Deixamos meu tio Paulo no aeroporto de Santo Amaro antes de pergarmos estrada.
Uns vinte quilometros depois, uma grande nuvem carregada se formou no céu.
O clima mudou rapidamente e a temperatura começou a cair.
No banco de trás estavam nossas malas e estiquei meu braço na tentativa de pegar um casaco, mas caí por cima do Ricardo quando senti um solavanco na estrada e ele quase perdeu o controle do carro.
Um dos pneus havia estourado. Confesso que senti medo. Fomos pegos desprevinidos e assim que ele parou no acostamento, perguntou se eu estava bem e, se não havia me machucado.
ㅡ esta tudo bem, só me assustei. E você?
ㅡ tudo certo. Vou descer e trocar o pneu. Sinaliza a pista, pode ser?
ㅡ claro.
Descemos, peguei o triângulo e sinalizei a pista pra que ninguém nos acertassem.
Já estava escurecendo. Ainda mais com o tempo ruim, era certo que viria uma tormenta.
Senti as primeiras rajadas de vento e imediatamente peguei nossos casacos e coloquei no banco da frente.
Ricardo macaqueou o carro e notei os primeiros pingos de chuva.
ㅡ olha só que sorte? Chover bem agora? ㅡ Ricardo disse e comecei a rir.
ㅡ pensa o quão romântico seria se depois daquela serra, tivesse um motel pra gente esperar a chuva passar?
ㅡ você só pode ser um filho perdido de algum descendente de Sodoma e Gomorra. Só pensa em putaria. Kkkk
ㅡ sei não, mas se sou, tenho que honrar minhas raízes, Cadão. E ninguém melhor que você pra me ajudar. Kkkk
ㅡ sabe o quê eu mais gosto depois do sexo? Depois que você me deixa todo molinho?
ㅡ não sei, me fala!
ㅡ é quando você fica entre minhas pernas com a cabeça em meu peito. É nesse momento que te cuido, que faço você se arrepiar com meus carinhos. Aí você dorme sobre mim e, é bom pra caralho te ver dormindo, Lipo.
ㅡ oh meu Cado, eu só te comando no sexo. Porque na vida, você que é o capitão do meu coração. Te amo, meu tesão!
Ele trocou o pneu e limpou as mãos vindo até mim. Me pegou pela cintura e me deu um beijo selvagem, dominador e sensual o suficiente pra fazer meu cacete babar na boxer de grife que ele havia de dado. Curti meu macho dando as ordens, mas caímos na gargalhada logo em seguida. Nós dois sabíamos que nunca rolaria uma inversão entre nós. Ricardo me chamava de tarado, mas ele é quem era mais tarado em mim. Fazia pose de executivo todo certinho, mas era me ver nu pelo apartamento que se empinava todo e fazia questão que eu soubesse o quanto ele me queria inteiro dentro dele.
ㅡ você só me usa, Cadão. Fala que é o contrário, mas me ligo nessa sua cara de feliz quando estamos em algum lugar.
ㅡ curto mesmo te exibir por aí. Kkkk
ㅡ sei disso, safadão! Vem aqui, meu gostoso! Mostra mesmo pra todo mundo teu namorado gostosinho.
ㅡ te amo mais que tudo nessa vida, meu taradinho! Não consigo mais viver sem você, Lipo. ㅡ ele estava sério e segurou minha mão.
ㅡ então, casa comigo! ㅡ nesse momento, as palavras sairam pela minha boca na velocidade de um mísel. Tentei consertar a coisa toda, mas era tarde demais.
ㅡ oi? Está me pedindo em casamento, Fillipo?
ㅡ não! É que...foi só jeito de falar... ㅡ me soltei dele e entrei no carro.
Me senti um tremendo idiota. Quem era eu pra pedir um homem como o Ricardo em casamento?
Ele terminou de arrumar tudo no porta-malas do carro e entrou. Eu não conseguia encará-lo. Senti novamente aquele maldito silêncio, mas o encarei. Suspirei profundamente e rasguei o verbo sem dar a chance dele dizer mais nada.
