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Acordei com o barulho da esteira ao meu lado e quando olhei pra cima, vi o Ricardo caminhando. Ele estava suado, lindo e com o cabelo molhado; vestia um short preto e tênis de corrida.
Vi o suor escorrendo pelo seu peitoral e me flagrou olhando pra ele.
Ele parou a esteira e desceu. Veio até mim e se deitou ao meu lado me dando um beijo.
Fiquei maluco! Pedi que se levantasse e ele se colocou em cima de mim e jogou meu cabelo pra trás o prendendo em suas mãos.
Se abaixou e beijou todo meu rosto e me toquei que não havia ninguém em casa além de nós.
Perguntei onde estavam todos e disse que foram até o centro dar uma volta e que voltariam pro almoço.
ㅡ quem vai cozinhar?
ㅡ sua mãe já deixou tudo encaminhado. Ela me viu na sala de manhã e perguntou se poderia se apropriar da cozinha. Levei ela no mercado e tudo. Ajudei com as compras e lavei a louça enquanto ela adiantava o almoço. Viramos melhores amigos. Já conquistei a sogra. Só falta o sogro.
ㅡ está brincando? Fala sério!
ㅡ estou falando! Pergunta pra ela depois.
ㅡ ela te tratou bem?
ㅡ claro! Mas me deu uma bronca. Disse que você e eu estamos indo muito rápido. Kkkk
ㅡ ela me disse isso, ontem. Viu uma peça de roupa minha no seu quarto. O quê você disse?
ㅡ que te amo e que minhas intensões contigo são as melhores. Ela praticamente pediu pra eu cuidar de você. Estou cuidando?
ㅡ está! Você cuida de mim há tanto tempo, não é mesmo?
ㅡ é amor que se chama?
ㅡ é, sim! Um amorzão bem grandão! Kkkk
ㅡ do tamanho do mundo! Está com fome?
ㅡ estou! Faz tempo que está caminhando?
ㅡ quase uma hora. Bora lá na cozinha que faço alguma coisa pra você comer. Depois vou tomar banho. Quer tomar banho comigo?
ㅡ quero!
Ele ainda estava deitado comigo e fui pra cima dele. O prendi segurando suas mãos acima da cabeça e me abaixei lambendo o suor em seu peito.
ㅡ você é tão bonito! Te amo, garoto! ㅡ ele disse e enfiei minha mão por dentro da perna do short e apertei sua bunda.
ㅡ quero te trepar, está afim?
ㅡ e ainda pergunta?
Uma rapidinha básica e fomos tomar banho.
Comi um sanduiche que ele fez questão de preparar e antes de dar a última mordida, ouvi seu Otaviano e meus pais chegarem.
Estavam animados e minha mãe perguntou pro Ricardo se poderia usar a lavanderia e, muito educadamente, ele a acompanhou.
Meu pai se sentou ao meu lado. Queria saber se eu estava animado pra colação de mais a noite e disse que sim.
Na verdade, eu estava me preparando mentalmente pra contar a ele sobre mim e meu namoro com o Cado.
Ajudei minha mãe com o almoço enquanto os três conversavam na sala e notei que ela queria me dizer alguma coisa.
Perguntei se estava tudo bem e pediu pra eu me sentar.
Ela se sentou ao meu lado e disse que o Ricardo havia falado que pretendia comprar uma casa em Erculano.
ㅡ seu Otaviano quer que nos mudemos pra lá. Pode ser que ele queria mesmo comprar uma casa na cidade.
ㅡ bom, eu não quis perguntar, mas será que ele vai te levar pra morar com ele?
ㅡ eu não sei. Também nem quero que ele se sinta pressionado à isso. Estamos juntos aqui, mas é porque ele teve a gentileza de me emprestar o apartamento. Além do mais, namoramos há pouco tempo. Olha, ele já sofreu uma desilusão uma vez e talvez não queira mas dividir a mesma casa com outra pessoa de novo. Ele gosta muito de mim, mas morar junto? Acho que ele não pensa nisso.
ㅡ ele te ama! Isso da pra ver de longe. Eu disse que iria ao mercado e fez questão de me acompanhar. Comprou tudo que você gosta de comer e me fez tantas perguntas. Achei muito bonito ele se importar contigo.
ㅡ ele é um amor!
ㅡ filho, Quando vai contar pro seu pai?
ㅡ talvez eu conte hoje. Vai depender do humor dele.
ㅡ olha como esto?! ㅡ olhei suas mãos e tremiam. Pedi que ficasse calma e me abraçou.
ㅡ ei, não fica assim, mãe!
ㅡ não posso pernitir que ele levante a mão pra você. Quero estar contigo quando for contar.
ㅡ nem pensar! Essa conversa é entre mim e ele. E ele não vai me bater. Vai dar tudo certo. Talvez ele me fale coisas horríveis, mas estou preparado pra ouvir.
Senti uma tristeza em seus olhos e mudei de assunto. Arrumei a mesa e minha mãe serviu o almoço.
Almoçamos e o clima estava bem descontraído.
Depois do almoço seu Otaviano foi se deitar e meus pais também foram pro quarto.
Fiquei na cozinha lavando a louça e fui pego de surpresa pelo Cado que me abraçou e beijou meu pescoço.
ㅡ está doido? Imagina se meu pai aparece aqui? ㅡ disse e ele me beijou novamente.
ㅡ estão todos dormindo. ㅡ ele sorria baixinho e me abraçou de um jeito terno.
Eu disse que o amava, então ele parou o beijo me encarando e disse:
ㅡ quando eu imagino um para sempre, é ao seu lado que quero estar, Fillipo. ㅡ fiquei sem reação por instantes e me aconcheguei em seu peito.
ㅡ você gosta de me fazer chorar, não é mesmo? Pra quê isso, man?
