Os Verões Roubados de Nós/CAPÍTULO21

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 4406 palavras
Data: 15/09/2018 23:56:06

Os Verões Roubados de Nós

FASE 2 – Contagem Regressiva.

Capítulo 21

Narrado por Antunes.

Os dias foram passando e finalmente a audiência foi marcada. Fico sabendo por meu advogado que Fabíola havia recebido a intimação. Sabia que um confronto pré-audiência estava por vir e desde que peguei Julia na casa da mãe dela não a devolvi e uma série de medidas jurídicas foram tomadas para manter minha filha sob minha tutela. As aulas começarão em breve e minha princesa está ansiosa. Ela ama a escola.

Antônio me ajudou a colher provas contra Fabíola e meu advogado as utilizou tendo como argumento o quão perigoso é a convivência com a mãe e o namorado dela e de acordo com Adriano (meu advogado) a vitória é certa.

Voltando ao caso do Gabriel, mais fotos foram deitas e terminei meu relatório e enviei pelo correio ao endereço que me foi passado. Eu me esqueci de contar, né? A pessoa não veio buscar, simplesmente me ligou e pediu para enviar por mensageiro. Fiz o que me foi pedido e caso encerrado. Pelo menos é o que penso.

A dois dias da audiência, estou em meu escritório num novo caso quando ouço um bate boca lá fora e a porta se abre de repente.

- Chefe!! – Almeida entra atrás de uma furiosa Fabíola.

- O QUE SIGNIFICA ISSO?! – ela grita jogando o papel em cima de mim.

- É uma intimação ou você não sabe ler? – pergunto calmamente.

- Seu filho da puta, se você pensa que vai tirar a Julia de mim está muito enganado! – ela grita – Nenhum juiz tira a guarda da mãe.

Dou um leve sorriso e encosto na minha cadeira.

- Se eu fosse você não contaria com isso. – digo – Já contratou um advogado?

A respiração pesada dela mostra que ela está por um triz da sanidade mental e isso me dá animo para continuar.

- Sabe Fabíola, durante esses anos que você teve a guarda da Julia eu passei um verdadeiro inferno, mas a partir do momento que eu soube que poderia ganhar a guarda definitiva da minha filha eu fui juntando provas a meu favor. Então, seu “bilhetinho” de férias foi a gota d’água.

- Eu achei que você estaria fora naquela semana! – ela diz entredentes – Tira esse processo da justiça, Diego.

- Você está pedindo ou mandando? – pergunto cínico.

- Mandando. Liga pro seu advogado e faz isso. – ela responde – Senão você vai se arrepender.

- Fabíola... – já encheu – Foda-se você e suma daqui!

- DIEGO! – ela grita. Haja gogó! – Eu não tenho dinheiro para pagar um advogado! Você cortou a minha grana...

Não a deixo terminar a frase, pego-a pelo braço e a jogo porta afora.

- Some daqui! – olho para Almeida e noto uma figura sentada no sofá, mas não dou atenção. – Almeida, “acompanhe” a Fabíola até a rua.

- Eu vou acabar com você, Diego! – ela esperneia – Solta, seu filho da puta! Você vai ver, o Zé vai pegar você!

Volto para minha sala.

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Muito perto dali.

Fui até o escritório do detetive Antunes, pois queria mais informações e quem sabe indicações e foi muito mais produtivo que isso. Primeiro porque o detetive mostrou que não é corrompível e segundo porque uma ex-esposa histérica saiu e o ameaça falando num tal de “Zé”. Então quero conhecer essa tal de Zé. De onde estou permaneço bem quieto e observando tudo e quando o assistente a leva para fora eu os sigo discretamente.

Almeida a deixa na calçada e ela caminha furiosa até um carro cinza. Caminho rapidamente até meu carro e começo a segui-los. Após uns quarenta minutos eles param em frente a uma casa num bairro de periferia. Estaciono uns carros atrás e observo o cara. Ele realmente parece um bandido, como imaginei. Faço uma ligação.

- Oi. – digo – Acho que encontrei a pessoa para fazer o serviço.

