz abafada e minha vontade é de soca-la.

- VAI PRO INFERNO! - grito em resposta.

Ouço seus passos e seus resmungos se afastando pelo corredor. Tranco a porta e com um suspiro vou cuidar da minha vida.

- Falta pouco. – digo a mim mesmo enquanto entro para tomar banho.

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Narrado por Antunes.

O dia amanhece e acordo com o barulho insistente do celular. Não atendo. Olho o número e solto um suspiro. “Não vou atender nem a pau!” penso já irritado.

Primeiro vou cuidar de mim, traçar uma a estratégia de hoje e depois ficar de campana. Tenho certeza de que hoje eles saem para fazer algo, pois o dia está ensolarado e quente, e muito propício a passeios.

Desço para tomar café e me lembro da conversa com Antonio Carlos ontem. Após contar tudo a ele sobre o caso, as minhas suspeitas ele foi incisivo ao afirmar.

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Flashback on

- Diego, tome cuidado. – ele alerta – se sua intuição está lhe dizendo que algo está errado pense bem no que fará. Você pode estar prejudicando alguém inocente e você me conhece e sabe meu método de trabalho.

Sim, eu conhecia o método dele. No inicio da carreira ele era impulsivo e fazia qualquer trabalho por grana. Até que alguém morreu por causa disso e ele mudou radicalmente.

- Eu sei Antonio, mas a grana já foi paga e foi bem acima do que eu costumo pedir. – justifiquei. Ou pelo menos tentei.

- Olha o que você está dizendo Diego! Está deixando o dinheiro falar mais alto que sua ética profissional. – ele diz – Não parece o Diego que foi meu pupilo mais dedicado.

- Antonio...

- Cala a boca! – ele me corta – Pense bem no que está fazendo ou para quem está trabalhando. Essa pessoa que te contratou pode... Não. Pode é a palavra errada. Com certeza essa pessoa é perigosa, pois se esse rapaz for o que você está achando que ele é, tem coelho nesse mato aí.

Não tive como rebater esse argumento. Eu mesma estava achando isso. “Droga” penso irritado.

- Eu sei que fez isso pensando na Julia e como isso vai te ajudar a obter a guarda dela, mas nada justifica colocar a vida de outra pessoa em perigo. E o pior de tudo, agir de modo antiético. – ele continua.

- Eu sei... Estou pensando nisso. – admito.

- A consciência está pesando não é? – ele pergunta sério – Faça assim... Termine o trabalho aí, faça o relatório e entregue, porém... – ele para de falar.

- Porém o quê? – eu meio que já sei o que ele vai falar.

- Investigue a pessoa também. – ele foi decisivo – Qualquer coisa eu estou por aqui ok?

Suspiro.

- Ok. Obrigado mestre. – rimos. Desligo e fico refletindo sobre o assunto.

Flashback off.

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Termino meu café da manhã e volto para pegar minhas coisas. Olho meu celular e tem mais de dez ligações perdidas. Solto um suspiro de saco cheio e retorno a ligação.

- Por que você não atende essa porcaria? – a voz do outro lado está muito irritada.

- Bom dia! Em que posso ser útil? – pergunto com cinismo.

- Se você fosse útil saberia que ele já retornou a São Paulo, detetive Antunes. – disse a pessoa.

- O quê?! – “Ai porra!” penso.

-Isso mesmo... Não sei que espécie de detetive você é, mas ele, ou melhor, eles retornaram a São Paulo. – diz – Onde você está?

- Eu vim dormir um pouco após horas de vigilância. – minto – Acho que ele pode ter voltado nesse período.

Ouço um palavrão do outro lado.

- Pois trate de fazer o seu trabalho porque estou te pagando uma fortuna para isso. – e desliga antes de eu mandar enfiar o dinheiro em outro lugar.

Com um resmungo irritado telefono para recepção para fazer check out. “Pelo menos vou para casa e ver minha princesa” penso e sorrio.

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Narrado por Gabriel.

Telefono para o escritório do meu pai para confirmar a reunião com ele no final da tarde. À noite teremos o jantar na casa da Tati.

Ao sair de casa não vejo minha mãe e por via das dúvidas tranco a porta do meu quarto e levo a chave. Nem me preocupo em saber onde ela se meteu, já tenho coisas demais para pensar.

