Os Verões Roubados de Nós
Capítulo 18
Narrado por Gabriel.
Não gosto de ver Enzo sofrer. Por nada. Isso me consome e por vezes me deixa aflito sem saber o que fazer. Após meu confronto com minha mãe, o qual até eu me surpreendi, ele ficou mais sério e introspectivo, e vê-lo chorar realmente me deixa sem ação então, fiz o que meu coração mandou, cuidei dele com todo meu amor. Dei-lhe banho, o ajeitei na nossa cama e velei seu sono durante boa parte da madrugada acordando apenas quando senti seu corpo agitado ao meu lado e suas falas incoerentes me fizeram perceber que ele estava tendo um pesadelo, que se confirmou quando ele gritou meu nome desesperado. Eu o acordo e o abraço embalando- o em meus braços. Ele chora por um tempo e depois me conta no pesadelo eu havia morrido.
Conversamos e por fim fizemos amor encostados na janela do quarto. Fiquei receoso de que alguém dos prédios vizinhos pudessem nos ver, mas como era muito cedo fiquei mais tranquilo. Após o ato ele me puxa para tomarmos banho.
Preparamos nosso café da manhã e voltamos para o quarto a fim de aprecia-lo juntos.
- Amor... – ele começa – Seu pai avisou quando dará uma resposta definitiva?
Termino de mastigar e respondo.
- Não, mas ele irá me chamar para assinarmos o contrato de sociedade. – estou sorrindo – Provavelmente será na próxima semana. Por quê?
Ele me olha sorrindo também. Meu Eno está de volta.
- Eu tenho um dinheiro guardado, sabe? – ele está tímido. Fofo demais. – Então, quero usar para ajeitar nosso cantinho. O que você acha?
- Podemos começar já, mas não quero que gaste seu dinheiro aqui, vida. – digo – Daqui a pouco suas aulas irão começar e você pode precisar por conta do curso.
Observo a revirada de olhos que ele dá.
- Gabriel, eu estou ficando louco ou você disse que este é o nosso apê? – ele pergunta apontando o dedo em volta.
- Eu disse e digo que é, mas não...
- Sem mas. – ele me interrompe – Vou fazer uma lista do que precisa ser feito.
Minha vez de revirar os olhos.
- Já vi tudo...
- Nem tudo, amor, mas não se preocupe que você vai ver. – e pisca sorrindo safado para mim.
Acabo rindo também.
- No que você está pensando? – pergunto.
E assim tem início o monólogo de Enzo sobre a pequena reforma do apartamento. Pintura, armários, sofás, mesa e cadeiras e etc. Eu como bom marido apenas concordo, afinal eu sou homem, não é? (rsrs). Fico atento apenas quando ouço a palavra espelho.
- O quê? – pergunto novamente.
- Isso mesmo que você ouviu! – ele diz – O que você acha?
É sério, não ouvi nada e se eu disser é bem capaz dele cortar meu ‘bigulin’ fora.
- Acho ótimo! – respondo.
Nesse momento Eno está com os óculos na ponta do nariz me encarando sério.
- Sério, amor? – ele aperta os olhos. Fodeu. Apenas concordo com a cabeça. – Que dizer que você acha ótimo eu mandar colocar espelho no teto e uma fonte com golfinhos na sala? – a voz dele está tão suave. Estou fudido. Literalmente.
- Oi?! – arregalo os olhos – Eno, isso eu...
- Ha! Eu sabia!! – ele diz rápido – Você não ouviu uma palavra do que falei. Confessa!
Fico vermelho.
- Eno...
- Gabriel Maia!
- Desculpa, amor... Não ouvi. – que vergonha.
- Hun... Sabia. – ele se ajoelha na minha frente – Você é tão homem da relação! – e ri.
- Sou, não é? – dou uma risada sem graça e coço a nuca – Desculpa.
Ele me beija carinhoso.
- Tudo bem, amor! – ele acaricia meu rosto – Posso resolver tudo sozinho?