- O detetive indicou alguém? – Vera pergunta.

- Eu nem falei com ele, mas depois eu explico. – digo – vou sondar e depois te chamo novamente.

Saio do carro e caminho até o portão. Da rua posso ouvir os gritos da mulher dentro da casa. Realmente ela parece furiosa e pessoas assim são impulsivas e extremamente manipuláveis. Bato palmas e espero, não demora muito e o cara sai.

- E aí? Que ‘cê’ quer aqui maluco? – ele pergunta com uma voz fria.

- Olá, podemos conversar? – pergunto – Tá a fim de ganhar uma grana?

O cara abre o portão e vem ao meu encontro.

- ‘Vamu’ ali no bar conversar um pouco, amigo! – ele diz – Tu tem um nome?

Eu me apresento e seguimos para o bar. Acho que tirei a sorte grande.

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Narrado por Gabriel.

Nossa! Realmente os dias estão agitados depois que meu pai e eu assinamos o contrato. Eu saía cedo de casa e voltava à noite praticamente morto.

Conversei com Eno e ele ficou responsável por ajeitar nosso apê. E realmente está ficando lindo como a pintura, os móveis. Ele é perfeccionista demais e às vezes eu acho que ele escolheu a profissão errada tanto que ele me ajudou na escolha do ponto, do mobiliário, deu palpites certeiros no projeto do arquiteto que contratei e este ficou impressionado que o chamou para estagiar em seu escritório e ficou surpreendido ao saber que ele faria Odontologia.

“- Enzo – Roberto dissera – Você ainda é novo e se acha que deve fazer odonto faça, porém se não gostar lembre-se que a Arquitetura está lhe esperando.

- Obrigado, Roberto. – ele respondera, mas ficou pensativo depois disso”.

Nem preciso citar que Tati basicamente “ralou” nas mãos dele (kkkk). Eles brigavam o dia todo com ela se rebelando e no final fazendo o que ele queria. Sobrou até para minha tia e meus primos.

Estou morto de cansaço e só quero um banho e cama. Entro em casa e o silêncio me recebe, o abajur está aceso deixando a sala na penumbra.

- Eno? – chamo. Nada.

Vou para nosso quarto e percebo que ele ainda não chegou, então envio uma mensagem a Tati.

#Oi maninha, o Eno está com você? Bj.#

Tiro minha roupa e vou para o banho. A janela está entreaberta e olho o movimento da rua. Meu olhar percorre os prédios e para no apartamento do voyeur. As luzes estão acesas e vejo uma moça na sacada. Ela fuma e fala ao celular quando um cara alto de cabeça raspada aparece atrás dela arrancando o cigarro das mãos dela e jogando. Eles discutem.

Não quero ver isso e vou para o meu banho. Ao sair olho meu celular e leio a resposta de Tati.

#Eno ficou na casa da tia. Melhor você ligar pra ele. Bj.#

- Ah... Que merda! – resmungo e ligo.

- Oi, amor... – ele me cumprimenta.

- Eno, onde você está? – é uma pergunta retórica.

- Já chegou em casa? – ele pergunta suave. Muito estranho. – Estou na casa dos meus pais.

Confirmado.

- Por que você não me avisou? Quer que eu vá te buscar?

Silêncio.

- Ahh... Hoje não amor! – ele diz em voz baixa – Vou dormir aqui.

- Por quê? – me exalto – Nada disso! Vem pra casa. Já!

Ele suspira do outro lado.

- Pra quê? – ele pergunta sério – Ultimamente você nem me nota e como eu encho o seu saco então você vai dormir sozinho hoje. Pelo menos você descansa de mim, não é isso?

- Enzo! – grito – Não me faça ir te buscar!

- Não venha! – ele diz. Tão calmo que me dá medo – Hoje você dorme só. Boa noite, amor. Amo você.

E desliga.

- PUTA QUE PARIU! – grito e jogo o celular na cama (agora temos uma) – Não...

