Os Verões Roubados de Nós.
Capítulo 22
CONTAGEM REGRESSIVA
60 dias?
Narrado por Enzo.
A vida está uma correria que só! As aulas tiveram início, Gabe está a alguns dias da inauguração, Tati está na louca rotina de aulas e com o plano finalizado para detonar Vera. E por falar em Vera, a criatura está muito estranha. Por um lado está fazendo a vida do meu tio um inferno com o divórcio, pois é gente, a bruxa não quer assinar a papelada, e por outro lado ela está muito próxima de Gabe. Isso mesmo que vocês leram. MAIS PRÓXIMA! Ela foi um dia em nossa casa e disse que aceitava nosso relacionamento. Oi?!? Por favor, me internem que estou ficando louco e alucinando. Vocês também? Pois é, vou contar o que aconteceu.
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Flashback on.
Sábado à tarde eu estou guardando as compras enquanto Gabe faz as sobremesas para levarmos no tradicional almoço de domingo na casa do meus pais. Ele está tão gostoso de shorts, camiseta regata, descalço e barba por fazer. Subo num banquinho para guardar alguns alimentos na parte superior do armário quando sinto uma mordida na bunda.
- Gostoso! – Gabe diz e dá um tapa.
- Aiii... – falo manhoso – Doeu, viu? – faço uma careta fingida de dor.
- Mordida de amor não dói. – ele diz e me puxa – Lindo...
E começamos um amasso ali mesmo, comigo pendurado nele e seu pau esfrega na minha bunda. Nisso o interfone toca. Olhamos um para o outro confusos.
- Quem será? – ele pergunta.
- Pode ser minha mãe, amor ou até mesmo meu irmão. – Enrico anda frequentando nossa casa, pois está apaixonadinho por uma moradora do prédio, a Naomi.
Ele vai atender e vejo seu rosto ficar pálido.
- O que houve, amor? – pergunto – Quem é?
Ele me olha muito sério.
- Minha mãe...
Nesse momento um calafrio me percorre, mas resolvo ficar firme.
- Calma, amor... – digo, mas eu mesmo estou apavorado – Lembra que o histérico aqui sou eu.
Por incrível que pareça ele solta uma gargalhada e me surpreende.
- Vida, estamos em nossa casa, então não há motivo para nervosismo. – ele cola a testa na minha – Sempre juntos, lembra?
- Sim. – nos beijamos e a campainha toca – Que Deus nos proteja.
- Amém.
Rimos e ele vai atender a porta enquanto vou para o quarto colocar uma camiseta. Ouço vozes e a dela me irrita profundamente. Respiro fundo, me benzo e saio. Chego à sala e eles estão conversando.
- Oh... Olá, Enzo. Tudo bem? – ela me cumprimenta. Seu tom de voz é normal.
Gabe está me olhando ansioso e sinto pena do meu amor. É importante para ele de alguma forma que a mãe o aceite. Sua carência afetiva materna (sim, foi que minha mãe disse) é grande. Sente-se culpado por algo que ele nunca fez e isso me entristece. Resolvo ser educado, porém sem dar muita abertura.
- Estou bem e a senhora?
- Vou bem também. – ela responde – Eu vim conversar com vocês.
- Oh...
- Senta aqui, amor! – Gabe faz um gesto. Comprei uma poltrona reclinável e ele se apoderou dela.
- Tudo bem, Gabe. – digo a ele – Estou bem aqui.
Falo isso, pois percebi pelo olhar dela um certo incômodo.
- O que a senhora deseja? – pergunto direto.
Ela se ajeita e limpa a garganta.
- Bom Enzo, eu tive tempo o suficiente para pensar... – ela começa – Os dias têm sido agitados, mas em momento algum deixei de pensar em vocês. Eu sei que você, meu filho está ocupado em seu empreendimento... – pausa – Então, agora que está tudo pronto eu resolvi conversar pessoalmente.
Ela nos olha e meus pêlos da nuca se arrepiam.
