DECADÊNCIA II - Parte IV
Deu mais uma olhada no anúncio de jornal. Precisavam de vendedores para roupas íntimas femininas. Desde que pedira demissão da quitanda que o marido a vinha pressionando para arranjar novo emprego. Até comprava jornais todos os dias, para que ela pudesse ver os anúncios classificados. Logo ele, que nunca se interessava sequer em folhear os matutinos. Dizia que era mais barato saber das notícias pela televisão. Mas estava agradecida. Aquele anúncio parecia vir bem a calhar. Se as peças íntimas fossem interessantes, poderia até comprar algumas para vestir. Por isso, ajustou melhor o vestido sensual ao corpo e olhou-se no espelho satisfeita. Havia cortado um pouco o cabelo e o deixara solto. Sentia-se confiante para conseguir a vaga indicada no jornal. E estava linda como nunca.
Foi recebida por um senhor de uns sessenta e poucos anos, bem apessoado e simpático, que se apresentou como Genaro. Ele lhe fez algumas perguntas e achou-a apta ao serviço. Confidenciou-lhe estar precisando mais de um encarregado do que de um simples vendedor, pois queria se aposentar deixando um substituto à altura. Infelizmente, naquela cidade pequena, as pessoas não tinham o menor tino para venda. Era como se todos trabalhassem ali só porque não tinham outra profissão. Aí Maria ficou cada vez mais interessada. Perguntou o que era preciso para almejar o cargo de encarregada do setor. Ele olhou-a sem muito entusiasmo. Mesmo assim, disse que lhe lançaria um desafio: se ela conseguisse vender no mínimo vinte peças em uma hora, ficaria com a sua função. Ele próprio almejava o cargo de gerente e só não o conseguira ainda porque não tinha ninguém para ficar no seu lugar. Maria topou o desafio na hora.
Ela perguntou quantos vendedores existiam na empresa. Cerca de trinta, se contasse com os que eram representantes comerciais e distribuidores, todos homens. A firma era a única representante de roupas íntimas do lugarejo, então todos que estavam desempregados só iam procurar emprego lá. Maria pediu que reunisse todos os funcionários em uma sala e a apresentasse a eles. Depois, a deixasse sozinha com o grupo por uma hora. O encarregado estranhou o pedido, mas fez o que ela sugeriu. Antes, separou vinte peças íntimas diferentes e entregou-lhe.
Minutos depois, Maria estava diante de uma plateia totalmente masculina. Sentiu-se inibida. Na verdade, não tinha nenhuma estratégia em mente para vender as roupas. Apenas pensou que não custaria nada tentar. Todos olhavam-na, esperando o que ela tinha para dizer. Então, lembrou-se da máscara que, desde que fora ao puteiro, guardava escondida na bolsinha que usava. Pediu licença por uns minutos e dirigiu-se a um toalete que havia perto da sala, levando a sacola com roupas e trancando-se lá dentro. Quando saiu, todos assoviaram de surpresa. Maria estava quase que totalmente nua. Vestia apenas um sutiã bem sensual e uma calcinha de rendas combinando. E a máscara rubra cobrindo os olhos. Bateram palmas, quando viram seu corpo de formas deslumbrantes metidas naquelas peças ínfimas. Quando se fez quase silêncio, ela pegou a primeira peça de dentro da sacola, olhou o preço na etiqueta e ofereceu o sutiã pelo dobro do valor. Quem comprasse ganhava o direito de vir até ela e olhar seus atributos mais de perto. Ainda boquiabertos pela inusitada estratégia de venda, ficaram um olhando para o outro, sem saber o que dizer. Um mais esperto, no entanto, percebeu o jogo e entrou nele. Botou a mão no bolso, retirou a quantia e acenou para Maria. Seria o primeiro comprador. Aproximou-se dela e entregou-lhe o dinheiro. Mas disse que queria a peça que ela estava vestindo, e não a que ofertava. Todos deram gritos e bateram palmas, aprovando a decisão dele. Maria posicionou o comprador de modo que ela ficasse de costas para a turba e pediu que lhe tirasse o sutiã. Ele ficou encantado quando seus seios saltaram da peça quase na sua boca. Ia beijar-lhe o biquinho quando ela colocou imediatamente a outra peça, deixando-o frustrado. Entretanto, disse que o deixaria tocar-lhe se fizesse no mínimo três compras. Ele preferiu esperar para quando a calcinha fosse ofertada.