Melhor mesmo. Odeio reformas.
- Pode. Com algumas condições. – digo.
- Quais?
- Deixe tudo com nossa cara... – ele sorri – E não gaste seu dinheiro. Guarde, por favor.
- Gabe...
- Enzooo...
Ele suspira e concorda.
- Promete? – ele odeia quando alguém o faz prometer algo.
- Ok... Eu prometo. – ele concorda amuado.
- Então pode mandar ver, vida! – dou um beijo gostoso nele e meu pau começa a dar sinal de vida.
Mas contrariando minha expectativa Eno se solta e começa a revirar sua mala tirando algumas peças de roupa. Olho sua bunda e meu pau endurece de vez.
- Aonde você vai? – pergunto confuso. Caralho, eu quero meter nessa bunda.
- Organizar nosso lar, oras! – ele responde colocando a camiseta – Se quero ser seu assistente tenho que organizar o apartamento logo.
- Hmmm... – me ajeito na cama até encostar no travesseiro. Meu pau está apontando para o teto. – E você vai agora?
- Claro! Preciso fazer uma lista urgente, tenho que pesquisar preços, mão de obra...
- Amor... – eu chamo. Ele veste a cueca e eu começo a me masturbar.
Ele não para de falar um minuto sequer e eu estou ficando louco de tesão.
- Vida... – chamo mais uma vez e ele continua a falar – Vidaaa...
- O quê? – ele para e me olha.
Dou um sorriso safado.
- Vem cá... Alguém acordou e precisa de atenção. – digo manhoso.
Enzo já está praticamente vestido engatinha sobre o colchão até chegar ao meu pau e abocanhá-lo. Solto um gemido e ele dá umas chupadas gostosas.
- Aaahhh... Isso amor... – ele continua subindo até nossos rostos ficarem quase colados.
- Desculpa, bebê! Agora não. – e me dá um selinho saindo rapidamente do quarto.
- O quê?! Enooo... – não vou ficar de pau duro aqui não – Enzooo...
- Depois, Gabe... – ele grita do corredor – E não me chama de Enzo... Eu te amo!
Ouço o barulho das chaves e a porta se abrindo e fechando. Silêncio.
- Enzo? – ainda pergunto achando que ele está de brincadeira. – Amor?
Nada dele.
- Mas que filho da mãe! – resmungo. Nessa altura meu pau já brochou – Ooo vida...
Acabo me levantando e vou arrumar nosso quarto e lavar a louça do café. Ele me paga.
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Narrado por Enzo.
Deixo Gabe de pau duro (tadinho - rsrs) e desço até o apartamento de Tati. Toco a campainha algumas vezes até ela aparecer. Pensa em alguém com cara de sono e mau humor juntos.
- Bom dia, gata! – beijo sua bochecha e entro.
Ouço um rosnado e rio.
- Eno, você e meu irmão têm problemas com horas? – ela pergunta – Porraaa... É madrugada ainda, sabia?
- Tão engraçadinha! Dormiu com o Bozo foi? – olho as horas – Gata, são 9:15 da manhã e Deus ajuda quem cedo madruga, sabia?
- Deus ajuda a preservar os dentes de quem deixa os outros dormirem. – ela retruca – Palhaço.
Solto uma gargalhada.
- Hmm... Gostei da ideia! – digo pensativo – Acho que vou me fantasiar de palhacinho para o Gabe. – vou para a cozinha – O que você acha?
- Acho que você deve ir tomar no cú, isso sim! – ela resmunga vindo atrás de mim.
- Já tomei, amor! Logo cedo... – olho sorrindo – Vai se ajeitar enquanto preparo seu café, quem sabe assim você para de rosnar.
Ela nem se move.
- Xô! Vai já pro banho! – a empurro pra fora da cozinha – Você está parecendo a Vera, versão demônia com esse cabelo!
- Enzo vai...
