Eu sou apaixonado por medicina, essa ciência me fascina, é surpreendente e empolgante saber que existiam formas, remédios e métodos que podem salvar vidas.
O que despertou esse amor em mim foi quando eu tinha 8 anos e estava brincando na rua sozinho como sempre e ouvir um miado.
Procurei dá onde vinha e fui até um lixo que tinha na frente da minha casa, lá tinha uma caixa de sapato e a peguei percebendo que tinha um gatinho lá dentro, era todo branco e os olhinhos tinha recém aberto, estava desnutrido e cheio de feridas, devia ser sarna, no momento não sabia. Eu peguei aquele pequenino e levei-o para casa, amaldiçoando quem foi o vagabundo que tinha feito aquilo com o pobre animalzinho.
Meus pais não aceitaram, mas eu sempre fui teimoso, desde pequeno eu sempre lutava por aquilo que eu queria.
De tanto chorar e implorar, minha mãe acabou aceitando e convenceu meu pai a fazer o mesmo, com a promessa que era minha responsabilidade, teria que dar água e comida, limpar a caixinha de areia.
Levamos ao veterinário e descobrimos que ele era macho, chamei ele de branquinho.
Quando o gatinho tinha uns 7 meses já era lindo, gordinho e muito carinhoso, mas fujam, e meu pai disse que teríamos que castrá-lo, formos ao veterinário de novo.
A cirurgia ia ser feita no outro dia.
-Senhor, quero assistir a cirurgia, você deixa? -O veterinário era um senhor de meia idade, ele me olhou com carinho e perguntou se meus pais se importavam.
Eles não gostaram muito, mas como disse, era teimoso.
Assistir a cirurgia, era simples, somente uma castração, mas achava fascinante. E nessa hora decidir, iria ser veterinário, mas com o tempo eu vi que tinha muito dó dos bichinhos e então iria fazer medicina.
Vocês podem dizer que isso é errado, eu não ter dó de seres humanos, mas vocês têm que entenderem que como médico minha missão é ajudar as pessoas a se curares de qualquer patologia, e isso que eu seguia. Para passar no vestibular não foi fácil, fiz bastante cursinho pré-vestibular e depois de um ano que terminei o ensino médio eu conseguir passar em uma faculdade perto de casa.
Me interessava por neurologia, mas quando chegou a matéria de cirurgia eu me encantei e decidir ser cirurgião.
*****
Wallace estava no chão, corrir até ele, Gabriel estava com a arma na mão e foi até onde estávamos.
-O que aconteceu mano, quem fez isso? -Gabriel perguntou ao quase moribundo Wallace.
-O norte, eles me pegaram enquanto eu vigiava vocês.
-Michel, eu vou atrás deles, fica com o Wallace.
-Não Gabriel, por favor não faça isso. -Eu suplicava para o Gabriel e com as mãos tentando estancar o sangue que saia do Wallace.
-Temos que levar ele para o hospital Gabriel, por favor, não vai lá.
-Eu já volto. -Ele não me olhava, só ficava observando os lados procurando os caras.
Não esperou eu terminar de falar, somente foi.
-Merda Gabriel, por que tem que fazer isso. -falei baixinho para mim mesmo.
-Não se preocupa... com ele. -Wallace que estava deitado falou enquanto olhava para mim, sua feição era de dor e ainda tinha um sorriso no rosto.
-Como não me preocupar? -Queria começar a chorar de desespero, mas fui forte.
-Sabe? Essa... é a melhor forma...de morrer. -Ele falava pausadamente.
-Com um tiro? Essa é a melhor forma? Você realmente deve tá louco. -Eu tentava conter a hemorragia mais saia muito sangue, com certeza tinha pegado uma artéria ou um órgão. Precisava levar ele urgente para o hospital.
-Eu morro feliz...em saber que você é... última imagem que eu vou ver. -Ele não tirava os olhos de mim, sentir minhas bochechas vermelhas.
-Realmente você está louco, o tiro foi aqui. -Falei apontado para ele a onde eu segurava. -Não foi na sua cabeça.
Ele deu uma risada fraca, estava piorando.
-Fica quieto Wallace, não fala mais nada.
Ele assentiu e no mesmo momento ouvi mais tiros, e mais um. Meu medo triplicou, estava tremendo e rezando para que o Gabriel estivesse bem.
Em alguns segundos que pareciam horas alguém se aproximou me assustando, tirei uma mão da barriga do Wallace e alcancei a arma.
-Vamos Michel, me ajuda a levar ele até o carro. -Ele estava vivo, graça a Deus, suspirei de alívio.