A realidade bate em mim. Há mais de 20 dias não fazemos amor. Caímos na rotina. Rotina? Não, não é rotina porque ele sabe o quanto eu estou trabalhado feito doido para inaugurar o restaurante.

Busco na minha memória se disse ou fiz algo que o magoou. Caralho!! Eu simplesmente deixei meu lado ogro vir à tona e disse e fiz pouco caso dele.

- Que porra! – me levanto e coloco uma roupa qualquer – Nem a pau que fico sem você!

Vou para a casa da minha tia e ligo para ela avisando. Tia Alice é tão gentil que avisa que Eno já foi dormir alegando uma dor de cabeça. Dirijo feito doido pelas ruas de SP até chegar à casa da minha tia que está me esperando e me deixa subir.

Entro silenciosamente no quarto e ele está deitado de costas para a porta. Ouço um suspiro misturado com uma fungada e percebo que ele chora. Vou até a cama e me deito pegando-o de surpresa.

- Gabe? – ele realmente não esperava que eu viesse atrás.

- Você não me deixou dizer o quanto eu te amo. – abraço-o por trás. – Perdão amor, pelo que fiz e disse.

Ele se vira e fica de frente para mim.

- Perdão aceito... Dessa vez, ok? – ele diz e acaricia meu rosto. Isso faz com que eu me sinta pior ainda. – Eu sei que você está envolvido demais com o restaurante, mas há pessoas a sua volta. Elas irão encher seu saco, porém não é motivo para ser grosso, ok? Com ninguém.

Estou envergonhado e apenas aceno.

- Vou me policiar. Prometo! – o ogro em mim recua para dentro da toca – Mas... Não me deixe mais porque eu não aguento chegar em casa e não te ver. Por favor.

Meu amor sorri.

- Cama pequenaaa... – ele diz e chega mais perto e cola a testa na minha – E você está vestido demais.

- Não seja por isso... – me levanto e rapidamente e fico somente de cueca – Pronto.

- Amor... A porta. – corro tranca-la e quando me viro ele me espera de braços abertos.

Sorrimos e nos ajeitamos na cama. Faço cafuné nele.

- Eu te amo para sempre, Gabe... – ele sussurra sonolento.

- E eu te amo pra toda eternidade, Eno! – e o sono nos envolve.

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Narrado por Tati.

Sempre que Gabe se envolvia em algo para fazer ficava insuportável, credo! Foi grosso comigo, com Enzo e os demais. Para sorte ou azar dele é que Eno o coloca no lugar rapidinho.

Deixei meu primo na casa dos tios e fui para casa. Estou cansada e vou aproveitar para dar início aos meus planos de aula, ainda mais esse ano que tenho uma nova turma. Estou animada e confiante de que será algo produtivo e bom para minha carreira.

Dependendo de como eu me sair quero encarar um novo projeto de estudo, quem abe uma nova especialização. Enfim, projetos e mais projetos.

Voltando ao círculo familiar, ajudei meu pai com sua mudança e tive meu confronto com Vera.

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Flashback on.

Dois dias após meu pai anunciar o divórcio senti uma necessidade enorme de fazer algo. Fui até minha antiga casa e me senti estranha, pois há muito tempo eu não piso aqui e quando venho é porque Gabe insiste muito. Entrei sem ser vista porque ainda tenho as chaves.

- Oi? – chamei da sala e logo Judite apareceu – Oi Judi, tudo bem? – a cumprimento com um abraço e beijos.

- Oi, menina linda! – ela sorri – Estou bem e você?

- Bem também. – respondo – Há alguém em casa?

- Apenas a d. Vera. – ela responde receosa.

- E onde ela está? – pergunto calma.

- Na biblioteca. – quando estou saindo sinto uma mão me segurar – Menina, cuidado!

- Por que, Judi? Eu não tenho medo da fera. – respondo sorrindo confiante.

- Eu sei, mas ela anda estranha ultimamente e na arte de ferir mortalmente ela é mais experiente que você! – ela baixa a voz – Cuidado.