ㅡ porque te amo demais!
ㅡ também imagino um pra sempre contigo. Você sempre foi dono do meu coração, man! Me abraça e fica comigo pra sempre. É uma ordem! ㅡ ele me beijou e ouvimos alguém vindo pelo corredor e ele foi pra área se serviço.
Continuei lavando a louça e era meu pai. Perguntou se eu estava sozinho e disse que o Ricardo estava na área de serviço.
Ficamos conversando assuntos aleatórios e disse que iria me deitar um pouco.
Perguntei se queria ficar assistindo tv na sala e disse que sim, pois já estava entediado de ficar no quarto.
Ajeitei tudo pra ele e fui pra academia.
Passei pela área de serviço e o Cado estava lavando um par de tênis. Ele me mandou um beijo e sorri lhe mandando outro.
Passamos o resto do dia trocando mensagens e eu não suportava mais estar longe dele. Queria estar ao seu lado. Queria estar em seus braços e ouvindo sua respiração enquanto ele dormia.
Acabei adormecendo e fui despertado pela minha mãe que disse estar na hora de me arrumar.
Fui até o quarto que meus pais estavam e peguei minha roupa.
Os banheiros estavam ocupados e de repente me aparece o Ricardo todo bonito.
Pediu que eu fosse me arrumar em seu quarto e minha mãe disse que não tinha outro jeito. Eu precisava tomar.
Vesti uma roupa confortável pra usar a beca por cima e, quando cheguei na sala todo arrumadinho e cheirando à perfume importado, vi os três me olhando com carinho ㅡ cada um do seu jeito.
ㅡ estou pronto! ㅡ disse e minha mãe veio até mim.
ㅡ está bonito! Pensei que iria cortar o cabelo, mas vi que acabou gostando. Lembra que você se irritava quando era criança?
ㅡ kkkk, lembro! Mas hoje eu gosto.
ㅡ não quero ser chato, mas já estamos atrasados. ㅡ o Cado disse e eu sabia que ele estava impaciente. Ele sempre foi muito pontual em tudo que fazia.
Descemos e fomos no carro do Ricardo.
Minha mãe estava lindíssima e seu Otaviano não parava de dizer o quanto estava feliz por mim.
Combinamos de encontrar com meu tio e avô no estacionamento do Centro de Eventos e quando chegamos, já nos esperavam.
Meu avô me deu um abraço apertado e meu tio veio até mim com um olhar meio preocupado.
ㅡ vai contar ao seu pai?
ㅡ vou! Preciso te contar uma coisa...
ㅡ pela sua cara, parece ser importante. O quê é?
ㅡ o Ricardo e eu namoramos.
ㅡ está de brincadeira?
ㅡ não estou.
ㅡ seu pai vai enlouquecer. Quer que eu fique por perto quando for contar?
ㅡ obrigado, mas sou bem grandinho pra enfrentar seu Erasmo. Ele está animado e feliz. Espero que seu humor não mude.
ㅡ tudo bem. Você está certo. Alem do mais, não é mais nenhuma criança. Você sabe que te gosto muito. Me avisa se precisar de alguma coisa.
ㅡ valeu, tio!
Vi meus amigos e me adiantei indo até eles. Reforcei que só minha mãe e seu Otaviano sabiam do meu relacionamento com o Ricardo e prometeram discrição.
Entramos e se sentaram na segunda fileira.
Fui ficar com os formandos e estavam todos animados.
Vi o sorriso de minha mãe tão orgulhosa. Meu pai estava feliz por mim e acenou quando o olhei. Seu Otaviano parecia mais feliz que todos.
Quando me chamaram pra receber o canudo, fiz um breve discurso. Agradeci à minha família por valores morais que me foram ensinados. Agradeci seu Otaviano pela ajuda e por sempre confiar em mim. Fiz um agradecimento especial à Yoiô e vi alguns amigos meus com lágrimas nos olhos, pois conheciam minha estória com a mãe do Cado e, vi meu amor me sorrindo tão lindamente que meu coração derreteu de tanta felicidade que claro, separei palavras para agradecê-lo por tudo, sem entrar em detalhes, mas ele sabia que eu agradecia pelo amor que me dedicava todos os dias.
Foi uma cerimônia muito divertida e agradável.
Seu Otaviano nos convidou pra jantar e fomos no restaurante que o Ricardo e eu sempre íamos. Fiquei preocupad. O Maître nos conhecia e sabía que éramos um casal, pois sempre nos reservava uma mesa no terraço.
Assim que chegamos, cumprimentamos o Maître que nos apresentou a carta de vinhos e perguntou se eu queria o mesmo de sempre.
Fiquei super sem graça, mas disse que sim.
Meu pai perguntou se eu sempre frequentava o lugar, por ser chic demais e e, o Ricardo tocou no assunto das fábricas, na tentativa de fazer meu pai desconversar e deu certo.
Os três se empolgaram durante o jantar e seu Otaviano não parava de falar.
Minha mãe estava preocupada. Eu via em seus olhos e segurei sua mão por instantes. Ela me sorriu, como se tentando me dizer que tudo daria certo, mas eu estava com um certo medo. Não muito, mas estava.
Estava tudo na mais perfeita ordem até então e Ricardo pediu licença indo até o Maître e voltou dizendo que havia pedido um champanhe pra comemorar.
A noite estava agradável, divertida e assim que terminamos, meu pai me convidou pra beber alguma coisa com ele. Um momento só de pai e filho. Aceitei. Seria uma oportunidade para conversarmos a sós.
Pedi ao Ricardo que nos deixasse em um barzinho charmoso que havia ido uma vez depois da faculdade com meus amigos.
O ambiente era o mesmo. Não havia mudado quase nada e nos sentamos em uma mesa no lado de fora.
Pedi dois chops e disse que iria ao banheiro.
