Muito Obrigado, a todos por estarem gostando desse Historia.
Bom vamos ao próximo Capitulo.
Ele ofegou, levando as mãos à boca. Aquele homem era tão belo como sua voz, tão belo quanto seu aroma, tão belo quanto um anjo... e não parecia ter mais de trinta anos.
Tinha por volta de 1,98 metro de altura e vestia um roupão de seda vermelha que descia até o chão, amarrado na cintura um cinto bordado. Seus cabelos eram profundamente negros e caíam em grandes ondas até... Santo Deus! Provavelmente até a cintura. E seu rosto... A perfeição de seu rosto era assombrosa, a mandíbula quadrada, os lábios grossos, o nariz alinhado.
Era a síntese do esplendor masculino. Entretanto, Addan não podia ver seus olhos. Ele os mantinha abaixados, voltados para o chão.
– Meu Deus... – ele sussurrou. – Você é surreal. Ele voltou para as sombras.
– Por favor, coma. Precisarei de ti novamente, Logo.
Addan o imaginou o mordendo... sugando-lhe o pescoço... bebendo o que ele levava nas veias. E teve de lembrar a si mesmo que aquilo era uma violação. E que ele era um prisioneiro, que estava sendo usado por... por... por um monstro.
Baixou os olhos. Parte das correntes que se deslocavam com aquele homem ainda estava à vista. Eram grossas como seus punhos e Addan supôs que estariam fechadas em seu tornozelo. Definitivamente, ele também era um prisioneiro.
– Por que está preso aqui embaixo?
– Sou um perigo para outras pessoas. Agora, coma. Rogo-te.
– Quem o mantém assim? -Houve apenas silêncio. Em seguida:
– A comida. Tu deves comer.
– Sinto muito. Não vou tocar nisso.
– Não colocaram nada aí.
– Isso foi o que pensei do Earl Grey de sua mãe.
As correntes tintilaram quando aquele homem voltou ao foco da luz. Sim, estavam presas em seu tornozelo. O esquerdo. Atravessou o quarto, mantendo-se o mais distante possível dele. Sem olhá-lo, Seu andar era leve e gracioso como o de um animal raro e selvagem; seus ombros balançavam-se enquanto suas pernas o levavam graciosamente pelo chão de pedra. O poder que aquele homem emanava era... era simplesmente aterrador. E erótico. E triste.
Ele era como um animal magnífico em um zoológico. Sentou-se onde Addan estivera recostado anteriormente e estendeu a mão na direção da bandeja de prata em que estava a comida. Levantou a tampa e colocou-a de lado sobre a mesa, de modo que Addan pudesse sentir o maravilhoso aroma de cordeiro ao molho de limão.
O homem então desenrolou um guardanapo de linho, pegou um pesado garfo de prata e provou do cordeiro, do arroz e do feijão. Depois, limpou a boca com a borda do guardanapo de tecido damasco, limpou o garfo e recolocou a tampa de volta em seu lugar, Apoiou as mãos nos joelhos, mantendo a cabeça baixa. Seus cabelos eram magníficos, muito espessos e brilhantes, derramando-se sobre seus ombros.
As pontas frisadas acariciavam
o edredom de veludo e as coxas. Na verdade, os cachos eram de duas cores: um vermelho vinho e um negro muito intenso, quase azul.
Addan nunca tinha visto aquela combinação de cores.
Ao menos não saindo naturalmente da cabeça de alguém. E Addan estava completamente seguro de que a maldita mãe daquele homem não lhe enviava uma cabeleireira todos os meses para retocar as raízes.
– Esperaremos – ele disse. – E poderás ver que não envenenaram a comida.
Addan olhou-o fixamente, Embora fosse enorme, ele era tão calmo, reservado e humilde que Addam não tinha medo dele. É obvio que a parte lógica de seu cérebro lhe recordava a cada instante de que ele deveria estar apavorado. Mas logo Addan pensava na forma como aquele homem o tinha dominado sem machucá-lo na primeira vez que ele despertara.
E no fato de que aquele homem parecia ter medo dele. Mantendo o olhar nas correntes, Addan disse a si mesmo que deveria dar razão aos tumultuados pensamentos em seu cérebro. Aquela coisa estava ali por alguma motivo.
