Narrado pelo Michel
No caminho até minha casa foi o mais longo que já fiz na minha vida, os 15 minutos de viajem pareciam uma eternidade.
Eu não ia chorar, não podia ser fraco. O que sentia pelo Gabriel teria que acabar, teria que matar um sentimento recém nascido.
Passei pelo porteiro, o seu Antônio e ele se assustou, eu ainda estava com a roupa cheia de sangue do Wallace.
-Michel, o que aconteceu? Meu Deus. -Ele estava apavorado.
-Nada seu Antônio, o sangue não é meu.
-Está chovendo sangue lá fora? -Ele me perguntou incrédulo.
Forcei um sorriso.
-Não seu Antônio, eu fiz uma cirurgia e não deu tempo de trocar de roupa. -Eu estava com a cabeça cheia que nem quis inventar uma desculpa, só queria subir.
-Rapaz, para mim tá mais para um açougue. -Forcei outro sorriso e entrei no elevador, apertei o andar do meu apartamento e esperei a porta se fechar.
Cheguei no meu apartamento e fui direto para o banheiro, tirando a roupa no caminho, fui arrastando minhas pernas.
Liguei a banheira e entrei nela, estava pelado e me afundei naquela água quentinha.
Não conseguir pensar em nada do que tinha acabado de acontecer, só queria um minuto de silêncio, mas com esse silêncio veio com meu choro, chorei sim, não tinha mais a necessidade de permanecer forte no meio da minha solidão.
Esfreguei meu corpo com uma bucha e nos meios das lágrimas, queria tirar todo aquele sangue de mim, mas também me livrar dos todos os acontecimento daquela noite.
Como pude fazer aquilo? Salvei uma vida, mas a custo de que?
Fiquei mais revoltado em saber que meu chefe era um criminoso também, mas esse eu ia deixar para amanhã.
Fiquei pensando em como várias pessoas da minha vida estava envolvido com esses traficantes, aquilo devia ser mentira.
E Gabriel, era para ter um dia agradável ao seu lado, tentar viver aquele romance, mas o que aconteceu era imperdoável.
Terminei meu banho e fui para meu quarto, peguei a roupa com sangue e coloquei num saco de lixo. Amanhã iria jogar fora.
Olhei para a cama e por um momento me paralisei de novo, ainda estava bagunçada pelo que aconteceu mais cedo com ele.
Tirei o lençol, pensei em jogar fora, mas eram novos, então coloquei para lavar e depois ia dar para alguém, talvez seu Antônio queira.
Quando tirei as fronhas, me permiti cheira elas, ainda tinha o cheiro amadeirado do Gabriel, aquilo me enfureceu um pouco e joguei as fronhas juntos com o lençol na máquina.
Já com a cama com um novo jogo de lençol, me deitei e olhei para o quarto, não adiantava eu me livrar dessas coisas, sendo que o quarto, a sala, a cozinha, tudo me lembrava dele, mesmo se eu mudasse de apartamento ainda teria alguma coisa que me faria recordar os momentos que passei com ele.
Fechei meus olhos e sentir meu corpo todo com dor, quanto física e emocional.
O que eu iria fazer não importava mais, a decisão tinha sido tomada, não iria voltar a atrás, com esse pensamento me entreguei ao cansaço e dormir.
*****
Eu estava na mansão do rei, aquelas estátuas de Deuses grego me fascinava, eram tão linda. Uma delas era o Possêidon, rei do mar, ele tinha os cabelos longos, corpo semi nu e um tridente em suas mãos de pedra.
-É lindo demais, eu sempre fui obcecado por mitologia grega. -A voz que me falava era conhecida, olhei para trás e vi o rei, ele estava com seu terno e seu sorriso de psicopata de sempre.
-Sabe, apesar de o Zeus ser o mais poderoso de todos, eu prefiro o Hades.
-Claro que você prefere, você é próprio diabo. -Falei gritando.
-Sabe Michel, uma coisa eu admiro em você. -Ele ainda mantida seu sorriso infernal e estava na minha frente com uma postura ereta.
-Você sempre me desafia, não tem medo do que eu possa fazer com você.
-Isso mesmo, eu não tenho medo de você, por que você não passa de um cretino. -Eu estava avançando contra ele.