ㅡ vou pedir alguma coisa pra comer. Me sinto de estômago vazio. ㅡ ele disse e comecei a rir.
ㅡ pode pedir que te acompanho, pai.
Entrei no reservado e mandei uma mensagem pro Ricardo.
Morri de rir quando me enviou uma foto do seu cacete e estava duro.
Perguntei o quê ele estava fazendo e veio com um papo furado de que estava pensando em mim enquanto assistia uma comédia romântica clichê no Telecine Pipoca. Chorei de rir com a mentira deslavada.
ㅡ você está vendo pornô que eu sei! Deixa de ser mentiroso, Pedro Ricardo!
ㅡ eita! Nunca me chamou de Pedro Ricardo. Estou levando bronca? É só um filminho inocente, mas estou pensando em você. Poderia ser a gente, mas meu amor não está em casa.
ㅡ kkkkk, cara de pau! Hoje ainda não, mas amanhã você me ensina o quê andou aprendendo nesse filminho inocente.
ㅡ não está bravo? Está?
ㅡ claro que não! Até parece que vou ficar bravo por causa de besteira?! Assiste aí seu filminho didático que já chego pra te dar pelo menos um beijo de boa noite. Agora não vou mais te responder. Meu pai está me esperando. Te amo!
ㅡ te amo mais! Bom passeio!
Só ele pra me acalmar naquele momento.
Vi que precisava voltar logo, ou meu pai notaria a demora.
Guardei meu celular no bolso e quando olhei em direção à mesa, ele me sorriu.
Bebemos e conversamos por um tempo e ele pediu pra eu não beber tanto.
Ele também não era muito de beber e das vezes que o vi mais alterado, ele estava com seu Otaviano na fazenda e conversavam até de madrugada.
Perguntei se ele não queria caminhar um pouco e aceitou.
Me lembrei da praça da Catedral e fomos até lá.
Passamos por debaixo do gigante caramachão e ele me agradeceu mais uma vez por pagar sua dívida no jogo.
ㅡ o senhor teria feito o mesmo por mim.
ㅡ isso é verdade! Sei que às vezes pego no seu pé...me desculpa. Estou sendo sincero e não porque sua mãe me pediu.
ㅡ rsrs, valeu pera sinceridade.
ㅡ sei que não sou perfeito...
ㅡ cada um é de um jeito. Te amo, mesmo com seus erros e defeitos. Família é isso! É saber entender e perdoar o outro. A mãe te perdoou, o senhor se arrependeu e aprendeu com seu erro.
ㅡ pois é, todo mundo erra e aprendi minha lição!
Nos sentamos no mesmo banco de madeira que o Cado e eu namoramos um dia que me levou pra jantar e eu precisava contar pra ele sobre mim. Era o momento certo.
Ele olhava o movimento na rua e respirei fundo. Contei até três e com lágrimas nos olhos, disse:
ㅡ sabe, pai? Eu já tentei ser como o senhor, mas não consegui.
ㅡ como assim? ㅡ ele ainda olhava pra rua e tomei coragem.
ㅡ eu queria gostar das mesmas coisas que o senhor. Entende? Já tentei gostar de certas coisas, mas não rolou. E mesmo o senhor insistindo tanto pra quê eu gostasse, não sinto interesse e não vejo sentido. É algo que vai além de tudo que sinto. Nasci assim e não dá pra ser de outro jeito. E me desculpe a sinceridade, mas eu gosto do jeito que eu sou, sou feliz assim! Já tentei mudar e pensar que eu poderia gostar de mulheres, mas simplesmente não acontece.
Ele se levantou. Vi que estava chorando pois limpou os olhos. Ficou de costas pra mim e eu sabia que ele estava tentando digerir tudo aquilo da melhor maneira possível. Então continuei...
ㅡ por muito tempo tive medo de te contar que sou homossexual. Medo de apanhar, medo de ser expulso de casa e medo do meu pai herói nunca mais falar comigo e me virar as costas. Só que eu não posso mais conviver com isso dentro de mim. Não quero mais ter medo de amar uma pessoa igual a mim e viver me escondendo como se eu fosse um criminoso. Sei que o senhor pode estar com raiva e pensar que estou te envergonhando, mas o quê eu mais queria, era poder continuar contando com todo seu amor e carinho de sempre. Não consigo imaginar minha vida sem o senhor ao meu lado. Mesmo que reclamando do meu jeito, mas me respeitando e sabendo que sou feliz assim.
Me levantei e ele ainda permanecia no mesmo lugar. Ouviu tudo o quê eu disse sem nem olhar pra trás, mas eu o ouvia soluçando. Me aproximei e fiquei ao seu lado. Ele não conseguia me olhar nos olhos. Tudo que eu queria era que ele dissesse alguma coisa, mas estava imóvel e de braços cruzados.
Era o momento de dizer que eu estava com o Ricardo. Eu não podia deixar que ele descobrisse por outra pessoa. Era meu dever dizer a ele.
ㅡ talvez o senhor me odeie pra sempre, mas tem algo que precisa saber. Não quero que descubra pela boca dos outros e que se sinta traído... ㅡ nesse momento ele me olhou e fiquei com medo. Juro que senti minhas pernas tremerem e minhas mãos suavam. Por fim, ele quebrou o silêncio.
ㅡ além de tudo isso que me disse, ainda tem mais?
ㅡ tem! Estou namorando com o Ricardo!
ㅡ minha nossa senhora! Você pedeu o juízo? Quer que eu perca meu emprego e isso é o de menos. Quer que seu Otaviano que sempre foi muito bom pra você, fique com raiva por estar se envolvendo com o filho dele? O quê você acha que vai acontecer quando seu Otaviano descobrir? Me fala? Eu estou aqui, olhado pra rua até agora e, tentando da melhor maneira possível te entender, mas aí você me apararece com mais uma bomba? Quer me matar de vez?