E volta a seus afazeres. Sigo meu caminho até a biblioteca e ao me aproximar ouço a voz alterada de Vera, então encosto minha cabeça para tentar ouvir.

- Não me interessa! Faça o que tiver que fazer e pagaremos o que ele pedir! – silêncio – Vá até ele e peça indicações... – ela diz – Não! Não podemos parar agora, já disse! – pausa – Estamos em contagem regressiva, lembra? – outra pausa – Ok, só me ligue quando falar com o tal detetive novamente. – silêncio.

“O que você está aprontando hein, sua bruxa?” penso. Resolvo bancar a civilizada e bato antes.

- Entre. – ela fala.

Entro e seu rosto mostra um leve surpresa ao me ver.

- Tatiana. O que faz aqui? – ela pergunta fria.

- Vim informar que já estou sabendo que meu pai pediu o divórcio.

- Sim. Ele pediu e o que você tem com isso?

- Nada, apenas estou feliz com a atitude dele. – respondo – Até que enfim não há mais ninguém para você colocar suas garras e destilar seu veneno!

Ela me analisa de cima abaixo e suspira com se estivesse entediada.

- Sabe Tatiana... – ela começa – Quando me casei com seu pai, eu não queria filhos, mas por pressões familiares eu acabei engravidando e tive você! E alguns anos depois veio seu irmão. – ela dá mais um suspiro – Sabe de quem eu tenho mais arrependimento de ter permitido nascer?

Silêncio.

- Você não quer... Saber? – ela pergunta cínica.

- Quem? Mãezinha querida... – devolvo no mesmo tom de cinismo.

- Você! – ela responde sorrindo – Porque o Gabriel sempre foi mais fácil de manipular e porque eu gosto mais de meninos. Eles dão continuidade ao nome da família e são extremamente manipuláveis.

Controlo meu desejo de voar no pescoço dela e mata-la sufocada.

- Então por que não me abortou, d. Vera? – pergunto fria – Não faltam métodos para isso!

Ela dá uma gargalhada.

- Eu sei disso, querida, mas preferi deixar você nascer. – ela responde – Não sabe o quanto eu desejei que fosse um menino, porém quando o médico deu a “boa notícia” (ela faz aspas com os dedos) que era uma menina, eu detestei a boa nova. – ela se levante e vem até mim – Mas resolvi levar adiante meu papel de mãe e devo confessar que até seus 5 anos foi interessante.

Ela caminha até o bar e se serve de conhaque.

- Mas... – ela continua – Quando engravidei do Gabriel tornei a desejar que fosse um menino, e, apesar de detestar engravidar novamente gostei muito mais. Mesmo não demonstrando. – ela toma o conhaque de uma só vez.

- Sabe o quanto eu te odeio? – pergunto com raiva contida na voz.

Vera dá de ombros e reponde.

- Eu não me importo. Na verdade, nunca me importei. – ela volta para trás da mesa – Quando você começou a ficar rebelde, decidi que era hora de você aprender algumas lições como disciplina, educação e submissão.

- Sua cretina...

- Cale a boca, sua insolente! – ela me corta – Mas você sempre se fazia de forte o que não me deixou alternativa então fui para cima do Gabriel. – ela faz uma pausa – Está vendo? É tudo culpa sua! – e se levanta novamente – Se você não tivesse ido fazer fofoca para seu pai, o Gabriel não estaria com aquele pederasta do Enzo...

Não a deixo falar, pois minha mão voa na sua cara.

- EU TE ODEIO! – grito – VOCÊ ME FEZ ABORTAR MEU FILHO! EU QUASE MORRI, SUA DESGRAÇADA!

Ela esfrega o rosto e solta outra gargalhada.

- Por mim você teria morrido junto com ele, sua imbecil! – ela fala calma.

- Você é uma psicopata! – digo revoltada – Tem prazer em infernizar a vida dos outros, tudo o que você toca apodrece.

- Ah, Tatiana... Por favor. – ela apenas faz um gesto de mão para que me cale – Você colhe aquilo que planta! Quem mandou querer ser uma vadia aos 16 anos de idade? Só fiz o que qualquer mãe zelosa faria. Você deveria me agradecer.