-Por sua coragem eu sou obrigado a fazer isso. -Ele tirou a arma que estava presa nele, a levantou e me deu um tiro.
Com o susto gritei, a bala tinha pegando no mesmo local onde o Wallace tinha sido atingido, eu olhei para ele e cuspir no chão de repúdio.
-Você não vai ganhar de mim Michel, você nunca vai conseguir se livrar disso. -Eu cai no chão, a dor era enorme, ele apontou de novo a arma para mim e dessa vez fechei os olhos.
Acordei com meu grito, olhei para o lado e tudo estava ali como deixei antes de dormir, respirei fundo e tentei me controlar.
O sonho parecia tão real que coloquei a mão na minha barriga, me preocupando se ali estava machucado, mas não, foi somente um sonho.
Já era de dia, o sol já nascia e eu tinha que fazer o que prometi.
Me troquei de roupa e peguei meu celular, tinha varias mensagem do Gabriel, as ignorei.
Tinha mensagem dos meus amigos e também dos meus pais. Teria que voltar com a minha antiga vida.
Disquei o número da Fernanda e esperei ela atender.
-Oi Micky, acordado tão cedo? -Ela tinha ainda voz de sono, talvez tinha
ficado de plantão e a atrapalhei.
-Desculpa Fer, sei que você têm que dormir, mas queria te perguntar uma
coisa.
-Menino, você some por 3 semanas e a agora de manhã você me vez com perguntas, acho que eu que tenho que te perguntar as coisas.
-Sim Fer, eu já te falei que estava na casa dos meus pais, mas tarde você pode fazer as perguntas que querer, só quero que você me responde uma coisa.
-Amigo, to preocupada, o que foi?
-Eu...eu...-Estava com medo da resposta e travei.
-Se você não terminar essa frase, eu vou a onde você estar e te levar na fonoaudióloga. -Ela estava com tom de brincadeira, mas sabia que estava preocupada.
Decidi acabar com aquilo logo.
-O pai do Bernardo é um traficante? -Agora eu tinha falado rápido demais.
-O que? Tá louco? -Ela tinha aumentado sua voz, não tinha mas resquícios da sua voz de sono.
-É sério Fernanda, preciso saber disso. -Falei sério.
-Claro que não era um traficante, só um idiota mesmo. -Ela falou em um suspiro.
-Obrigado Fernanda, você não sabe como isso é importante para mim, beijos linda.
Falei tudo rápido, não deixando ela responder e desliguei a ligação, e com essa atitude já sabia que ficaria hora tentando explicar para ela essa pergunta.
Pelo menos meu afilhado não teria um pai traficante.
Liguei para meus pais e inventei outra mentira e depois liguei para o Cláudio, falei a mesma mentira que contei à Fernanda.
Ele não acreditou muito, mas não protestou contra minha mentira.
Fiz meu café como o habitual e me vestir. Peguei meu celular, carteira e chave do carro e fui para o hospital, o quanto mais rápido eu realizasse meu planto, mais rápido tudo isso iria acabar.
Chegando no hospital fui direto falar com o demônio. Bati na sua porta e ele mandou eu entrar.
-Olha quem apareceu? Veio pedi sua demissão? -Ele me olhou por cima dos óculos e falou em um tom sarcástico que me deu náuseas.
-Não senhor, quem vai pedir demissão hoje aqui é você.
Ele só me observou confuso.
-Isso mesmo que você ouviu, quero sua carta de demissão agora no Rh.
-Você ficou louco meu amigo? -Ele estava sério agora, seu sorriso falso já se transformava em uma careta.
-Não, eu não fiquei louco ainda, mas faça o que eu to pedido, por favor. -Eu tentava manter meu tom formal, mas no fundo queria encher de soco a cara daquele velho.
-E por qual motivo eu iria pedir demissão do meu cargo de diretor desse hospital? Para deixar você feliz? -O seu sarcasmo tinha voltado.
Peguei no meu bolso o celular e coloquei em cima da mesa, fui nos meus arquivos e abrir o áudio e coloquei para ele ouvir.
Quando acabou a gravação ele simplesmente me olhou com cara de paisagem e falou.
-Isso é prova de que? Tu acha que algum juiz vai me julgar por isso? E ainda uma gravação sem autorização? isso não é nada meu caro.