ㅡ não! O senhor precisa viver muitos anos pra ver minha felicidade. Morre agora não, paizão! ㅡ vi que ele sorria e chorava ao mesmo tempo e senti meu fluxo sanguíneo voltando ao normal. Cheguei mais perto dele e sequei suas lágrimas com minhas mãos. Ele estava sem graça e não sabia lidar com meu carinho, mas não me impediu.
ㅡ eu não estou chorando! ㅡ ele disse e sorri.
ㅡ homem também chora. Homem faz carinho um no outro e não deixa de ser homem por isso. Quando eu era criança adorava me deitar contigo de manhã. Lembra?
ㅡ lembro, sim! Você adorava minhas estórias. Pedia pra eu contar a mesma coisa todos os dias.
ㅡ isso mesmo! O senhor me abraçava e eu às vezes reclamava porque me sacaneava e me apertava embaixo do seu sovaco. ㅡ ele gargalhou e suspirou profundamente.
ㅡ será que não foi por isso? Se eu não tivesse sido tão carinhoso e, sua mãe te mimado tanto?
ㅡ não! Sou o quê sou porque nasci assim. Seu amor só me tornou uma boa pessoa.
ㅡ você é e, sempre será meu filho querido, Fillipo. Desde quando você sabe que é isso aí? ㅡ ele parecia mais relaxado.
ㅡ gay? Pode falar! Não me ofende, pelo contrário!
ㅡ desde quando você sabe que é gay?
ㅡ foi quando eu bati os olhos no Ricardo pela primeira vez.
ㅡ cacete! Eu não estou ouvindo isso... ㅡ ele estava calmo, mas envergonhado por me ouvir contar.
ㅡ posso falar?
ㅡ fala! Depois de tudo que me disse, nada mais me espanta. Acho! É como se eu ja soubesse, mas precisava fingir que nada estava acontecendo. Me neguei a ver todo essa sua realidade por achar errado e, me desculpe o jeito de falar, mas vergonhoso. Só que esse seu namoro com ele, nunca me passou pela cabeça. Agora me fala, como tudo isso aconteceu?
Contei tudo quê eu sentia pelo Ricardo. Cada ano que passou, nossas conversas pela web e a emoção que senti quando abri a porta e ele estava de volta ao Brasil.
Ele me ouvia com um certo constrangimento, mas não me interrompeu.
Assim que terminamei, contei que seu Otaviano e minha mãe já sabiam. Por segundos se irritou por ter sido o último a saber, mas compreendeu que eu sentia medo em dizer.
Nos sentamos novamente no banco de madeira e mais uma vez ficamos em silêncio.
Eu estava aliviado e em paz naquele momento, mas me vendo cabisbaixo, segurou minha mão e levou até seu peito e me encarando, disse:
ㅡ eu não estou bravo contigo e tão pouco vou deixar de ser seu pai e te mandar embora da minha vida. Você sempre foi um filho maravilhoso, mas eu preciso de tempo pra digerir essa estória toda. Ainda mais esse seu namoro com o filho do patrão. Não acho certo e nem errado, mas acho estranho. Não sei como pode dar certo duas pessoas iguais e nem quero imaginar como tudo isso funciona. O quê eu quero dizer, é que sou teu pai e sempre vou te amar! Estou confuso, estou chocado e lamentando o fato de você sentir medo de mim. Porque eu nunca te faria nenhum mal. Nunca te bati e não seria agora. Mas preciso de tempo pra lidar com tudo. Me desculpa. Não sei como agir contigo e com aquele outro lá, mas se você acha que é feliz do modo que vive sua vida, que seja assim.
ㅡ com o tempo o senhor vai ver que não é nada do outro mundo. Só que também precisa saber ouvir. Porque o Ricardo vai querer conversar contigo.
ㅡ ele não é velho demais pra você? Catorze anos de diferença! Não quero ser chato, mas você tem esse tamanho todo, mas só tem vinte e três anos.
ㅡ nem é tanto assim! E não me importo.
ㅡ está certo! Vocês dois já? Você sabe! ㅡ não consegui me segurar e comecei a rir.
ㅡ kkkkkkk! Ai pai...o quê o senhor acha?
ㅡ não acho nada e me respeita!
ㅡ mas foi o senhor quem perguntou?!
ㅡ moleque! Eu estou tentando não entrar em desespero. Juro pra você que estou me esforçando pra não enlouquecer.
ㅡ eu sei! Passei muito tempo tentando não pirar também. Não foi fácil pra mim, mas também não é pro senhor. Não é fácil pra ninguém.
ㅡ alguém já te bateu? E não mente pra mim, porque se te botaram a mão, eu arrebento!
ㅡ não! Fica tranquilo. Nossa! E sei me defender. Olha só esses brações?! Ninguém se mete comigo.
ㅡ bobo! Só não entendo porque resolveu me contar isso logo hoje. Você foi tantas vezes à fazenda...
ㅡ porque eu não queria correr o risco de me formar sem o senhor comigo. Eu não sabia o quê esperar se te contasse antes. Ainda mais sobre o Ricardo e eu. ㅡ ele me viu chorando e me levou até seu peito.
ㅡ vem aqui...não chora! Me desculpe às vezes que te fiz passar raiva. Deveria ter me contado.
ㅡ como? Te chamei de gatão quando foi me buscar no aeroporto e disse ser coisa de boiola. Me senti péssimo!
ㅡ olha, eu não estou acostumado com esse tipo de coisa e me desculpe por te magoar. Vou tentar ser um pai melhor e te entender mais. Vou me esforçar pra conhecer um pouco melhor esse seu mundo e fazer parte dele. Não espere isso tão rápido, mas quero voltar a ser teu pai herói de antes.
