Narrado pelo Gabriel (príncipe)
Que merda, já estava de dia, o sol tirava a tranquilidade do meu sono. Aí minha cabeça, exagerei de novo na bebida.
Olhei para meu corpo, estava só de cueca boxer, um fino lençol branco cobria minhas pernas e do meu lado estava uma mulher. Gostosa ela, a noite foi bem divertida.
Me levantei e fui até a janela daquele apartamento de cobertura, abri a portar de vidro e fui até a sacada. A brisa do dia atingiu meu corpo semi nu, a vista da cidade era belíssima. Escolhi esse apartamento dos vários que meu pai tinha, tive que fazer uma missão para ele, custou algumas vidas e quase que os malucos conseguiram me pegar, mas valeu a pena, era maravilhoso aquele local.
-Nossa príncipe, você tem um corpo maravilhoso. -Ouço uma voz de sono vindo da cama, entrei de novo no quarto e dei um sorriso safado para ela.
-Volta para cama, vamos recomeçar nossa brincadeira. -Abri um sorriso maior, ela estava só de calcinha, seus peitos fartos era lindo, tive lembranças da noite passada e de novo eu estava excitado. Fui indo para cama quando meu celular tocou, fechei a cara e fui buscá-lo, no visor tinha o nome do meu pai, revirei os olhos.
-Vou atender essa ligação linda, vai tomando banho enquanto isso. -Pedi para ela, me olhou desanimada, mas foi.
Peguei um cigarro que estava em uma mesinha junto com o isqueiro e meu celular e atendi-ló.
-Diga. -Falei levando o cigarro na boca logo em seguida.
-Você é um irresponsável mesmo, imprestável, olha a hora que é. -Ele gritava do outro lado, apenas suspirei.
-Nossa paizinho, já começou o dia me xingando. Falei com tom irônico.
-Dia? Já passou da hora do almoço.
-O que o senhor quer? -Minha paciência estava esgotando.
-Primeiro você abaixa esse tom comigo, e segundo você tem uma missão que já devia está concluída.
-A claro pai, mas antes quis me divertir um pouco.
-Você vai se divertir quando acabar o que eu te mandei fazer. -Seu tom autoritário me dava nos nervos.
-Por que você não manda uns dos seus lacaios fazer isso?
-Por que quero que você faça isso, você tem que ter mais responsabilidade nos meus negócios.
Respirei fundo de novo e apaguei o cigarro. Terminei a ligação com um simples "ok" e desliguei, jogando meu celular em cima da cama.
Coloquei minha calça social preta e peguei uma camisa azul limpa que estava no guarda roupa, minutos depois a "gostosa" saiu do seu banho só de toalha.
-Mas querido, você já vai sair? -Ela parecia confusa.
-Eu e você já vamos sair. -A corrigir e depois abri minha carteira e peguei três notas de 100 reais e dei para ela.
-Toma, isso vai pagar seu táxi e o seu almoço.
Ela ficou vermelha, fez careta e me disse.
-Você acha que sou uma prostituta? Não quero seu dinheiro.
-Não to com tempo de saber qual é seu emprego, só quero que vai embora...-Tinha esquecido o nome dela.
-Samatha, meu nome. -Ela falava entre os dentes.
-Samatha vamos, coloca sua roupa.
-Você é um ser desprezível.
-O que você esperava? Que eu ia te dar amor? Namorar com você?
-Achei que pelo menos você seria menos idiota. -Ela colocou seu vestido e o salto alto e saiu.
Não me importei, dei de ombro com sua atitude, estava acostumado com essas garotas que levava para meu apartamento.
Terminei de me vesti, olhei no espelho, bom eu não era de ser jogar fora. Coloquei meu relógio e passei a mão em um pingente que estava presa em uma corrente fina de ouro que estava no meu pescoço, fechei os olhos e me lembrei da minha mãe, aquela era a única lembrança física que restava dela, mas também era a única lembrança da minha vida passada.
Bom, melhor esquecer isso e fazer o que meu pai mandou.
Passei no drive-tur de um fast-food e comprei algo para comer, a cabeça ainda doía devido às consequências da noite passada de beberia, mas sabia que uma dose de Uísque iria resolver esse problema.