-Eu sei disso meu "caro", mas não quero levar esse áudio para nenhum juiz ouvi, mas pensa comigo, o que o conselho do hospital vai achar quando esse áudio for vazado? O que seus funcionários, paciente ou até mesmo a impressa vai pensar? -Eu estava usando meu tom irônico. -Acredito que eles vão achar interesse em saber que o diretor de um hospital tão conceituado, tem envolvimento com um traficante e ainda aceita propina para trabalhar com eles em um local não autorizado por nenhum meio.
Nessa hora sua expressão mostrou medo, ele engoliu em seco e olhou para baixo.
-Bom, você tem até o final da tarde para se organizar e levar sua demissão. Ok? -Eu me levantei e fui indo em direção da porta, antes queria ouvir a sua confirmação.
-Eu vou fazer isso, mas não pense que isso acabou, se você quer briga seu moleque, você vai ter, o rei não vai gostar disso.
-Eu quero que você é esse rei vão para o inferno de mãos dadas. -Agora eu estava bravo, minhas mãos começaram a tremer.
-Podemos ir, mas você e seu namoradinho vão juntos. -Ele também tinha se levantando e alterado sua voz.
-Então veremos. -Ergui minha cabeça em pose autoritária, não queria bater nele, não ia me rebaixar, somente sair da sala.
Já no meu carro eu conseguir respirar, não queria ver ninguém dos meus colegas, quando voltasse das minhas férias iria conversar com eles.
Espero que aquele velho faça o que eu pedi, sabia se eu vazasse aquele áudio seria uma bomba e eu estaria no meio desse escândalo, mas eu iria até o final para tirar aquele bandido do comando.
Indo para casa sentia que alguém me seguia, um carro preto, mas não liguei, sabia que era alguém que trabalhava para o Rei.
Cheguei em casa e arrumei minhas malas, estava na hora de viajar, faltava uma semana para eu voltar ao trabalho e seria ideal para ver meus pais e meu irmão no interior.
-Vai viajar Doutor? -Seu Antônio estava na portaria.
-Vou, falta uma semana para voltar das férias, então vou para praia. -Mentir para ele, nesse momento não poderia mais confiar em mais ninguém, mas mesmo assim eu seria seguido.
- Boa viagem então Doutor.
Abasteci o carro, mandei fazer revisão e peguei a estrada.
Liguei meu som e a radio e tocou uma música do Imagine dragons, "Natural". Sabia inglês e a tradução daquela música foi incrível.
"Esse é o preço que você paga
Deixe para trás seu coração e o jogue fora.
Apenas mais um produto do hoje.
Melhor ser o caçador do que a presa
E você está parado no limite, de cabeça erguida"
Comecei a chorar.
"Fiz um juramento com o sangue da minha mão, não vou quebrá-lo
Posso sentir isso, o fim está sobre nós, eu juro
Vou conseguir
Eu vou conseguir"
Sim eu ia conseguir, não poderia ser fraco agora, tinha passado de todos meus limites e esse amor não valia a pena, eu não podia me privar de ser quem eu era por causa de um cara que não abriu a mão de nada por mim.
Demorou umas 6 horas de viagem, o carro preto ainda me seguia, tentava fazer vários caminhos, mas ele conseguia me achar, ótimo, que venha, talvez eu chame esse traficante para jantar em casa com meus pais, eles iriam adorar isso, revirei os olhos.
Chegando na minha cidade já podia ver o rio que a cortava, era uma cidade minúscula, quando chegava na entrada e já via o final dela.
Mas era meu lar, ali que cresci e amava aquilo, o ar puro, sem trânsito e poluição.
As pessoas eram totalmente diferente da cidade grande, muito humildes e amava ficar batendo papo na rua, lembrei de várias tardes que ficavam na frente da casa da minha falecida vó com meus primos, conversávamos tanto, tínhamos tantos planos, tantos desejos e por um momento desejei voltar no passado e viver aqueles momentos de volta.
Peguei um estrada de chão e fui direção da casa dos meus pais, eles moravam em uma chácara, ficava perto do rio, e era lindo acordar com a visão que aquela água me propiciava.
Chegando da frente de casa buzinei, alto e seguido.