Ajudei o Gabriel a levar o Wallace até o carro, eu fiquei no banco de trás com ele, estava pálido, a hemorragia estava diminuído mas ele tinha só alguns minutos de vida se não chegasse a tempo ao hospital.
Olhando para fora vi que aquele não era o caminho, merda a onde estávamos indo.
-Gabriel, o hospital fica para outro lado. -Falei quase gritando.
-Não vamos ao hospital. -Ele olhava para frente enquanto pegava o celular.
-O QUE? -Eu gritei.
Ele me ignorou e esperou alguém atender.
-Pai, o norte atacou de novo, o Wallace levou um tiro... sim estamos bem, Uhum vamos levar ele no galpão... Eram dois, sim... matei um e o outro dei um tiro nas duas pernas... sim manda alguém lá... precisamos falar com o que ficou vivo...ok.
Eu não estava acreditando nisso, de novo o Gabriel matou alguém.
-CARALHO Gabriel, que galpão? Leva ele para o hospital agora.
-Se acalma Michel, o galpão fica na vila, lá que distribuíamos as drogas.
-Você vai distribuir droga com o Wallace? -Falei ironicamente, ele estava doido, só essa a resposta que eu tinha.
-Lá tem um sala que o nosso médico faz esse tipo de procedimento. Vamos levar ele lá.
-Você não entende a gravidade dessa situação? PORRA, ele tá morrendo, vamos agora para o hospital.
-Não. -Ele estava sendo um idiota.
-Por favor Gabriel, ele precisa de uma cirurgia de urgência, não para de sair sangue. -Já estava parando um pouco, mas queria mostrar para ele a gravidade.
-Você é cirurgião, pode ajudar ele.
Não, aquilo já era demais.
-Você tá louco.
-O Wallace é fichado na polícia, se leva-lo para o hospital, ele pode sobreviver, mas vai ser preso.
Olhei para o Wallace, ele estava respirando muito forte, seus olhos estavam fechado, abri um para ver as pupilas dele, segurei seu pulso, estava fraco, ele não tinha mais tempo, e voltar para o caminho do hospital só ia demorar mais e ele não ia resistir.
-Chegamos. -Gabriel puxou o freio de mão, esse galpão era grande, parecia um depósito. Entramos e tinha várias mesas com pacotes de vários tipos de drogas embrulhado e várias pessoas trabalhando ali.
-Vamos, temos que levar ele. -Gabriel abriu a porta e me ajudou a carregar o Wallace, eu peguei as perna e ele o tronco e os braços.
******
JURO SOLENEMENTE QUE, AO EXERCER A ARTE DE CURAR, MOSTRAR-ME-EI SEMPRE FIEL AOS PRECEITOS DA HONESTIDADE, DA CARIDADE E DA CIÊNCIA. – Esse era o começo do juramento de Hipócrates, o fiz na minha colação de grau, eu tinha que seguir ele por toda minha vida profissional. Mas no final desse juramento tinha um trecho. "NUNCA ME SERVIREI DA MINHA PROFISSÃO PARA CORROMPER OS COSTUMES OU FAVORECER O CRIME". Eu tinha um dever ético comigo, não poderia ajudar o Wallace sem colocar em risco minha carreira.
Entramos com ele em uma sala onde tinha uma maca e o colocamos deitado lá. Dentro daquela salinha tinha vários aparelhos antigos, mas que serviria para o propósito.
Prego estava com a gente.
-O que aconteceu chefinho, o louco levou um tiro a onde? Ele tá morrendo? -Revirei os olhos.
-Ele vai morrer se alguém não fizer nada. -Ele olhava para mim, eu estava paralisado.
-Quando médico chega, Prego? -Gabriel estava muito sério.
- Já estava caminho, em alguns minutos príncipe.
-Michel, você tem somente duas opção, ou você faz alguma coisa ou vai ver o Wallace morrer na sua frente. -Odiava o Gabriel por está fazendo isso comigo.
-Eu não posso, não posso. -Eu estava paralisado com uma decisão que mudaria tudo.
O príncipe chegou mais perto e segurou meu rosto fazendo eu olhar nos seus olhos.
-Ele vai morrer, por favor amor, ajuda ele. -Seus olhos me seduziam para eu ir contra uns dos maiores propósito da minha vida.
Olhei para o Wallace, a qualquer momento ele não estaria mais vivo, os segundos para ele eram vitais.
-Você trate de ir atrás desse médico e traga-o urgente aqui, vou começar os procedimentos, mas preciso de um ajudante. Você, Prego, vai lavar suas mãos, eu vou em seguida.
Eu iria ajudar sim, apesar do Wallace ser um bandido também era um ser humano, tinha direito de atendimento e não importava o motivo do seu ferimento.