Nada que curar uma ressaca com mais álcool.
Fui para o local onde eu teria que observar meu alvo.
O prédio era bem chique, os moradores deviam pagar bem caro para morar ali, tirando que a localizado era ótima.
Ali morava o Alex, meu pai deu para ele em forma de agradecimento de anos prestado como funcionário, ele não era um traficante, mas um conselheiro e amigo da família. Só que esse cara nos traiu e agora ele iria pagar por isso, meu pai não queria sua morte tão rapidamente, queria saber primeiro onde estava o cartão/pen drive dele, e eu fui encarregado para essa missão.
Se eu pegasse o Alex, o meu tio Guto iria surtar e revidar, então teríamos que ter cuidado com isso.
Mas primeiro teria que achar formas de entrar no seu apartamento e ver se estava lá, mas como iria fazer isso?
Horas do lado de fora dentro do meu carro, o Alex saiu, ele estava com um rapaz, devia ser algum namoradinho dele, então tive uma ideia.
Fiz algumas ligações e logo depois descobri que não era o seu namorado e sim seu vizinho, os dois pareciam muito amigos e eu pensei em um plano.
Eu iria seguir aquele cara, iria saber da sua rotina e quando viesse uma oportunidade eu iria me aproximar dele.
Esse plano se mostrou muito chato é tedioso, ele era médico, trabalhava no hospital São Luiz, onde o diretor era nosso médico também.
Esse médico se mostrou um cara muito previsível, só ia de casa para seu trabalho, mas nas suas folgas ele corria pelo parque.
Uma vez ele tirou a sua camiseta, pude ver seu corpo, não era forte e musculoso igual o meu, mas o rapaz era bem apessoado, e por que eu estava comentando sobre o corpo dele? Sou macho caralho.
Uma vez ele fez um caminho diferente, foi até um lado do parque que não conhecia, resolvi sair do carro e ir atrás dele, me escondi um tanto longe e observei ele discretamente.
Ele usava um short de exercício, regata e um tênis, ele olhava para o lago, seu rosto era bonito, mas seus olhos estavam perdido naquela paisagem, o sol estava se pondo, eu fiquei a imaginar o que aquele Doutorzinho estava pensando, será que ele era solitário? Ele apesar de ter amigos, como eu via ele não se mostrava tão feliz e completo, me identifiquei por um momento com ele.
Sem querer fiz barulho quando pisei em um galho e ele olhou para trás assustado, eu fiquei com medo de revelar minha identidade e sair bem devagar de lá, que loucura, por que eu estava observado com tanta atenção aquele rapaz.
Os dias se passaram e a rotina maçante e tediosa daquele médico se tornou a minha também, meu pai tinha uma frota de carro, então todo dia trocada ele para não dar na cara. Eu observada Michel atenciosamente, cada movimento fora do seu apartamento, queria uma oportunidade de ir falar com ele, saber como era sua voz, mas algo em mim tinha medo, não conseguia, eu travava, não tinha coragem.
A cada dia fiquei mais obcecado pela vida do médico que logo mais descobri com a ajuda do diretor do hospital, o Alfredo, que seu nome era Michel.
Meu pai já sabia do meu plano, mas estava me cobrado urgência para acabar logo com isso, mas será que eu queria acabar? Sentia vontade de continuar a observá-lo.
Um dia ele chegou cansado como sempre, ele entrou no prédio e logo em seguida saiu o Alex, sentir vontade de ir atrás do Alex e matá-lo, mas iria seguir com o plano.
De noite um carro preto parou na frente do prédio, saiu um cara bem alto e abriu um sorriso quando o Michel desceu, deu um abraço nele e pegou na sua bunda, sentir um ódio enorme com aquela cena, queria socar a cara daquele palhaço por fazer isso, devia ser o namorado dele? Eu tentei tirar isso da minha mente e dai que ele tinha namorado, problema era do Doutorzinho.
Eles saíram, pelo horário percebi que não ia para um restaurante, seguir eles e pararam em uma boate aqui perto, respirei fundo, aquela seria a chance de me aproximar do médico, mas aquele palhaço que estava com ele poderia atrapalhar meus planos.
