Para fazer minha faculdade contabilidade, eu precisava de dinheiro. Já que mamãe tinha duas filhas para sustentar e uma casa para cuidar, ela não poderia arcar com todas essas despesas, então eu fiz o que toda garota de dezoito faria na minha idade. Fui procurar um emprego. Fiz uma busca pela internet, mas, o que realmente me interessou estava no jornal. Estavam precisando de estagiários para trabalhar meio período na Tomlinson Industries*, uma empresa situada no centro da cidade, era uma boa oportunidade. Eu poderia trabalhar durante o dia e estudar a noite. Assim que terminei de ler o anúncio, eu peguei o telefone e liguei para agendar uma entrevista.
[ . . . ]
Faltavam apenas dez minutos para as duas horas, eu estava sentada na recepção com outras duas garotas. As duas eram muito bonitas e estavam bem vestidas, até me senti envergonhada por estar trajada com uma roupa simples. Saia preta cintura alta, uma blusa branca de mangas compridas e sapatilhas também pretas. Meus cabelos soltos chegavam a um ponto abaixo dos meus seios. No mesmo instante tive vontade de me levantar e ir embora, certamente eu não teria chance contra aquelas duas. Suspirei rodando os olhos pelo local e secando o suor das minhas mãos na saia.
- Lisy Monroe. –uma voz feminina me chamou e eu rapidamente levantei a cabeça.
- Sou eu. –respondi levantando uma das mãos.
- Você será a primeira ser entrevistada. Por favor, acompanhe-me.
Por aquela eu realmente não esperava. Tudo bem ser a segunda ou terceira, mas justo a primeira? Como eu era azarada. Meu estômago começou a revirar e o suor em minhas mãos só piorou. Ajeitei um pouco o cabelo e me arrependi por não ter ao menos passado um blush no rosto.
A minha frente ia a que supus ser secretária, loira e bem vestida com uma calça e blazer preto. Os cabelos bem penteados em um rabo-de-cavalo sem nenhum fio fora do lugar. Caminhamos por um longo corredor até ela parar e se virar para mim.
- Boa sorte. –ela apontou para a porta ao meu lado. – Acho que irá precisar.
Ela disse de modo ignorante e depois saiu fazendo barulho com os saltos. Suspirei antes de dar algumas batidinhas na porta.
‘’Fique calma, você consegue’’. Repeti isso para mim mesma.
- Entre. –alguém disse lá de dentro.
Ainda sem coragem eu girei a maçaneta e empurrei-a, aquilo parecia ser feito de chumbo. Foi com muito esforço que ela não se fechou e me levou para fora outra vez. Para que uma porta tão pesada?
- Eu já quis trocar, mas isso iria me dar muito trabalho. –levei meu olhar até a mesa, ou melhor, quem estava por de trás dela. – Louis Tomlinson.
- Lisy Monroe. –respondi envergonhada. Provavelmente ele deveria ter achado graça da confusão que eu fiz para abrir a porta.
- Sente-se Lisy. –ele pediu indicando a cadeira.
Sentei-me puxando a saia um pouco para baixo e coloquei a bolsa na cadeira ao meu lado. Ele me fez algumas perguntas simples e por fim questionou:
- Porque gostaria do emprego Lisy? -ele forçou os braços sobre a mesa e me fitou com os olhos azuis.
- Preciso pagar a minha faculdade e ajudar a minha mãe. –falei sincera.
- E porque escolheu aqui para trabalhar? -dessa vez ele umedeceu os lábios.
- Na verdade foi por causa do horário, e depois porque é uma área que eu já tenho certo conhecimento.
- Assistente contábil? -ergueu uma das sobrancelhas.
- Fiz um curso de contabilidade durante três anos. –expliquei.
- Entendo. –ele mexeu em alguns papeis. – Está contratada senhorita Monroe.
- Como? -perguntei incrédula.
- Você está contratada, vai trabalhar comigo. –ele sussurrou o ‘’comigo’’.
- E as garotas lá fora?
- Não se preocupe com elas. Eu já escolhi você. –ele se levantou e circulou a mesa. – Passe na recepção e assine a papelada com Valery.
Minha boca se abriu em perfeito ‘’o’’, sério que tinha sido tão fácil assim?
- O que foi? Não gostou de saber que agora tem um emprego?
- Sim, gostei. Só estou surpresa. –respondi voltando a realidade e o choque me tomou. Eu havia sido contratada. Eu tinha um emprego. Um emprego. – Muito obrigada Sr. Tomlinson, muito obrigada.
- Só tenho vinte e quatro anos Lisy, não me chame de senhor.
- Oh desculpe. –me martelei mentalmente por ter feito uma bobeira daquelas.
- Te vejo amanhã. –ele me deu a mão e rapidamente eu aceitei o cumprimento.
- Com certeza. –segurei em sua mão e ele a balançou um pouco.
Mal sabia que eu que aceitando aquele emprego, minha vida estava prestes a se tornar um inferno.