Eles fizeram o que pedi, olhei para os lado e já tinha achado os instrumentos cirúrgicos e gases, Graça a Deus eles estavam estetizando dentro de um pacote, morrer de infecção não ia acontecer.
Fui lavar minhas mãos, mandei o Prego ir tirando com uma tesoura a camiseta do Wallace.
Lavei as mãos com o sabonete que estava ali, tomando cuidado para não tocar em nada, eu tinha que me apressar.
Fui para a salinha e coloquei as luvas cirúrgicas.
(Gente se alguém é fraco ou não consegue imagina essas cenas que vão se seguir, por favor não leiam, mas vou pegar leve com vocês.)
A bala por sorte tinha atingindo o abdômen, perto do umbigo.
Coloquei ele no soro e apliquei o anestésico que achei ali e induzir a sua anestesia com propofol (anestésico inalatório) tinha uma bomba de oxigênio perto, coloquei a máscara nele, apesar de pequeno o local tinha quase tudo, era quase que completo, devia ser comum às cirurgia ali.
Terminei de aplicar a anestesia e ele apagou.
Fiz sepsia na ferida e coloquei um pano cirúrgico com um buraco a onde iria ser o meu local de trabalho. Primeiro teria que achar a fonte do sangramento, cauterizar a hemorragia, limpar bem a ferida e depois procurar a bala dentro e tirá-la.
Estava muito feio aquilo, tinha só alguns segundos para cauterizar.
Olhei para o Prego, ele estava do meu lado, tinha os instrumentos cirúrgico na sua frente, mas ele estava perdido.
-Você já fez isso antes? -Perguntei enquanto pegava gazes e limpava o sangue que saia.
-Não Doutor, tá ligado que nunca fiz parte dessas coisas aí de sangue.
-Bom, eu vou te pedir alguns instrumentos e se você não saber me pergunta que te indico qual é.
Peguei uma pinça e aproximei a luz que estava do lado da mesa e tentei achar o local que estava sangrando.
Ótimo estava ali, era uma veia grossa que tinha sido atingida. Rapidamente cauterizei ela e o sangramento parou.
Limpei muito a ferida, agora que estava mais visível e próximo passo era achar a bala.
Pedia os instrumentos para o Prego e rapidamente ele tentava achar, não conseguia de primeiro e eu tinha que ajudar ele.
Com o bisturi fiz uma incisão maior e procurei o objeto estranho que estava no corpo do Wallace.
Achei uma ponta brilhante, sabia que era ela, teria que tomar cuidado na hora de tirá-la, poderia estar comprimindo outra fonte de hemorragia, teria que está preparado para aquilo.
-Chegamos. -A porta se abriu e entrou 3 homens, um era Gabriel e o outro o Rei Marcos, mas o que realmente me surpreendeu foi ele, não acreditava, estava em um pesadelo, só pode.
-Como ele tá? -O rei perguntou se aproximando.
-Merda, saiam daqui, não terminei e vocês pode contaminar a sala. SAIAM AGORA. -Gritei com eles, meu corpo estava tremendo.
-Vou deixar você com ele, vamos Gabriel. – O rei me olhei furioso por ter gritado com ele e os dois saiam, fiquei com o Prego e com o filho de uma puta do meu chefe.
-Michel, o que você quer que eu faça?
Nesse momento eu tinha que me concentrar na cirurgia, não tinha tempo de mandar aquele monstro para o inferno.
-Eu estou tirando a bala, to preocupado que volte a sangrar, assume o lugar do Prego e me ajuda.
Rapidamente o Prego saiu da sala e o Alfredo ficou no seu lugar.
-Vou tirar a bala agora, já estou com ela na pinça, você vai me dar os gazes quando eu pedi.
-Ele assentiu com a cabeça e esperou pelo meu sinal.
Com cuidado tirei a bala e coloquei ela na mesa do ladinho da maca e esperei o pior.
E veio, o sangramento voltou com tudo, tinha atingindo uma alça intestinal, merda, tinha que agi rápido.
-Me dar a pinça hemostática, agulha e linha.
Com sorte conseguir cauterizar uma veia da alça e depois tirei o pedaço que foi atingido e suturei. Ele iria ficar um bom tempo comendo comida por sonda, mas isso iria resolver.
-Michel, ele tá com o pulso fraco, tá entrando em choque.
Olhei para o Wallace, aquilo não tinha acabado, ele tinha perdido muito sangue e precisava de uma transfusão urgente.
-Você sabe o tipo sanguíneo dele? -Falei já entrando em desespero.