Resolvo almoçar no shopping para observar o movimento dos restaurantes e fast foods. Meu projeto é voltado para isso. Comida por um preço acessível e de qualidade. Enquanto viajei pela Europa observei, aprendi e anotei tudo o que precisava e isso se tornou tema do meu TCC na faculdade e com certeza no futuro uma pós-graduação voltada para esse seguimento. Enzo é o único que sabe dos meus planos, afinal foi por causa deles que num primeiro momento não assumiríamos nosso namoro (mentira galera, em parte foi poque eu era um covarde – agora não mais), porém após nossa primeira noite juntos eu sabia que não conseguiria ficar mais longe dele. Nunca mais.

Um sorriso bobo se forma quando me lembro das suas manhas, seu olhar, seus toques. Porra, meu pau já esta dando sinal de vida. Também pelo fato de eu ter sido passivo mais vezes que ele e ter amado isso.

- Nossa, sou um ogro passivo... kkkk... Que diria. Será que vai ser sempre assim? – eu me pergunto.

Estaciono meu carro e sigo em direção à praça de alimentação distraído com meus pensamentos enquanto subo pela escada rolante. De repente me vejo em frente a uma joalheria e um sorriso se forma em meus lábios. Entro e faço minha escolha combinando a entrega para dali alguns dias.

Vou para praça de alimentação e observo os restaurantes. Opto por comida japonesa e enquanto aguardo meu pedido vou anotando o tempo de atendimento, tempo de espera, as opções do cardápio. Meu número é chamado e vou busca-lo observando a disposição dos talheres, dos pratos e observo que não me entregaram hashi¹.

Um grito chama a minha atenção e levanto meu olhar. Algumas crianças correm pelo corredor. Sorrio pensando na minha família um dia. Observo as pessoas em volta e noto um rapaz me olhando atentamente. Fico receoso já pensando que ele pode estar me vigiando e então o encaro de volta. Ele sorri educadamente e acena com a cabeça. É um rapaz bonito, mulato, cabelos raspados, olhos escuros e pequenos, magro e bem vestido, mas não se compara ao meu Enzo, ou melhor, ninguém se compara. Constato que realmente na minha vida só há espaço para um homem e ele se chama Enzo.

Meu telefone toca e atendo todo amoroso.

- Oi meu amor! – sorrio – Como você está?

- Oi bebê, eu estou ótimo e você? Já almoçou? Que barulho é esse? Onde você está? – ele metralha.

- Eu estou no shopping almoçando.

- Ah.

- Ah? – pergunto – O que houve?

-Nada.

- Enzooo...

- Eu queria almoçar com você. – diz manhoso – Saudade bebê!

Rio.

- Você está muito mal acostumado. – digo – Mas é bom sentir minha falta, assim aumenta meu valor no mercado.

Ele bufa do outro lado da linha.

- Poupe-me Gabriel... – ele diz – quem vê pensa que vale tanto assim.

- Ah é? Bom saber... – resolvo provoca-lo – Quem sabe não aparece alguém que valorize o produto aqui né?

Enzo simplesmente grita do outro lado da linha.

- Você que se atreva Gabriel! Antes que você pisque eu corto seu brinquedinho fora entendeu? – ele estava possesso e eu rindo do seu ciúme.

Ouço uma voz ao fundo e tenho certeza de que é minha tia dando um esporro nele.

- Amor? – eu o chamo – Eno?

- Oi. – sua voz está baixa e frustrada. A certeza de que tia Alice o xingou se confirma.

- Eu estava brincando amor. Não ‘biga com eu bebê!’. – ele ri do modo como falo – Eu vim para analisar os restaurantes e você sabe o quanto isso é importante para mim.

- Eu sei amor, me desculpa, por favor. – ele diz – Sou ciumento, chorão, briguento... Ah você sabe de tudo isso!

- Sim, eu sei e adoro... Faz com que eu me sinta amado. – digo.

- Você é Gabe! Por mim, pela Tati, por seu pai e meus pais e irmãos... Nós todos amamos você! Eu muito mais, é claro! – ele ri.

- Vida, eu preciso terminar meu almoço e ainda resolver umas coisas na rua antes da reunião com meu pai. Está tudo certo pra hoje? – pergunto.

