Quando chegamos em casa e abrimos a porta Enola estava a nossa espera, ela estava escolhendo entre o licor de café e o licor de creme de cacau licor para levar para a sala.
- Aí estão vocês – respondeu Enola vindo até a gente com a garrafa na mão – pendurem seus casacos ali no cabide e venham até a sala, ninguém vai dormir antes do nosso papo em família – Enola gostava de saber do dia de cada um antes que fossemos dormir e ai de quem não participasse, ela fazia todo mundo ir até o quarto da vítima e todos ficavam lá até todos conversarem e beberem.
- Acho que vou direto para o quarto e... – Ela olhou com uma cara para ele. Luciano podia ter 1,90m, ter cara de marrento, mas estava lidando com uma italiana de Roma, ele sabia que ia perder, a mama era muito dramática quando queria e muito brava quando precisava – ok, vamos para a sala – disse ele todo sem graça.
- Se você acha que a tia Carmem é brava você não viu a mama Enola, principalmente quando não comemos toda a comida dela...essa italiana é fogo – ri para Luciano que engoliu em seco – a nona Motta deve ter sido professora dela, apesar de que os romanos sempre são mais dramáticos e esquentados – comentei, Luciano assentiu e se aproximou de mim.
- Vamos? – Assenti e então ele me guiou pelo ombro.
Pablo já estava na sala quando eu e Luciano adentramos o ambiente. Luciano ainda estava um pouco acanhado, ainda mais com todos nos encarando, confesso que até eu fiquei sem graça quando a mama nos fitou.
- Eles não são lindos juntos? Viva ao amor livre – comentou ela, os demais com exceção de Rick assentiram.
- Que bom que chegaram rapazes, Enola só vai nos deixar tomar chocolate quente agora que vocês se juntaram a nós – Marcelo resmungou, Enola o reprendeu com o olhar – desculpa – pediu ele.
- A culpa foi minha, eu e Fabrício nos empolgamos no papo e esquecemos de voltar para casa – disse Luciano todo educado – se não fosse o rapaz ali nós ainda estaríamos rindo e conversando – Rick nos olhou e revirou os olhos quando Luciano apontou para ele – valeu amigo – ele agradeceu e Rick assentiu.
- Estávamos em uma conversa tão animada que até esquecemos da hora – Pablo respondeu animado fazendo com que eu e Luciano sorríssemos um para outro.
- Mas o papo estava bom, devia ter ido com vocês...– Josh resmungou – Fabrício, eu não consegui calcular aquela viga, você me ajuda depois? – Ele parecia chateado.
- Não – todos me olharam surpresos – quem vai lhe ajudar é o meu amigo e ex-chefe, ele é engenheiro, calcula bem mais do que eu – Luciano me cutucou ao chamar ele de amigo.
- Claro, depois eu te ajudo – respondeu com naturalidade.
- Obrigado – Josh coçou a cabeça.
- Se nós tivéssemos chagado antes poderíamos ter ajudado ele – comentei.
- Será que só conversaram ou fizeram outra coisa – Rick comentou todo venenoso.
Nessa hora todos ficamos calados, segurei na mão de Luciano que ficou tenso e Enola e Marcelo se entreolharam. Josh se aproximou de Pablo e impediu de responder.
- Você disse alguma coisa? – Perguntou Enola a ele com uma cara fechada que fez ele ficar calado.
- Não mama, imagina, só pensei alto – disse ele todo sem graça fazendo Enola sorrir.
- E o Valmir Luciano? Como ele está? – Perguntou Marcelo quebrando o clima estranho na sala.
- Está bem, ficou animado quando eu disse que ia dar uma passada rápida na Itália para visitar o Fabrício, falou que eu ia adorar ser recebido em sua casa – Marcelo assentiu.
- Teu pai é muito gente boa rapaz, quero fazer uma visita a ele e tua mãe quando eu for ao Brasil, quem sabe eu não leve a Enola junto – ela olhou para gente e sorriu.
- Eu gosto tanto do Brasil, as pessoas são tão animadas, adoro uma feijoada, um churrasco e uma caipirinha – eu tive que rir – mas vamos deixar esse papo para depois, venham tomar um chocolate quente, sentem – disse Enola depositando a bandeja com as xícaras ajudada por Pablo que passou para ela a garrafa de licor.
- Que bom, não deixem de nos visitar – Luciano era muito agradável quando queria.