-Mas o que tá acontecendo aqui?-Uma senhora de meia idade saiu de casa, estava de vestido e com os cabelos presos, ela era linda, minha mãe era minha rainha.
-Meus Deus, Michel? -Ela ficou parada na frente de casa e eu sair do carro.
Ela veio com calma até mim, acredito que estava muito supressa.
-Oi mãe! -Eu a abracei forte, queria muito chorar no colo dela, mas isso iria gerar várias perguntas que não ia conseguir responder.
-Menino, o que você faz aqui? Por que não me avisou que iria vim? Aí meus Deus. -Seus olhos estavam cheio de lágrimas, se ela chorasse eu não ia aguentar também.
-Resolvi vim de última hora, é minha última semana de férias e queria ver vocês.
-Aí meu filho, entra, seu pai tá trabalhando e seu irmão também, eles também vão ficar muito felizes.
Entramos e por um momento olhei para trás, o carro preto estava parado na estrada, aquilo iria gerar várias perguntas dos vizinhos, mas problema era dele, não me importei.
Mas tarde chegaram meu pai e meu irmão, eles também ficaram supressos.
A semana de passou tranquila, conversei bastante com meus pais e meu irmão, era bem tedioso ficar ali, mas precisava relaxa e ajudou muito aquela calmaria.
O carro preto ainda me seguia para onde eu ia, apenas dava de ombro.
Um dia antes de ir embora fui até o Rio, fiquei lá por algumas horas somente olhando para o nada e não me permitir pensar na minha vida, a água era calma, o cheiro de natureza enriquecia minha alma, quando adolescente eu ficava horas olhando a paisagem, me permiti sentir aquilo de novo.
Estava escurecendo, o sol estava se pondo e dava um contaste fenomenal na água, tinha que ir para casa jantar, me levantei e disse adeus ao rio e joguei uma pedra na água.
Quando cheguei perto da entrada de casa levei um susto, o carro preto estava na frente.
Entrei correndo com medo de alguma coisa que podia está acontecendo, abri a porta e meu corpo todo tremeu e fiquei de boca aberta.
O que ele fazia ali.
-Michel, por que você não me disse que seu amigo ia vim. -Minha mãe se levantou e foi para perto de mim, meus olhos estavam grudado naqueles olhos azuis, não conseguia olhar para mais nada, ele me olhava se divertido com a cena e com um sorriso no rosto.
-Michel, eu to falando com você. -Minha mãe falou mais alto me tirando do transe.
-Mãe... eu... -Gaguejei, e o Gabriel disse.
-Desculpa, senhora Beatriz, não avisei ao Michel que vinha. -Ele se levantou e deu o sorriso gentil e sedutor dele.
Minha mãe ficou vermelha e deu uma risadinha.
-Não me chame senhora, não sou tão velha assim, me chama de Bia. -Ótimo, agora minha mãe estava sendo conquistada por ele.
-Bom, mas já que está aqui, o amigo do Michel também são nossos amigos. -Nem tinha reparado que o meu pai e o meu irmão também estavam na sala.
Eles dois estavam mais sério, olhava Gabriel com certa desconfiança.
-Sim mãe, mas ele me disse que ia vim, esqueci de avisar vocês. -Menti para não dar mais conversa.
-Gabriel, vamos lá fora, vou te mostrar o lugar. -Falei sério e com tom autoritário.
Olhei para meu irmão Marcelo e ele me olhava com curiosidade.
Fui para fora e o Gabriel me acompanhou.
-Desculpa de novo por não ter avisado. -Ele ainda falava rindo, seu sorriso de novo tirou risos da minha mãe e até meu pai deu um sorriso de canto.
-Você é inacreditável Gabriel, por que você fez isso? -Eu gritava com ele do lado de fora e andava em passos rápidos pela estrada.
-Calma Doutorzinho, não corre.
-Por que? Por que você veio aqui? -Eu me virei e nesse momento ele trombou comigo.
-Desculpa. -Ele se afastou um pouco.
Eu ainda estava parado com raiva olhando para ele esperando uma resposta.
-Desculpa também por ter vindo, mas ficar no carro estava chato demais, então pensei...
-Pensou errado. -E me lembrei do que ele disse. -Você que estava no carro preto esse tempo todo? Você me assusta cara, deve ser um demente. -Eu me virei e de novo sair andando apressado.