O Sr. Genaro ficava mais curioso a cada algazarra dos seus funcionários. Prometera não entrar na sala antes que se completasse o tempo pedido pela novata, mas não iria aguentar ficar uma hora sem saber o que estava acontecendo lá dentro. Mesmo assim, conteve-se. Todavia, a cada levante dos vendedores, sua curiosidade aumentava. Desistiu de esperar. Abriu a porta quando Maria estava oferecendo sua última peça: uma calcinha bem pequenina e sensual. Justamente a mais difícil de vender, pois as mulheres achavam o modelo devasso demais. Ao ver a aspirante a seu cargo quase nua, o Sr. Genaro ficou imediatamente de pau duro. Fazia tempos que não tinha uma ereção tão tesuda. Ouviu-a oferecendo a peça por quase o quíntuplo do valor. Prometia deixar que o comprador lambesse sua vulva por dois minutos. Nem titubeou. Levantou a mão, exigindo ser o próximo comprador. Houve um muxoxo geral. Muitos queriam comprar aquela peça que Maria deixara para o final. E olha que ela nem tinha prometido a lambidinha ainda...
Na saída do emprego, depois das dezenove horas, Maria estava eufórica. O Sr. Genaro havia cumprido com a sua promessa e já a apresentara aos vendedores como a nova encarregada de vendas. Elogiou sua esperteza e criatividade para os negócios. Ela também lucrou algum dinheiro, vendendo as peças acima do valor estipulado. Agora, tinha grana para comprar outros vestidos sensuais. Até porque seriam necessários para estar apresentável em sua nova profissão de vendedora. Estava a caminho de casa, muito contente, quando passou pelo puteiro que visitara dias atrás pela primeira vez. Pensou que ali seria um ótimo lugar para comemorar a conquista do seu novo emprego.
Desceu do ônibus, resoluta. Entrou no local, mas deveria ser ainda muito cedo. Lá dentro só havia o garçom arrumando as mesas e cadeiras. Ele espantou-se ao vê-la novamente. Apostara com o mulato de blazer branco, outro dia, como ela jamais voltaria ali. Mas era ela, sim. A máscara rubra que usava lhe fazia destacar-se das demais prostitutas que frequentavam o local. Mas, no momento, ainda não havia chegado nenhuma. Aproximou-se da bela dama e perguntou em que podia servi-la. Ela pediu um copão de guaraná com bastante gelo. Ele ajeitou-lhe a melhor mesa e trouxe seu pedido. Pouco tempo depois, começaram a chegar os primeiros frequentadores do puteiro. As mulheres a olhavam atravessado. Os homens com visíveis olhares de cobiça. Porém, o sujeito que escolheria por companhia ainda não tinha chegado...
Quando estava terminando de tomar o copão de guaraná, o viu entrar. Usava o mesmo blazer e calça brancas, porém, agora com uma camisa vermelha, que quase não fazia diferença no seu look anterior, pois estava totalmente aberta. Seu olhar cruzou com o de Maria, entretanto não se sentou na mesma mesa que ela. A moça estava, neste dia, resolvida a comemorar. E passado alguns minutos, dirigiu-se à mesa dele. Sentou-se e pediu outro guaraná. No entanto, apesar de puxar conversa e trocar olhares interessados com o rapaz - que pareciam não fazer muito efeito – ela não conseguiu fazê-lo entender que queria que ele a tirasse dali e a levasse para algum outro lugar. E por mais que quisesse, não tinha coragem de chamá-lo também. Necessitava mais do que apenas olhares desnudando-a. Queria aquelas mãos fortes e firmes explorando-a... Queria que ele fosse atrás dela.
Abriu a bolsa, colocou algumas notas debaixo do copo e, sem se despedir do homem, saiu do puteiro. Achou que, se estivesse interessado em transar com ela e tivesse percebido suas intenções, viria atrás. Dirigiu-se a um táxi [ vários táxis faziam ponto ali ] e qual não foi sua surpresa ao levar a mão à maçaneta, a do moço tesudo ser mais rápido do que a dela. Abriu-lhe a porta e, num acordo tácito e mudo, os dois entraram.
Com a mão em sua perna, e dirigindo-se ao motorista, Ralf [ viera depois a saber seu nome ] apenas disse: Rivera. Maria não quis saber onde seria isso. Intuia que provavelmente era o nome de um motel, só esperava não ser daqueles muito pulguentos... O ímpeto com o qual ele a beijou tirou-lhe totalmente o ar. Sentia fogo em sua respiração, e sua língua a invadia como labaredas longas, firmes e absolutamente lascivas. Se ali conseguia, com apenas um beijo, amolecer seu corpo em menos de um minuto, o que ele faria em uma hora?
