A noite tinha sido longa, selvagem e libidinosa. Acordei assustado, eu não estava sozinho na cama, não tinha sido sonho, era real, tinha que parar de ter essas reações. Ao olhar quem estava ao meu lado sorri e me aninhei melhor a Luciano que me abraçou forte por instinto. Havíamos dormido juntos e meu ursão me apertava junto dele, dormia sereno, mas era possesivo, sorri, pois eu gostava dessa doce brutalidade que ele tinha comigo, era meu doce ogrão.
Minha cabeça subia e descia com o movimento do seu peito, que servia como um fofo travesseiro, ou melhor, Luciano era todo grande, um grande ursão de pelúcia no qual eu dormi depois de transarmos loucamente e depois dormimos como anjos e como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Olhei para ele que dormia sereno e então seus grandes olhos se abriram.
- Bom dia – ele sorriu e me deu um selinho.
- Bom dia Luciano – ele sorriu, mas revirou os olhos com o meu carinho em seu rosto.
- O que foi? Eu falei algo errado? – Perguntei, mas já sabia o que era, ele então se ajeitou apoiando as costas na cabeceira da cama e me encarou.
- Eu odeio que você me chame de Luciano em um momento íntimo nosso – ele acariciou meu rosto e me puxou para junto dele me fazendo aninhar em seu peito.
Luciano não estava errado, ele já estava me cobrando isso há algum tempo, mas eu ainda não conseguia dar o passo à frente, pelo menos não nesse momento onde um ficava distante do outro.
- Ai ursão... – acariciei seu rosto, ele pegou minha mão e a beijou – quando eu voltar para o Brasil nós vamos resolver isso, eu prometo? – Ele então envolveu seus braços ao redor do meu corpo.
- Promete mesmo? – Perguntou com esperança.
- Sim, prometo – então me afastei e nu levantei da cama e segui até a porta do banheiro e parando no batente virei e da maneira mais sincera o encarei nos olhos – quero que saiba que independente do que somos ou de qualquer rótulo eu amo você Luciano – pude ver seus olhos brilharem, então ele levantou e veio para junto de mim.
- Fabrício, eu quero que você me chame de amor, de ursão, ou do que você quiser, só não pelo meu nome, isso deixa o nosso momento tão pessoal e pouco sexual – ele respirou fundo.
- Você quer ser meu macho Luciano? Quer cuidar do seu "amigo de sexo"? – Fitei seus olhos o provocando, ele me olhou como um predador e sorriu.
- Muito – disse ele em meu ouvido me alisando e me encochando - quero ser seu macho, namorado, maridão, o que você quiser, mas quero que seja somente meu, só eu posso te pegar de jeito e só você tem esse corpo grande para você se aninhar - ele então me prensou contra a parede, abracei ele como pude e trocamos um beijo.
- Então vai meu macho, me fode aqui mesmo, me marca com teu sêmen – Luciano de barraca armada cuspiu na mão;
- Isso, assim – senti seus dedos molhados procurarem minha entrada.
- Quer ser fodido pelo seu macho é? – Ele esfregou sua barba em meu rosto e mordiscou minha orelha – pede? – Ele estava ofegante.
- Vai, me fode...ahhh – então em uma estocada Luciano me penetrou e ali mesmo nós transamos.
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Eu e Luciano após o sexo tomamos banho juntos. Eu gostava disso, esfregava suas costas, nós dois ali estávamos até então em um dos momentos mais íntimos e descontraídos que tivemos. Ele estava relaxado com a cabeça apoiada na parede e de olhos fechados enquanto eu esfregava suas costas largas e ria baixinho, meu ursão estava cansado, era a quinta gozada em menos de 8 horas.
- Nós somos malucos Fabrício – ele falou e virou para me encarar – vira aí que agora eu vou te ensaboar, você acabou de me dar banho e cuidar de mim, deixa eu cuidar de você também – sorri, era muito carinho para um homem grande, um doce ogro.
- Acho que nossos gemidos e gritos foram ouvidos por todo mundo – Luciano sorriu e beijou minhas costas.
- Você acha? – Perguntou ele.
- Acho – respondi quase sem fala, pois, Luciano me ensaboava e massageava minhas costas.
- Tomara que sim, pois aí aquele americano metido a brutamontes vai saber que você tem dono e... – Interrompi ele.
- Não sou escravo e nem objeto para ter dono – fui ríspido com ele que baixou a cabeça, típico dele.
- Desculpa – ele desviou o olhar do meu – eu não quis dizer isso, você sabe que eu nunca te trataria assim... – interrompi ele.