ㅡ ah, pai! Tudo que eu mais queria já está acontecendo. Meu sonho é ouvir que me ama acima de tudo. Me desculpa eu não ser tão macho assim. ㅡ disse rindo e ele me abraçou mais forte.
ㅡ não fala bobagem. Eu sei que depois dos seus quinze anos te deixei um pouco de lado e errei contigo. Fui criado dessa forma e achei estar fazendo o certo, mas fui muito idiota. E quanto ao Ricardo, vou ouví-lo. Não tenho raiva dele e nem tenho motivo pra isso. Sei que ele te trata bem e agora entendo o motivo. Na verdade, ele te trata melhor que muito homem trata uma mulher por aí. Nem acredito que estou falando isso, mas fico feliz por você. Ele é um rapaz muito bom. É isso!
ㅡ tudo bem, eu já entendi. Quer ir?
ㅡ quero. Estou cansado. Seu Otaviano quer vacinar as búfalas amanhã e tem aquela droga de cerca que não para em pé. Preciso dar um jeito naquilo.
ㅡ tudo bem. Vou chamar um táxi pra gente.
Chegamos no apartamento e como estava sem as chaves, tive que apertar a campainha.
A porta se abriu e era o Ricardo. Perguntou como tinha sido o passeio e quando entramos, meu pai disse:
ㅡ foi bom! Muitas revelações em uma única noite. E não precisa me olhar desse jeito. Não vou te matar, mas você e eu teremos uma conversa. Boa noite!
ㅡ sim senhor! ㅡ o Cado disse e eu me segurando pra não rir.
Meu pai me deu um beijo de boa noite e perguntei se ele estava bem.
ㅡ estou bem. Vou me deitar. E fiquem à vontade...os dois! ㅡ disse como nos dando permissão pra namorar e vi o Cado pálido!
Assim que meu pai se foi, ele me chamou até o quarto. Me fez sentar na cama e ficou me encarando sem entender nada.
ㅡ contou pra ele?
ㅡ contei!
ㅡ e ele está assim? Calmo?
ㅡ primeiro ele ficou em silêncio, aí ele chorou muito e quando contei sobre você, ele ficou com medo do patrão demiti-lo por estarmos juntos. Doido, né? Eu estou até agora sem acreditar. Mas não puxa assunto com ele, não. Deixa meu pai aliviar a cabeça dele e quando ele sentir que precisa falar contigo, ele vai te chamar.
ㅡ claro! Pode deixar. Está tudo bem, então?
ㅡ eu acho que sim! Caramba! Eu estou mais que feliz! Não sabe a alegria que me encontro. Fiquei com tanto medo, Cado.
ㅡ vem aqui, meu menino!
Ele me deitou na cama e me abraçou. Fiquei em seu colo e senti ele soltar meu cabelo. Era bom demais o toque dos seus dedos em minha nuca e me vendo tenso, tirou minha camisa e passou um óleo nas mãos pra iniciar uma massagem em minhas costas.
Me lembrei do filme que ele havia assistido e perguntei se era bom.
Ele começou a rir e abriu o notebook me mostrando. Era um homem mais velho sendo dominado por um mais novo.
ㅡ caramba! Você da mesmo valor nessa pica aqui, heim?
ㅡ oh meu amor, você é meu leke taradinho. Adoro quando me pega de jeito. Nada melhor que esse seu vigor juvenil. Me da muito tesão.
ㅡ em mim também! Nossa...mais em baixo! ㅡ pedi que pressionasse minha lombar e escutei estralando.
ㅡ você está todo tenso. Vou te levar no massagista, amanhã
ㅡ não é pra tanto. Já está ficando bom.
ㅡ você é quem sabe. Quer beber um drink comigo? Relaxar um pouco...
ㅡ quero. Limpa minhas costas, por favor?
Ele pegou a toalha, me limpou e cobriu minhas costas de beijos.
Fiquei duro na hora e mostrei pra ele minha ereção.
Me vendo de pau duro, se ajoelhou e roçou o rosto na minha pica por cima do jeans e deu um tapa na minha bunda.
Fomos até a cozinha preparar uns drinks.
Estavámos felizes e conversando alto.
Peguei alguns morangos e ele veio até mim. Me levantou do chão e me deu um beijo carinhoso na boca.
Joguei seu cabelo pra trás e o abracei. Ouvi passos e ainda nos braços do Cado, vi minha mãe nos flagrando.
ㅡ mãe?! Pensei que estava dormindo.
ㅡ me desculpa, eu não queria atrapalhar. Só vim pegar um copo de água pro seu pai. Ele me falou que vocês conversaram...
ㅡ a senhora não atrapalha. Como ele está?
ㅡ chorando! Daqui a pouco ele se acostuma.
ㅡ será que ele vai me expulsar se eu for falar com ele? ㅡ o Cado disse e minha mãe achou melhor esperar.
ㅡ ele disse que não consegue imaginar vocês dois aqui e dormindo juntos. Está desabafando.
ㅡ vai ser difícil amansar a fera, mas sou corajoso. Só um minuto! O máximo que vai acontecer, é ele querer me jogar pela janela.
Ele serviu um pouco do drink que havíamos preparado e disse que já voltava.
Não acreditei que ele levaria pro meu pai e pedi que ficasse longe do quarto, mas quem disse que ele me ouviu?
Servi um pouco do drink pra minha mãe e tomei um gole.
ㅡ bora beber, porque se der treta, vamos estar dopados! ㅡ disse e ela ria.
ㅡ então enche meu copo!
ㅡ kkkkk, sério?
ㅡ sério! Ele está remoendo o fato de você não nos dar netos. Por isso está chorando. Disse que não é justo seus genes morrerem contigo.
ㅡ senhor! Ele disse isso?