O carro parou em frente a um motel, numa rua escura. Sentiu gelar-se por dentro... Detestaria pegar alguma doença de pele que geralmente acompanham os lençóis desses lugares sujos. Porém, surpreendeu-se ao entrar na recepção. Tudo muito claro, limpo [ pelo menos ali ]. Isso já fez com que ficasse menos ansiosa com a situação. Uma mulher gorda, bem arrumada, maquiada com primor e com os cabelos presos, os recebeu. Cumprimentou o moço com efusão. Já se conheciam há tempos - foi o que Maria imaginou. Não cumprimentou a mulher de máscara. Apenas acenou com a cabeça e entregou a Ralf uma chave com um número inscrito: 69.
Subiram as escadas que levavam ao primeiro andar. Aquele podia ser um prédio antigo, mas estava muito bem conservado por dentro. Ao final do corredor, pararam defronte à porta e, quando ele a abriu, a moça constatou a simplicidade do quarto e o cheirinho de lavanda que denunciava um que deveria ter sido limpo havia pouco tempo. Tudo isso não ocupou nem um minuto da mente de Maria. Viu que Ralf despia o blazer e a camisa e dirigia-se a ela com urgência.
Ele era um bom gourmet. Sabia como degustar uma mulher. Lambia sua boca, passava a língua em seus dentes. Provocava todos os milimétricos pedacinhos dela. Não esboçava vontade alguma em ser servido, apenas em servi-la. Havia um sofá num canto do quarto e gentilmente empurrou-a para lá. Abriu-lhe o vestido, despindo-a lentamente e depositando beijos em seu corpo. Tirou sua calcinha com presteza e sentou-a no sofá. Sua boca percorreu-lhe o colo, seus biquinhos assanhados pediam para ser mordidos. Aquela boca habilidosa retirava gemidos lânguidos de Maria.
Abriu suas pernas e aspirou o perfume da sua vulva. Colou a a boca em suas coxas e entre mordidas leves, sucções enlouquecedoras, chegou à sua vulva pulsante. Experimentou cada um de seus grandes e pequenos lábios. Penetrou seu íntimo com fogo e maestria. E Maria derretendo ali, completamente entregue, gozou naquela boca desconhecida.
Satisfeita por ter iniciado a noite com uma comemoração tão quente, queria agora sentir o sabor dele. Nunca havia feito sexo oral. Nunca sentira o gosto que os homens têm. E, na verdade, nem sabia como começar. Porém os seus receios apenas aumentaram quando abriu o zíper da calça dele e o membro teso, grande, rosado, pulou pra fora. Pensou se conseguiria acomodar aquilo em sua boca. Será que não faria feio em sua primeira vez? Pelo menos tentaria dar prazer a ele, como ele lhe deu...
Terminou de tirar-lhe a calça e pediu que sentasse na beira da cama. Timidamente, achegou-se àquele pau que pulava como um touro enfurecido. Sentiu o cheiro, tateou, levou a glande à boca e provou o sal de seu pré-sêmen. Vagarosa e lentamente, explorava. Lembrou que uma vez havia visto uma moça, na tevê, de madrugada, falando sobre sexo oral. E recordou de como ela fazia a demonstração com um picolé. Com essa rememoração, começou a fazer o mesmo. Engolia a glande, ia até o máximo, e fazia o mesmo caminho de volta. Ralf, com o corpo estirado na cama, gemia gostoso, um gemido gutural, saído do íntimo. E adorou ouvir isso. A excitava sobremaneira aqueles gemidos de macho faminto.
Sentiu que o membro endurecia ainda mais, ficava rubro e, quando tocava em sua garganta, estremecia. Quando pensou que gozaria em sua boca, ele levantou e, puxando-a para si, fez com que sentasse em seu colo. E numa só estocada, penetrou-a. Os movimentos de vai e vem faziam-na delirar. Gozou novamente, com as estocadas firmes dele, para logo em seguida ele gozar também. Seu corpo ficou entregue, sobre o dele.
Sua vontade era ficar mais, todavia o marido já deveria estar nervoso com sua demora. Tomou um banho rápido no banheirinho simples, recompôs-se e quando voltou ao quarto Ralf já estava vestido, fumando.
Maria abriu a bolsa, colocou na mesinha de cabeceira uma quantia e, piscando pra ele, saiu. Desde a primeira vez que fora ao puteiro, percebera que não ele era um cliente mas sim um dos muitos “garotos de programas” que faziam ponto ali. A quantia deixada foi a mesma que, na primeira vez que se viram, ele disse que valeria uma foda com ela. Feliz e satisfeita, chamou um táxi. Só então tirou a máscara. Sabia que o veria novamente. Havia outras coisas a experimentar...
*** FIM DA QUARTA PARTE ***
Escrito por Ehros Tomasini e Lady M