- Já falei que fui logo cedo! Passa, xô demônia! Kkkk... – ela sai da cozinha resmungando corredor afora.
Preparo seu café rindo do seu mau humor. Uns trinta minutos depois ela aparece de banho tomado e ainda com cara mal humorada.
- Bom dia! – cumprimento novamente – Dormiu bem?
- Poderia estar tendo um bom dia se ainda estivesse ressonando nos braços de Morfeu, mas alguém resolveu me acordar antes. – ela retruca.
Coloco uma caneca de café a sua frente.
- Isso irá melhorar seu humor. – digo e me encosto no balcão observando- a.
Ela toma alguns goles me olhando.
- Está ótimo! – ela elogia.
- Obrigado e não deixe o Gabe saber. – ela me olha confusa e dou de ombros – Eu gosto que ele faça nosso café, oras. Você sabe que sou preguiçoso.
Tati revira os olhos e ri um pouco.
- O que você achou do jantar de ontem? – pergunto.
- Foi ótimo tirando o primeiro tempo do terror. – ela faz uma careta – Como ela foi parar lá?
Caminho até a mesa e sento- me ao seu lado.
- Eu não sei, Tati. Mamãe e eu terminamos de arrumar tudo e ao final eu subi para me preparar. Ouvi vozes e desci achando que fosse você e quando a vi quase enfartei. – disse – Ela estava lá toda sorrisos e sendo gentil. Gentil, Tati! Dá pra acreditar nisso? E quando me cumprimentou? Com voz suave? Céus, arrepiei até os pentelhos que não no c...
- Aaahhh... – ela berra me interrompendo – Não complete a frase. Nem se atreva.
Rimos um pouco e ela continua.
- Vocês devem ficar espertos com ela, Eno. Ela vai aprontar com certeza!
- Também sinto isso, Tati. – digo sério – Até tive um pesadelo por causa disso e nele o Gabe estava morto.
- Deus me livre, Eno! – ela bate na mesa – Isola!
Ela segura minhas mãos e diz séria.
- Nada vai acontecer, meu amor! Eu não permitirei, prometo. Nenhum de nós e vocês sabem disso.
- Eu sei, gata. – digo fazendo uma careta – E ela que se prepare se aprontar algo porque eu arranco aquela cabeleira horrorosa dela.
Rimos um pouco e ela continua.
- Onde está o Gabe?
- Se não estiver batendo uma deve ter dormido de novo! – solto uma risadinha.
Tati me encara com olhos arregalados.
- Você deixou meu irmão “literalmente” de pau duro na mão? – ela gargalha.
- Sim, minha querida. E só Deus sabe o quanto estou arrependido, mas precisava conversar com você.
- Ok... Já entendi. – ela solta um suspiro – Voltando a Vera, cuidado porque ela não dá ponto sem nó, Eno.
- Eu sei, Tati. Confesso que estou esperando uma retaliação. – digo.
- Ela não teria coragem, Eno. Ainda mais com meu pai apoiando vocês.
- Nem você acredita nisso, Tati.
Minha prima solta um riso amargo.
- Não, eu não acredito mesmo. – ela fala – Vera é falsa e dissimulada. Se ela aprontar será pelas costas. Cuidado Eno, eu prefiro alertar você do que o Gabe. Meu irmãozinho ainda acha que a mamãe dele pode mudar.
– Minha intuição diz que ela vai aprontar e eu tenho medo de como o Gabe irá reagir. Eu fico com medo dele terminar nosso relacionamento por causa da bruxa má.
- Ele nunca irá fazer isso! Não é nem louco. – ela afirma – Quem em sã consciência assume a homossexualidade e namoro com um homem para depois terminar?
Não respondo.
- E outra... Se ele fizer isso eu mesma bato nele! Pode acreditar! – ela diz categórica.
Daí eu rio com gosto.
- Por isso eu amo você, gata! – falo rindo – Tati fala, Tati faz.
- E faço mesmo! – ela ri.