ㅡ olha, Cado, sei que falei algo sem pensar, mas no fundo, é o quê eu queria. Não se sinta pressionado, cara. Falei o quê eu estava sentindo e foi em resposta ao seu amor por mim. Se não consegue mais viver sem mim, pega o resto de suas coisas e vem morar comigo. Metade das tuas roupas estão lá em casa mesmo. Sei que pode parecer estranho o quê vou te prôpor, mas se sentirmos que nossa relação está azedando por algum motivo, você volta a morar sozinho. Eu não vou ficar bravo, nem magoado. Só quero tentar viver uma vida ao seu lado. ㅡ disse e ele sorriu.
ㅡ a vida é curta demais, não é mesmo?
ㅡ é isso mesmo, Cadão. Porra, quem sou eu pra te pedir em casamento, man? Tenho nem onde cair morto. Se não fosse pela herança da Yoiô, eu estaria morando em um apartameto de um quarto só. Mas mesmo assim, eu sei que você me amaria da mesma forma, porque quando começamos nossa estória la na fazenda, eu não tinha nada. Mas se me ama mesmo como diz, vem morar comigo!
ㅡ não gosto quando você se diminui. Achei linda sua atitude, meu amor. Me pediu em casamento, Lipo! Estou nas nuvens por ter ouvido isso de você. Eu não sou melhor que você por ter mais dinheiro e não se sinta menos digno por isso. Minha nossa! Você me fez passar cinco anos da minha vida, regando uma sementinha que você plantou no meu coração, desde que minha mãe morreu. E eu a reguei, Fillipo. Dia após dia, eu reguei essa semente só pra ela se transformar no que é hoje...
ㅡ um puta amorzão!
ㅡ kkkk, isso! Um amorzão que eu não troco por nada nesse mundo. Você é um homem facinante. Caramba!
ㅡ e muito corajozo, cara! Te pedir em casamento foi a maior loucura da minha vida. Queria que tivesse sido em casa, mas essa tempestade me inspirou. Kkkk
ㅡ kkkk, que bom! Olha, quando chegarmos, vamos resolver isso da melhor forma possível. Tudo bem? E sim, eu aceito me casar contigo. Agora assume a direção, meu Capitão!
ㅡ Cado, está falando sério?
ㅡ estou! Sou teu homem, teu macho, teu marido e amigo. Agora me aguenta, sou chato, você sabe disso. Kkkk
ㅡ kkkkk, é por isso que te amo. Quem é você sem essa chatisse toda? E me deixa excitado quando está chato, me da um tesão bem gostoso. ㅡ trocamos de lugar e assumi a direção.
ㅡ kkkk bobo! Agora vamos pra casa. Quero chegar e tomar um banho bem gostoso contigo. Estou cheirando óleo de freio.
Voltei dirigindo e não estava acreditando na loucura que eu havia cabado de fazer.
Pedir o Ricardo em casamento foi o ápice de uma vida toda.
Rimos de toda aquela situação e nem a tempestade conseguiu estragar nosso momento.
Assim que chegamos em Erculano, ele me pediu para subirmos direto para a cobertura.
Ele precisava pegar uns docunentos da fábrica pra revisar e queria que eu o ajudasse a levar algumas coisas pro meu apartamento.
Eu estava eufórico e meu coração dava pulinhos de alegria.
A porta do elevador se abriu e, antes dele girar a chave, me olhou nos olhos e disse:
ㅡ durante a semana que fiquei aqui sem você, fiz algumas mudanças.
ㅡ comprou móveis novos, Cado?
Ele não me respondeu, mas abriu a porta e me fez entrar com os olhos fechados.
Senti ele me guiando até sua suíte e sussurrando no meu ouvido, disse pra eu os abrir.
Tirei suas mãos dos meus olhos e quando me acostumei com o ambiente, comecei a chorar capiosamente.