- Obrigado, obrigado – Enola agradeceu vindo até ele o enchendo de beijos.
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A medida que a conversa ia fluindo Enola serviu chocolate quente com algumas gotas de licor de café e com alguns folhados de creme de avelã que estavam maravilhosos para acompanhar, acredito eu que se meu irmão estivesse aqui ele iria acabar com eles sozinho, tirei uma foto e enviei a ele via whats app. Durante o tempo em que ficamos na sala rimos e confraternizamos com os demais, até mesmo Rick estava presente e muito discretamente ria das histórias e piadas que Enola falava, ela já estava meio alta por causa da bebida e Marcelo somente a observava e vez em quando pedia para ela moderar nas palavras. Luciano e eu trocávamos olhares e sorrisos, ele bebia seu licor de cacau e me observava, parecia um predador observando sua presa.
- Vamos amor? – Perguntou ele a mulher.
- Vamos – ela assentiu e levantou, deu um beijo de boa noite em cada um, foi engraçado, ela parecia minha mãe – se comportem com o amiguinho novo – nos entreolhamos e rimos quando ela deu as costas.
Depois que Marcelo e Enola decidiram subir, ficamos na sala eu, Luciano, Josh, Rick e Pablo que parecia o menos a vontade do grupo. Meus amigos decidiram então matar a curiosidade sobre Luciano e todos com exceção de Rick se aproximaram para ouvir mais sobre o que ele falava.
- O Mister América, chega mais, aqui ninguém morde - Luciano chamou atenção de Rick que estava afastado prestando atenção no que falávamos, ele era muito orgulhoso para admitir que estava gostando da conversa.
- Não, obrigado – ele voltou a atenção ao celular não dando muita importância a gente.
- Tem certeza? – Perguntou Luciano.
- Sim! – Respondeu um pouco bruto.
- Você que sabe – Luciano encarou ele que o encarou de volta, eu toquei em seu ombro e ele sorriu voltando a atenção a gente.
- Deixa para lá, conta aí como vocês se conheceram? – Perguntou Josh. Eu e Luciano nos olhamos, uma troca de olhar íntima e pessoal.
- Na verdade sempre nos conhecemos – tomei a frente antes que Luciano começasse a falar – só depois de alguns anos é que viramos melhores amigos e depois – contamos toda a história, não deixamos nada para trás. Entre risos e choro até Rick se juntou a nós na conversa e pela primeira vez vi ele e Pablo sentados próximos sem olhares de raiva e provocações. A única parte triste do nosso passado foi tocar no nome do Adriano.
- Nossa, que trajetória incrível a de vocês, parece um romance moderno, o amigo, o ex presidiário, sem ofensas Luciano – Pablo logo tentou concertar.
- Não é, eu sou ex presidiário mesmo – alisei seu ombro, ele sorriu.
- Só fico triste pelo que aconteceu ao seu irmão, é uma vida tirada Luciano, isso não devia acontecer, mas infelizmente nosso jeito incomoda algumas pessoas, dói nos outros sermos felizes assim, amar outro do mesmo sexo – instintivamente todos nós olhamos uns aos outros, até mesmo Rick parecia estar abalado. Luciano sorriu e apertou minha mão.
- Tudo bem, sei que aonde ele estiver está feliz, principalmente por Fabrício estar comigo, um cuida do outro, mesmo de longe – trocamos um olhar de cumplicidade.
- Isso mesmo, um sempre cuida do outro – assenti.
- Own... – Pablo estava quase caindo em cima da gente.
- Vocês são engraçados juntos – Josh comentou -
- Não, eles são tão lindos juntos, espero achar um cara assim também Fabrício, grande, forte e emotivo igual a ele - Rick então levantou do sofá e passou pela gente.
- Para quem fica boa noite – disse ele pegando seu celular e saindo da sala sem menos olhar para nós.
O clima ficou estranho. Pablo olhava para gente sem entender direito, Josh apenas terminava seu chocolate quente, ou melhor, a quarta xicara.
- Será que foi algo que eu falei? – Perguntou Pablo.
- Com certeza – Luciano gargalhou – por acaso ele te enche muito o saco na faculdade? – Pablo assentiu.
- Não só o dele, mas de todos os alunos, inclusive alguns da minha turma – Josh respondeu – Rick e os amigos dele do futebol são muito sem noção – ele balançou a cabeça negativamente.
- Eu comentei sobre o dia que ele me ameaçou no provador – Rick comentou envergonhado.