- Sim, tudo dentro do esperado.

- Ok. Até a noite então.

- Boa sorte na reunião, meu amor. Eu te amo pra sempre.

- E eu te amo para toda eternidade.

Desligo para terminar meu almoço e depois resolver minha vida. Levo minha bandeja até a lixeira esvaziando-a e deixo para o pessoal da limpeza recolher. Ao caminhar em direção ao estacionamento o rapaz que estava na mesa próxima a minha continua me observando com um sorriso de canto de boca, mas nem me incomodo e sigo meu caminho.

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Narrado por Enzo.

Gabe me deixou em casa após o café da manhã com Tati e eu fiquei com missão de preparar tudo para noite. Nem bem entro em casa e trombo com meu irmão descendo correndo a escada.

- Oi Eno, tchau Eno. – e passa por mim.

- Ei ei ei... Que isso moleque? – chamo sua atenção – A educação ficou onde?

Ele para e revira os olhos.

- E não revira os olhos Enrico!

- Ah Eno, pode parar... Tenho um compromisso. – ele responde – e já estou atrasado.

Vou até ele e o agarro.

- Não vai até me cumprimentar direito. – e começo abraça-lo e beija-lo – Senti saudades pirralho.

Ele ri e devolve o abraço e beijo.

- Eu também mano... Quando você está aqui a Aline não torra minha paciência.

- Kkkk... Tadinha, ela ama você idiota! – digo.

- Eu sei, mas ela enche demais. – ele ri e se livra do meu abraço – Agora eu preciso ir. Acho que o Jackson já chegou.

- Aonde você vai? – pergunto curioso.

- Jogar bola. – daí noto que ele está uniformizado – Falou, maninho! Bom jogo e até mais...

- Mamãe está em casa? – grito pra ele.

- Estou... E dá pra parar de gritar, por favor? – ela está saindo da cozinha – Seu irmão já foi?

- Já... – vou até ela para abraçar e beijar – Mãe, eu estava com saudade! – e encho minha amada de beijos.

- Oi, meu amor! Eu também. O que faz em casa tão cedo? – ela se afasta e me observa – O que aconteceu por lá?

- Nada, mulher! – ela me bate – Aiii... Não aconteceu nada, ou melhor, aconteceram várias coisas.

Ela franze a testa sem entender.

- Minha deusa, vou tomar um banho, desço para te ajudar com o almoço e daí conversamos, ok?

Ela concorda.

- Vai sim, meu amor! Seu pai virá almoçar conosco hoje, então teremos a família reunida. – ela sorri porque ama nos ver todos juntos.

Abri um sorrisão também. Amo quando estamos todos juntos.

- A Aline está lá em cima? – ela confirma – Então vou dar um beijo na minha princesa.

- E eu vou cuidar do almoço.

Subo passando no quarto da minha irmãzinha para matar a saudade. Vocês devem pensar “Nossa que família melosa!”. Somos sim. Foda-se.

Nossos pais nos criaram com muito amor, respeito, educação e livres, sim meus queridos, livres para sermos o que quisermos, para amar desde que respeitemos os outros.

Meus irmãos são tudo para mim. Enrico e Aline vieram para me completar. Ele é três anos mais novo e ela sete anos. Somos unidos, nos defendemos e também brigamos uns com os outros. Minha mãe que o diga, sua forma de castigar era nos colocando abraçados até nossa raiva passar. E passava, eu garanto.

Meu pai é outra figura. Um italiano alto, forte, de voz grossa e riso fácil. Tudo para ele é motivo de riso, mas não se engane quando tem que falar sério ou se de repente ele fica bravo sai da frente. Ele e minha mãe amaram se a primeira vista e estão juntos desde então. E como se amam. Conversam por olhares, toques e gestos. É incrível a sintonia deles e eu quero isso para mim e Gabe. Esse tipo de amor, essa cumplicidade e companheirismo. É o desejo do Gabe também, visto o exemplo que ele tem em casa.

Tomo um banho demorado e relaxante pensando na conversa de mais tarde com nossos pais. Acho melhor fazer aqui em casa, então tenho que falar com minha mãe e Tati. Termino meu banho, desfaço minhas malas e resolvo ligar para o Gabe. Estou com saudade e quem sabe ele não vem almoçar aqui. Claro que estou cheio de segundas e terceiras intenções.

