Essa é a história de uma vida, então, iremos por partes.
Boa leitura.
Era uma noite quente de fevereiro quando conheci Manuela num show. Bom… chamar aquilo de show é muito exagero. Era uma dessas festas de aniversário de bairro, coisa muito comum no começo da década de noventa. E eu só fui por que um amigo meu era o guitarrista da banda. Novamente devo corrigir, chamar aquilo de banda era quase criminoso, mas, de qualquer forma, os caras faziam um punk/rock legal e a apresentação nem foi tão desastrosa quanto prometia.
Eu já tinha notado a Manuela há alguns dias, mais pela beleza se seus traços, para mim ela lembrava muito a atriz Alicia Silverstone, apesar de ter lábios mais cheios e o cabelo de uma tonalidade mais escura de loiro. De resto era uma menina normal de dezesseis anos, toda delicada e meiga, magrinha como se qualquer vento pudesse arrastá-la, mas já com um conjunto interessante de curvas, tudo ainda em formação, mas com a promessa de que dali sairia uma linda mulher.
Morávamos em lados opostos da cidade e vez ou outra estávamos nos mesmos lugares, onde os adolescentes se reuniam, o que numa cidade daquele tamanho estava limitado a duas lanchonetes, uma quadra coberta onde as bandas da região se apresentavam e a escola estadual onde a gente se juntava no final da tarde para ver as meninas do ensino médio no final das aulas.
Eu na lateral do “palco” quando a vi no outro extremo do campo de futebol, que era a área reservada para quem quisesse assistir ao show, ela acenou para alguém do outro lado do campo e vi que umas meninas faziam gestos chamando-a. E a Manuela, talvez não habituada com aquele tipo de show achou que era uma boa ideia atravessar o campo passando pelo meio daquele bando de roqueiro sem noção.
“Isso vai dar merda.” - pensei com meus botões.
Dito e feito, quando ela estava exatamente no meio da galera, foi envolvida no mosh (para quem nunca foi num show de rock, mosh é aquela aglomeração onde os caras pulam e chutam uns aos outros). Na mesma hora pulei do palco e meti porrada em deus e todo mundo até chegar onde ela estava. Os caras não eram loucos de sequer encostar um dedo na menina, mas faziam a coreografia bem perto, como se tivessem a intenção de assustá-la. E ela estava bastante assustada.
Quando me aproximei, outros dois caras que eu conheciam de vista perceberam minha intenção e também que ela não estava se divertindo e fizeram o cerco para que eu chegasse perto dela. Manuela estava com a cabeça baixa, com os olhos bem fechados e com as mãos nas orelhas, tensa como que se preparando para ser agredida a qualquer momento.
Naquela hora percebi que não sabia o nome dela.
Bem delicadamente coloquei minhas mãos sobre as dela. A menina se assustou de tal maneira que começou a tremer na mesma hora, mas, pelo menos levantou a cabeça e olhou para mim. Estava com os olhos arregalados e a boca aberta, totalmente apavorada.
Ainda segurando suas mãos fui puxando-a em direção a beira do campo e longe da aglomeração, ainda com a escolta dos outros dois que iam empurrando e chutando e dando porrada em todo mundo no caminho. Ela mantinha os olhos nos meus e quando vi que estava segura a abracei, pois estava com medo que desmaiasse de tanto que tremia. Dali a pouco as amigas dela chegaram e quando fiz menção de soltá-la, percebi que ainda tremia inteira, se agarrava a mim e mantinha a cabeça encostada no meu peito. E chorava desconsolada.
Aquilo rachou meu coração de um jeito que me vi invadido por uma onde de fúria tão grande que minha vontade era matar todos que fizeram aquilo com ela.
Passei a fazer carinhos de leve em suas costas e sussurrava em seu ouvido dizendo que estava tudo bem, que já tinha acabado e que as amigas dela estavam ali para cuidar dela. Manuela levantou a cabeça e olhou em volta, percebeu onde estava, percebeu as amigas ali do lado e quando soltou minha camiseta, seus joelhos falharam e se não a tivesse segurado pelas axilas, provavelmente teria caído. Sem pensar duas vezes passei um braço por suas pernas e peguei-a no colo. Levei-a até uma barraca que vendia qualquer coisa e sentei com ela num banco de madeira. Ela se agarrava a mim e assim deixei que ficasse.