- Te ameaçou, mas não te bateu? – Perguntou Luciano.
- Sim...me segurou forte pelo braço e me encarou – disse pensativo.
- Eu sinto em lhe dizer, mas esse cara foi ofuscado por mim – ele franziu a testa sem entender.
- Como assim? – Eu e Luciano olhamos um para o outro.
- Está na cara que ele sente ciúmes de você, ou melhor, você mexe com ele – Pablo olhou para Josh que assentiu.
- Isso não é verdade – retrucou ele.
- É sim – Josh confirmou – ele só implica contigo, mesmo o Fabrício sendo gay e morando no mesmo teto que você... – Pablo confirmou – na faculdade ele sempre dá um jeito de ser notado por você – ele negou com a cabeça.
- Não é verdade, ele não me importuna na faculdade – ele pareceu ofendido.
- Será que não? – Josh perguntou.
- Talvez – Pablo respondeu inconclusivo.
- Eu andei sabendo pelas más línguas que foi ele mesmo que se inscreveu para ser voluntário na prova de roupas e que inclusive deixou bem frisado que queria ser o seu voluntário – então todos olhamos para ele – e deixou mais claro ainda que se esse boato se espalhasse pela faculdade ele quebraria a cara de alguém – olhamos surpresos.
- foi mesmo – podia o semblante confuso de Pablo.
- Já sei por que você não aprende os cálculos, você perde tempo ouvindo fofoca... – Josh revirou os olhos ao ouvir Pablo falar isso.
- Qual é gente, eu estudo arquitetura, na minha sala o que mais tem é meninas e alguns caras gays e outros confusos que nem eu... – Pablo interrompeu ele.
- Você é confuso...quer dizer...Eu estudo moda, na minha sala o que mais tem é gays e mulheres e nem por isso gostamos de uma fofoca – ele cruzou os braços, Josh ficou vermelho de vergonha.
- Meu conselho – chamei a atenção dele – fique esperto com o Rick, esse cara deve ser um enrustido e esses são os piores, fazem as coisas escondidos e depois se arrependem – Luciano então assentiu e me olhou, eu tinha passado por isso há quase um ano atrás.
- Verdade, eu sei por que eu fui assim já – Ele então olhou a hora - Fabrício, eu estou um pouco cansado da viagem, será que você poderia me mostrar aonde eu vou dormir? – Olhei para ele e sorri, os rapazes entenderam que
- A mama não mostrou a você não? – Ele desfez o sorriso e me olhou com cara de cínico.
- Ela disse que você cuidaria dessa parte já que seu quarto tem uma cama maior – ele me olhou com malícia, eu apenas sorri envergonhado.
- Bom, então vamos – levantei, Luciano me acompanhou, estava um pouco envergonhado, olhei para meus colegas e eles sorriram – boa noite pessoal – desejei.
- Boa noite – responderam Josh e Pablo.
- Amanhã te ajudo com os cálculos – Luciano virou e disse a Josh de maneira autoritária.
- Luciano, é para ajudar ele e não traumatizar o coitado, olha teu tamanho e olha o dele, ele é canadense, é legal – sorri para ele.
- Ok – ele respirou fundo – amanhã depois do café eu te dou algumas dicas de como calcular reação de apoio em vigas e depois você vai tentar calcular seu exercício, pode ser? – Josh assentiu.
- Pablo, descansa – abracei ele e Josh, eu parecia um irmão mais velho - amanhã é outro dia e acredito eu que nós vamos nos divertir muito mostrando a cidade para o Luciano – sorrimos os quatro.
- Mas tem que ser a tarde, eu quero ir também, não vou perde o sábado todo na frente dos cadernos, quero tirar algumas fotos – disse Josh fazendo com que todos nós rissemos dele
- Vem ursão, hoje você vai ser meu travesseiro – então puxei Luciano pela mão e subimos a escada rindo.
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No quarto, Enola já tinha deixado tudo preparado. A cama já tinha sido arrumada e um travesseiro e outro cobertor maior tinha sido deixado em cima da mesma, Enola tinha até deixado uma escova de dente a novinha para ele.
- Ela gostou de você, até escova de dente ela deixou aqui – Ele então me abraçou por trás.
- Quem não gosta de mim – revirei os olhos.
- Convencido – disse me soltando dele que fechou a cara – eu vou tomar banho, quer me acompanhar Luciano? – mordi os lábios, ele então arregalou os olhos.