-Não, claro que não. Vou ver se alguém tem o tipo de sangue O-.
Ele saiu correndo da sala e eu tinha que terminar de fechá-lo. Peguei de novo a agulha e a linha e comecei.
Logo ele voltou com o Gabriel.
-O Gabriel é O-, ele vai doar. -Olhei rapidamente para o Gabriel, ele me olhou assustado. Eu tinha sangue em todo minha roupa, parecia que trabalhava em um açougue. Sentir que ele estava enjoado.
Meu chefe pegou uma bolsa de transfusão e mandou o Gabriel se sentar.
-Você tem que ficar calmo, vai ser só uns minutos, então você precisa respirar fundo.
Gabriel estava em pânico, poderia desmaia. Devia ter medo de sangue ou agulha.
-Mas tenho que te pergunta uma coisa? -Alfredo olhou para o Gabriel com cuidado perguntou.
-Você fez sexo sem camisinha nos últimos tempos? -Eu estava concentrado nos pontos que estava fazendo, mas meu rosto ficou vermelho com aquela pergunta, mas comigo ele sempre usou.
-Não, e não tenho nenhuma DST. -Ele falou sem hesitar e eu olhei para ele por um segundo ele também me olhava sério, tentei demostrar força para ele e fechou os olhos. Alfredo começou a colher o sangue que foi direto para a bolsa.
Estava terminando de fecha uma camada de músculo, logo ia dar ponto na pele.
-To terminado. -Avisei ele.
-Aqui também.
Acabamos quase junto e rapidamente o Alfredo colocou um equipo no outro braço do Wallace e começou a transfusão.
Me afastei do paciente e respirei fundo, estava exausto, muito confuso com aquela situação.
Primeiro fui até o Gabriel, ele estava branco igual papel, chamei o Prego e mandei ele trazer água e levar o Gabriel para comer alguma coisa, biscoito de água e sal iria resolver.
Ele saiu com o Gabriel me deixando sozinho com meu chefe que estava agora verificando os sinais vitais do Wallace.
-Muito bom trabalho Michel. Acredito que ele vai sobreviver.
Depois do susto, minha raiva reviveu, e agora veio com tudo, como um turbilhão.
Será que todo mundo na minha vida tinha relação com esse bando de traficante, que merda isso, logo mais iria ligar para Fernanda para ver se o pai do Bernardo também era traficante, só me faltava essa.
-Sempre achei que você era mal caráter, mas você superou minhas expectativas. -Falei em pé do outro lado da mesa que estava o Wallace.
-O que você disse moleque? -Ele me olhou supresso e com raiva.
-Se eu fosse igual sua laia, eu te matava agora, você é um filho de um puta, desgraçado, fala tanto em ética, que temos que ser profissional, dar lição de moral nos seus subalternos, mas veja, você também é um bandido. -Eu tremia de raiva, tinha sangue até no meu rosto, mas teria que falar essas verdade para esse velho inútil.
-Você me respeita, ainda sou seu chefe. -Ele parecia ofendido, eu não abaixei minha bola.
-Chefe? Acredita que meu chefe é um corrupto? um verdadeiro bandido, muito pior que esses trouxas que estão lá fora, pois eles assumem quem eles são, e você?
Ele ficou quieto, me olhava firme e sua postura era ereta.
-Mas você está aqui não? Será que só eu que sou esse "corrupto"?
Agora ele tinha conseguido me tirar mais dos serio, queria socar a cara dele. Me contive.
-EU TO NESSA SITUAÇÃO POR QUE FUI OBRIGADO, VOCÊ E ESSES BANDIDOS ME COLOCARAM AQUI.
-Você poderia ter recusado, seguindo com sua vida normalmente.
-O que? Eu fui ameaçado, induzido a fazer parte desse acordo e você desgraçado, me deu férias por que eles pediram.
-E quem disse que não to aqui por que também sou obrigado e faço parte de um acordo?
-Duvido, um cara igual você, sem ética não iria ser obrigado a nada.
-Pois sou sim, a razão para o São Luiz ser quem ele é hoje, uns dos melhores hospitais da cidade é Graça as doações do rei.
-Realmente você é um lixo de ser humano. -Sai dali batendo os pés, fui até o banheiro e me olhei no espelho.
Meus olhos estavam vermelho, tinha sangue do Wallace por todo meu corpo e no rosto. Tentei limpar minha cara e meus braços com água, as roupas teria que jogar fora.
Sair de lá ainda bufando de raiva, passei pelo desgraçado do meu chefe e nem o olhei, ele ia dar conta de cuidar do Wallace, só que pensei rápido e parei na frente da porta. Antes eu teria quem fazer mais uma coisa, peguei meu celular e liguei o gravador, voltei para a sala onde ele estava e coloquei o plano em ação.