Ela termina seu café e eu fico observando-a.
- Fala, Eno.
-Tati...
- Você não contou ao tio o que ela fez? – pergunto suavemente.
Sua expressão muda drasticamente.
- Não. – ela diz – Não consegui, Eno.
Vejo uma lágrima solitária e daí é minha vez de segurar suas mãos por cima da mesa.
- Linda, você sabe que respeito o seu silêncio e admiro sua coragem e determinação. – sorrio carinhoso – Você é uma professora dedicada, uma mulher linda, guerreira, mas você sabe o que eu acho, não é?
Ela chora silenciosamente. Eu me levanto e a puxo levando-a para o sofá onde me sento e a coloco entre minhas pernas (sem malícia, hein?). Minha prima chora feito um bebê e choro junto com ela.
Ficamos um bom tempo em silêncio até que ela se manifesta.
- Sabe que eu te amo, não é? – sua voz está embargada.
Dou um beijo em sua cabeça.
- Eu sei, gata! E eu te amo também.
- Eno... Ainda não é o momento para eu falar nada. – ela solta um suspiro – O Gabe está com o projeto do restaurante em andamento e não quero nenhuma nuvem negra pairando sobre nós.
Acaricio seu rosto retirando as últimas lágrimas dali.
- Ok... Mas quando quiser falar eu vou estar ao seu lado, entendeu?
Ela apenas assentiu.
- Beleza! – eu me levanto – Agora que acabou a sessão chororô, mãos a obra!
- Mãos a obra? – Tati pergunta confusa.
- Sim. – respondo – Quando começam suas aulas?
- Início de Fevereiro... Por quê?
- Ótimo! Até lá você irá me ajudar então! – digo animado.
- Ajudar com o quê?! – a carinha dela é cômica – Você não vai auxiliar o Gabe?
Reviro os olhos.
- Gataaa, acorda! – estalo meus dedos – Tenho um apartamento para reformar, decorar e mobiliar.
- E eu com isso?! – ela pergunta.
- Tudo, cunhada! – eu rio – Você será minha assistente, claro que a decisão final sempre será minha.
- Nem a pau! – ela retruca – Você é um ditador, mandão, explorador que quando quer fazer as coisas e acha que somos seus escravos!
Olho para ela com um olhar fingindo horror.
- Nossa! – coloco minha mão sobre o coração – Assim você me magoa, cunhada.
- Eno... Você sé engana o trouxa apaixonado do meu irmão com essa carinha de pidão. – ela debocha – Eu não.
- Verdade... – concordo com ela – Engano mesmo e ele gosta... Aiai... – suspiro.
- Já disse e repito, não vou ajudar ninguém! – ela diz – Se já acabou pode ir embora que tenho mais o que fazer.
Estreito meu olhar e sou um sorriso maldoso.
- Ah é? Não vai me ajudar? – pergunto suavemente.
- Não! – ela responde enfática.
- Ok. – caminho para a porta – Tem certeza, não é?
- Eno... – ela chama – O que você vai fazer?
- Nada não... – falo com voz mansa – apenas vou chamar o Gabe e o tio...
- Filho da puta! Volta aqui! – ela xinga.
- Vai me ajudar? – pergunto batendo os cílios e sorrindo docemente.
Ela rosna... Gente, acho que é de família, pois o rosnado é igual ao do Gabe.
- Tá bom... Seu porra louca, chantagista inescrupuloso! – ela xinga mais um pouco – Eu ajudo. E Deus me ajude a te aguentar.
Solto um gritinho e vou abraça-la.
- Perdoa a chantagem, mas preciso de você ao meu lado, gata! – digo arrependido.
- Eu estava esperando você se ajoelhar e implorar minha ajuda. – ela fala e ri.
- Gataaa... Isso nunca! – digo rindo também – Meu nome é Enzo, esqueceu? Não me ajoelho e não imploro nada!
- Só faz chantagem! Imbecil... Você me paga, Eno! Vai ter troco.