- Eu espero que não mesmo – respondi puto de raiva.
- Vamos mudar de assunto – ele ficou incomodado.
- Luciano, o Rick nunca olhou para mim com interesse e nem eu para ele – Luciano sorriu, era isso que ele queria ouvir – e no mais, eu acho que estou comprometido com um cara problemático e marrento aí – ele então franziu a testa e fez menção de falar algo, mas eu interrompi – se você me perguntar quem é eu te dou um tapa – ele riu e me empurrou contra a parede.
- Que tal mais uma rodada de sexo gostoso, eu posso te jogar na cama e te pegar de jeito, o que acha? – Meu corpo respondia que sim, mas meu consciente não.
- Sem sexo selvagem e gostoso na parede, nós temos que descer para o café, vamos nos enxugar, vem – desliguei o chuveiro e puxei Luciano para fora do box.
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O café da manhã estava sendo tranquilo. Enola e Marcelo se entreolhavam com risinhos de cumplicidade e amor, assim como eu e Luciano a noite deles tinha sido boa ou até melhor que a nossa. Josh olhava de um lado para outro enquanto comia uma torrada com geleia de framboesa e morango e eu e Luciano estávamos nos habituais bolinhos de pão com creme de avelã, isso não podia faltar além de um bom café preto.
- Alguém viu o Pablo ou o Rick? – Perguntou Josh fazendo com que eu e Luciano trocasse olhares desconfiados.
- Ele saiu cedo, disse que tinha uma prova de roupa na primeira aula e por isso Rick teve que ir junto, já que ele é o voluntário dele – disse Enola nos poupando de qualquer preocupação ou desconfiança.
- Tomara que pelo menos na aula os dois se entendam – disse Marcelo – eu não entendo o quão difícil é para Rick aceitar Pablo, ele nunca o assediou e nada – em seu tom de voz havia frustração.
- Não é preciso aceitar, é preciso respeitar – Olhei para Luciano surpreso, ele parecia um pouco envergonhado e ao mesmo tempo orgulhoso do que tinha acabado de falar.
- Eu já disse o quanto eu fico orgulhoso de você – Luciano sorriu e apertou minha mão fazendo todos olharem e suspirarem.
- Sabe que eu acho engraçado essa relação de vocês – Marcelo comentou.
- Porquê? – Perguntei a ele.
- Vocês parecem grandes amigos – ele riu.
- Mas nós somos isso, apenas cresceu algo maior entre a gente – respondi, a troca de olhares entre eu e Luciano era intensa.
- Vocês são muito engraçados juntos, sério – Josh riu.
- Se está dizendo isso para se livrar da aula saiba que comigo não cola – Josh olhou para todos sem graça – termine o café e prepare seus livros que nós vamos fazer você aprender cálculo na marra – toquei no braço dele – que foi Fabrício? – Ele perguntou.
- Luciano... – interrompi Marcelo.
- Para de meter medo nele, é pior quando se aprende com medo, por obrigação, dá um desconto para ele – Luciano pareceu ficar envergonhado de sua atitude.
- Desculpa Josh, após o café eu vou te ajudar, mas agora vou ficar calado senão apanho do Fabrício – disse ele emburrado, eu odiava isso.
- Acho bom mesmo, não tem por que você botar medo nele – sorri para Josh que ainda estava amedrontado, mas esboçou seu melhor sorriso convincente.
- Se lascou Luciano – Marcelo riu – bem-vindo a vida de casado – Enola olhou para nós e com carinho e fechou a cara para o marido.
- Marcelo, você está deixando os meninos constrangidos – ela levantou e puxou Marcelo junto – vem, você vai me levar no mercado para escolher algo para o almoço de hoje e daremos uma passada rápida no parque, você me prometeu uma boa xícara de café e um passeio de bicicleta, então é bom nos apressarmos – mama Enola passou por nós e deu um beijo no rosto de cada um, depois nos fez prometer que limparíamos a mesa do café e então seguida de Marcelo que tinha um ar de vencido eles saíram.
- Me passa o café e as torradas Fabrício, transar dá uma fome – Luciano piscou para mim e olhou para Josh, eu apenas mandei ele tomar no cu em pensamento – você não acha que transar da fome Josh? – Perguntou Luciano a ele que estava lendo algo no celular.
- Na verdade não costumo transar muito, então não sei responder conclusivamente, me desculpem – ele parecia estar constrangido.
- Podemos resolver isso, vamos achar uma mulher para você – Ele pareceu ficar mais preocupado, eu já tinha sacado que Josh talvez não curtisse só mulher, ou talvez nem curtisse, ou estava apenas confuso, mas não seria Luciano que o constrangeria e bagunçaria mais sua cabeça.
