Encontro duplo - parte 5

Um conto erótico de Larissa S2
Categoria:
Contém 1214 palavras
Data: 14/09/2018 01:02:59
Assuntos: crossdresser

Gabriel ainda estava atônito, com as mãos espalmadas em frente à boca, paralisado diante do espelho. Aquilo era absolutamente inacreditável. De repente, surgiu ao seu lado Mônica, não menos linda, de sainha de couro e bustiê preto, com a barriguinha chapada de fora, colocando o braço em volta do amigo, pela cintura.

- Amiga... eu ainda não tô acreditando nisso... - falou ela, orgulhosa do seu feito com ele.

- No que? - perguntou com sinceridade Gabriel, enquanto tentava se recuperar daquele baque.

- Como no que? Nisso! - disse ela, apontando para o amigo no espelho.

- Sim... nem eu, amiga... nem eu.

- Gabi, queria primeiramente te agradecer do fundo do coração por isso que estás fazendo por mim. Não sabes o quanto isso significa e o quanto serei eternamente grata por você estar me ajudando com o Marino... sério...

- T-tudo bem, Mônica. Amigos são pra isso mesmo... - falou ele, reticente, ainda aparvalhado, olhando perdidamente para sua figura, lindíssima, naquele espelho de corpo inteiro da parede do quarto.

- DIN-DONG.

Era a campainha da casa.

- Meu Deus! São eles, amiga! - falou ela, num misto entre entusiasmo e pavor.

Gabriel então voltou a si e virou todo pavor.

- Amiga! Eu não vou conseguir! Desculpa!

- Vai sim, Gabi. Eu sei que você consegue!

- Não! Não dá! Como que eu vou sair assim, desse jeito?

- Linda?

- Sim! Linda! Como mulher! Eu nunca fiz isso! Eu nunca quis fazer isso!

- Entendo seu pavor, amiga, mas, poxa, depois de toda essa produção? Depois de marcarmos com os meninos e tudo? Desculpe, mas agora não tem mais como desistir.

- Tem sim! - insistiu ele, apavorado.

- Ah, mas não tem mesmo!

Gabriel sabia que não. Que não havia ponto de retorno. Que a situação era aquela e, gostasse ele ou não, ele teria que encarar os rapazes daquele jeito, montado - e linda -, e que a amiga precisava dele mais do que nunca.

- Eu queria ao menos que tivéssemos combinado alguma coisa! Como faríamos! Quando ir embora! O que fazer em caso de desespero e querer ir embora! Queria...

- DIN-DONG.

Tocou novamente. Mônica interrompeu 'Pâmela':

- Amiga... calma. Vai dar certo. Você nunca saiu com uma garota? Pois então, tente agir como elas agiam.

- C-como?

- Como nós agimos! Sendo delicadas, rindo, agradecendo as gentilezas... tenta relaxar e aproveitar, como você aproveitaria se fosse com uma garota. Só que, no caso, você será ela essa noite.

- Sim... é a mesma coisa sim - tentou ironizar ele.

- De certa forma é sim. Conversas, risadas, drinks... deixa rolar. A noite vai ser divertida. Eu te prometo.

- Veremos... - duvidou ele.

- Enfim, vamos lá que nossos boys estão nos esperando.

- Mônica...

- Ai, tá... o meu boy. E o seu... pretendente.

Gabriel tentou fazer um olhar de reprovação pra ela, mas não pôde deixar de dar um sorriso de canto de boca: aquela situação com certeza era, no mínimo, engraçada.

- Ok, vamos... - falou ele, conformado.

- Vamos!!! - falou ela, exultante.

Desceram as escadas.

- Amiga, você até que anda com naturalidade nesses saltos, hein? Andou treinando? - indagou ela, com surpresa.

- Não lembra daquele Carnaval que fomos há uns anos, em que fomos de cheerleaders e você, se aproveitando que eu estava bêbado, me fez ir de salto?

- Verdade!!! Não lembrava. Mas não esqueceu a lição...

- Na verdade eu não sei porque vocês falam tanto disso: eu acho bem fácil.

- Espera as próximas horas então. Fofa.

Mônica então olhou para o amigo, deu uma piscadela, respirou fundo e abriu a porta. Do lado de fora lá estavam os dois rapazes, Marino e Erick, já com caras de certa impaciência.

- Nossa, que demora... - falou Erick, entre o ultrajado e o irônico.

- Calmem, rapazes: estávamos nos aprontando...