E se ela quisesse passar o resto da vida daquele jeito eu não reclamaria.
Naquela época eu era um arruaceiro, vivia para fazer bagunça, arrumar briga, beber cerveja e jogar bola, desistira da escola no fim do ensino fundamental, estava prestes a completar dezoito anos e não fazia ideia do que faria da vida, trabalhava num depósito de materiais para construção carregando e descarregando caminhões e apesar de não ser nenhum retardado, tinha clara noção de estar longe de ser um bom partido para uma menina linda como aquela.
Pelos minutos em que ela ficou ali no meu colo, agarrada a mim, primeiro tentei controlar o desejo que me assolou com intensidade ao sentir a macies do corpo dela no meu, a forma como sua bunda e suas coxas pesavam em minhas pernas, suas mãos pequenas segurando minha camiseta, seu hálito no meu pescoço, o cheiro de shampoo e o perfume doce que ela usava, seus cabelos pareciam macios e ela toda era tão quente que fiquei perdido naquele mar de sensações que ela provocava. Depois, quando acalmei os instintos, pensei em como seria ficar com uma menina como ela, tão diferentes daquelas com quem estava acostumado a me envolver.
Quem vive em cidade pequena sabe que as coisas costumam ser claramente diferentes, dependendo da região em que a gente mora. Manuela claramente não era de família rica, suas roupas eram simples, calça jeans, tênis e camiseta, usava bijuterias baratas e estava sem maquiagem, apenas nos lábios um pouco de batom. Me ocorreu que ela seria uma daquelas pessoas que ficam lindas, mesmo usando trapos, e não só isso, havia alguma coisa em seu aspecto geral que dava a impressão de ser muito diferente de mim, por exemplo. Era como se ela fosse naturalmente requintada, aquele tipo de menina que circularia com facilidade numa festa chique ou num almoço de família no domingo.
Eu era o tipo grosseiro, forte, bruto, mal sabia ler e qualquer assunto mais complicado me deixava confuso. Naquela situação estava cuidando dela como cuidaria das minhas irmãs menores, mas não encontrava o que dizer que a assegurasse de que estava tudo bem, que ela não precisava mais se preocupar com nada, que eu cuidaria dela.
Depois de um tempo, ela pareceu se dar conta de que estava no colo e agarrada a um desconhecido e me olhou assustada, apontei para as amigas dela que estavam em volta, para mostrar que não estávamos sozinhos e ela rapidamente levantou e cobriu o rosto com as mãos.
— Ai, que vergonha, moço… - sussurrou ela.
Levantei e fiquei perto dela, suas amigas pareciam tranquilas e um tanto ansiosas e curiosas pelo resultado daquele encontro entre duas criaturas tão diferentes.
— Ouvi dizer em algum programa de televisão – falei para ela abaixando a cabeça para ficarmos quase da mesma altura – que nessas horas a melhor coisa a fazer é rir de alguma coisa.
Ela tirou as mãos do rosto e me olhou ainda de olhos arregalados em clara expectativa.
Sabia que depois daquela introdução eu deveria contar uma piada ou fazer uma graça qualquer, mas minha cabeça, de repente, ficou totalmente vazia. E falei a primeira coisa que me ocorreu.
— Olá, meu nome é Horácio.
As reações que passaram pelo rosto dela foi algo que nunca vou esquecer. Primeiro ela duvidou que eu estivesse falando a verdade, depois, talvez ao ver a seriedade em meu rosto, veio a surpresa e logo em seguida vi que fazia força para não rir.
— Eu sei. - falei quando ela começou a mostrar um sorriso – Meus pais são fanáticos pelos gibis do Maurício de Souza…
Aí ela não aguentou e caiu na gargalhada.