Fiquei no carro por um minuto e pensei em como chegar nele, o que deveria fazer ou falar. Meu pai tinha dado a ideia de eu ficar com ele, como era gay o médico seria mais fácil, só que eu não sou viado, não achava certo fazer isso.
Mas até que uma boquinha no meu pau não ia fazer mal, estava na seca a tempo devido a essa missão.
Eu não estava mal vestido, sempre tentava sair de casa arrumado, passei desodorante e perfume que ficava no porta luva do carro, e fui para aquela boate que já tinha indo algumas vezes.
Chegando lá tentei procurar o Doutorzinho, rapidamente achei ele conversando com o palhaço que devia ser o namorado dele, fui para o bar e pedi uma bebida e voltei para um canto, logo vi que tinha indo um viadinho e levado o acompanhante do Michel, que não ficou muito feliz, mas deu de ombro.
Me sentir um pouco feliz, abri sem querer um discreto sorriso no rosto, não entendia essa reação por saber que o médico não namorava aquele trouxa.
Uns minutos se passaram e já tinha encontrado uns colegas de balada, eram todos urubus que só me rondava na esperança de eu pagar as bebidas para eles, mas eles me divertiam, as meninas já estavam do do meu lado, mas meu foco era no Doutorzinho que agora estava dançado, achei graça no jeito nele, meio desengonçado, mas se divertia, alguns cara tentava chegar nele só que ele dispensava, gostei daquela atitude.
Já tinha passado da 1 hora da manhã, eu estava em uma mesa com um monte de gente, alguns conhecido, mas a maioria nunca tinha visto na minha vida.
Eu tinha que acabar com isso logo, tinha que chegar naquele rapaz, estava com um copo de bebida na mão e já sabia o que ia fazer.
Peguei meu copo e fui até o menino que dançava muito, trombei nele de propósito.
-Olha o que você fez cara, tá louco? -Me surpreendi com a reação dele, quem o olhava não sabia que podia ser tão marrento assim.
Pensei em pedi desculpa, mas queria provocar ele.
-Tadinha da florzinha branca. -Branca por que era a cor da camisa dele e que combinava com sua cor de pele.
-Derrubei bebida na roupinha dele.
Ele me olhou com fúria, apesar de ser mais baixo que eu e mais fraco sentir um pouco de receio na atitude que ele poderia ter.
Mas tinha chegado aquele amigo/namorado dele, falou alguma coisa e o puxou. Estava perdendo a chance de me aproximar, não podia deixar isso acontecer.
-A florzinha tem namoradinho também? -Falei alto, as pessoas que estava ao nosso redor já nos observava. Ele somente se virou e me deu um soco no nariz, sentir dor com aquele ato e por dentro achei graça por aquele rapaz ser mais forte do que eu esperava.
Eu tinha que revidar, mas não queria machucar tanto ele, tentei controlar minha força e acertei seu olho. Ele foi para cima de mim e tentou me dar outro soco, desviei rápido e empurrei ele, nessa hora os meus falsos amigos já estavam perto e como amavam confusão entraram na briga, o amigo/namorado do médico também brigava e chegou os segurança separando a confusão e nessa hora encontrei o Michel no chão, estava sem a camisa que agora segurava na sua cintura, tinha sangue, na hora meu estômago revirou, me arrependi de ter causado isso, por que eu tinha que ser tão idiota assim?
Tentei ir até ele, tentar o ajudar, mas uns dos seguranças que parecia um ogro de tão grande e forte me juntou, me abraçado e logo veio outro e me levou dali. Antes olhei de novo para o Michel, o amigo dele e mais um segurança o levava pela outra saída.
-Me solta seu merda, você sabe quem eu sou? -Nessa hora o segurança me olhou sério e percebeu com quem ele estava se metendo.
-Desculpa senhor, não sabia que era você. -A maioria dos segurança já me conhecia, sabia quem eu era e usei isso ao meu favor.
Foi correndo para fora atrás do Doutorzinho, tinha que fazer alguma coisa para corrigi meu erro, mas ele tinha entrando no carro do seu companheiro e indo embora.
