Cap 48 - Jéssica Albuquerque

Um conto erótico de R Pitta
Categoria: Homossexual
Contém 1454 palavras
Data: 18/09/2018 00:25:47

- Jess?

Fiquei calada que nem uma idiota.

- Rs. Oi, amor.

- Você está bem? – Perguntei.

- Eu? Hã, eu estou ótima, e você?

- Huum, não tô bem não.

- Aconteceu alguma coisa?

- Estou cheia de saudade de você.

- Boba.

- Boba por você.

- Mel, para! Rs. Está me deixando sem jeito.

- Me conta, como está sendo as férias em família?

- Está muito melhor do que imaginava...

Fui contando minha aventura familiar mega empolgada para ela até ser interrompida por um grito. Mel me informou que continuávamos a conversa mais tarde e encerrou a ligação. Não pude falar nada, apenas mandar uma mensagem pedindo para explicar o que ocorreu.

Guardei o celular e voltei a me bronzear. Pouco tempo depois minha tia gritou da janela informando que o almoço estava pronto. Como eu não tinha entrado na piscina, estava seca, então pus minha roupa e entrei antes dos meus primos. Já na porta da sala de jantar da ampla casa de campo, sinto o cheiro do charuto do irmão da minha mãe, que se sentava a mesa onde estava meu pai e sua cunhada rindo de mais uma piada de tiozão que ele contava como se fosse a primeira vez. Pois é, acho que para ela era a primeira vez mesmo. Sua gargalhada ecoava pelo ambiente que chegava a doer os tímpanos.

Minha mãe e a esposa do meu tio saíram da cozinha, cada uma com uma travessa de comida. A mesa estava linda: Arroz à grega, feijoada, frango assado com batata... entre outras delícias da culinária brasileira. Antes de comer achei um exagero aquele tanto de comida, mas depois que comemos percebi que não tenho primos, tenho traças faltando lamberem os pratos.

Dei uma última golada na coca, levantei e agradeci, deixei o prato na pia e fui para o quarto pegar minha escova de dente. Chegando na porta escuto meu primo mais velho falando ao telefone. Parecia estar nervoso.

- Eu já falei para você que não tem como voltar antes do ano novo, amor. Me entenda!

Eu fiquei parada na porta com a mão na maçaneta. Fiquei um pouco sem reação. Queria entrar no quarto, mas não queria atrapalhar a conversa dele. Meu primo Alex sempre foi muito brincalhão, ouvi-lo assim me assustou um pouco.

- Só tem família aqui. Para de ciúmes ridículo.

Pelo jeito da conversa ele estava falando com a namorada.

- Porra, Luiz, vou desligar. Quando você parar com essa possessividade manda mensagem. Vou para piscina.

Não acreditei no que ouvi. Alex Falou Luiz mesmo? Fiquei sem saber o que fazer. Meu primo vivia viajando com uma garota aqui, outra ali, todo vaidoso e malhado...

Eu ainda estava segurando a maçaneta e só voltei a mim no instante que a porta abriu me fazendo entrar involuntariamente no quarto dando de cara com meu primo. Foi uma situação bastante constrangedora para ambos.

- Jessica? O que está fazendo?

- Eu...

Alex estava vermelho igual a toalha que tinha em seus ombros. O que eu poderia falar? “estava só ouvindo você brigar com seu namorado neurótico”. Se bem que eu não sou muito diferente do ciumento lá.

- Olha o romance aí. – Minha tia, mãe do Alex, apareceu das cinzas atrás de mim. – Bora, bora. Vão para a piscina. Está todo mundo lá fora. E o senhor, o que fazia com meu telefone?

- Liguei pro Luiz para saber se vai ter o futebol de ano novo.

Ele me olhou com um ar de preocupado. Devia achar que eu iria falar algo. A mãe dele deu de ombro, pegou o celular e voltou para a cozinha. Não pensei duas vezes e a segui. Chegando na cozinha, peguei uma garrafinha d’água para beber.

Nunca imaginei que ele fosse... Gay? Bi? Posso estar enganada sobre o que ouvi também.

Fiquei encostada na pia com a garrafa na mão pensando se eu deveria falar com ele. Foi a decisão mais fácil que já fiz, pois Alex Se aproximou de mim e pegou o objeto em minha mão.

- E aí, Jessica. – Ele deu uma golada.

- E aí, Alex. Está boa a minha água?

- Esta sim. Obrigado.

- Que bom.

Puxei a garrafa da mão dele e fui em direção a piscina. Ao passar pela porta de vidro vi que ele me seguia. E não demorou muito para ele segurar no meu braço e me puxar para o carro dos pais dele.

- Mãe, vou lá na cidade comprar mais cigarro com a Jessica.

- Não quero você correndo, Alexandre.

Ele simplesmente levantou o braço e balançou.

- Entra lá.