Estávamos no closet e todas as minhas roupas estavam guardadas com as dele.
Vi meus livros ao lado da mesa de cabeceira e me levando até o banheiro, me mostrou meu roupão pendurado ao lado do seu.
ㅡ o quê está acontecendo? ㅡ perguntei e ele me abraçou.
ㅡ bem-vindo à sua nova casa. Achou mesmo que eu deixaria você com sua mãe só pra voltar por causa dos negócios?
Passei a semana toda preparando nosso lar. É aqui que vamos morar. Tudo que é seu, está no outro quarto. Ja mandei providenciarem um escritório só pra você. Escolhi os móveis e toda a decoração. Você vai adorar. Ah, eu te pediria em casamento nesse momento, mas você já me pediu. E foi o pedido de casamento mais sincero do mundo.
ㅡ nem sei o quê te dizer, Cadão. Estou muito feliz. Agora entendo os votos de felicidades que meus pais desejaram e o fato de você estar estranho esses dias.
ㅡ eu já havia planejado isso tudo, mas sua mãe passou por cirurgia. Só que ela me obrigou a terminar o quê eu estava fazendo.
ㅡ ela ja sabia?
ㅡ sim. Seus pais já sabiam que eu traria todas as suas coisas pra cá. Eu planejava fazer enquanto estivéssemos na fábrica, mas tive que mudar os planos. Sua mãe disse que estava se sentindo melhor e que não me perdoaria se eu não voltasse e preparasse tudo pra te esperar. Sabe, eu falei com seu pai primeiro. Disse a ele que nos casaríamos e prometi momentos felizes na sua vida. Ouvi outro sermão daqueles e a benção que eu precisava pra trazer de vez você pra minha vida.
ㅡ você não existe! Só tem um problema...
ㅡ quê problema? Você me pediu em casamento e eu aceitei. Eu trouxe todas as suas coisas pra minha casa e vai aceitar se casar comigo, também! Oras!
ㅡ kkkkk, claro que vou!
ㅡ ufa! Que alívio! Kkkk
ㅡ bobo! Ainda está com as chaves do meu apartamento?
ㅡ sim, quero ter certeza que não esquecemos nada lá. Deixei pra você conferir.
ㅡ então vamos descer. Tem um cofre no fundo falso do closet, Cadão...
ㅡ kkkkk, sério? Caralho!
ㅡ sério! Sou homem precavido, meu amor! Kkkk
ㅡ bora lá buscar!
Rapidamente descemos e o vi super preocupado.
Me pediu desculpas por ter invadido minha casa, mas era tarde demais. Ele já era dono de minha vida e tudo de bom que eu poderia sentir em relação a ele.
Dizendo isso, vi que ele ficou envaidecido em saber que ele era importante pra mim, assim como eu também me sentia importante fazendo parte de sua vida também.
Pedi que relaxasse e quando entramos, fui direto procurar o tal esconderijo e peguei meu cofre o tirando de lá.
ㅡ aqui estão todos os presentes que você me deu. Você sabe como sou meio distraído, então, quando chego em casa, coloco tudo aqui.
ㅡ eu deveria ter prestado mais atenção quando tirei suas coisas do armário.
ㅡ como você ia saber? Além do mais, está comigo agora, relaxa!
ㅡ aproveita e da mais uma olhada pra ter certeza que não esquecemos de nada.
Olhamos todos os cômodos novamente ㅡ cada armário e gavetas foram abertos ㅡ não havia mais nada, estava tudo vazio.
Voltamos para a cobertura e guardei o cofre no escritório do Ricardo.
Eu ainda estava um tanto quanto anestesiado por tudo que havia me acontecido até então.
Rimos do fato de eu tê-lo pedido em casamento, sendo que ele já havia levado todas as minhas coisas pro apartamento dele. Foi, sem dúvidas, a situação mais engraçada de todas.
Preparei um banho com água bem quente e joguei sais de banho.