Minhas lágrimas caem e um sentimento novo surge em mim. Pela primeira vez sinto vontade de matar alguém. E fiz. Voei para cima dela derrubando- a no chão e comecei a esmurrar seu rosto enquanto ela gritava e tentava se defender.

Senti alguém me puxar de cima dela. Era o filho mais velho da Judi, Beto.

- Solta, Beto! – eu me debatia em seus braços – Eu vou mata-la!

- Para, Tatiana! – Judite pedia enquanto ajudava Vera a se levantar – Beto, meu filho leva ela daqui.

E foi o que ele fez. Colocou- me em seus ombros e não me soltou até estarmos na rua.

- Você sempre foi doida, Tatiana! Mas isso foi demais até pra você! – ele diz ofegante – O que a bruxa te fez?

- Ela roubou tudo de mim... – estou chorando de ódio. – Mas ela vai me pagar com juros. Pode apostar, Beto.

Vou para o meu carro e saio em disparada. Faço uma ligação.

- Enooo... – choro desesperada – Preciso de ajuda! Por favor...

- Tati! Gata, o que houve? – ele pergunta aflito – Onde você está?! Pelo amor de Deus...

- Estou indo pra casa... – respondo.

- Estou te esperando.

Desligo e rumo para casa. Ela não perde por esperar.

Flashback off.

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Agora dias depois do ocorrido só estou esperando a inauguração do restaurante do meu irmão e aí sim vou contar tudo. Principalmente porque ela está dificultando divórcio e tirando o sono do meu pai. Ela nem imagina o tsunami que vem por aí.

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Narrado por Enzo.

Após dias aguentando as patadas e o mau humor do gabe resolvi dar um tempo na casa dos meus pais. Anos de convivência e eu sei que ele precisa tomar um choque de realidade. Ouvir do seu namorado que você enche o saco é foda demais, mas agora está feito, amanhã é um novo dia e quem sabe o humor dele estará melhor.

Minha mãe estranha minha presença, mas nada diz e eu amo isso nela. Janto com eles e subo para meu quarto alegando uma dor de cabeça.

Quando estou me arrumando para dormir ele me liga.

- Oi, amor... – eu o cumprimento.

- Eno, onde você está? – ele pergunta.

- Já chegou em casa? – pergunto suave. – Estou na casa dos meus pais.

- Por que você não me avisou? Quer que eu vá te buscar?

Silêncio.

- Ahh... Hoje não amor! – digo em voz baixa – Vou dormir aqui.

- Por quê? – ele está exaltado – Nada disso! Vem pra casa. Já!

Eu suspiro.

- Pra quê? – pergunto sério – Ultimamente você nem me nota e como eu encho o seu saco então você vai dormir sozinho hoje. Pelo menos você descansa de mim, não é isso?

- Enzo! – grito – Não me faça ir te buscar!

- Não venha! – digo. – Hoje você dorme só. Boa noite, amor. Amo você.

E desligo.

Vou para cama e fico pensando em como os dias tem passado rápido, o apê está totalmente pronto e pretendia fazer um jantar a dois para comemorar, porém com o Sr. Mau Humor distribuindo patadas perdi a vontade.

Não gosto de brigar com ele porque sou escandaloso, dramático e manhoso, mas desta vez não quis fazer isso. Ouvir de quem você ama, mesmo que seja da boca pra fora, que você está enchendo o saco, que você fala demais ou a pior “Não pedi a sua opinião!” foi foda demais. Ele merece isso.

- Credo... – resmungo já deitado – Estou parecendo mulher na TPM. – e dou uma risada sem humor.

Ajeito-me para dormir e olho para a janela. Na verdade queria que ele estivesse aqui.

“Seu mala!” penso e dou uma fungada quando sinto um abraço por trás.

- Gabe! – digo surpreso.

- Você não me deixou dizer o quanto eu te amo. – ele me abraça por trás. – Perdão amor, pelo que fiz e disse.

Ele se vira e fica de frente para mim.