Confesso que tive medo de entrar no carro com ele.

- Alex. - Minha tia grita pelo seu filho antes de que eu pudesse entrar no HB20 preto. -Seu irmão quer tomar sorvete. Leva ele com você.

Pela janela do carro, vi meu primo apertando suas mãos gigantes em volta do volante. Parecia não ter gostado daquilo. Olhou pra mim e fez sinal com a cabeça para que eu entrasse no carro. Lucas, seu irmão de 13 anos, entrou atrás e sentou no meio do banco. O carro foi ligado e ficou um silêncio estranho. Passando pelo portão do quintal Alex perguntou qual sorveteria que Lucas queria ir. O garoto que já estava torrado de tanto ficar debaixo do sol deu uma risada.

- Me diz qual é a piada que eu também quero rir, Lucas.

- Eu não quero sorvete. Mamãe que disse aquilo pra vocês não ficarem sozinhos pois ela acha que você vai “trair” a Luanda. – Disse fazendo aspas com as mãos.

Os irmãos começaram a rir mais e mais juntos e eu ali com cara de paisagem tentando entender a graça da situação.

- Ué, cadê? – Abri e fechei o porta-luvas. – Ainda não achei.

- Não achou o que, Jessica? – O motorista me olhava com uma sobrancelha levantada. – Está procurando o que?

- A graça para rir junto com os dois loucos.

Ele fechou a cara e voltou olhar a rua enquanto o mais novo coçava a cabeça aparentando buscar alguma desculpa para sair do assunto. Sinceramente eu já estava assustada com aquilo. Assustada não, preocupada. Gostaria de saber o motivo que levou meu primo a estar tão sério com um simples comentário. Tinha que ser direta com ele.

- Para mim já deu. O que você quer comigo?

- Quero saber o que você ouviu quando estava na porta do quarto. – Poft! Foi tão direto ao ponto que chegou a doer. Ser indelicado deve está no sangue.

- Eu ouvi você discutindo com alguém no celular. Apenas.

- Não mente pra mim. Crescemos juntos e sei quando mente.

- Aff! Pelo que entendi tinha alguém que queria você de volta antes do ano novo. Só isso.

Dava pra sentir o ar ficando pesado dentro do carro. Sabia que ele não estava nada convencido com o que disse, sabia que eu tinha ouvido mais que aquilo.

O carro foi parando na beira do meio fio, o freio de mão foi levantado bruscamente. Aqueles olhos castanhos me fintaram com uma pitada de medo.

- Prima, seja franca. Diga o que realmente ouviu.

- Eu ouvi você chamando alguém de amor e logo em seguida falando um nome.

- Que nome?

- Não lembro ao certo, mas era... – Avistei Lucas pelo retrovisor.

- Esquece meu irmão e fala.

- Era um nome masculino.

Jogando a cabeça pra trás e olhando pro teto, Alex bufou e ajeitou a sobrancelha com o polegar. Aparentava buscar palavras em sua mente, parecia confuso.

- Conta pra ela, Ale.

- Lucas, cala a da boca.

- O ALEXANDRE É GAY, JESSICA. – Gritou Lucas.

- Mandei fechar a porra da boca, caralho.

Eu já tinha entendido isso, porem mesmo assim fiquei espantada.

- Isso é verdade?

- Sim. – Vi que ele ficou incomodado com o assunto. – Pelo amor de Deus, Jessica, não conta isso pra ninguém. Meus pais não sabem e nem podem saber disso.

- Por que não? Já tentou falar com eles?

- Vou gastar meu português de acordo com as novas regras ortográficas para nada. Meu pai é homofóbico e minha mãe sempre esta do lado dele.

Ele ligou o carro e continuou o caminho falando sobre sua situação com seus pais. Suas palavras entravam em minha mente e fui me colocando em seu lugar. “e se meus pais também não aceitassem?” “E se eles me obrigassem sair do meu apartamento?’’ “e se....”. Eram tantos “e se” que minha mente rodava sem direção.

“Será que conto a eles que também sou... Ain, Meu Deus, o que eu sou?”

-*-*-*-*-

Olá, meus amores. Voltei do mundo dos mortos hehe

Todos já sabem que demoro mas não deixo de tentar escrever kkk. Já nem vou pedir desculpas novamente por que ate eu cansei disso.

Espero que gostem do capitulo de hoje. Quero o feedback de vocês nos comentários.

Agradecendo os comentários anteriores e os e-mails recebidos.

Um grande Beijo.

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Comentários

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Família toda inrustida amei, preconceito é uma merda

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Meninas, ate amanhã sai o próximo conto.

Feliz ano novo!

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Muito bom como sempre. Q bom q voltou... estava bem anciosa ja... nao demora pfv ..

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Saudadds dos seus contos ,Continua não so somi. Volta logo

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Sabia q vc iria voltar maravilhoso como sempre aguardando o próximo

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