Ele estava no quarto tirando o relógio e o abracei por trás. Ficamos abraçados e ele procurou minha boca, na tentativa de me beijar.
Sem sombra de dúvidas, ele estava feliz. Pedi que viesse comigo e fui tirando sua roupa pelo caminho.
Antes de entrarmos na banheira, peguei meu celular e enviei uma mensagem de texto pra minha mãe. Não queria preocupá-la. Avisei por mensagem que estávamos bem e que eu havia pedido o Ricado em casamento.
Contei da surpresa que ele havia feito e que daquele dia em diante dividiríamos a mesma casa.
Ricardo já estava na banheira e me convidou a entrar.
ㅡ vem aqui, vou cuidar de você. ㅡ ele disse e fiquei entre suas pernas.
ㅡ só quero ficar abraçado contigo. É bom demais saber que vou acordar ao seu lado todos os dias. To feliz, Cadão!
ㅡ bom saber, ou seu pai me mata. Kkkk
ㅡ na cabeça do meu pai, eu ainda tenho catorze anos. Sempre vai me tratar como menino. Não o culpo, todos os pais são assim. Seu Otaviano também te da bronca que eu sei. Mas sabe? É doloroso aceitar que alguém não nos ama mais, mas não somos de ninguém. Hoje eu estou aqui, nos teus braços, mas amanhã você pode se apaixonar por outra pessoa e eu também. Tanto eu quanto você estamos correndo os mesmos riscos...
ㅡ você está certo. Sempre pensamos só no nosso lado. Mas como você disse: bora tentar pra não se arrepender depois. Eu te tenho amor, respeito e admiração, Fillipo. Você é um rapaz que merece ser feliz. Me orgulho desse nosso amor, da nossa entrega como amantes e de nossas conversas sinceras, como agora. ㅡ me sentei em seu colo de frente pra ele e senti suas mãos poderosas apertando minha bunda. Meu pau estava duro, ele sorriu e me beijou. Brinquei dizendo que ele estava me provocando e mordeu meu pescoço dizendo no meu ouvido que eu era delicioso.
ㅡ não consigo pensar em mais nada quando você sussurra no meu ouvido, man! Covardia!
ㅡ kkkk, você fica todo arrepiado. Safadão, vem fazer seu macho feliz! Vem me trepar, está doidinho pra me devorar.
ㅡ olha, te amo! Não vou ficar falando toda hora, não. Vou te dar banho e te devorar. ㅡ beijei sua boca e ele caiu na gargalhada quando peguei sua mão e pedi que me penetrasse com o dedo.
ㅡ gostou da brincadeira, né safado? Kkkk
ㅡ gostei, me da tesão! Kkkk
Passamos uma noite maravilhosa juntos.
Depois do banho o levei até o quarto e o joguei na cama. Ainda estávamos molhados.
Já passava das três da manhã quando ele caiu exausto sobre meu corpo. Aconcheguei meu homem em meu abraço e estávamos tão cansados que adormecemos um nos braços do outro.
Acordei e o Ricardo não estava na cama.
Vi que havia um bilhete sobre a mesinha de cabeceira e imaginei o quão carinhoso ele era.
" Bom dia! Você acabou comigo! A noite foi maravilhosa. Toma seu café sem pressa. Tira a manhã de folga, mas vem almoçar comigo. Te amo, garotão!"
Já passava das 10:00hrs. Tomei banho, fiz a barba e ouvi as meninas conversando na sala. Quando me viram, sorriram e as agradeci por terem ajudado o Ricardo com a mudança.
Fabiana perguntou se eu iria tomar café e pedi que trouxesse apenas um copo de suco e uma fatia de pão com peito de peru.
ㅡ o senhor precisa de mais alguma coisa? ㅡ hum, do jornal. Mas pode deixar que eu mesmo pego. Obrigado.
Vi que o jornal estava com as páginas de imóveis destacadas. Quando a Fabiana me viu com o jornal em mãos, se adiantou dizendo que o Ricardo havia destacado o caderno de imóveis e pediu desculpas.