Mônica tentou mostrar naturalidade, mas estava absurdamente nervosa: fazia anos que não via ou falava com seu ex e, de repente, após toda aquela loucura que se iniciou com uma ligação errada, ali estava ele, lindo, diante dela, com aquele olhar terno e gracioso que lhe tirava o chão:

- Oi, sumida... - falou ele, meio tímido.

- Oi, sumido... - respondeu ela, não muito mais à vontade.

Riram ambos e olharam, desajeitadamente para o chão, como se aquilo fosse ensaiado.

- Hummm... que cena linda... - riu Erick.

Gabriel apenas assistia, sem saber como agir ou mesmo o que falar.

- Olá, ruiva... - continuou Erick.

- O-olá... - respondeu Pâmela, quase inaudível.

- Você é ainda mais bonita ao vivo do que no Skype...

Gabriel apenas riu. Não soube o que responder.

Marino e Mônica riram da cena: não eram os únicos sem jeito ali.

- E então! Qual a boa, meninas? - Erick definitivamente parecia ser o menos perdido naquele quarteto desajeitado.

- Vocês que mandam... - falou Mônica, já um pouco recomposta.

- Não... vocês mandam, meninas! O mundo é das mulheres - completou Marino.

- Ok então. Alguma sugestão, Pâmela?

De repente os três olharam para Gabriel que, por muito pouco, não saiu correndo apavorado. Percebeu que seu silência estava prolongado demais e sentiu-se obrigado a falar algo:

- Ai... tanto faz... - falou, bem sem graça.

- Nossa, Pâmela... você é mais divertida que isso! - desafiou a amiga.

Gabriel queria matá-la. E quase conseguiu fazer isso, só com o olhar que deu para ela.

- Bom, então, eu e a Mônica não ficamos horas e horas nos arrumando para ficarmos gatas desse jeito se não for pra ir em um lugar bem chique.

- Huuum... finas... - riu Marino.

- Somos mesmo...

- Ok... então, que tal irmos ao Paris 6?

- Hum... meio clichê, né? Mas ok, eu por mim topo. Pâmela?

- Pode ser sim... - ainda sem graça.

- Então já é. Partiu Paris 6, meninas.

Marino então fez o gesto de oferecer seu braço para Mônica, que, rindo, aceitou e cruzou seu braço ao dele. Erick pensou se deveria fazer o mesmo, mas, diante de toda aquela atitude reservada de Pâmela, entendeu que poderia acabar tendo a oferta rejeitada e acabar passando por uma situação constrangedora:

- Vamos? - indagou, sem qualquer gesto, mas olhar fixo aos olhos 'da moça'.

- Claro. - respondeu ele, aliviado e ver que o rapaz não tentara o mesmo gracejo do braço para com ele.

Entraram então no carro. Marino e Mônica foram na frente, Erick e Pâmela atrás. Pâmela chegou a pensar em sugerir de irem as duas 'meninas' atrás, mas foi obrigado a admitir para si mesmo que ficaria estranho, por menos que quisesse ficar sentado ao lado de Erick.

Marino então deu partida e seguiram. Marino e Mônica, devido o entrosamento de anos de namoro, logo estavam conversando descontraidamente, sem qualquer dificuldade em encontrar assunto, ao passo que o 'casal' do banco de trás as coisas não iam da mesma forma.

- Você é realmente muito bonita, Pâmela... - arriscou Erick, já menos expansivo do que antes.

- Você já falou isso... - falou Gabriel, numa tentativa de demonstrar naturalidade mas que soara mais como uma leve impaciência.

- Desculpe... não falo mais.

- Brincadeira. Pode falar sim. Estava brincando.

Gabriel percebeu que não fora de muita simpatia e o Erick não merecia que ele fosse grosso ou indelicado com ele.

- Você também não é de se jogar fora...

Aquela tentativa em contornar a indelicadeza de antes acabou saindo 'saidinha' demais, pensou Gabriel consigo mesmo.

Erick sorriu timidamente e agradeceu. Não era o intuito parecer interessado, mas Gabriel ao menos conseguira desfazer aquela barreira de indelicadeza que ameaçou criar.

- Chegamos! - anunciou Marino.

- Oba! Estou faminta! - exclamou Mônica.

- Eu também! - falou espontaneamente Pâmela.

Erick sorriu. Adorava meninas com apetite. Realmente aquela ruiva era demais, pensou consigo.

CONTINUA...

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