Rimos com gosto e conversamos sobre o que eu quero fazer no apê. Estamos combinando o almoço quando a campainha toca.
- Gabe! – falamos juntos.
- Entra! – ela grita.
Meu amor entra todo sem jeito coçando a nuca. Olho para ele sorrindo.
- Sabia que você tinha vindo para cá. – Gabe fala. – Bom dia, Tati.
- Bom dia, maninho. Já se aliviou? – Tati pergunta rindo e ele fica roxo e puto.
- Eno! Não acredito que você contou... Que porra!
- Calma, bebê! – vou abraça-lo e doou um beijo – Tati, por favor, né?
- Ai, Gabe, calma! Eu hein... – ela diz segurando o riso – mas me conta como é ficar de pau duro na mão?
- Vai tomar no cú, Tatiana! – ele xinga – E você, Enzo depois conversamos.
- Opa... Você me chamou de Enzo. – digo, mas quero rir. Eu sou foda.
Ele me olha sério e eu não aguento e dou risada. Gabe cruza os braços e fecha a cara. Consigo controlar meu riso.
- Já acabou? – ele pergunta.
- Parei amor. – digo e olho para Tati – E você mocinha pare de falar também, ok?
- É isso mesmo! Pode parar Tatiana! – Gabe faz coro.
- Aiaiai... Que saco! Já parei. – ela vai até a porta do quarto – Esse mau humor todo é por causa do pau duro. Aguenta agora, Eno! – E entra no quarto trancando a porta e rindo.
Se ela não faz isso é bem capaz do Gabe ir atrás dela.
- Filha da puta! – Gabe a xinga. Estou com os olhos arregalados da audácia dela – Por que você fala da nossa intimidade para os outros?
- Tati não é os outros! – digo. Ainda quero rir – E escapou sem querer.
- Sei... Sem querer... – Gabe resmunga – Eu te conheço, Enzo! Se ela me zu...
Não o deixo terminar a frase, pois tasco um beijo.
- Amor... – faço carinha de pidão e bato os cílios para ele – Eu deixei você de pau duro mais cedo.
O resultado é o esperado. Meu namorado se derrete todo e fica mansinho. Ufa.
- Deixou. – ele diz num sussurro.
- Coitadinho do meu amor... – acaricio seu pau por cima da calça. Ele rosna – Vamos pra casa?
Gabe me olha com intensidade e não diz nada. Simplesmente me pega pela mão e me leva embora dali. Vamos aliviar o tesão dele. Delícia.
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Narrado por Tati.
Adoro provocar o Gabe porque ele sempre cai e é tão divertido. Ouço ele e Eno falarem e a porta bater, com certeza eles foram para o apê.
Abro a janela do meu quarto e permito que a luz o ilumine. Arrumo minha cama e parto para ajeitar o apartamento ouvindo o mais novo cd da Madonna (Ray of Light). Feito isso vou para cozinha verificar o que há na geladeira para começar a preparar o almoço.
Assim como Gabe, eu também amo cozinhar, mas como moro só tenho preguiça. Olho as horas e inicio o preparo da comida.
Enquanto faço isso vou recordando do passado e do sabor amargo que foi a convivência com minha mãe. Até hoje nunca contei o que ela realmente fez a mim para mais ninguém. Apenas Enzo e tia Alice souberam, afinal foram eles quem cuidaram de mim e ajudaram com conselhos e na minha mudança para o Rio de Janeiro para estudar.
Uma lágrima solitária teima em escorrer e nesse momento a música Little Star começa a tocar.
- Droga! – resmungo, pois a música traz lembranças de algo que não possuo mais.
Separo os bifes e resolvo chamar os meninos para cá. Neste momento a última coisa que quero é ficar só.
Chamo pelo celular do Gabe que atende meio ofegante.
- Oi...
- Oiii... Querem vir pra cá agora? – pergunto dando uma risadinha.