Merda, o que tinha feito, estraguei tudo, meu pai iria me matar, todos esses dias e horas que passei naquele carro, onde só saia para fazer minhas necessidade ou ir em casa tomar banho e com o tempo me divertia com a vida daquele rapaz, agora tudo era em vão. Me sentir horrível por isso e fui para o House club, tinha que me distrai, meu nariz doía um pouco e estava com um roxo no olho, passei a mão e dei uma risada, aquele menino realmente me surpreendeu.
-Chefe, você se envolveu em outra briga? -Eu já tinha indo para o meu canto do meu barzinho, comprei ele por que gostava da música e do lugar mais calmo, era frequentado por ótimas pessoas, e sempre saia de la com alguma gatinha que caia no meu papo.
Clarissa era minha bartender, ela sempre era gentil comigo e quando virei dono do lugar fiz questão de que ela trabalhasse comigo.
-Sempre gatinha, me ajuda aqui. -Sentei numa cadeira e ela veio com um pano e gelo e segurou para mim, ela olhou um pouco meus hematomas e concluiu que não era nada, o nariz não tinha chegado de fato quebrar, respirei fundo e ela colocou ele no lugar, soltei um grito meio alto, mas abafei com uma mão.
Peguei o copo de Uísque e virei de uma vez e já pedi outro.
Me peguei pensando no Doutorzinho, será que ele estava bem? O que tinha acontecido? Quem teria feito isso? Me sentir culpado de novo, tinha que ir atrás dele, devia está em algum hospital, mas antes queria falar com a Clarissa.
-Gatinha, chega aí.
-chefe eu não vou transar com você de novo, eu só fiz aquele dia por que eu estava carente. -Ela era linda, muito gostosa e só uma vez tinha conseguindo pegar ela, depois disso nunca mas aceitou minhas investidas.
-Relaxa gatinha, quero ter um papo mais cabeça com você.
Ela me olhou curiosa e se sentou na cadeira que ficava de frente comigo e me olhou desconfiada.
-Você me acha promíscuo ? -Falei bebendo mais um gole da minha bebida.
-Se promíscuo quer dizer sair com uma pessoa diferente a cada dia e nunca ter nenhum envolvimento íntimo e pessoal com as suas companhias, então sim, você é.
Eu gostava mais da Clarissa por que ela sempre falava a verdade, não tinha medo do que poderia fazer com ela ou a demiti-la, sempre falei que não ia a demiti por ela falar com que pensa, ao contrário das outras pessoas que tinha medo de mim.
-Nossa gatinha, você sabe machucar meus sentimentos. -Fiz biquinho para ela e tentei fazer cara de chateado, mas segurava o riso.
-Sabe príncipe, um dia isso vai mudar, você vai encontrar alguém que vai te fazer mudar de opinião sobre como se relacionar com as pessoas. -Ela ainda estava seria, tentei quebrar o clima.
-Talvez gatinha seja você essa pessoa. -fiz minha cara de sedutor e dei um sorriso safado.
-A gatinha aqui já está vacinada e castrada contra o seu papo conquistador.
Dei uma gargalhada e me levantei dando um beijinho no canto da boca dela.
-Tá certo gatinha, vou embora, antes me dar esse litro de Uísque.
-Cuidado Gabriel.
-Sei me cuidar Clarissa. -Pisquei para ela e peguei o litro e sair dali.
Lá fora encontrei o do segurança do bar, que agora estava lá fora sozinho sentado em um banquinho.
-Fala príncipe, já vai embora chefe? -Ele me comprimento.
-Sim mano, mas antes me passa um bagulho aí.
-Tá doido chefe? Não posso te dar isso não. -Falou me olhando preocupado.
-Para de graça, só quero um saquinho.
-Chefe não posso, a última vez o seu pai quase me matou quando soube que te dei um pouco.
Respirei fundo, já estava frustrado com aquele papo.
-Anda, me dar. -Levantei a mão até ele.
-200 reais. –Ele disse me olhando com receio.
-Você tá vendendo droga para o filho do seu traficante? -Eu estava com os olhos serrados.