ㅡ sim, está lá se lamentando. Mas está triste porque se comportou de maneira idiota contigo. Sempre te jogando pra tudo que é mulher. Aproveitei pra dar uma brinca nele por isso. Onde já se viu?!
ㅡ eu já disse pra ele esquecer isso. Está tudo bem, agora. Mas é bom reforçar. Kkkk
ㅡ ah se ele te pega rindo desse jeito...
ㅡ melhor não cutucar a onça com vara curta. Vai que ele muda de ideia?
Ficamos de olho pra ver se escutávamos o Cado sendo jogado janela abaixo, mas não dava pra ouvir nada.
De repente vi seu Otaviano na porta da cozinha. Perguntou onde o Ricardo estava e contei a ele tudo que estava acontecendo.
Me olhou e disse pra eu servir um copo de Martini pra ele.
Fomos pra sala e liguei a tv. Era quase duas da manhã e seu Otaviano me fez contar tudo em detalhes.
Mais meia hora depois, me aparece o meu pai e o Ricardo na sala. Eles riam não sei do quê e nem me importei saber, pois foi a cena mais maravilhosa daquela noite.
Minha mãe se levantou e se sentou ao lado do meu pai e o Ricardo se sentou comigo, mas não muito perto.
Não ousei perguntar absolutamente nada, mas seu Otaviano convidou meu pai pra beber na varanda e conversar um pouco.
Minha mãe parecia cansada e veio até mim me dando um beijo de boa noite e foi se deitar.
Me ajeitei no sofá e perguntei pro Ricardo se estava tudo bem e me olhando, disse:
ㅡ teu pai sempre foi bravo?
ㅡ eita?! Às vezes! Brigou contigo?
ㅡ não, mas me botou sentado na cadeira e me fez ouvir poucas e boas. Tive que ouvir, né? Ele não me xingou nem nada, mas disse que se eu te magoasse, não mediria esforços pra me encontrar aonde eu estivesse.
ㅡ kkkkk, sério?
ㅡ está rindo, né? Mas é sério! Ele não queria falar comigo quando bati, mas eu disse que só estava lhe oferecendo um drink e abriu a porta. Aí ele me olhou e disse: já que teve a audácia de vir até aqui, entra e vamos bater um papo. Pensa no medo que eu fiquei?
ㅡ kkkkk! Imagino! Eu também fiquei!
ㅡ é, mas ele deixou bem claro que está de olho em mim. Pode isso? Acha que tenho coragem de magoar uma pessoa tão maravilhosa como você? Jamais! Mas ele é um homem justo e falou que se você está feliz, ele também está.
ㅡ é bom ouvir isso. Eu te daria um beijo agora, mas não quero abusar do seu Erasmo. Vai que te joga pela janela?
ㅡ kkkkk, fiquei com medo dele fazer isso. Caramba!
ㅡ riam do que?
ㅡ dos meus investimentos ousados. Ele comentou que havia perdido dinheiro e que você o ajudou. Aí dei ideia dele investir na bolsa e contei da vez que perdi um bom dinheiro e tive que pedir ajuda pro meu pai. Quase apanhei depois de velho. Estava com meus trinta e dois anos. Meu pai ficou doido. Agora eu dei a volta por cima e entrei de sócio com meu velho. O mundo da voltas. Foi isso.
ㅡ doido! Estou com sono.
ㅡ queria que dormisse comigo! Sinto sua falta na cama. Adoro sentir seu corpo suado no meu de madrugada. Às vezes acordo e fico sentindo seu cheiro. Bom demais.
ㅡ espera até amanhã.
ㅡ espero! Está tudo dando tão certo e não quero seu pai se sentindo desconfortável em saber que estamos dormindo juntos. Ah, ele perguntou se estamos nos protegendo. Nunca senti tanta vergonha em toda minha vida. Minha nossa!
ㅡ misericórdia! Ele te pegou de jeito, mesmo! Caramba! Kkkk
Senti o Ricardo se sentando mais perto de mim e não resisti. Me ajeitei no sofá e me deitei com a cabeça em suas pernas. Ele fazia cafuné na minha nuca e quando percebi, vi meu pai e seu Otaviano nos acordando. Ricardo dormia sentado e o acordei.
Meu pai nos deu boa noite e fui pra academia.
Me deitei no colchãozinho e apaguei.
Pela manhã senti alguém ao meu lado e quando me virei, era meu pai.
Sorri lhe dando bom dia e o puxei pela camisa o fazendo se deitar comigo.
Ele não queria, mas não resistiu quando eu disse que o amava.
Deitei com a cabeça em seu peito e ele me abraçou.
ㅡ quando vai voltar pra fazenda, filho?
ㅡ não vou! Seu Otaviano nos quer em Erculano. O Ricardo entrou de sócio nas fábricas e está bem animado.
ㅡ ele me disse. Ontem, quando ele foi no quarto me oferecer aquele drink, eu queria muito não olhar pra ele. Pensei que teria raiva, mas não tive. Nós conversamos e ele gosta muito de você. Ele disse que te ama e não foi fácil ouvir isso de um homem que se deita com seu filho, mas estou tentando me acostumar. Você o ama?
ㅡ amo! Sei que preferia que eu amasse uma mulher, mas o Ricardo é o homem da minha vida. Esperei por ele e quando abri aquela porta e vi que ele havia voltado, me senti feliz!
ㅡ você fala bonito! Agora, veste um short! Mania horrível de dormir pelado. Vou acordar minha baixinha, ela quer ir no centro dar uma volta e ir na casa do seu avô. Acho que vamos só no final do dia pra fazenda.
ㅡ tudo bem. Vou tomar um banho. Passei um calor dos infernos aqui dentro.
ㅡ é, está fedendo!