- Quero dizer que aceito o relacionamento de vocês. – ela continua – Desculpe-me pela minha primeira reação, mas fiquei nervosa e confusa. – ela olha para Gabe – Eu aceito você, meu filho e aceito seu relacionamento com o Enzo. – ela olha para mim – Estou mudando minha postura. Tudo bem para você?
Estou chocado em todos os sentidos da palavra. Mudo, sem conseguir pronunciar um ‘ah’.
- Mãe... – Gabe está feliz. Coitadinho, tão inocente – Eu estou feliz. Muito mesmo.
Incrível que mesmo falando isso ele não faz um movimento em direção a ela para dar um abraço ou aperto de mão sequer e vice versa.
- Ficamos felizes, não é amor? – ele me olha e seu sorriso me incentiva.
- Claro, muito obrigado. – digo.
Ela se levanta.
- Bom, eu só queria dizer isso mesmo. – ela fala – Tenho que ir agora, pois tenho um compromisso na igreja.
- Nossa, mãe e eu nem ofereci uma café. – Gabe diz sem jeito. Ai, amor fica quietinho vai. – Aceita um? É rapidinho.
- Não, meu filho, obrigada. – ela fala e se aproxima dele – Obrigada por me ouvir e pelo convite para a inauguração. Eu irei.
E num gesto inesperado abraça Gabe. Realmente estou em choque, a filha da puta é tão manipuladora quanto eu e por isso minha intuição entra em alerta máximo. Vera se solta e me olha. Não me levanto. Não consigo ser falso.
- Agora eu vou mesmo senão irei me atrasar. Até mais, Gabriel. – ela me olha incerta – Tchau... Enzo.
- Até mãe! – Gabe fala – Nos vemos na inauguração.
Ela assenti e parte. Gabe tranca a porta e me olha. Sua felicidade é palpável.
- Você viu isso? – ele pergunta.
Apenas aceno com a cabeça.
- Nossa, amor... Estou feliz demais! – ele me puxa e abraça – Ela me aceitou! Ela me aceitou, vida!!
- Sim, vida. – digo suave – Que bom, não é?
- Sim. Sim. Sim. – ele não se contenta – Espera até a Tati saber.
“Espera até você saber a história toda!” penso triste.
- Vamos terminar nossos afazeres? – pergunto.
- Hmmm... Pensei em fazer outra coisa. – ele fala malicioso.
Saio do seu abraço. Vera conseguiu me brochar, mas não quero passar isso para ele.
- Nada disso, mocinho! – digo forçando uma risada – Você tem sobremesas para terminar, esqueceu?
- Só uma rapidinha, Eno... – ele vem por trás de mim e beija meu pescoço.
- Na na ni na não, Gabe! – e aponto para cozinha – Já pra cozinha terminar seu serviço! Hun...
Vejo sua barraca armada e rio.
- Você vai ver só! – ele diz e passa por mim rosnando.
- Verei, tocarei, chuparei e otras cositas mas... – digo malicioso – Mas agora não.
E vamos terminar nossas obrigações. Mesmo rindo e conversando estou tenso. E o pior de tudo, estou com medo.
Flashback off.
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Narrado por Gabe.
Estou ansioso, pois faltam alguns dias para a inauguração e tenho que finalizar pequenas pendências, porém criei regras rígidas: trabalho de segunda a sexta, até porque Eno está na faculdade então tudo bem, porém os finais de semana eram nossos e da família.
Deixei de ser ogro mal educado, pedi ajuda quando precisei, ouvi quando foi necessário e percebi que era mais fácil ser assim. Eu chamo isso de efeito Eno!
Enzo parecia feliz com o início das aulas, mas ao longo das semanas percebi que algo o estava incomodando e numa conversa ele declarou que esperava mais do curso, mas que iria continuar porque segundo ele de repente as coisas poderiam melhorar. Eu o apoio e digo o que ele decidir estarei aqui.