-Espera, a onde você vai? -Ele estava correndo atrás de mim.
-Vou te levar até seu carro, você vai embora. -Falei entre as respirava forte que dava, estava cansado já.
-Sua mãe me convidou para o jantar.
De novo me virei.
-E daí? Vou avisar que você estar indo embora.
-Você não acha que seria chato isso? Eles vão desconfiar que você não gosta de receber seus amigos em casa.
-Você não é meu amigo.
-Verdade, sou mais que seu amigo. -Ele abriu o sorriso conquistador de novo.
-Não, você não é mais nada para mim. -Falei rápido aquela frase é o sorriso dele intensificou.
-Você fica muito lindo mentindo. -Ele chegou perto demais, sua voz estava rouca e eu comecei a respirar ainda mais fundo.
-Eu sei que você tá mentido Michel, sua respiração aumenta quando eu chego perto, seu coração bate tão forte que consigo ouvir ele de distância. -Ele passou a mão na minha bochecha. -e você fica corado quando eu toco em você.
A outra mão prendeu minha cintura.
-Sai Gabriel. -Empurrei ele, era tudo verdade o que ele tinha dito, mas não ia ceder.
-tá bom, você janta e depois vai embora. -Falei entre os dentes.
-Sim senhor. -Ele fez reverência igual um soldado.
Revirei os olhos e voltamos para casa.
Minha mãe já estava fazendo janta, meu pai lia um jornal e meu irmão devia estar no seu quarto.
-Vou tomar banho. -Avisei a todos, o olhar que o Gabriel me deu falava que queria ir comigo, eu dei de costa e sair.
No chuveiro liguei na água gelada, uma ducha fria iria esfriar meu corpo, e a minha ereção.
Sai do banheiro trocado de roupa, e do lado de fora alguém me para, era meu irmão Marcelo.
-Maninho, tá tudo bem? -Ele me perguntou preocupado.
-Sim Marcelo, tudo bem. -Eu me recuperei do susto.
-Sei lá, quando você viu aquele cara parecia que tinha visto um fantasma. -Não, só não esperava.
-Mas você disse que ele avisou você, maninho se você não quer ele aqui eu o coloco para fora, vou lá agora. -Ele ia pelo corredor e parei ele, coloquei a mão na minha cabeça e respirei fundo. Meu irmão era mais esquentado que eu, amava uma briga.
-Não, já conversei com ele, tá tudo resolvido.
-Maninho, ele é seu namorado? -Ele me perguntou com uma cara de simpatia.
-Não... quer dizer... não é. -Eu me entreguei naquela frase.
-Será que não? Eu observei como vocês se olham, se eu e a Katia ainda tivessem esses desejos, estaríamos casados agora. -Senti pena do meu irmão.
-Vocês não estão bem?
-Não maninho, depois de 8 anos as coisas esfriaram.
-Pensei que vocês iam casar, a mamãe falou que estavam noivos.
-Sim, ainda estamos, mas não temos as mesmas vontades e planos. -Fiquei confuso com aquilo, ele olhava triste para a parede.
-Ela quer ir embora, que conhecer outros lugares, novas experiências e eu quero casar, ter filhos e começar uma família.
-Mano, vocês namoram dês o colegial, nunca tiveram outros parceiros, ela só tá com medo, normal isso.
-Você acha que ela quer namorar outro cara? -Ele abaixou a cabeça triste.
-Não Marcelo, não acho que a Katia é assim, só penso que como eu, ela também queira sair daqui, ter outras opções.
-Você tá me confundido Michel. -Ele respirou fundo, coloquei a mão no peito dele e falei.
-Mano, conversa com ela, pergunta o que ela quer de verdade, deixa ela fazer o que deseja e quando fizer, ela vai ver que você é um cara incrível e vai voltar correndo para seus braços. -ele ficou pensativo por uns segundos e falou.
-Sinto sua falta Michel, todos sentimos, queria que você viesse mais vezes, curto muito esses papos com você Maninho. -Ele fez cafuné na minha cabeça em forma de carinho. -Você me faz enxergar coisas que estão na minha cara.
-Também sinto falta de vocês...-Olhei para baixo, depois de tudo que aconteceu nesse último mês, eu queria mesmo voltar para minha família, mas tinha que ser forte.