- Na verdade não me sinto confortável em falar sobre isso... – Luciano me olhou e franziu a testa.
- Então que tal nós começarmos a estudar logo cedo, aproveitar que a cabeça está fresca e que temos muito tempo, garanto que até meio dia você estará fazendo o exercício de olhos fechados – Luciano deu um soquinho em Josh que sorriu em concordância.
- Bom, se depois do café você não tiver nada para fazer eu aceito sua ajuda Luciano, a sua também Fabrício – Assenti, mas logo percebi que não precisaria já que tinha um engenheiro civil entre a gente.
- O Luciano é um bom professor, não irão precisar de mim – Luciano concordou – vou aproveitar e arrumar meu quarto e conferir algumas pendências do trabalho – eles concordaram.
O resto do café foi tranquilo. Josh ficou encarregado de tirar a mesa enquanto eu e Luciano lavamos a louça entre brincadeiras e trocas de carícias que deixou tudo mais interessante.
- Bom, vocês divirtam-se, eu estou lá em cima – Josh e Luciano assentiram e com a mesa cheia de livros, calculadoras e caderno deixei eles estudarem em paz.
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Passei a maior parte da manhã organizando meu quarto. Haviam marcas da nossa noite de sexo selvagem pelo quarto além do cheiro que ainda pairava no ar, era preciso trocar roupa de cama e deixar o quarto habitável novamente. Luciano era um homem que deixava sua marca por onde passava, podia sentir seu cheiro nas roupas de cama e isso estava me deixando excitado.
- Posso entrar? – Olhei para porta e ele sorria.
- Bobo, deixa de graça – ele se aproximou e me puxou para um beijo – fez avanços com o Josh? – Ele sentou na cama e suspirou.
- Sim, ele só estava com dúvidas sobre como achar o seno e cosseno e no cálculo de vigas bi apoiadas, era mais falta de entendimento do que prática – explicou ele.
- Que sexy, o meu ursão também é um intelectual? – disse me sentando em seus colo e passando os braços por trás do seu pescoço.
- Sou sim - disse ele me cheirando – quer ver o tamanho da minha régua Fabrício, eu posso te deixar pegar nela – gemi.
- Não é hora – me levantei – estou muito feliz de ver que você teve paciência para ajudar ele, o coitado já estava a ponto de surtar – comentei indo até a janela.
- Ele só precisava de um empurrãozinho – olhei bem para ele.
- Cadê seus óculos Luciano? – Ele então passou a mão no rosto e franziu a testa.
- Eu acho que deixei ele lá embaixo, eu vou buscar – ele levantou – vem também – disse estendendo sua mão para mim.
- Vamos – sorri e peguei em sua mão, passei a sua frente e seguimos pelo corredor, eu podia sentir sua respiração.
- Que tesão você é Fabrício – disse ele segurando em minha cintura – hoje à noite eu vou te rasgar no dente – então quando chegamos na sala nos recompomos, mas ao notar quem estava ali nosso semblante mudou.
Pablo estava chorando, estático, sua roupa rasgada e um hematoma em seu rosto e o lábio cortado denunciavam que ele tinha sido agredido e eu sabia muito bem quem tinha feito isso e esse alguém ia pagar.
- Pablo... – Luciano segurou firme em meu pulso, ele provavelmente estava tão assustado e impactado quanto eu.
- Eu encontrei ele na varanda, não sei quem fez isso com ele – Josh tentava explicar desesperado.
- Rapaz, olha para mim – Luciano tomou a frente – quem fez isso contigo? – Ele olhou para Luciano e começou a chorar com força.
- Eu só queria ser aceito... – Foi a gota d'água, ele então começou a chorar compulsivamente e ao se mexer eu notei que no meio de suas pernas havia sangue, ele não tinha sido somente espancado, ele tinha sido estuprado.
- Chama a polícia Josh – me aproximei de Pablo, ele não queria nos encarar – quem fez isso contigo? Foi o Rick... – então Pablo me encarou e baixou a cabeça vomitando um misto de água e sangue – Luciano, liga para a emergência – ele me olhou surpreso.
- Ele foi estuprado – Luciano então pegou seu celular e discou, foi tudo tão rápido, Pablo desmaiou e eu fiquei cego quando vi Rick chegar e entrar, em sua roupa havia sangue, ele quando notou o ocorrido olhou assustado e no calor do momento fui até ele e dei um murro em seu rosto, depois senti um braço me segurar e então tudo escureceu.