Alguns dias depois, num final de semana minha mãe aparece e diz que nos aceita. Isso me deixou feliz, mas não percebi a mesma reação no Eno. Ele ficou sério e tentou disfarçar, e pior de tudo quando tentei fazer amor com ele e sabendo que Eno não nega fogo ouvi-lo recusar de certa forma me entristeceu.
Os dias passam rapidamente e finalmente está tudo pronto: funcionários contratados e treinados continuamente até chegar a uma quase perfeição, pois não podiam demorar na entrega do pedido, banners, cardápios, uniformes. Estou indo para casa após a última reunião com meu pai e funcionários. Minha ansiedade cresce assim como medo de dar algo errado, de falira antes do tempo, de acabar me afastando da família e de Enzo. Uma necessidade de conversar com alguém toma conta de mim. Entro na garagem e ao estacionar procuro pelo carro da minha irmã e vejo que não está na vaga.
“Droga!” penso. Solto um suspiro e subo. Ao entrar em casa vejo a sala na penumbra e nem sinal de Enzo. Caminho até a cozinha e vejo o material de estudo sobre a mesa.
- Anatomia... – falo e olho as imagens – Sério, amor? Que horror!
Vou até a geladeira e tomo um copo d’água. Está tudo tão silencioso. Estranho porque Eno está sempre em casa para me receber. Deixo o copo sobre a pia e vou para o quarto. No ritmo de estudo que ele está já deve ter apagado de sono.
Entro no quarto o mais silenciosamente possível e vejo que está tudo no escuro e por conta disso bato meu joelho em algo.
- Ai... Droga! – sussurro.
E a luz do abajur se acende de repente. Meus olhos arregalam e meu queixo cai.
- Boa noite, amor! – ele diz sorrindo.
- Eno, o que é isso?! – pergunto confuso.
- Gostou? – ele pergunta malicioso – Bem vindo ao Gran Circus Eno!
Ele simplesmente está vestindo uma fantasia de palhaço sexy. Meu Deus, quanta criatividade! A fantasia é composta por uma cueca, suspensório, um mini chapéu e um nariz que não deixa de ser engraçado. Solto uma risada.
- Gabe... Gostou? – ele se vira e meu queixo cai mais ainda – É uma jockstrap! Gostou?
- Demais! – respondo bobo e meu pau endurece.
- Então vem brincar no meu picadeiro! – e me chama com um gesto de dedo – Mas aqui só entra sem roupa... E bem duro!
Estou tão excitado que vou arrancando minhas roupas de qualquer jeito e acabo até rasgando a calça de tanta afobação. Quero come-lo, quero me saciar com seu corpo.
- Vamos começar a brincar, meu palhacinho? – dou-lhe um beijo de língua já correndo minhas mãos pelo seu corpo.
Eno se afasta um pouco apenas para dizer.
- Hoje tem pica dura? – ele pergunta lambendo meu pescoço.
- Tem sim, senhor! – respondo. Sua língua desce até meus mamilos – Aaahhh...
Eno vai descendo até chegar ao meu pau e da uma chupada vigorosa na cabeça.
- Hoje tem muita porra? – e mais uma chupada e ele engole tudo.
- Tem... Si-simmm... – meus gemidos não me deixam falar. Ele para.
- Hoje tem muita porra? – outra lambida – Responde senão eu paro...
- Ah, amor! Tem sim, senhor! – então ele fica de quatro e empina a bunda – Puta que pariu... Chupa minha rola vai!
E ele se esbalda na minha rola arrancando gemidos profundos e urros de mim. Fico tão pirado que começo a enterrar minha rola em sua boca e inclino meu corpo para bolinar sua bunda e penetra-lo com o dedo.
- Ai, amor... Cuzinho apertado!
- Seu cuzinho, meu loirão gostoso! – ele rebola e engole toda minha rola até engasgar.
A partir daí eu não aguento e urrando gozo em sua boca. Eno engole tudo e lambe deixando minha rola toda limpinha.
- E o palhaço o que é? – ele sorri safado.
- É ladrão de porra do macho dele. – parto pra cima dele beijando-o e sentindo o meu gosto em sua boca – Delícia...