Durante a ligação como sempre ele provoca e eu estresso. Minha mãe ouve meu surto de ciúmes e me dá um esporro. Desnecessário, mas foi merecido eu reconheço. Eu sou ciumento e o fato dele me provocar também não ajuda.

Desço para ajudar minha mãe a arrumar a mesa começo a falar sobre nós.

- Mãe! – ouvimos um grito. É Enrico – cheguei.

- Já pro banho e venha almoçar. – ela grita de volta – e chame a sua irmã, ouviu?

- Tá!

Ouvimos seus passos escada acima e espero um pouco para começar a falar.

- Mãe... – começo tímido – Mãe, eu preciso de um conselho e na verdade é um favor também.

- Fale meu amor. – diz ela me entregando a salada para temperar.

- Então... Eu e o Gabe resolvemos assumir nosso namoro... – e sinto meu rosto queimar e fico tímido.

Noto seu silêncio e levanto meu olhar para ela que está sorrindo.

- Estou feliz por vocês, meu amor! Lembra que eu falei que você poderia se surpreender com ele. – aceno que sim – Do que vocês precisam?

- Bom, vamos oficializar o namoro, mas primeiro queremos que seja para vocês, o tio e a Tati. – digo.

Ela me olha séria.

- E onde sua tia entra nisso? – ela pergunta – Enzo, o que vocês estão tramando?

- Nada mãe, eu juro! Mas precisamos de aliados. – digo – e você sabe que ela é uma bruxa...

- Enzo!

- Ah mãe! Você sabe que ela é... – levo um tapa – Aiii...

- Eu sei que ela é, mas não precisa externar mocinho! – ela acaba rindo.

- Mãe, agora é sério. Pode ser aqui? A Tati disse que poderia ser no apartamento dela, mas aqui é mais acolhedor, mais íntimo. – faço carinha de pidão – Por favor!

Minha mãe me abraça.

- Conte conosco meu filho! Estaremos todos aqui pra vocês. – ela se afasta e sorri – Mas depois conversaremos muito sério sobre sua tia, ok?

Faço uma careta e concordo.

- Olha a careta mocinho! – ela finge braveza – E agora... Vamos terminar isso aqui que seu pai já deve estar chegando.

Passam uns quinze minutos.

- Amor! – ouvimos um grito. É meu pai – cheguei, meu bem! – ele entra na cozinha – Oi meu filho... Já chegou? – e vem me abraçar.

- Já papa. – o abraço de volta – Saudade de você!

- Eu também querido. Foi tudo bem de viagem? – ele pergunta.

- Sim. Tudo ótimo. – paramos de falar ao ouvir um pigarrear. É minha mãe.

- Tudo bem que os homens da minha vida sentiram falta um do outro. – ela aponta para meu pai – Mas só ele ganha abraço? – ela diz com voz manhosa e faz bico. Descobriram de onde herdei né?

Meu pai me larga e vai até ela. Eles riem se abraçando e beijando. Sessão ‘Love Story’ na cozinha de casa. Adoro.

Nosso almoço foi regado a risadas, histórias engraçadas do meu pai, planos para faculdade que iria começar em breve. Enfim, almoço com a família que eu amo.

Logo após o almoço liguei para Tati e avisei que seria aqui em casa. Tudo certo com ela, eu e minha mãe resolvemos o que seria servido à noite. Como meu pai sairia mais cedo do restaurante traria as massas para nosso jantar.

Estou separando a roupa que irei usar a noite quando meu pai entra.

- Filho...

- Oi, papa. Achei que já tinha ido. – digo surpreso.

Ele se aproxima e senta na minha cama.

- Quero te dizer uma coisa. – diz ele – O que quer que aconteça saiba que eu e sua mãe estaremos sempre ao seu lado. Queremos a sua felicidade. A sua e do Gabe.

Arregalo meus olhos e fico envergonhado.

- Pai... – estou sem graça.

- O quê? Você acha que eu nunca notei? – ele diz – Os olhares, os sorrisos, os segredinhos... – ele ri.

- Pai. – digo surpreso. Sempre achei que escondíamos muito bem.