-Falando em ver as coisas, maninho, você sabe que quando você contou para os nossos pais que você curtia macho, sempre fiquei no seu lado, eu conversei com eles para entender que isso não era errado.
-Sim Marcelo, eu te agradeço para sempre por isso, pelo seu apoio e confiança em mim. -Meus olhos tinham enchido de lágrimas quando lembrei daqueles dias, se não fosse o Marcelo as consequências seriam muito piores.
-Mas se você ama aquele cara, não tem problema nenhum, meu pai até disse que ele parecia gente boa.
Mal sabiam eles quem era o Gabriel.
-Então maninho vai com tudo, ficaremos muito felizes se você estiver feliz.
Meu irmão era o máximo, apesar de às vezes ser muito cabeça dura e nervoso, "aliás isso devia ser de família" ele me ajudou muito e sempre tentava me anima.
O abracei e formos para a sala, chegando lá tomo outro susto. Não acredito nisso.
-MÃE, NÃO! -A minha querida mãe estava com a minha caixa, mostrando todas as recordações da minha vergonhosa infância para o Gabriel, e meu pai estava junto como cúmplice, eu ia matar esses dois.
-Olha como meu anjinho era lindo. -Ela nem ligou para meu susto e deu uma gargalhada quando mostrou ao Gabriel uma foto minha de bebê , ele riu e me olhou.
-Realmente, ele é lindo. -Os seus olhos me queimaram por dentro, corri de vergonha.
-Aqui, achei. -Ela mostrou uma faixa branca para ele. -A primeira faixa do karatê.
-Cuidado cara, ele tem um soco forte. -Meu irmão se dirigiu ao Gabriel sentando em uma poltrona perto deles.
Gabriel ia falar uma coisa e eu o repreendi com os olhos, ele deu risada e voltou os olhos para caixa, agora tinha o olhar triste.
-Sabe, queria que minha mãe também fizesse isso por mim. -No fundo sentir pena dele.
-Ah querido, por que?
-Ela faleceu. -Ele estava com um sorriso, mas seus olhos azuis estavam sem vida.
-Sinto muito, mas aposto que a onde ela estiver, estar cuidando de você, e as lembranças que mais vale a pena é a do coração. -Ela colocou a mão no seu ombro tentando consolar ele .
-Bom, espero mesmo, vamos terminar de olhar essas...-Eu corri até eles e peguei a caixa, antes que ela mostrasse o meu cordão umbilical para o Gabriel, aí sim minha vergonha estaria completa.
-Mãe, to com fome, vamos jantar. -Falei sério e levei a caixa para longe.
Eles riram, até meu irmão soltou uma gargalhada. Eu estava vermelho demais.
No jantar, meu pai conversou bastante com o Gabriel, falavam sobre negócio, nunca vi meu pai falar tanto com um "amigo" meu. Eles estavam se dando bem, e meu irmão até que puxou assunto com o príncipe idiota.
Minha mãe o olhava com admiração, sentir uma pontada de ciúmes.
Depois do jantar ele até ajudou ela a lavar a louça, sempre elogiando de como o jantar estava delicioso. Sair dali e fui até a sala com meu pai e meu irmão saiu para ver a namorada.
-Sabe Michel, gostei do seu amigo. -Fiquei apavorado com esse comentário, nunca tinha trazido ninguém além de amigos em casa, o meu ex Rafael nem conhecia meus pais.
-Você tem meu consentimento. -Fiquei vermelho de novo. Meu pai nunca tocou nesse assunto, por um momento fiquei feliz com aquilo, o assunto acabou ali e ele voltou para o seu jornal.
-Michel, sua mãe disse que tem uma sorveteria aqui perto, falou para irmos lá. -Ele chegou na sala e minha mãe atrás.
-Mostra para ele meu filho, eu e seu pai temos que ir na tia Maria, vamos posar lá.
-O que? -Eu não estava acreditando na minha mãe.
-Sim meninos, vão lá. -Meu pai se levantou e foi para o quarto.
-Olha a cama tá arrumada, juízo vocês dois. -Minha mãe disse indo também para o quarto.
-Mas ele não vai... -Ela não esperou eu terminar de falar e entrou no quarto junto com meu pai.