- Perdão aceito... Dessa vez, ok? – digo e acaricio o seu rosto – Eu sei que você está envolvido demais com o restaurante, mas há pessoas a sua volta. Elas irão encher seu saco, porém não é motivo para ser grosso, ok? Com ninguém.

Ele está envergonhado e acena.

- Vou me policiar. Prometo! Mas... Não me deixe mais porque eu não aguento chegar em casa e não te ver. Por favor.

Não aguento e sorrio.

- Cama pequenaaa... – digo e chego mais perto e colo minha testa na dele – E você está vestido demais.

- Não seja por isso... – ele levanta e fica somente de cueca – Pronto.

- Amor... A porta.

Sorrimos e nos ajeitamos na cama. Gabe faz cafuné em mim.

- Eu te amo para sempre, Gabe... – sussurro sonolento.

- E eu te amo pra toda eternidade, Eno! – e o sono nos envolve.

Acordo sentindo um peso em cima de mim e quase fico sem ar. Gabe.

- Amor... – sussurro. Nada. – Amooorrrr... Aaafff...

Tento me mover, mas é praticamente impossível.

- Pelo amor de Deus! – digo e elevo a voz – Gabe!

Ele acorda num susto.

- Eno! – ele está tonto de sono – O que houve?

- Você estava em cima de mim praticamente me sufocando é isso o que houve! – respondo.

Ele volta a se deitar e me puxa para cima do seu peito.

- Melhorou? – ele pergunta.

- Muito. – sorrio e olho para ele – Bom dia, amor!

Damos um beijo e nossas rolas se esfregam.

- Hummm... Alguém está de pau duro aqui! – passo minhas pernas por cima dele.

- Chama-se ereção matinal. – ele diz dando uma risadinha.

- Ah tá... – saio de cima dele e vou para o banheiro – Então vai fazer xixi que passa!

Ele se levanta e vem atrás de mim. A manhã ia começar bem, muito bem por sinal.

Tomamos um rápido café da manhã com minha mãe e voltamos para casa porque ele precisa trocar de roupa.

- Quero te perguntar algo? – ele começa tímido.

- O que, amor? – separo a camisa enquanto ele veste a calça.

- Você... Assim... Por um milésimo de segundo que seja... – reparo que ele está enrolando.

- Por um milésimo de segundo... – repito como incentivo para ele continuar.

- Por um milésimo de segundo... Pensou em me deixar? – ele termina a pergunta rapidamente e em voz baixa. – ele está tão sem graça. Fofo.

- Amor... Eu só terminaria com você se houvesse traição da sua parte ou se você quisesse ficar com outra pessoa. – digo calmo, mas essa ideia me angustia – Ou de repente eu conhecesse alguém.

Ele arregala os olhos e se aproxima segurando meu rosto.

- Nunca! Jamais volte a falar isso... – ele diz – Nem por brincadeira!

“O que um choquinho de realidade não faz com a pessoa?” penso e sorrio.

- Já passou, Gabe. Vamos viver o hoje, ok?

Ele concorda e termina de se arrumar.

- Hmmm... Tá gostosooo! – ele está se perfumando e ri do comentário.

- Eno, hoje terminam as obras e vou começar a contratação do pessoal. – ele diz sorridente – E dentro de 30 dias o restaurante será inaugurado.

- Que bom, amor! – nos abraçamos.

- Quer ir comigo hoje? – ele pergunta.

- Hm... Não, vida! – respondo – Tenho umas coisas para acabar por aqui.

Ele concorda e nos despedimos. Enquanto planejo o jantar vou arrumando o apartamento e terminando de ajeitar nossas coisas.

- Aaafff... Precisamos de uma empregada urgente! – resmungo quando termino de limpar a cozinha.

Termino minha ‘faxina’ e faço uma ligação.

- Oi, gata! – digo carinhoso – como você está hoje?

- Estou ótima! – ela responde – Já almoçou?

- Ainda não... – respondo – Estava faxinando o apê

- Nossaaa... Eno doméstico! – ela ri – Está uniformizado?