Disse que tudo bem, mas as melhores tirinhas ficavam no verso da última página do caderno de imóveis e ele sabia que eu adorava ler. Sacanagem!
Ouvi meu celular tocando e era ele.
Atendi e ele queria saber se eu já estava acordado.
Conversamos um pouco e pediu pra eu não comer demais, pois me levaria pra almoçar no restaurante do centro.
Agradeci a manhã de folga e ouvi a secretária o chamando.
Terminei meu café e fui me arrumar.
Peguei um táxi até a fábrica e pensei que eu poderia comprar uma moto, mas com certeza deixaria minha mãe preocupada. Ainda mais depois da cirurgia. Ela sempre teve pavor de motocicletas e morria de medo quando eu subia na garupa de alguém. Brigou com meu pai uma vez por ele ter me levado pra dar uma volta na moto do tio Paulo. Meu coroa quase dormiu no galinheiro.
Tirei a ideia da moto da cabeça e quando desci do táxi, vi a secretária do Ricardo saindo da fábrica com uma papelada.
ㅡ bom dia, seu Fillipo.
ㅡ precisa de ajuda?
ㅡ não, obrigada. Como está sua mãe?
ㅡ bem melhor. Dona Lúcia é forte como um touro. E o Ricardo?
ㅡ está em reunião com o Pablo. Ele disse pra você subir.
ㅡ está acontecendo alguma coisa?
ㅡ nada grave, que eu saiba.
ㅡ tudo bem, vou subir. Bom trabalho!
Fui pra minha sala e vesti meu jaleco.
Subi até a sala do Ricardo e bati na porta.
Entrei e cumprimentei o Pablo.
Vi que o clima estava meio tenso e me desculpei por ter entrado, mas o Ricardo pediu pra eu me sentar.
Perguntei se havia algum problema e, meio sem jeito, o Pablo disse que não continuaria mais trabalhando conosco.
Sua esposa havia recebido uma oferta de trabalho na Capital e se mudariam no próximo mês.
Lamentei o ocorrido, mas confessei aos dois que eu estava preocupado com o fato de eu assumir o controle da produção sozinho.
ㅡ era sobre você que estávamos conversando, Fillipo. Eu estava dizendo ao Ricardo que fico até o final do mês. E não estou puxando saco de ninguém, mas nem sei o quê vim fazer aqui. Quando seu Otaviano me chamou pra trabalhar, ele deixou claro que você tomaria conta de tudo, assim que estivesse preparado, mas você já nasceu pronto! Estou há quinze anos nessa profissão e não acreditei quando me disse que era recém formado. Não é atoa que se formou com méritos. Ricardo me disse que foi o primeiro aluno do seu curso. Parabéns! Agora é contigo! Enviei um relatório pro patrão e acho que mesmo eu ainda estando aqui, você não precisará mais de mim.
Ricardo sorria orgulhoso. Agradeci os elogios e também a ajuda que me foi muito importante.
Pablo se retirou e ficamos somente Ricardo e eu. Fui ate a porta e a tranquei. Puxei meu marido pela gravata e o beijei com carinho. Ele estava lindo demais, sorridente demais e parecia querer me dizer alguma coisa com aqueles olhos gigantes. Perguntei se estava tudo bem e ele sabia que eu percebera sua felicidade. Então ele pegou minha mão e me levou até o sofá se sentando no meu colo.
ㅡ tão óbvio minha cara de feliz? ㅡ ele perguntou e enfiei minha mão por dentro de sua camisa.
ㅡ é a cara de feliz mais linda que já vi. Está tramando algo. Me fala!
ㅡ ainda não! Preciso fazer algumas ligações. Aproveita e vai trabalhar um pouco.
ㅡ hum...sei! Eu vou, mas vai me contar o que tá pegando.
ㅡ rsrs, não está pegando nada!
Ele me beijou e se levantou indo até a porta e a abriu.