-Chefinho, se eu voltar sem a droga e sem o dinheiro eles vão achar que roubei ou que usei.
-To brincando, toma aqui. -Entreguei para ele o dinheiro e peguei o pó que estava no saquinho.
-Príncipe, só não fala que foi eu que te vendi.
-Não quero problemas para você, relaxa.
Sair e fui para o carro, não costumava usar droga, mas em momentos como esses eu usava, estava mal, não me conformava por ter causado dor ao Doutorzinho, e a Clarissa dessa vez tinha pegado pesado comigo.
Entrei no carro, fiz duas carreira com aquele pó em cima de uma agenda e cheirei uma, mexi meu nariz que ainda doía e ergui minha cabeça para trás, bateu forte aquilo.
Se meu pai descobrisse estava morto, na primeira vez ele me colocou uma semana na cela de tortura. Mas que se foda, ele que me mate.
Fiquei naquele carro um bom tempo, a garrada já estava na metade, eu não via muita coisa na minha frente.
Meus pensamento ainda estava naquele médico, resolvi então ir atrás dele, podia já estava no seu apartamento ou no hospital, fui então procurar ele.
No caminho eu já estava dirigindo mal, não conseguia me focar em nada na minha frente, minha mente viajava, foi aí que vi duas luzes vindo na minha direção.
-O que esse palhaço pensa que estar fazendo vindo da contra mão? -Falei para mim mesmo.
Só que eu que tinha invadido a pista contrária, e não teve jeito, bati de frente com o outro carro.
Tudo foi como um flash, momentos depois estava em uma ambulância, faziam várias coisas comigo que não entendia o que era, depois estava no hospital e eu xingava uma enfermeira, pelo visto novata.
Aí que chegou o Doutorzinho, eu devia tá muito chapado, ele me ameaçou falando um monte de merda para mim, mas acabei aceitando o que ele queria.
Eu não deixei ele tirar minha camisa, tá louco? Ele não ia me tocar não. Mas meu braço devia tá quebrado, doía muito e ele me ajudou no final das contas. Os momentos passou rápido de novo, ele olhou minhas costelas, se assustou e saiu correndo, depois voltou e me levou para a sala de cirurgia.
Ele segurou na minha mão, a minha respiração estava rápida, estava sem ar já. Seus olhos castanhos cor de mel estavam lindos, o seu rosto era meigo e carinhoso, muito contrário da sua personalidade, mas isso só realçava sua pessoa.
Ele me pediu para confiar nele e eu queria isso, queria voltar a confiar nas pessoas, e nesse momento eu cedi e confiei nele minha vida e fechei os olhos.
Quando abrir meus olhos, uma luz forte e branca atingiu minha visão, fiz careta e me sentir confuso.
Olhei para o lado e vi um homem sentando na poltrona do lado, ele estava lendo um jornal.
-O que ...-Estava perdido com aquela cena.
-Até que fim você acordou seu inútil, estava cansado já de ficar aqui.
Ainda estava confuso com aquilo.
Ele se levantou e foi até mim.
-Você conseguiu superar todas as burradas que você já fez na sua miserável vida, sabe o quanto eu tive que fazer para não deixarem te prender? Sorte que te levaram para o hospital do Alfredo.
-Pai, o que...
-Não se faça de idiota, você sabe o que aconteceu. -Ele respirou fundo e disse.
-Quando você receber alta, me encontra em casa, já sei o que vamos fazer na questão do vizinho do Alex.
*****
Eu já estava na casa do Michel, queria tentar me aproximar dele de algum jeito, mas ele era duro na queda. Na primeira noite ele quase que acaba de quebrar minhas costelas machucadas, sempre me dava fora, eu decidir fazer comida, minha mãe tinha me ensinava quando criança e depois da Dona Maria assumiu esse papel de professora. Parecia que ele gostava do rango que fazia.
Na primeira vez que o vi pelado me surpreendi, não somente com seu corpo, mas com a cara dele, coitado não sabia o que fazer, ficou muito vermelho, tentei amenizar aquele acidente com uma piadinha, uma que ele não gostou muito, mas me diverti.