- Aaahhh... Si-simm... – ouço um resmungo ao fundo. Eno.
- Porra, Gabe... Você podia atender o telefone depois de transar, né?
- É... – ele resmunga – Estamos... Quase... Aca...
- Não estamos não! – Eno grita mais próximo ao telefone – Liga depois...
- Vem pra cá depois que acabarem! – grito de volta.
- Ok, sua empata foda alheia! – Enzo grita e a linha fica muda.
Continuo rindo após o término da ligação.
- Céus, esses dois não cansam não? – eu me pergunto e volto a temperar os bifes. Resolvo abrir uma garrafa de vinho e ir saboreando enquanto preparo a comida.
Já passa do meio dia e ouço a campainha tocar. Faço questão de atender, pois quero ver a cara de paspalho do meu irmão.
- Oi, meninos! – cumprimento.
- Oi de novo, sua empata foda! – Eno entra e vai direto para a cozinha. Ele age como se nada tivesse acontecido, já meu irmão entra todo sem graça coçando a cabeça.
- Que foi maninho? Parece que comeu e não gostou? – provoco dando uma risadinha.
- Tati! – ele fica roxo.
- Gata... – Eno diz voltando da cozinha – Ele comeu tanto que até se lambuzou.
Gente, se houvesse uma buraco no chão Gabe teria entrado nele com certeza. Eu e Enzo nos olhamos e começamos a rir.
- Tomar no cú com vocês dois, viu?! – Gabe xinga – Eno, o que eu falei mais cedo?
- Não sei vida, por favor, refresque minha memória. – ele pede todo doce.
Gabe revira os olhos.
- Não é pra FALAR. DA. NOSSA. VIDA. ÍNTIMA. PARA. OS. OUTROS! – ele diz em voz alta palavra por palavra.
Vejo meu primo caminhar até ele e beija-lo. Na verdade Eno quase o engoliu.
- Heiii... Oiii... Eu estou aqui! – chamo a atenção dos dois.
- Desculpa, gata! – Eno diz sorrindo e olha para meu irmão – E eu já falei que Tati não é os outros.
Nisso vou até Gabe e dou um tabefe em sua nuca.
- Aiii...
- Não sou mesmo! Palhaço. – digo e aponto para cozinha – E já pra cozinha me ajudar com o almoço.
- Eu arrumo a mesa! – Eno sai.
- E eu sou visita. – diz meu irmão.
- Nem a pau, queridinho! – retruco – Você é de casa... Agora anda! Estou com fome.
Empurro Gabe para a cozinha e terminamos de preparar o almoço juntos.
Gabe fica surpreso por Enzo ter conseguido me “convencer” a ajuda-lo e o filho da puta do meu primo fala com a maior cara de pau e sorrindo todo doce. Ele tira uma lista do bolso e nos mostra.
- Quando você fez essa lista? – Gabe pergunta surpreso.
- Enquanto você estava no banho. – ele responde – Lembra... Você até disse o quanto fico sexy de óculos...
- Enzo! – digo – Não termine.
- Kkkk... – ele ri com gosto porque Gabe está novamente roxo de vergonha –Amor, você precisa aprender a relaxar.
- É Gabe! – faço coro – Aprende a relaxar... Kkkk...
- Eu apedrejei Jesus! Só pode... – Gabe resmunga – Quem merece vocês?
- Você! – Eno e eu respondemos juntos. Meu irmão revira os olhos e resmunga mais um pouco.
E nosso almoço rola com Eno e seu jeitinho “ditador meigo” dizendo por onde começaremos a reforma.
E aí, pessoal? Tudo certo com vocês? Segue mais um capítulo.
*VALTERSÓ* - lembra que eu falei que você iria se surpreender com o Gabe? Está aí a resposta.... Abraços
*arrow* Realmente "sangue nos olhos" é pouco. Dica: após a tempestade sempre vem a calmaria. Será???
Abraços e boa leitura a todos.
D.