Ele se levante e me abraça.

- Relaxa filho... Papai vai estar sempre aqui pra você. – ele pisca – Pra você e meu genro.

- Paiiii... Por favor! – fico roxo.

- Kkkk... – ele gargalha – que bobo filho! Bom... Agora o papai vai para o trabalho. Já mandei fazerem as coisas que vocês gostam ok?

- Ok. – respondo sorrindo – Pai? – chamo – Eu te amo... E obrigado.

- Amo você também, filho. E não me agradeça, eu faço qualquer coisa por vocês! – pisca e sai.

Separo minha roupa e me deito um pouco. Penso em Gabe e na sua reunião e oro para que ele consiga o patrocínio do tio. Mesmo eu que não entendo nada do universo dos negócios achei a ideia dele revolucionária. Com o pensamento nele acabo dormindo.

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Narrado por Gabriel.

Prometi ao Enzo que ligaria assim que terminasse a reunião com meu pai, mas não vou fazer porque quero contar pessoalmente. Meu pai achou ousado meu plano de negócios, porém ele é um visionário e resolveu investir sem nem olhar todo o projeto que preparei, e detalhe, isso levaria alguns dias. No retorno para casa fico me lembrando da nossa conversa. E olha que ainda nem conversamos tudo.

***********************************

Flashback on.

Chego até a empresa do meu pai e aguardo ansioso Stela (secretária do meu pai) me anunciar, pois ele está numa reunião com dois gerentes.

Repasso mentalmente toda minha apresentação pensando em como devo convencer meu pai que meu projeto é viável e lucrativo. Sinto meu celular vibrar e vejo que é uma mensagem de Tati.

#Oi maninho. Mudança de planos, o jantar vai ser na casa dos tios. Boa sorte pra você aí! Bj.#

“Ai droga!” penso. Como assim? Só pode ser ideia do Enzo, mas penso nisso depois porque preciso me concentrar no aqui e agora.

A porta do escritório se abre e os dois homens saem sorrindo e me cumprimentam. Agora estou nervoso pra caralho. Stela passa por mim dizendo que vai me anunciar. Minhas mãos estão suando frio.

- Calma, Gabe. Ele é seu pai. – digo a mim mesmo.

Sei que meu nervosismo não é só por causa do meu pedido de empréstimo. É também porque ele já sabe sobre mim e o Enzo. Acho que meu nervosismo é mais por causa disso, pois não vejo meu pai há mais de uma semana e não é só por causa da viagem, é também porque nossos horários não batem. Não vou tocar no assunto, mas... E se ele tocar? “Ai meu Deus o que eu digo?” penso aflito.

- Já sei... Nosso assunto aqui é outro. – sorrio. Agora o doido está falando sozinho. – Aaafff...

Estou tão preso em meus pensamentos que não percebo que Stela está me observando e que já me chamou.

- Gabriel. – ela toca meu ombro e dou um pulo de susto.

- Oi? – pergunto com olhos arregalados para ela.

Stela sorri amavelmente e toda calma.

- Seu pai está esperando. Pode entrar.

Dou um sorriso amarelo e envergonhado agradecendo. Entro no escritório do meu pai e ele está de pé próximo à janela e me observa atentamente. Ele está no modo homem de negócios.

- Oi pai. – eu o cumprimento – Boa tarde.

Ele caminha até mim e me abraça.

- Boa tarde, meu filho. – agora ele está no modo pai – Como foi de viagem?

- Tudo bem, obrigado por perguntar. – respondo tímido.

- Por que voltaram mais cedo?

- Ah... – não sei o que dizer. Não quero falar sobre isso. Não agora – Enjoamos... É... Foi isso. – que desculpa ridícula.

Ele me analisa.

- Ok. Se quiser conversar é só dizer.

- Está tranquilo, pai. – sorrio – vou me lembrar disso.

Meu pai se afasta e caminha até a sala de reuniões.

- Bom, acho que temos uma reunião de negócios não é? – ele pergunta sério. Modo homem de negócios novamente.

- Sim. – eu concordo acompanhando-o.

Ele se senta a mesa, pega uma caneta e um bloco de anotações.