- Não, mas vou me fantasiar assim para o Gabe... – digo cínico.

- Aaahhh... Nem começa! – ela me corta.

- Então não provoca! – digo – Tem almoço aí?

- Tem, seu interesseiro! – ela ri – Desce!

- Ok, gata! – rio também - 30 minutos. Beijo. Tchau.

*****************

Durante o almoço conversamos um pouco e resolvo falar.

- Daqui a 30 dias. – falo observando-a.

- Daqui a 30 dias o quê? – pergunta confusa.

- A inauguração. – respondo.

Sou muito observador e vejo que Tati fica séria. Ela me contou sobre a conversa que teve com Vera. O que eu já desconfiava foi confirmado. A bruxa tinha Gabe como seu preferido.

********************************

Flashback on.

Eu estava enrolado com o início das obras no apê, minha mãe estava comigo e decidíamos o melhor orçamento para a pintura quando meu telefone toca.

- Enooo... – ouço seu choro desesperado – Preciso de ajuda! Por favor...

- Tati! Gata, o que houve? – pergunto aflito – Onde você está?! Pelo amor de Deus...

- Estou indo pra casa... – respondo.

- Estou te esperando. – ela desliga.

Estou estático.

- Eno? – mamãe chama – Enzo?! Estou falando com você!

Olho para minha mãe sério.

- Tati está vindo para cá. – digo.

- Tudo bem, vamos espera-la. – mama responde sorrindo – O que você acha...

- Mãe! – falo num toma mais alto e sério – Ela está em prantos.

Vejo seu sorriso morrer e um ar preocupado aparece em seu semblante.

- Ai, meu Deus. – ela sai e já sei o que irá fazer.

Deixo de lado o que estou fazendo e ligo para Tati novamente. Estou preocupado porque ela está nervosa e dirigindo.

- Atende, gata! – falo baixinho. Nada.

Levo um susto depois com a porta sendo escancarada e por ela passa uma Tati que nunca havia visto: descabelada, lágrimas escorrendo em profusão, olhos vermelhos e inchados.

- Tati. – digo suave.

- Eno! – ela corre para os meus braços – Eno!

O pranto sentido me deixa sem ação. Formo um casulo em torno dela levando para o sofá. Ela se deita em posição fetal em meus braços. Minha linda prima precisa de proteção e faço isso por ela.

Vejo minha mãe com uma providencial caneca de chá calmante apenas nos observando e assim como eu também há lágrimas em seus olhos.

Tati chora por um bom tempo em meus braços e só então parece notar a presença da minha mãe.

- Tia... – minha mãe oferece um sorriso confortador e se aproxima oferecendo a caneca de chá sem fala nada.

Minha prima toma uns goles e parece estar mais calma.

- Quer nos contar o que houve, meu amor? – minha mãe finalmente pergunta.

- ela me odeia! – Tati diz – E depois de tudo que já passei confirmar isso doeu.

E então ela começa seu relato e confesso que arrepios percorreram meu corpo na medida em que ela ia falando.

O semblante da minha mãe era um misto de choque, pena e raiva e quando Tati termina ela fala.

- Meu Deus, se eu ainda duvidava do potencial de maldade dela, mas isso é demais! – minha mãe está revoltada – Como ela pode ser assim?

- Eu sempre avisei, mas a senhora nunca me deu crédito! – digo – E você... – aponto para Tati – agora mais do que nunca deve contar.

- Concordo com Eno! – mamãe diz – Agora mais do que nunca!

- Mas gente...

- Sem essa! – mamãe e eu falamos juntos.

Tati suspira.

- Eu sei e vou fazer isso. Prometo! – ela diz – Quando Gabe inaugurar o restaurante e as coisas se acalmarem. Eu juro.

- Acho bom mesmo! – digo abraçando-a – Estaremos lá por você!

Flashback off

***************************************

- Ok... – Tati fala – Vamos preparar duas comemorações.

Olho confuso por um momento.

- Não entendi, gata... – digo.