Eno se solta e de quatro rebolando.
- O espetáculo ainda não acabou! – ele diz – Vem...
- Safado, Eno! – e caio de boca naquele cuzinho piscante lambendo, chupando e metendo minha língua toda nele.
Meu amor só geme e isso me deixa doido e de pau muito duro. Deixo seu cuzinho todo babado e enfio meu dedo enquanto com a outra mão puxo seu pau para fora da cueca e começo a chupa-lo.
- Caralho, Gabe... – ele geme profundamente – Aaahhh... Maaiiisss...
Continuo me esbaldando nele e sentindo meu pau babar intensamente. Já disse que há espelhos (sim, espelhos no plural) no quarto? Pois é, ideia do Eno e minha vez de usa-los.
- Agora é a vez do palhacinho Eno brincar no meu picadeiro. – digo isso e me sento à frente do espelho massageando minha rola – Vem sentar no meu picadeiro, amor!
Ele vem correndo e fica de costas para mim. Vejo através do espelho meu pau enterrando em sua bunda.
- Issooo... Senta gostoso... Caralho, que tesão! – e começo a masturba-lo devagar, apenas para estimula-lo.
Com meu pau todo dentro dele nos olhamos através do espelho e com um sorrisinho safado ele começa a me cavalgar.
- Puta que pariu... Quica no meu pau, Eno! – ele faz e eu urro – Caralhoooo... Mmmm...
- Solta meu pau, vida! – ele pede.
Nossa, ele está tão vermelho que eu não aguento e o puxo com vontade. Sinto seu cú apertar e ele goza com um gemido longo, continuo metendo com força até gozar gostoso. Eno está largado em cima de mim.
Ele se levanta e senta de frente.
- Gostou, amor? – ele pergunta preguiçoso beijando meu pescoço.
- Se eu gostei? Mmmm... – ele morde minha orelha – Amei, meu palhacinho!
- Gabeee... – vozinha manhosa – Quero mais...
Solto um gemido e me levanto com ele no colo. Meu tarado está de volta. Vamos para cama continuar nossa diversão, afinal o show não pode parar.
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Narrado por Tati.
A vida está uma loucura, literalmente. Oppsss... Que mal educada. Oi amores, tudo bem com vocês?
Bem, voltando à vida louca... É sério! Nunca pensei que ministras aulas para turmas de diferentes idades seria tão corrido. Pois é, meus amigos é uma doideira que só, mas estou adorando porque eu sou bem louca também.
Nessa última semana um fato inusitado aconteceu. Tenho uma aluna, a Julia que anda triste demais e numa conversa ela me confessou que estava com medo de não poder morar mais com o pai. Isso me entristeceu e deixou preocupada. Conversei com a psicóloga da escola e decidimos falar com o pai da Julia.
E após quinze dias que eu enviei o bilhete foi que o pai resolveu aparecer. E que pai! Gostoso... Pra caralho! ;)
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Flashback on.
Libero meus alunos para o recreio e vou corrigir os exercícios que eles fizeram. Bertha, a inspetora de alunos bate a porta.
— Prof.ª Tatiana?
— Oi, Bertha... Entra.
— Não, Prof.ª. Tem um pai de aluno querendo falar com a senhora.
— Ok, vou até lá... – eu me levanto e olho para a porta.
“Caralho!” minha boca abre. Ele está ao lado de Bertha.
— Bom dia. – ele entra e estende a mão – Prof.ª Tatiana, com licença.
Estou meio embasbacada com ele e demoro a responder
— Prof.ª? – ele ainda está com a mão estendida.
— Ah... Desculpe! – digo sem graça e o cumprimento – Bom dia. O senhor é pai...?
— Julia Antunes. – responde e sorri.
— Lindo... – falo sem pensar.
— Oi?
— Desculpa... – digo – Que lindo... É isso... Que lindo que o senhor é o pai da Julia! – estou muito sem graça – Posso ajuda-lo?
Ele me olha confuso e fala.