E juro por tudo que é mais sagrado nessa vida, se pudesse assistira àquele espetáculo o tempo todo. Ela gargalhando era a coisa mais linda que já vi.
— Desculpe, moço – falou ela quando conseguiu parar de rir – mas Horácio foi um poeta e filósofo romano, muito antes de ser um dinossaurinho da Turma da Mônica.
— Nesse caso, acho que combino mais com o dinossauro.
— Isso veremos… - respondeu ela – Meu nome é Manuela.
Ela se aproximou, pegou minha mão como se estivéssemos nos cumprimentando e ficou na ponta dos pés para me dar um beijo no rosto. O contato dos lábios dela com meu rosto durou um segundo ou dois além do que normalmente aquele tipo de beijo duraria e dessa vez foi a minha vez de ficar ansioso.
Minha vontade era arrastá-la para algum lugar onde pudéssemos ficar sozinhos e… de repente percebi que a linha de pensamento que me guiava sempre que ficava com uma menina qualquer, não servia com ela. Não sabia o que fazer. Mesmo que ela topasse sair dali comigo, eu não sabia como agir com ela. Tinha medo de tocá-la, de machucá-la com minha falta de jeito.
Muito conscientemente pensei que seria melhor sair dali antes que alguma coisa pior acontecesse, já vira como ficaram os meus amigos quando se apaixonavam e não queria aquilo para mim, mas a mão dela ainda segurava a minha e ela me olhava nos olhos com intensidade, sorria e em suas expressões pude perceber que ela tentava decidir o que fazer a seguir.
Aos poucos qualquer vestígio da menina amedrontada desapareceu e surgiu ali, na minha frente, segurando minha mão e me olhando nos olhos, uma pessoa diferente, segura, sorridente, forte, como se o incidente de momento antes nem tivesse acontecido.
Pensei que talvez estivesse alucinando, mas dali a um segundo ela agarrou o meu braço, ficou ao meu lado e disse toda alegrinha.
— Vou te levar para comeu um cachorro quente. É o mínimo que posso fazer por você ter me salvado daquele bando de selvagens.
Dois pensamentos me ocorreram ao mesmo tempo:
Onde as amigas dela foram parar?
Por que, de repente, nada mais me importava na vida além de sentir aquela menina ali, se segurando em mim?
— E se eu também for selvagem? - perguntei depois de um tempo.
— Se for, acho que com a sua selvageria eu consigo lidar, de um jeito ou de outro.
Como prometido, fomos comer cachorro quente. Quando insisti para me deixar pagar pelo lanche ela me olhou brava e falou que ficaria magoada se eu fizesse aquilo. Achei melhor não estragar o clima e comemos em silêncio. Depois fomos andar pela festa, ela tomou a iniciativa e passou o braço me segurando pela cintura, andamos por ali vendo as barraquinhas que vendiam bugigangas e bebidas e acabamos voltando para o campo de futebol onde, no palco, um cara tocando um violão desafinado tentava entreter mais meia dúzia de pessoas que assistiam.
Queria saber mais dela e levei-a até um tronco de árvore que funcionava como banco, ficava numa parte mais afastada da festa e sentamos lado a lado. Mas a ideia não deu muito certo. Ela mais perguntava que respondia e eu mesmo tentando não parecer tão idiota, sentia que minhas respostas não serviam para nada além de mostrar que eu era, de verdade, um idiota.
Manuela ria das minhas palhaçadas, mas um detalhe não me saia da cabeça.
Ela sabia quem era o tal Horácio poeta e filósofo romano, enquanto eu achava que o Horácio mais famoso era o dinossaurinho do Maurício de Souza.
Em certo momento as amigas dela apareceram e tivemos de nos despedir. Ganhei novo beijo no rosto, tão demorado quanto o primeiro e a informação de que ela estudava numa escola do outro lado da cidade.
Até pensei em ficar mais um pouco por ali, ou de repente ir ao centro da cidade pixar uns muros ou fazer alguma coisa igualmente besta, mas tudo parecia sem graça e acabei voltando para casa.