- Se ela acha que pode rir da nossa cara e ainda sair por cima... – ela ri cínica – Está muito enganada. Eu não deixarei meu pai dar nada mais a ela. Essa sim será uma vingança doce. – e abocanha um pedaço de pudim.

- Deus nos proteja! – digo me benzendo.

Rimos e continuamos a conversar.

Noite a todos. Segue mais um capítulo. Como estou no plantão, então arrumei um tempinho para postar. Amanhã na minha folga posto outro e respondo os comentários.

*VALTERSÓ* - Está aí a explicação de tanto ódio! Vem mais por aí...

Abraços a todos e boa leitura

D.

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Comentários

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Coitada da Tati, da pra ver que ela sim sofreu muito na mão da Vera. Espero que nos próximos capítulos ela fale a verdade para Sr Francisco é para o Gabriel, eles precisam urgente saber desse fato triste que aconteceu com ela na adolescência.

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Esse ódio de Vera por Tati não pode ser só porque ela é mulher (ou nasceu menina)... Deve haver mais alguma coisa... Estou preocupado por essa aliança de Vera e seu parceira com a trambiqueira da Fabíola e seu namorado. Isso não pode dar boa coisa... Como uma mãe obriga a filha a fazer um aborto aos 16 anos??? É muita falta do sentimento de maternidade... Não se trata de uma família sem recursos, muito pelo contrário... E como o pai não percebe nada ?? Isso mostra o quanto ele realmente foi ausente para os filhos... Ele hoje está arrependido??? Aparentemente sim, mas estas sequelas ele nunca vai conseguir retirar da filha por mais que ele queira recuperar o tempo perdido... Essa mulher é crueldade pura mas ainda não sabemos suas motivações. Não que qualquer motivação justifique seus atos mas pelo menos nos fará entender a origem de todo esse mal. Tati precisa revelar isso para seu pai e irmão o quanto antes... Sei que ela não quer perturbar o irmão neste momento de estresse mas isso será uma libertação tanto para ela quanto para ele, por mais que seja doloroso. Vamos lá...

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LEIA-SE 'COMPREENSÍVEL' ONDE SE LÊ 'COMPREENSIVE'.

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RACIOCINANDO AQUI. DE FATO VERA PENSOU DE FORMA QUASE CORRETA: UMA MENINA DE 16 ANOS GRÁVIDA E SOLTEIRA NÃO É UM BOM SINAL. MAS QUEM DEVE DECIDIR É A GRÁVIDA. MAS AINDA SIM COMO TATI ERA MENOR E VIVIA SOB O TETO DOS PAIS, VERA CRÊ QUE AGIU DE FORMA CORRETA. MAS ERROU QUANDO PROVAVELMENTE NÃO CONTOU AO MARIDO SOBRE A GRAVIDEZ E NEM O ABORTO QUE CERTAMENTE OBRIGOU A FILHA A FAZER. NÃO ACHO LEGAL TATI ESPERAR UM MÊS PRA CONTAR A TODOS SOBRE ISSO. EM UM MÊS MUITA COISA PODE OCORRER. SEM ESSA TATI DE PENSAR NO GABRIEL PRIMEIRO E DEPOIS EM VC. POR MAIS QUE O AME. TRATA-SE DA SUA VIDA, COM CERTEZA ELE ENTENDERIA E SEU PAI TB. VC ESTÁ APENAS DANDO TEMPO PRA VERA SE FORTALECER. MAS VEREMOS. COM RELAÇÃO AO GABE E ENO, CREIO QUE FOI UMA CRISE BOBA. UMA RELAÇÃO DE AMOR, ESSES COMPORTAMENTOS DE MAU HUMOR É COMPREENSÍVE DIANTE DO ESTRESSE QUE GABE ESTÁ PASSANDO. MAS CREIO TB QUE O REMÉDIO FOI BOM PROS DOIS. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSS ISSO FORTALECE MAIS A RELAÇÃO, ISSO AJUDA UM A CONHECER MAIS AO OUTRO.

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Eu li esses contos e estou muito triste pq n terminou.