— Foi a senhora quem mandou me chamar. – ele esclarece – E eu gostaria de me desculpar pela demora em vir. Estou com muito trabalho.
É sério isso?! Ou ele é muito ocupado mesmo ou muito desligado, isso sim!
— Tudo bem. – resolvo ser condescendente – É Diego, não é?
Ele confirma.
— Então pode se sentar, por favor. – caminho até a porta fechando-a.
Diego acompanha todos os meus movimentos até eu me sentar novamente.
— Ok, prof.ª. o que a senhora deseja conversar comigo?
— Bom, Diego, nas últimas semanas a Julia vem apresentando um comportamento diferente. Está mais quieta, triste e numa conversa ela me disse que estava com medo de não poder mais morar com você.
Ele me olha surpreso.
— E durante a nossa conversa ela me contou que quem deu a notícia foi a mãe. – olho direto nos olhos – Quer me contar o que está acontecendo, por favor?
— Não que isso seja da sua conta...
— É da minha conta a partir do momento que envolve o rendimento da minha aluna em sala de aula. – eu o corto – sua vida pessoal não é da minha conta e nem me interessa! – agora não o acho mais lindo – mas isso está afetando a Julia tanto no seu rendimento escolar quanto na interação com os colegas.
Ele me olha e sustento seu olhar.
— Prof.ª Tatiana... Desculpe o jeito de falar. – ele está sem graça – Não quis ser grosso. Perdão.
Sorriso lindo. Está quase sendo gato de novo. Quase.
— Tudo bem, Diego. Eu apenas quero tentar entender para ajuda-la de alguma forma.
— Ok. – ele suspira – Eu e a mãe dela nos relacionamos por um tempo e após o nascimento da Julia ela me deu um pé na bunda... Oppsss... Falei pé na bunda. – e olha para os lados. Rimos.
— Depois disso minha vida virou um inferno. Não pelo pagamento da pensão e nem pela minha filha – diz – É a Fabíola. Ela consegue ser infernal, sabe? Decidi entrar com o pedido de guarda da Julia quando descobri que ela se envolveu com um ex- presidiário. – eu o olho surpresa – Nada contra, eu sei que todos merecem uma segunda chance, porém ele tem uma ficha criminal muito extensa, não trabalha e eu tive medo por minha filha... – seu olhar é de angustia – Consegue entender?
— Sim...
— Ele já estuprou uma mulher. – meus olhos arregalam de pavor.
— Meu Deus!
— Pois é, agora a guarda da Julia é minha definitivamente e a cada dois finais de semana no mês ela fica com a mãe. – agora tudo faz sentido.
— Você acha que ela pode estar enchendo a cabeça da Julia com mentiras? – pergunto.
— Sim e agora tenho certeza. – ele responde – Eu vou conversar com ela, mas se a senhora...
— Senhora não, por favor! – digo com uma careta – Não sou velha e nem casada.
— Desculpe. É respeito. – ele sorri. Agora sim voltou a ser lindo.
Ouço o sinal. Meus alunos já formarão a fila para entrar.
— Bom, Diego, eu adoraria poder conversar mais, mas meu aluninhos estão me esperando. – digo me levantando – Eu vou conversar com ela e quem sabe a psicóloga da escola possa ajudar também. Agora que já sei da situação fica mais fácil de lidar.
A professora em mim está em alerta.
— Ok, eu agradeço sua ajuda. – ele sorri e me estende a mão – A guarda definitiva é minha, mas devo confessar que odeio quando ela tem que ficar com mãe.
— Imagino... Deve ser horrível se separar de um filho. – digo triste.
Caminhamos até a porta da sala. Pelo corredor filas de crianças passam por nós.
— Até logo, prof.ª! – ele se despede.
— Até logo! – e caminho em direção ao pátio.
Ao chegar à porta arrisco um olhar para trás e para minha surpresa ele está olhando. Aceno sem graça e saio rapidamente em direção aos meus alunos.
Flashback off.
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Narrado por Francisco.