- Então vamos começar. – sua voz está num tom neutro e calmo – Então Sr. Gabriel Maia, o que posso fazer por você? – e sorri me encorajando, pois ele percebeu meu nervosismo.

Devolvo o sorriso.

- Bom... Boa tarde Sr. Francisco Maia... – e pelos próximos 30 minutos faço a apresentação do meu projeto a ele.

Quero explicar a minha relação com meu pai. Não é como a do Eno, porém tenho amor, respeito e admiração por ele. Tudo o que ele construiu na vida foi trabalhando duro e honestamente. Só não somos mais íntimos em parte por conta do seu trabalho, pois quase não o víamos em casa e a outra parte por causa da minha mãe. Quem sabe não mudamos isso né? Porque com minha mãe eu desisti.

Mas vamos voltar a minha apresentação. Assim que terminei meu pai me encarava silencioso e seu olhar era penetrante. Ficamos nos encarando em silêncio até que ele suspira.

- Como você chegou a esse formato de negócio? – ele pergunta.

- No período em que estive na Europa pude estudar e analisar este tipo de restaurante, e percebi que não há nenhum negócio desse formato no Brasil.

- E como você sabe disso?

- Pesquisei durante um ano inteiro nos principais Estados, principalmente nos grandes shoppings onde está localizado o público alvo. – respondo com segurança.

- É inovador e ousado tenho que admitir. – ele diz – Filho, você tem certeza de que é isso que você quer?

- Sim. Certeza absoluta. – respondo firme.

- Você sabe não é? É um tiro no escuro e um investimento alto. Ambicioso.

- Eu sei disso e tenho tudo anotado pai. Local de funcionamento, público alvo, perdas e etc. – digo sério.

- Ok. Deixe todo material comigo para eu analisar os prós e contras. – ele pede e eu entrego.

Meu pai se levanta.

- Assim que eu analisar tudo chamo você para conversarmos novamente. Tudo bem? – ele diz encerrando o assunto. – Vamos para o escritório.

Confesso que fico frustrado, mas concordo com ele e o sigo. Ele se senta no sofá e bate para que eu me sente ao seu lado.

- Filho, antes que diga qualquer coisa quero que me escute até o fim ok? – aceno que sim e ele começa – Bom... Eu estive com sua irmã e ela me contou tudo sobre sua mãe. Confesso que fui omisso com vocês e me arrependo muito por não ter participado mais ativamente da vida de vocês, mas não posso mudar o passado certo? Então, eu decidi mudar por mim e por vocês. Reconstruir nossos laços de pai e filho e também ser mais participante da vida de vocês. Eu descobri que sou um homem infeliz no meu casamento, frustrado, iludido com as coisas que sua mão dizia e... – ele suspira antes de continuar – e descobri que não amo mais sua mãe. – olho para ele surpreso e quando penso em falar ele faz um gesto e me mantenho quieto – E a Tati deu a entender que você e o Enzo estão apaixonados um pelo outro. Filho, isso é sério? Você é gay? – ele finaliza com a pergunta que eu tanto temi no passado. Hoje não mais.

Encosto minha cabeça no sofá e respiro fundo. Olho nos olhos do meu pai e começo meu desabafo.

- Eu sou gay, pai. Seu filho é gay e é apaixonado pelo primo desde os doze anos de idade. – omito que é dez para ele não ficar mais chocado do que já está. – E eu não estou apaixonado e sim sou apaixonado pelo Eno.

Seu olhar é surpreso e levemente confuso.

- O Enzo corresponde ao seu sentimento? – ele pergunta.

- Sim. – sorrio bobo – Estamos juntos há três anos e mais apaixonados que nunca. Pai... Eu não vou me casar com nenhuma moça de boa família para satisfazer o desejo dos outros e ser infeliz. – e aponto para meu peito – E aqui dentro eu sinto um amor profundo e eterno por ele. Quero passar o resto da minha vida fazendo-o feliz, quem sabe ter nossos filhos... – meu pai sorri – quem sabe adotar e ter nossa casa, não sei. Pai, o Enzo é o amor da minha vida. Meu tudo. – nesse instante lágrimas de emoção escorrem pelo meu rosto – Sem ele a minha existência é um inverno eterno. Tudo é frio, úmido, triste e não há beleza. Pelo menos para mim. O senhor entende?