ㅡ ah, muito obrigado! Kkkk
ㅡ olha, agora eu entendo muitas coisas...
ㅡ como por exemplo?
ㅡ esse cordão, foi presente dele. Vocês dividem a mesma cama e só está aqui, porque chegamos e, agora sei quem usou aquele cartão no dia de finados. Que ousadia!
ㅡ o senhor está certo. Está bravo? Por causa do cartão?
ㅡ não! Mas estou chateado comigo mesmo por ter te afastado de mim por pura ignorância. Mas não adianta ficar me lamentando mais. Só que não quero mais segredos entre nós. Promete?
ㅡ prometo! Muito obrigado por tudo!
ㅡ muito obrigado por ser meu filho!
Me levantei e encontramos com minha mãe no corredor.
Ouvimos seu Otaviano roncar e começamos a rir.
Eu estava só de calça de moletom e precisava tomar banho.
Fiz hora pela sala e meus pais disseram que iriam dar uma volta. Então aproveitei pra ir até o quarto do Ricardo e quando abria porta, ele ainda dormia.
Estava só de cueca boxer e com o corpo descoberto. Fiquei admirando ele por um tempo e indo bem devagar, me deitei sobre ele e entrelacei nossos dedos.
Ele acordou e senti que apertou minhas mãos. Esfreguei meu corpo no dele e se virou.
Beijei sua boca devagar e ele enfiou as mãos por dentro do meu moletom e apertou minha bunda.
Senti meu cacete duro e me segurando pela cintura, me puxou e tirou minha pica pra fora.
Vi minha pica saltando do moletom e ele a segurou com força a engolindo.
Abafei um gemido e sua boca estava tão quente que me enlouquecia.
Ele me puxou e me deitei de corpo inteiro sobre ele. Nossas bocas se encontraram e nossas línguas se reconheciam entre si.
Suas mãos subiam e desciam pelo meu corpo que já estava em chamas.
Ele me beijava sorrindo e se sentou na cama me fazendo sentar em seu colo.
Abracei seu quadril com minhas pernas e meu peitoral sentia a volúpia de seus lábios.
ㅡ estou pensando em comprar uma casa em Erculano. ㅡ ele disse entre um beijo e outro.
ㅡ a mãe me falou. Também preciso encontrar um cantinho pra mim. Um apatamentozinho de dois quartos. Quando seu pai vai assumir as fábricas?
ㅡ assim que a papelada estiver tudo em ordem. Provavelmente depois do Carnaval.
Pelo menos vamos estar mais perto dos nossos velhos. De Erculano até Santo Amaro são duas horas e meia de carro.
ㅡ podemos passar os fins de semana na fazenda. Não todos, mas dois pelo menos. E falando nas fábricas, preciso entregar pro seu pai um relatório nutricional. Conversei com professores e me ajudou muito.
ㅡ era isso que trabalhava no computador enquanto eu dormia? Acordei de madrugada algumas vezes e vi você super concentrado.
ㅡ sim! Me leva pro banho? Meu pai disse que estou fedendo. Pode isso? Kkkk
ㅡ não está! Héteros nunca saberão apreciar um macho suado. É bom demais! Adoro esse teu cheiro quando acorda. Vou te lamber todinho. Se prepara!
ㅡ hahaha, pare! Está me fazendo côcegas, man.
ㅡ não consigo parar, é viciante. Kkkkkk
Passamos um dia agradável.
Ricardo e eu preparamos o almoço e eatávamos na cozinha quando seu Otaviano se levantou e nos deu uma bronca por tê-lo acordado.
Rimos do seu jeito e me lembrou que eu havia prometido alguns relatórios e pedi que esperasse.
Fui até o quarto e peguei tudo que havia feito. Estava impresso e tinha uma cópia no pendrive.
Entreguei a ele e pediu pra que eu me sentasse.
ㅡ pensei que havia se esquecido. ㅡ ele disse e começou a folhear.
ㅡ imagina! Só não enviei pro senhor porque queria conversar pessoalmente. Aí tem tudo que o senhor precisa. Fiz um planejamento nutricional pra cada fase de crescimento dos animais e, se achar que fica muito caro, tenho um plano B, que também é muito bom, mas se o senhor quer qualidade...
ㅡ quando chegarmos na fazenda, vou ler tudo o quê fez. Tenho que começar a contratar pessoal e uma equipe de limpeza pra deixar tudo organizado. Teremos muito trabalho e quero vocês dois em Erculano até início de março. Acho bom entrar em contato com alguma imobiliária. ㅡ ele disse e o Ricardo puxou uma cadeira.
ㅡ quero comprar uma casa. Erculano é uma cidade muito próspera e tenho certeza que posso investir em algo lá que não seja só a fábrica. ㅡ Ricardo disse e pedindo licença, fui até a academia.
Levei o colchão de volta pra lavandeiria, botei a roupa pra lavar e recebi uma ligação da imobiliária.
Atendi e me avisaram que os inquilinos estariam deixando o apartamento no próximo mês.
Mantive a oferta de aluguel e peguei meu notebook.
Dei uma olhada nos imóveis em Erculano e vi uma casa do jeito que o Cado queria, ㅡ com o terreno bem grande e espaçosa.
Na cozinha os dois ainda converasavam e seu Otaviano disse que tomaria banho.
Mostrei pro Cado a casa que estava vendo e disse:
ㅡ gostei. A casa é grande e tem muito verde. Adorei o tamanho do terreno. Tem piscina?
ㅡ tem, aqui na parte de trás! Tem edícula e churrasqueira também!
ㅡ salva o contato pra mim? Vou ligar mais tarde. Quem sabe não vamos ver?
ㅡ salvo. Eu vi alguns apartamentos e não quero nada extraordinário. Só quero um cantinho confortável e que tenha uma sacada de frente pra rua. Vou sentir falta desse apartamento. Conversei muitas vezes contigo ali, naquela sacada.