– Qual é o seu nome? – ele perguntou. As sobrancelhas daquele homem baixaram. Deus! A luz que se derramava sobre aquele rosto o fazia parecer definitivamente etéreo. E, ainda assim, a estrutura de seus ossos era máscula, viril e inflexível.
– Responda-me.
– Não tenho um – ele disse.
– O que quer dizer com não tem um nome? Como as pessoas o chamam?
– Fletcher não me chama de nenhuma forma. Mãe costumava chamar-me de Filho. Portanto, suponho que esse seja meu nome, Filho.
– Filho. - aquele homem esfregou as coxas com a palma das mãos, de cima para baixo, e a seda vermelha de seu roupão flutuou debaixo daquele toque.
– Há quanto tempo está aqui embaixo?
– Em que ano estamos? - Quando ela lhe respondeu, ele disse:
– 56 anos. - Por um instante Addan perdeu o ar.
– Você tem 56 anos?
– Não. Trouxeram-me para cá quando eu tinha doze anos.
– Santo Deus... – certo, evidentemente eles tinham diferentes expectativas de vida. – Por que o puseram nesta cela?
– Minha natureza começou a se impor. Mãe disse que desta forma seria mais seguro para todos.
– Esteve aqui embaixo todo este tempo? – aquele homem devia estar enlouquecendo, ele pensou, Não conseguia se imaginar sozinho durante décadas.
Não era de se estranhar que aquele homem não quisesse olhá-lo nos olhos. Não estava acostumado a interagir com ninguém.
– Aqui embaixo, sozinho?
– Tenho meus livros. E minhas ilustrações. Não estou sozinho. Além disso, aqui estou a salvo do sol.
A voz de Addan tornou-se áspera quando ele se lembrou da agradável e pequena senhorita Leeds drogando e atirando ali embaixo, na cela com aquele homem.
– De quanto em quanto tempo eles lhe trazem mulheres ou homens?
– Uma vez ao ano.
– O quê? Como uma espécie de presente de aniversário?
– É o tempo máximo que posso resistir antes que minha fome se torne demasiado intensa. Se esperar mais, torno-me... difícil de lidar – a voz dele homem era impossivelmente baixa e Envergonhada.
Addan podia sentir que estava se zangando ferozmente, a cólera crescendo e subindo-lhe pela garganta. Inferno! Quando a senhorita Leeds tinha falado de seu filho no quarto, não estava se fazendo de casamenteira com um bom coração. A maldita velha estava vendo Addan como comida.
E estava vendo seu próprio filho como um animal.
– Quando foi a última vez em que viu sua mãe?
– No dia em que ela me deixou aqui embaixo. - Deus, ter doze anos e ser trancafiado e abandonado...
– Comerás agora? – perguntou aquele homem – Como vês, nada me aconteceu. O estômago dele rugiu.
– Quanto tempo faz que estou aqui?
– O tempo do jantar. Não muito. Haverá dois cafés da manhã, um almoço, mais um jantar e depois estarás livre. Ele olhou ao redor e viu que não havia relógios.
Então fora assim que ele se acostumara? Saber a hora pelas refeições. Jesus... Cristo.
– Quer me mostrar seus olhos? – ele perguntou, dando um passo em direção a aquele homem. – Por favor. - Ele ficou de pé, uma força proeminente e masculina envolta em seda vermelha.
– Vou deixar-te para que comas.
Aquele homem passou ao lado de Addan, mantendo a cabeça virada em direção oposta, a corrente arrastando-se pelo chão.
Quando chegou à escrivaninha, girou a cadeira de forma que ficasse de costas para Addan e sentou-se. Pegou um lápis de cor e apoiou a mão sobre uma parte do papel branco e grosso.
Um momento depois, o grafite começou a acariciar a página. O som que fazia era tão suave quanto a respiração de um menino.
Addan olhou-o fixamente e tomou uma decisão. Depois, olhou para trás e viu a comida. Tinha de comer. Se o que ele queria era tirar ambos dali, precisaria de toda a sua força.
Continua....