- Você ainda vai tomar banho Fabrício?! – Perguntou surpreso.
- Sim e você também – ele me olhou assustado.
- Já são quase 1 da manhã, deve estar fazendo pouco mais de 2°C lá fora e você está querendo tomar banho?! – Fiquei surpreso com o que ele disse.
- Que porco Luciano, tem que tomar banho, você deve estar sujinho da viagem... – virei de costas e olhei no visor do celular qual era a temperatura lá fora – e não está fazendo 2°C, está fazendo 4° C, não é tão frio, ou você esqueceu que é da serra? – Ele bufou.
- Eu não quero tomar banho – cruzou os braços que nem criança.
- Então vai dormir na sala! – Ele então baixou a cabeça, eu fiquei meio sem graça a quando me aproximei ele me puxou para junto dele.
- Diz que você quer sentir o cheiro natural do teu homem, fala – ele me abraçou e beijou meu pescoço.
- Para seu porcão... – Então cheirei seu pescoço, realmente ele estava com cheiro natural – alguém está usando o perfume que eu gosto... – lambi então o lóbulo da sua orelha.
- Isso... – ele me apertou – você acha mesmo que eu ia estar fedidão para você, eu tomei banho antes de ir te encontrar – ele beijou meu pescoço, minha bochecha, olhei em seus olhos e o beijei com vontade, ele me apertou e caímos os dois na cama – já você está com seu cheiro natural...caralho Fabrício, que tesão, eu viajo em você – encarei ele, toquei em seu
- Seu safado, gostoso da porra, que saudade que eu estava de você – disse olhando em seus olhos que brilhavam com essa revelação.
- Estava com saudade mesmo? – Perguntou ele alisando meu rosto.
- Sim, muita saudade – Ele me fitou e tocou seu nariz no meu.
- Que bom ouvir isso – ele sorriu e esfregou sua barba em meu rosto, passei minhas mãos por trás de sua cabeça e beijei.
- Caralho, assim eu tenho que te levar a força comigo, ou então vim morar aqui – disse entre os beijos.
- Para de falar bobagem, logo estarei contigo, agora me deixa ir tomar um banho – me levantei e segui até o banheiro, virei de costas e sorri – não quer vim comigo? – Perguntei mordendo meu lábio, ele me fitou e sorriu.
- Vai tomar banho antes que eu arranque essa roupa sua e te pegue sem banho mesmo, vai – então entrei no banheiro e fechei a porta.
- Não tranca... – Ele berrou.
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Tinha acabado de sair do banho, usava apenas cueca e uma camisa leve por cima. Luciano me observava da cama, ele estava escorado na cabeceira, seus pés grandes e com solas rosadas estavam descobertos e suas pernas estavam cobertas pelo fino lençol até e altura da cintura. Luciano estava tesudo pois era possível ver um contorno em meio as suas pernas que ia crescendo, suas coxas grossas e seu peitoral peludo eram um convite ao pecado
- Vem cá Fabrício, eu quero te mostrar uma coisa – foi então que ele descobriu seu corpo, ele nada vestia, tinha saído antes do banho. Nossos olhares intensos só foram interrompidos pelas carícias e beijos trocados, eu amava esse homem, amava o jeito bruto e ao mesmo tempo carinhoso, amava a necessidade de meu do seu toque, dele me tocar, nós éramos um do outro, sem receio e sem pudor.
estávamos a sós, tínhamos que matar a saudade.
- Luciano, me deixa pelo menos tirar minha roupa e... – Fui interrompido por duas mãos fortes que rasgaram minha camiseta que eu havia comprado alguns dias antes.
- Pronto, resolvido – disse ele me puxando pela cintura e me dando um beijão – quer que eu tire sua calça de pijama também? – sussurrou ele em meu ouvido.
- Não... – ele então me jogou na cama de bruços e veio por cima de mim.
- Deixa eu te castigar meu menino mau, eu quero te deixar marcado, mostrar que você tem dono para nenhum europeu metido a besta chegar perto de você – disse Luciano colando seu corpo ao meu, seu corpo estava peludo, seus pelos me deixavam louco.
- Caralho Luciano, você vai me matar desse jeito – Ele esfregou sua barba em meu rosto, empinei minha bunda contra sua virilha, seu pênis pulsou.
- Eu acho que essa noite e esse quarto vão ser pequenos para nós – dito isso ele rasgou minha cueca, com certeza a noite seria pequena.