Em se tratando de Ricardo, só poderia ser algum presente extravagante.
Pensei ser o momento certo para conversarmos sobre o jeito que ele adorava demonstrar seu amor por mim e deixar claro que não precisava me dar algo só por ser uma data ou um momento importante.
Desci e fui revisar uns relatórios.
Aproveitei pra ver o estoque e organizar alguns pedidos que estavam faltando.
Vi que era meio-dia e o vi descendo as escadas. Nas mãos, as chaves do carro e aquele sorriso lindíssimo posto com perfeição em seu rosto absurdamente másculo.
Ele me levou pra almoçar em um restautante no centro.
Chegamos e ja havia uma mesa reservada.
ㅡ escolhe o vinho, Lipo!
ㅡ pode ser aquele que eu adoro?
ㅡ claro!
ㅡ o quê você está tramando?
ㅡ eu? Nada! Pela primeira vez, não estou tramando nada. Só estou feliz. Mas... ㅡ eu sabia que ele tinha uma carta na manga.
ㅡ kkkk, mas o quê?
ㅡ mas preciso te dar algo.
ㅡ minha nossa! Não me diga que são...? ㅡ ele se levantou e tirou um caixinha do paletó.
ㅡ as alianças? Claro! Como você vai ser o noivo mais lindo dessa cidade, sem uma aliança?
ㅡ você é surpreendente. São lindas! ㅡ ele deu a volta na mesa e veio até mim. O restaurante estava lotado e eu não acreditei que ele iria fazer toda uma cena.
ㅡ aceita esse humilde servo como seu esposo? ㅡ ele disse e se ajoelhou.
ㅡ kkkk, claro que aceito! Mas eu é quem deveria ter comprado as alianças. Foi eu quem te pediu em casamento, lembra?
ㅡ sim, mas...ah! Não importa! Me da sua mão? ㅡ ele colocou a aliança no meu dedo e ouvimos palmas ecoando por todo ambiente.
ㅡ te amo! Você não poderia estar noivando com uma pessoa melhor. Sou perfeito pra você.
ㅡ kkkkk! Pode passar uma vida toda, mas você sempre vai ser esse bicho convencido. Pior é que você tem razão!
ㅡ claro que tenho! Preciso vender meu peixe. Kkkk ㅡ peguei a outra aliança e coloquei em seu dedo. Ele se sentou novamente e o Maître serviu o vinho.
Era um momento mais que maravilhoso.
Estávamos felizes e era como se eu tivesse boboletas no estômago.
Muito gay dizer isso? Mas era como eu me sentia.
Vê-lo ali, de joelhos e colocando uma aliança no meu dedo, foi a cena mais linda da minha vida.
Trouxeram o almoço e pro bem do Ricardo, ele havia pedido quase que um boi inteiro. Eu estava faminto demais pra comer pequenas porções.
Me vendo comer, disse que estava pensando em me levar em uma churrascaria, mas o momento merecia um lugar mais chic.
Começamos a conversar e sugeri a ele dividirmos as despesas da casa. Ele arqueou as sobramcelhas e fingiu não me ouvir, mas continuei.
ㅡ Cado, se vamos dividir o mesmo teto, precisamos dividir as despesas também. Você sabe que eu não vou me sentir bem se não me deixar ajudar.
ㅡ hum, estão fica com o supermercado, você come demais. ㅡ ele disse rindo e segurei sua mão.
ㅡ kkkk, é justo! E vamos continuar dividindo as despesas com as meninas.
ㅡ tudo bem! Resolvido?
ㅡ sim! Ah, tem mais uma coisa: os presentes caros que você me da. Cado, não precisa ser exagerado, man. Tem várias formas de demonstrar seu amor por mim...
ㅡ você não sente como se eu estivesse comprando seu amor, sente?
ㅡ minha nossa! Claro que não! É que...bem...você sabe que eu não posso te retribuir à altura, não sabe? Me sinto mal por isso. Te dou uma camiseta e você me da um carro...não tem como competir com isso, cara.