Meu pai está com os olhos marejados.

- Sim, meu filho. – sua voz está embargada.

- Nosso amor é um verão eterno. Quente, ensolarado, alegre e cheio de vida. – meu sorriso diz tudo. Num rompante meu pai me abraça emocionado.

- Eu entendo perfeitamente. – ele diz – Perdoa seu pai omisso por não estar lá quando você mais precisou. Perdoa, por favor! – seu choro é convulsivo.

- Tudo bem, pai. Eu perdoo. – digo chorando também – O senhor me perdoa também? Por não ser o filho...

- Não diga isso! Você é meu filho amado e eu aceito sem problema algum.

- Tudo bem eu namorar meu primo? – ainda estou meio receoso.

- Sim... Pelo menos eu conheço o sujeito! – e rimos chorando ao mesmo tempo.

- E outra: vou investir no seu negócio! – ele diz – Não precisa me pagar de volta. Eu acredito no seu potencial, afinal você é meu filho e sua apresentação me mostrou como somos parecidos.

- Não, pai! Eu quero pagar, por favor. – digo resoluto – Como posso me considerar um empresário se meu negócio foi ‘paitrocinado’?

Ele ri.

- Tudo bem. Proponho uma sociedade, o que acha? Eu entro com o dinheiro e você o trabalho, daí quando o começar a ter lucro você vai me pagando. Faremos um contrato e o que mais for necessário. – ele solta de uma vez.

Fico surpreso.

- Sim! Eu aceito se for assim. – abraço meu pai novamente – Obrigado pai. Por acreditar e investir em mim.

- Você se comportou como profissional lá dentro. – ele aponta a sala de reuniões – e seu negócio é maravilhoso e inovador. Invisto com prazer.

Conversamos por mais uma hora e vejo que tenho que ir embora me preparar para o jantar.

- Pai... Eu tenho que ir... – falo – O senhor vai jantar conosco certo?

- Sim eu vou. – ele responde – Ainda vou resolver uns assuntos por aqui e vou direto para sua irmã.

- Ah não... O jantar será na casa dos tios. – corrijo – Coisas de Enzo.

Meu pai solta uma risada.

- É a cara dele fazer isso! – ele me olha – Tudo bem vou pra lá direto.

- Ok. – abraço-o novamente – Até daqui a pouco!

- Até, meu filho.

Saio e me despeço de Stela. Estou eufórico, emocionado, leve e por aí vai.

Flashback off.

***************************************

Chego em casa e subo direto para o meu quarto. Nem sinal da minha mãe. “Onde será que ela se meteu?” penso intrigado.

- Melhor assim... Pelo menos evito mais um sermão da montanha. – digo rindo da comparação.

Separo minha roupa e vou para o banho. Consigo me preparar calmamente e até o momento de sair minha mãe não havia chegado. Ainda bem.

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Oi galera! Tudo bem com vocês? Hoje eu vou deixar um capítulo mais cedo para leitura. Estou indo para um congresso e será difícil postar no final de semana.

Espero que apreciem a leitura e deixar alguns recados:

1- *Geomateus* - Cara, tu não sabe a honra que me deu você ter lido o meu conto. Mesmo que seja apenas uma frase, meu muito obrigado.

2- *VALTERSÓ* - Dá um desconto pro Gabe (kkkkkk). Abraços querido.

3- *Lebrunn* - realmente barril dobrado... Aguarde os próximos capítulos.

4- *arrow* - Quero passar exatamente isso. Nem todos os pais são preconceituosos e na história os meninos já terão problemas suficiente para enfrentar.

Bom, deixo meu abraço, beijos e cheiros a todos os leitores. Caso eu consiga encontrar um tempo livre posto outro capítulo ainda essa semana.

D.

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Comentários

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Esse jantar vai ser bem tranquilo já que Vera megera não vai estar. Francisco abriu seu coração para o filho e está se esforçado para recuperar o tempo de omissão e isso vai ser muito bom para eles... Mas sei que ainda va mos ter grandes problemas por aí...

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NÃO POSSO DIZER QUE VERA É MÃE NEM AQUI E NEM NO INFERNO.

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Agora eu tenho quase certeza que é a mãe do gabe que fala com o detetive no telefone.

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