Olhei com raiva para o Gabriel e ele deu de ombro rindo.
Tive que ir tomar sorvete com ele, ele parecia uma criança empolgada, comeu uma taça enorme.
-Não sabia que gostava tanto de sorvete assim.
-Eu amo, sempre quis levar você numa sorveteria, mas nunca quis ir.
-Tadinho, até tenho pena de você.
-É bom você não ter, essas suas reviradas de olhos vai ter um custo caro essa noite. -Ele tinha um sorriso safado.
-O que? Esqueceu que tá na hora de você ir embora? -Lembrei ele.
-Tá de noite, perigoso pegar a pista agora.
-Você é um bom motorista, vai dar conta.
-Sua mãe não pensa assim, falei que ia embora essa noite e ela quase me bateu, falou que eu não era louco em fazer isso.
-Bom, vai dormir com ela e meu pai na tia Maria então. -Me levantei e fui pagar a conta.
Quando entramos no carro ele estava quieto.
-Michel, por favor, eu não vou dormir no seu quarto, fico na sala.
Respirei fundo, apesar de não querer ele ali, eu não podia deixar ele dirigir de noite mesmo.
Ele ficou no quarto do meu irmão, Marcelo me mandou uma mensagem falando que ia posar na casa da Katia, a namorada dele.
Meus pais ficaram também na casa da tia Maria, ela estava doente e era dia deles cuidar dela. Claro, o universo estava todo ao meu favor, te odeio universo.
Fui para meu quarto, deitei na cama e fiquei me revirando na cama por horas, não tinha sono, eu só pensava que o Gabriel estava no quarto ao lado.
No final eu conseguir dormir, mas minuto depois sinto a porta do meu quarto abrir, o corpo do intruso veio devagar até minha cama, meus olhos só o observada os movimentos dele.
-Aqui é muito silencioso, tá difícil dormir. -Ele estava perto da minha cama.
-Coloca um fone de ouvido com música de rock. -falei me virando de costa para ele, e ele sentou na minha cama.
-Ou se não eu posso fazer barulho.
Ele se deitou do meu lado, ficou de barriga para cima.
-Gabriel, sai do meu quarto e vai dormir.
Ele ficou em silêncio por uns segundos e me virou de frente para ele.
-Michel, eu não consigo dormir mais, não como direito, não consigo me concentrar em nada. Só penso em você.
Eu que tinha ficado em silêncio agora.
-Sei que você não quer mais nada comigo e eu te entendo, só não sei como te tirar da minha cabeça.
Talvez eu não queria que ele me esquecesse.
-Me ajuda Michel, me ajuda a não pensar tanto em você, a não te desejar como eu te desejo, me ajuda a não sentir nada por você.
Ele falava sério, sua voz estava rouca e carregada de emoção, em cada palavra ele chegava mais perto de mim, já dava para sentir o cheiro do perfume dele, o calor do seu hálito delicioso batia no meu rosto.
-Eu não sei Gabriel, só queria que isso não tivesse acontecendo com nós.
Eu fechei meus olhos, meu coração estava acelerado.
Ele me olhava, o quarto recebia a claridade da lua, Gabriel estava só de calção como eu.
O que eu podia fazer? Como me controlar quando meus sentimentos estavam tão a flor da pele, eu estava hipnotizado com sua presença ali.
-Vamos esquecer todos os bloqueios, as privações e os problemas que estávamos vivendo, aproveita esse momento comigo, me dar uma
chance de te fazer feliz, nem que seja só por uma noite.
Eu não deixei ele continua, eu o beijei, sabia que iria me arrepender, mas meus sentimentos por ele era maior que minha autopreservação, queria ter ele para mim.
O beijo foi molhado, sentia sua língua invadir a minha boca, seu lábios me saciava com o contato com os meus, os músculos estavam contraídos apertando com força o corpo dele. A mão do Gabriel percorria todo meu corpo, seu membro estava rígido contra minha barriga. Queria ter ele e eu ia ter.
Ele ficou em cima de mim e levantou minhas pernas para cima ficando no meio delas, sua boca estava feroz, devorava a minha, eu gemia entre os beijos e as tentativas de buscar ar.
Ele tirou meu short junto com a cueca com rapidez, ele já estava pelado nessa hora.