ㅡ eu me lembro. Dependendo, alugamos apartamento no mesmo prédio. O quê acha?
ㅡ eu iria adorar poder ficar pertinho de você. Só que seu sonho é ter uma casona com um quintal bacana. Segue tua cabeça, man! Nada me impede de passar os fins de semana contigo.
ㅡ você é incrível! Amanhã vou olhar uns imóveis com mais calma.
ㅡ acho que o risoto já está pronto. Quer provar?
ㅡ deixa eu ver...
Almoço na mesa e meus pais haviam acabado de chegar.
Vi meu pai carregando várias sacolas e perguntei se tinham comprado a cidade toda e minha mãe levou tudo pro quarto.
Meu pai ficou na sala conversando com seu Otaviano e fui até a cozinha.
Vi que o Ricardo estava preparando uma jarra de suco e veio até mim me dando um selinho.
Pedi que se comportasse e beijou meu pescoço.
Tirei a jarra de suas mãos e deixei sobre a mesa. Pedi que fechasse os olhos e me aproximei dele bem devagar.
Segurei seu rosto e colei minha boca na dele. Vi que me ofereceu a língua e prontamente a suguei e suas mãos seguraram minha cintura e senti que me apertou forte.
ㅡ você é o homem da minha vida, Pedro Ricardo! ㅡ disse e ele me colocou sentado no balcão.
ㅡ e você é o amor da minha vida! Estou feliz por você e pelo seu pai.
Ele me abraçou e me larguei em seus braços. Senti suas mãos percorrendo minhas costas com carinho e procurei sua boca novamente.
O beijei com ternura. Senti uma energia percorrer meu corpo quando ele segurou minha bunda e me pegou no colo. Girou comigo em seu próprio eixo e eu ria por ele estar me segurando.
ㅡ vamos almoçar? ㅡ disse e ele beijava meu pescoço.
ㅡ vamos! Gosto de te ver feliz, Cadão!
ㅡ você me faz feliz! Leva o suco, vou lavar as mãos. Está cheirando alho.
Levei o suco e já nos esperavam pra almoçar.
Todos se sentaram e seu Otaviano esperou o Ricardo se juntar à nós pra dizer que estava feliz em saber que não havia mais segredos entre meu pai e eu.
Senti meu pai mais relaxado. Minha mãe sorria por qualquer coisa, estava radiante.
Passamos uma tarde agradável em família, mas meus pais e seu Otaviano precisaram retornar à fazenda no final do dia.
ㅡ certeza que não querem que eu os levem? ㅡ Ricardo perguntou e seu Otaviano disse que não precisava.
ㅡ vamos de táxi, filho! Manteremos contato.
Me despedi de minha mãe. Senti seu abraço carinhoso e meu pai veio logo em seguida e pediu que nos deixassem à sós.
Ele ficou me olhando por segundos e me deu um beijo na testa, seguido de um abraço. Me senti conectado novamente ao meu pai, do mesmo modo quando eu era menino. Foi uma sensação única e eu sabia que ele sentia o mesmo.
ㅡ você vai ficar bem, filho?
ㅡ vou! E o senhor?
ㅡ estou bem. Fomos na casa do seu avô hoje e...bem! Levei uma baita bronca dele por ter sido ausente contigo de uns tempos pra cá. Agora percebo que não fui um bom pai pra você...
ㅡ o senhor sempre foi um bom pai. Teve uns períodos bem chatos, mas sempre foi um paizão. Tenho muito orgulho de ser seu filho, coroa.
ㅡ ah, eu não sou tão coroa assim. Sua mãe disse que ainda dou um caldo.
ㅡ kkkkk! Bonito o senhor é! E se ela fala, então é verdade.
ㅡ rsrs, deve ser! Eu não ia te falar nada, mas sem querer vi você e o Ricardo na cozinha. Achei muito bonito a forma carinhosa que ele te trata.
ㅡ me desculpe ter nos visto...
ㅡ não precisa me pedir desculpas. Vocês estavam namorando. Caramba, é tão estranho dizer isso. Bom, é hora de irmos. Me liga de vez em quando?
ㅡ pode deixar! Nos falamos. Pai, se cuida e fica longe de problemas, por favor!
ㅡ não se preocupe! Me da um abraço?!
Se foram e me joguei no sofá. Chorei feliz e aliviado por ter me livrado do peso que carregava e ainda ter meu pai ao meu lado.
Foi melhor que eu esperva.
Me vendo emocionado, Cado se deitou ao meu lado e ficamos fitando o teto. Ele segurou minha mão, encostou a cabeça na minha e eu sabia que aquele homem era o centro de um universo feito especialmente para nós.
ㅡ acabou tudo bem. ㅡ ele disse e sorri.
ㅡ e agora, Cadão?
ㅡ agora é bem começarmos a arrumar nossas coisas e nos mudarmos pra Erculano. Preciso ver aquela casa que me falou. Gostei dela.
ㅡ é grande, do jeito que você queria. Tambem gostei, por isso te mostrei. E tem aquela piscina maravilha...
ㅡ já estou imaginando você tomando sol todo peladão. Kkkk
ㅡ vou mesmo! Kkkk
ㅡ quer dar uma volta na praia?
ㅡ quero! Me leva pra onde você quiser...
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Continua...
Demorei? Não respondam! 😂
Sério, estou muito feliz por estarem gostando. Espero que tenham gostado desse capítulo também.
Muito obrigado por todo carinho de sempre. Obrigados por lerem e por comentarem. Muito me alegra saber que os agrado.
Ah, depois que eu finalizar esse, vai sair mais um capítulo de Meu chefe, meu príncipe!
Se cuidem! Grande abraço! 😉✌
Happy Pride!! 🌈