Fizemos um acordo, apesar de ele estar sendo obrigado a me aceitar na sua casa, e eu de certa forma também era obrigado, resolvemos dar uma trégua. E nesse momento percebi que as provocações que fazia com ele era só um jeito de afastar algo que crescia em mim.
A proximidade com aquele menino estava mexendo com minha cabeça, minha excitação que sentia aumentava a cada dia, me sentia perdido, pensei que era por que estava na seca, tentava descarregar meu tesão com as mãos, mas não adiantava, toda vez que me masturbava eu me pegava pensando nele, naquela bundinha, boca, em todo seu corpo. Aquilo estava virando loucura, será que eu tinha batido com muita força minha cabeça no acidente para eu está tão louco assim?
Um dia estava com muito tédio, queria sair, provar a mim mesmo que o que estava sentindo era a falta de sexo com uma gostosa, e isso que ia fazer. Convenci ele a me levar para sair, fez um discurso sobre eu beber, usar drogas e tal, eu de novo achava graça no jeito dele falar.
Chegando no meu bar, ele ficou surpreso por eu ser o dono, a Clarissa me olhava com uma risadinha de canto, não entendia por que ela fazia isso.
Eu não olhava para as pessoas que estava embaixo na pista, meus olhos só sabia o encarar, como eu tinha me surpreendido com ele. Acho que ele se incômodo com algo que eu disse, e foi para a pista de dança, eu fui atrás. Eu tinha que pegar alguém, tinha que mostrar que aquelas minhas atitudes ou sentimentos que nem sabia que poderia ter por alguém, era somente por causa do isolamento.
Apareceu uma menina, tinha o cabelo preto e olhos castanhos, era bem bonita, não tinha um corpo muito gostoso, mas iria resolver.
Comecei a me aproximar dela, falei algumas cantadas baratas no seu ouvido e logo a ataquei. A beijei com força, de frustração de ter que provar para mim que eu era hétero.
Mas em nenhum momento conseguir tirar o Michel da minha mente, eu estava beijando a garota, mas imagina que era o Doutorzinho e aquilo doeu, doeu de verdade.
Parei o beijo e inventei alguma mentira para aquela menina. Sair na procura no Michel, me desesperei quando não o achei, onde ele estava. Procurei por todo o bar, até que o Prego me pega pelo braço e manda eu ir com ele, não queria, tinha que achar o Michel, o empurrei o jogando contra uma mesa e ele gritou.
-Calma príncipe, eu só vim te levar para casa, aconteceu uma coisa é o Michel tá bem, não se preocupa, só temos que voltar para o apartamento.
Meu medo aumento, sair correndo e o Prego foi atrás.
Chegando no prédio o Prego me levou até o apartamento, eu tinha bebido de novo mais do que devia, então ele me segurou e me jogou no chão, acho que queria descontar por eu ter o empurrado em cima da mesa.
O Michel chegou correndo até a sala, sua expressão era assustadora, me preocupei, o que tinha acontecido? Não sabia, mas ele tremia seu corpo, em algum momento chorou me explicando o acontecimento, sentir muita raiva daquele bandido, sorte que ele tinha morrido se não eu o teria matado.
-Quero a verdade. -Ele me exigiu saber os motivos de eu estar me hospedando na sua casa, não vi solução do que falar uma parte da história, ele estava agora nervoso, se sentia enganado, quis acalmar ele, e perguntei como era beijar um homem.
Nessa hora ele teve a pior reação, me colocou literalmente contra a parede e me mostrou como era, no início eu fiquei supresso com aquilo, ele tentava fazer de forma errada, do jeito ruim de beijar alguém, mas eu tinha uma oportunidade e ia aproveitar.
Correspondi o seu beijo o segurando com força e dando o meu melhor, sentir a boca do Doutorzinho da minha era surreal, eu só queria mais.
O seu corpo estava aceitando as minhas investida. Ao contrário que aconteceu com a garota, eu estava querendo mais, meu pau latejava dentro da cueca, devia estar todo melado e sentia o dele duro também contra o meu. Nessa hora ele fez algo inusitado, me mordeu o lábio inferior com força me fazendo reagir contra ele e com isso teve chance de escapar dos meus braços e correr para seu quarto e se trancar lá dentro.