ㅡ rsrs, nunca te dei um carro...
ㅡ você entendeu o quê eu quis dizer.
ㅡ olha, eu adoro te dar presentes. Sempre fui assim. Se eu estiver pelo centro e ver algo que você vai gostar, eu vou comprar. Não se sinta mal por causa disso, jamais. Eu adoro te presentiar sem ter uma data que me obrigue. E é pelo sexo gostoso que recebo depois. ㅡ ele disse baixinho e acariciou minha mão.
ㅡ safado! Não me faça rir alto. E já que tocou nesse assunto, eu vou me levantar, você vai pagar a conta e me encontrar no banheiro. Vou te dar uns amassos lá. Ah, não ouse dizer que não. Entendido?
ㅡ sim, senhor!
ㅡ bom rapaz!
Me levantei e aguardei por ele no lugar combinado.
Cinco minutos depois, ele entrou e chamou por mim. Abri a porta do reservado e o puxei pra dentro.
Tomei cuidado para não amassá-lo tanto e lhe dei um sarro gostoso e o fiz se abaixar lhe oferendo meu cacete.
Senti sua boca quente e a língua travessa se divertindo na minha pica.
Fiz um carinho em seu rosto e segurando em seu queixo, o puxei e lhe dei um beijo apaixonado.
Senti uma leve mordida em meus lábios e ele desabotoou a camisa me pedindo para mordê-lo. Comecei pelo pescoço e desci até seus mamilos. Ele delirava de tesão, adorava quando eu o mordia.
Passei a boca pelo seu peitoral e me abaixando, fui mordendo seu abdômem perfeitinho.
Ricardo era um homem maduro, corpo atlêtico e muito bem cuidado. Um puta tesão de homem.
Entre uma mordida e outra, eu dizia a ele o quanto ele era gostoso, que eu adorava tê-lo em minhas mãos e que era uma delícia ouví-lo gemer. Ele adorava elogios durante o sexo, ficava doido.
Me ajoelhei e ouvi uma porta se abrindo. Ricardo me olhou com medo de sermos flagrados, mas como a porta era fechada até embaixo, ninguém conseguia nos ver.
Fiz sinal que ficasse em silêncio e me levantei devagar lhe dando um selinho.
ㅡ você é doido e exerce uma péssima infuência sobre mim. ㅡ ele disse em meu ouvido e abri o ziper de sua calça.
ㅡ me diz o quê você é, Cadão! Vai...fala!
ㅡ sou seu putinho!
ㅡ isso, meu amor!
Me ajoelhei e me servi de seu cacete que já babava na boxer e o engoli inteiro.
Senti suas pernas tremerem e segurou minha cabeça me fudendo a boca sem pena.
Cinco minutos depois, senti o gosto adocicado da sua porra descendo pela minha garganta.
Me levantei e senti a força dos seus lábios nos meus, me beijando com desejo.
ㅡ ninguém nunca me amou do jeito que você me ama. ㅡ ele disse em meu ouvido e ficamos abraçados.
ㅡ te digo o mesmo!
ㅡ rsrs, tem porra na sua boca.
ㅡ então limpa, já que sujou! ㅡ ele lambeu meus lábios e senti cócegas. Comecei a rir e esquecemos de onde estávamos.
ㅡ quieto, rapaz! Vamos?
ㅡ rsrs vamos!
Saí primeiro e fui direto para o estacionameto. Em seguida ele chegou e, quando entramos no carro, disse que seu Otaviano havia ligado pra ele de manhã e
cobrou o relatório que eu havia prometido.
Pedi que fóssemos direto pra fábrica e fiquei o resto do dia trancado na minha sala.
Era quase seis horas quando terminei o relatório e mandei pro seu Otaviano.
Eu estava saindo da minha sala pra me encontrar com o Ricardo e meu celular vibrou. Era meu pai.
ㅡ fala, paizão! ㅡ atendi bem animado e o ouvi sorrindo.