Pensa num inferno? É o que estou passando nesses últimos tempos quando resolvi entrar com o pedido de divórcio. Vera não está facilitando em nada. Quando nos casamos minha empresa ainda engatinhava e os pais dela quiseram que a união fosse com separação total de bens por medo de que eu os roubasse. Trabalhei muito e provei que não precisava do dinheiro deles e ainda por cima vi a família dela ir a falência assim como sua influência na alta sociedade paulistana.
Vera quer mais do que eu estou disposto a dar e isso está me tirando o sono. Não quero envolver meus filhos nisso, pois sei que tenho cem por cento do apoio de Tati, mas Gabriel vê o lado da mãe também e não quer deixa-la desamparada, e eu também não quero que meu filho se sinta obrigado a ficar do meu lado porque somos sócios. Como diz o ditado “Amigos amigos, negócios a parte!”
Estou esperando a chegada de Clóvis para discutirmos alguma estratégia. Quero fazer de modo amistoso, mas ela não está facilitando minha vida. Ouço uma batida e peço para entrar.
Vejo Clóvis e seu semblante sério. Até demais.
— E então, Clóvis, o que você tem para mim? – pergunto logo de cara.
— Chico, eu estive analisando a situação toda e mesmo Vera sabendo que não tem direito a nada tenho certeza de que ela está fazendo isso de propósito. – ele fala.
Não havia pensado nisso. Clóvis continua.
— É só observar o modus operandi dela. Quer por uma semana e fica enrolando com a resposta e depois não quer mais nada ou quer além do proposto. Mesmo quando você concorda, ela desiste e quer mais ainda. – ele faz uma pausa – Há algo que possa usar contra ela?
Pensei um pouco.
— Não, Clóvis. – respondo a contragosto – Vera sempre teve uma vida impecável.
— Ah, Chico, por favor! – ele diz – aponte um ser humano que nunca tenha cometido uma infração ou tenha um esqueleto no armário.
— Eu duvido que Vera tenha esqueletos no armário. – digo – Ela nunca teve uma multa de trânsito, ajuda em obras de caridade. – penso um pouco – Visita a tia que cuidou dela durante um período de doença respiratória. Apesar dela ser uma bruxa, segundo minha família, não há nada de a condene fora de casa.
Clóvis respira fundo.
— Então meu amigo, ou você entra na dela e cede com o que ela quer ou entra com o divórcio litigioso. – ele continua – Eu partiria para o segundo passo, mas como conheço seu caráter sei que vai tentar negociar antes.
— Sim. – respondo cansado – Não é por mim, sabe? É por Gabriel, eu não quero ter a sensação de culpa quando ele souber de litígio e achar que estou sendo ruim.
— Ok, meu amigo! – Clóvis deixa alguns papéis sobre minha mesa e se vira para sair – Vamos tentar mais um acordo, porém eu já vou preparar o litigioso.
— Concordo. – digo – Quando sair peça para Stela entrar, por favor?
— Ok. – ele sai e segundos depois Stela entra.
— Pois não, senhor? – ela pergunta.
Eu a olho. Stela é bonita com cabelos loiros, olhos claros, quadris largos e cintura fina. Ela é gostosa.
“Ai, caralho! Preciso transar!” penso e fico envergonhado.
— Senhor? – ela chama.
— Ah... Ah... – gaguejo – Eu esqueci! É muita pressão e coisas acontecendo.
— Eu sei, senhor! – sua voz é suave – Se quiser conversar... Pode contar comigo. – e sorri.
Fico olhando feito um palerma para ela.
— Obrigado. – digo sincero e falo sem pensar – Quer tomar um drink comigo?
É a vez de ela ficar vermelha.
— Ah... Claro, senhor! Quando quiser. – ela está sem graça.
— Ok. Combinaremos. – digo – Se eu lembrar do que preciso eu a chamo. Desculpe, Stela.
Ela sai e eu fico igual a um paspalho olhando seu rebolado.
— Que porra! – resmungo – Preciso transar mesmo.