Dei um sorriso e fui até a geladeira pegar uma pedra de gelo. Eu queria mais daquilo e eu ia ter.
No outro dia resolvi ensinar ele a atirar, ele tinha que saber como se defender causo eu não tivesse perto dele.
Ele me deu um susto quando apertou o gatilho da arma sem estar preparado, mas o ensinei a fazer o certo, quando estava atrás dele pude sentir seu cheiro, era delicioso, sua pele era macia e eu tinha vontade de morder aquele pescoço.
Eu o beijei de novo, nessa vez o Doutorzinho tinha se entregado a mim, foi submisso as minhas investida, tentei ser calmo, deixar o momento falar por ele mesmo.
Levamos um susto quando percebi que tinha alguém nos vigiando, apontei a arma para atirar no invasor, mas era o o Wallace, um lacaio do meu pai, uns dos mais confiáveis, mas tinha um temperamento um tanto diferente dos outros.
Ele me informou que meu pai queria falar comigo, já imaginei o que seria.
Falou que podia levar o Michel em
casa, não aceitei aquilo.
Mas o Doutorzinho quis ir com ele, isso me trouxe um sentimento ruim, não podia deixar ninguém chegar perto do médico e percebia as olhadas se o Wallace tinha para ele.
Mas deixei, eu precisava realmente falar com o rei.
Sair de lá e fui até a mansão, meu pai queria informações sobre o plano.
Falei que o Alex tinha fugido, e quando revistei sua casa não tinha nada.
O rei mandou então cancelar minha hospedagem obrigatória na casa do Michel e achar outra maneira. Rapidamente eu insistir em ficar, talvez o Alex voltasse para casa e era melhor ficar perto, meu pai desconfiou do real motivo, mas concordou.
Voltei para o apartamento, e ele estava no quarto, queria terminar aquele beijo, sentir a boca dele de novo.
Brinquei com ele com a intenção de voltar a falar do beijo, ele me provou também, mas no final o beijei, só que agora era mais quente, queria entrar nele, sentir como ele era por dentro.
Logo estávamos sem roupas, ele estava pronto para mim, mas me sentia inseguro, já tinha comido cú de mulher, mas queria que fosse diferente com o Michel, não somente sexo, queria sentir prazer não só físico e sim emocional.
Fiz tudo que ele me pediu para fazer, foi alucinante fazer amor com o Doutorzinho, me sentir completo quando terminamos.
Já na cozinha, ele me perguntou sobre o que eu era. Sinceramente não sabia, nunca tinha sentindo essas emoções com alguém, muito menos por um homem, nunca alguém despertou tanta alegria em mim, uma felicidade que achava que não existia mais.
Claro que eu fazia merda ou falava coisa erradas, mas tudo era novo, não sabia como controlar minhas emoções que achava que tinha morrido em mim.
Por isso tentava o máximo agradar meu novo amor, acordava mais cedo, ia no mercadinho que tinha do lado, comprava tudo para fazer o café da manhã para ele e pegava rosas no jardim do prédio, eu o acordava com um beijo, a sua primeira reação era de bravo, ainda sonolento, aquele rosto era fofo nervoso e com sono, mas quando via o seu café e os gestos românticos que fazia para ele, abria um sorriso lindo, suas bochechas tinha covinhas, o que completava ainda mais a sua beleza. Às vezes de noite eu não tinha sono, pensava na minha vida, em que essa felicidade logo iria acabar, mas queria viver o máximo possível para ser feliz ao lado do Michel, iria fazer de tudo para poder ficar para sempre com ele, pois sentia o que nunca achei mais que iria ter o prazer de sentir, comecei a ama-lo, amar todos os detalhes do meu Doutorzinho.
Só que minha felicidade durou pouco, quando ele deu partida no seu carro depois de ter salvado a vida do Wallace, meu coração foi com ele.
Senti o mesmo vazio que sentia antes, mas agora eu sabia a razão da minha infelicidade, eu era o próprio vilão da minha vida, sabotei a única coisa que me fazia feliz. Deixei ir embora o amor da minha vida.