ㅡ qual o motivo de tanta felicidade?
ㅡ hahaha, como se o senhor já não soubesse...
ㅡ eu sei, filho! Fico feliz por você também. Como está a vida de casado?
ㅡ ele botou uma aliança no meu dedo. Acredita nisso?
ㅡ minha nossa! Sério? Sua mãe vai pirar.
ㅡ onde ela está?
ㅡ dormindo. Como que foi isso?
ㅡ ele me levou pra almoçar no restaurante, se ajoelhou e...foi isso! Nem estou acreditando.
ㅡ é bom te ouvir feliz. Como ele está?
ㅡ está radiante. Deve estar se arrumando pra descer. Daqui a pouco vamos pra casa.
ㅡ manda um abraço pro Ricardo. Só liguei pra saber como vocês estão. Parabéns pelo noivado.
ㅡ valeu, pai. Manda um beijo pra mãe.
ㅡ pode deixar. Se cuida, filho.
Ricardo descia as escadas com a Jordana e oferecemos una carona até sua casa. Era caminho.
Assim que a deixamos em casa, pedi ao Ricardo que passasse no supermercado.
Eu queria comprar algumas coisas de higiêne pessoal que estava faltando e me lembrei que as camisinhas estavam acabando. Peguei um carrinho pequeno e ele me ajudava.
Pedi pra ele pegar as camisinhas e segurando a minha mão, ele disse que já havia comprado. Estavam no porta-luvas do carro.
ㅡ não querer transar pra ficar só de conchinha e vendo tv, é uma coisa, mas querer transar e não ter camisinha, é um desespero. ㅡ ele disse e comecei a rir.
ㅡ hahaha, ainda mais você, que não vive sem isso aqui... ㅡ disse e apontei minha pica.
ㅡ kkkkk! Você ficou na fazenda e senti uma falta desgraçada. É foda ficar na bronha, quando se tem alguém. É muito injusto.
ㅡ vixi, então eu sou taradão mesmo. Trepo contigo e ainda bato minha matinal quando acordo. Kkkk
ㅡ você é de outro mundo. Haja eu pra te aguentar.
ㅡ mas você aguenta, Cadão.
Ficamos mais de uma hora no supermercado fazendo compras e jogando conversa fora pelos corredores.
Estávamos felizes. Ele estava feliz.
Recebi uma ligação do seu Otaviano quando chegamos em casa e nos deu a maior bronca por não termos ligado pra contar do pedido de casamento que eu fiz ao Ricardo. Nos desculpamos e ele disse que só aceitaria se fosse um dos padrinhos no casamento civil.
Concordamos, óbvio. Seu Otaviano foi uma pessoa muito importante em nossas vidas e, sempre nos apoiou e deu a maior força pra ficarmos juntos.
Depois que desliguei, fiquei pela sala e meu deitei no sofá.
Fiz uma retrospectiva de toda minha vida e me dei conta que tinha tudo que precisava pra se feliz.
Minha mãe estava melhorando, meu pai me respeitava e me acolheu de braços abertos; não só a mim, mas também o Ricardo.
Nossas famílias eram unidas não só pela força do trabalho, mas por todo amor que dedicávamos ao outro sem esperar nada em troca.
Agradeci a Vida por ter colocado em meu caminho pessoas incríveis e de bom coração.
E por último, mas não menos importante, eu tinha o amor do Ricardo ㅡ que eu sabia ser tão verdadeiro e real quanto o meu.
*
*
*
Continua...
Obrigado por me acompanharem até hoje. Vocês são incríveis.
Espero postar o quanto antes o próximo capítulo, mas está meio corrido agora que estou trampando e acabo sendo vencido pelo cansaço. Me desculpem!
Penso em finalizar logo esse conto pra não se tornar muito repetitivo e enfadonho. Não sei ao certo quantos capitulos ainda terá...vai depender do meu tempo livre.
Se cuidem! Grande abraço! 😉✌
Happy Pride! ! 🌈