Pegou uma camisinha que estava em seu short e vestiu seu pau, deu uma molhada no meu cú com saliva mesmo e me penetrou, enfiou a cabeça primeiro devagar e quando ela entrou ele meteu com tudo, sentir uma dor absurda e gritei, ele esperou eu me acalmar e quando relaxei começou a socar com força, ele estava diferente, mas bruto e por incrível que parece eu estava gostando, a dor não estava mais presente, meu pau babava de tesão.
Ele me olhava fixo nos olhos, observada todas minhas expressões e gemido, ele não emitia nenhum barulho só metia com força e tirava tudo de uma vez e colocava de novo com força.
Ele me levantou sem tirar seu pau de dentro e me colocou de frente para ele, me levantava e me abaixava controlando suas metidas, eu estava em êxtase com aquilo.
Me colocou de quatro e molhou mais um pouco seu pau e cuspiu no meu cú e entrou dessa vez de novo com tudo, nessa hora eu voltei a gritar e ele também soltou um rugido alto.
-Você é meu Michel, não adianta fugir disso. -Ele falava entre os dentes com uma voz grossa.
-Você é meu amor e meu amante, nunca vou deixar você. -Metia com mais força, segurava minha cintura para eu não ir para trás.
-Eu sou seu macho, eu sou seu homem. -Ele pegou meu cabelo e puxou com um pouco de força e a outra mão continuava segurando minha cintura enquanto seu pau entrava e saía de mim com mais rapidez.
-Você me ensinou o que é amar alguém e por causa disso eu sou seu também, totalmente seu.
Eu gemia cada vez mais alto e ele também, ainda bem que estávamos sozinhos em casa e não tinha vizinhos perto.
-Eu não aguento mais. -Ele se levantou ficando em pé na cama me colocando de joelho.
-Toma meu amor, toma meu leite. -Ele bateu punheta rápido, tirou a camisinha e gozou na minha cara toda, os jatos saíram longe e até atingiu meu cabelo, ele soltou um rugido altíssimo com o seu orgasmo e me obrigou a limpar seu pau todo, eu dei uma socada rápida no meu pau e logo gozei também.
Caímos no colchão exausto, estávamos todo suado e ofegante.
-Meu Deus Doutorzinho, desculpa se te machuquei, mas isso foi incrível cara.
Eu não conseguia falar nada, só queria um minuto para pode voltar respirar normalmente.
Depois de uns minutos ele se vira.
-Vamos tomar banho. -Ele se levantou e foi até o guarda roupa pegar toalhas e me puxou pelo braço e fui com força em seu peito, ele me ajudou a me limpar e beijou em seguida com calma e saímos do quarto.
Fui em direção do banheiro, mas ele me puxou.
-Não, coloca seu chinelo e vem comigo.
-Você tá louco, o banheiro é ali.
-Sim eu sei, agora vem comigo.
Ele me puxou para fora de casa e me levou até o rio que ficava a uns 10 metros de casa.
-Vem, vamos entrar. -Ele deixou as toalhas na beira da água e tirou os chinelos.
-Nem a pau, essa água tá muito fria.
-Vem logo. -Ele se abaixou e me colocou no colo, como ele era forte.
-Me solta Gabriel, eu não vou.
-Você vai sim. -Ele correu até a água comigo no seu colo e entramos de uma vez naquele rio.
A água fria me despertou e gritei.
-idiota, tá muito frio aqui. -Ele estava segurando minha cintura me abraçando, era lua cheia, então estava bem clara essa noite.
-Eu te esquento. -Ele me beijou com vontade e realmente sentir um alívio do gelo que estava aquela água.
-Michel eu te amo. -Ele tinha parado de me beijar e olhava para mim.
-Eu...
*****
Oi meus trafiminions, olha a tradução da música e o vídeo, eu adoro demais eles.
Imagine Dragons -Natural
https://m.letras.mus.br/imagine-dragons/natural/traducao.html
Personagem novos
Beatriz (mãeWilliam (pai)
Marcelo ( Irmão gato)
Esse episódio foi tão gostoso de escrever meus lindos, espero que vocês gostam, amanhã tem mais, adoro vocês. Comentem, votem, quero opiniões de vocês sobre minha história.
Bjs