-Só quero saber uma coisa. -Eu já estava um pouco calmo, teria que pegar aquele bandido também.
-Quando magicamente os tubos de sangue para ao exame toxicológico do Gabriel foram trocado, você que fez isso?
-Claro, não podia deixar prender o príncipe, mesmo ele sendo um irresponsável, o pai dele que sustentar aquele hospital.
-Então as doações é dinheiro de tráfico de droga? -Tentei fazer as perguntas sem ele desconfiar das minhas intenções, não sabia se ia dar certo.
-Como já te falei, sim o Marcos é o doador principal do hospital, sem ele já estávamos falido.
-E para retribuir o favor você trabalha para ele? Aqui nesse depósito de droga?
-Sim, quando ele precisa, me liga que eu venho. -Ótimo, era isso que precisava. No meu bolso eu desliguei a gravação sem ele ver e olhei bem fundo dos seus olhos.
-Eu peço demissão, não vou trabalhar para um corrupto, sem ética e bandidos.
-Mais você namora um. -Merda isso era verdade, por um momento pensei em desistir e voltar atrás, mas meu orgulho não deixou.
-Nunca quis fazer parte disso, mas não se preocupa hoje vai ser o último dia, mas uma coisa te falo, o Gabriel é muito mais homem que você.
Sair de lá e fui atrás do rei, agora aquele traficante iria ouvir.
Andei um pouco e achei ele, estava com uns dos capangas.
-Tá, leva ele, antes dele morrer vai ter que me falar o por que que o norte atacou.
Aquilo me deu um nojo tão grande, eu os interrompi rude.
-Preciso falar com você agora. -Exigir a sua atenção, ele me olhou e mandou o capanga sair.
-Diga. -Ele me olhava superior, eu fiz o mesmo.
-Nosso acordo acabou agora, você vai me liberar e vai deixar minha família e amigos em paz.
-Claro Michel, não tem sentido mais esse acordo, não conseguimos pegar o Alex e deixei o Gabriel na sua casa por que ele pediu.
Agora o rei fazia favores para mim? Vai tomar no cu.
-Ótimo, nunca mais quero te ver, nem você e nem ninguém do seu bando. Você vai garantir minha segurança de longe, se algo acontecer com alguém da minha vida ou comigo, vou entregar vocês para polícia e garanto que vou fazer de tudo para te colocar no inferno que é teu lugar. -Eu me surpreendi que não alterei a voz nenhuma vez, aquele cara me dava arrepiou, mas não sentia nenhum agora, não tinha mais medo dele.
-Me ameaçar não é a melhor solução, eu to dando o que você quer, só não abuse da minha boa vontade. -Que sínico, outro que eu queria dar um soco na cara.
-Vai para o inferno, só me deixe em paz. -Falei saindo dali.
Já do lado de fora eu busquei meu carro, estava na frente daquele galpão, alguém estava encostado no capô do carro.
-Amor, você tá... -Eu o interrompi.
-To indo embora. -Ele me olhou curioso e preocupado, ainda estava fraco por causa da doação do sangue.
-Só tenho uma pergunta para te fazer. -Eu estava parado na sua frente. -Não tenho mais acordo com seu pai, de certa forma eu to livre dele e acredito que ele não vai me perturbar mais.
-Hum, não sei... -Eu o interrompi de novo.
-Eu só quero saber, você vai comigo e desistir dessa vida? -Ele me olhou pensativo, tentando difere tudo aquilo, só que não falou nada.
-So isso que eu queria saber. -Entrei no carro e liguei o motor.
-Amor, Michel, calma eu não posso...
-Sim, eu sei disso, só queria ter a sua confirmação, acabou Gabriel, não podemos mais ficar juntos. Eu não quero essa vida para mim e também não queria para você, mas pelo que vejo você nunca vai sair daqui, então acabou.
-Não, só me dar um tempo, eu tenho que pensar numa maneira. -Ele estava na minha janela, estava com os olhos cheio de lágrimas, eu tive um pouco de dó, mas tinha que ser forte agora.
-Não tenho tempo Gabriel, quanto mais eu passo no meio disso, mais me envolvo, adeus.
Eu não esperei ele terminar de falar e dei partida do carro e sai dali, olhei para o retrovisor pela última vez, ele estava parado, estava triste e talvez chorando, sentir vontade de dar a voltar e abraçar ele, mas não, eu tinha indo longe demais dessa vez...
Gente, mas um capítulo. Vamos também no wattpad que lá têm vários outros que ainda não publiquei aqui