Em casa moram os meus pais, Helena minha irmã, dois anos mais velha que eu, Ivana minha outra irmã, naquela época tinha treze anos e Mariana a caçula, com dez anos. Encontrei Helena e Ivana na sala assistindo a um filme qualquer na televisão. Me olharam surpresas de me ver em casa tão cedo, mas passei direto e fui para a cozinha tomar água. Peguei um copo e enquanto bebia encostei de costas na pia, pensando em como uma menina podia fazer tanta bagunça na minha cabeça. Eu literalmente não sabia o que pensar.
Dali um tempo, eu ainda com o copo na mão, entra Helena na cozinha, pega uma maçã na fruteira e fica me olhando.
— Está acontecendo alguma coisa, Tato?
Helena só me chamava pelo nome quando estava muito brava.
Minha irmã é uma polaca linda, com a capacidade de falar mais palavrão que a maioria dos homens. Ela é tão branca que sua pele parece leitosa, suave, sedosa e toda vez que tentou pegar uma cor teve queimaduras. Tem seios pequenos, olhos castanhos, boca bonita e uma quantidade monstruosa de cabelo loiro, meio crespo e volumoso. Com quase um metro e oitenta de altura, suas pernas são um verdadeiro fenômeno, longas e torneadas, quando ela coloca um short curto, parece que tem efeito hipnótico em todo mundo que olha para ela. Os quadris são discretos e a bunda é pequena, apesar de bem redondinha, mas a cintura é tão fina que tanto o quadril quanto a bunda parecem maiores. Como a vida toda gostou de esportes, fez faculdade de educação física e mesmo não tendo terminado o curso, já dava aulas de natação na única academia daquele lado da cidade. Até mesmo no maiô de natação ela ficava muito gostosa.
É minha irmã, mas seria mentira dizer que não acho ela muito gostosa.
Outro detalhe de Helena que me espantava, nas raras vezes que vi acontecer, era que a menina derrubava qualquer um. O único namorado que teve, lá pelos seus quatorze anos, era instrutor de artes marciais e ela aprendeu a bater.
E a maldita até hoje bate com força, Deus me livre. Uma vez ela foi a um bar perto de casa comprar cigarros para o nosso pai e uns caras mexeram com ela. Como Helena não pensa duas vezes antes de mandar qualquer um se foder, os bêbados ficaram bravos com ela e se tornaram inconvenientes.
Resultado: ela mandou três deles para o pronto socorro e voltou para casa com os cigarros do pai e um sorriso no rosto.
Eu achava que minha irmã gostasse de meninas, não só por ser uma lutadora muito foda, mas principalmente porque o namoradinho que teve aos quatorze anos foi o único cara com quem ela ficou. E foi ela quem terminou o namoro.
— Lê… você sabe quem foi Horácio? - perguntei olhando para o fundo do copo.
— A força bruta se não governada pela razão desmorona por seu próprio peso. - disse ela como se eu tivesse perguntado as horas.
— Que porra é essa? - perguntei olhando para ela.
— Horácio, poeta e filósofo romano que nasceu uns anos antes de Cristo.
— Caralho… será que só eu nunca ouvi falar desse cara?
— Tato… você não me leve a mau, mas, se você voltasse para a escola, saberia quem foi o cara que o pai admira tanto que deu o mesmo nome a você.
— Até o pai sabe quem foi esse cara?! - falei abismado com aquela informação.
Helena não disse nada e encostou ao meu lado na pia. Ela usava uma camiseta folgada e de pano bem fino e um short com qual costumava dormir, cheirava a sabonete e tinha trançado o cabelo. Era impressionante como eu me sentia confortável ao lado dela, tanto que acabei soltando sem pensar direito no que falava.
— Conheci uma menina hoje… - ela continuou quieta do meu lado – Ela sabe quem foi o Horácio. E talvez seja a menina mais linda que já existiu.
Quando minha irmã viu que eu parei de falar, me puxou pela mão, me colocou sentado numa cadeira em volta da mesa, sentou do outro lado e disse.
— Fala mais dessa menina.
E eu falei, não tanto dela, pois não sabia muita coisa de Manuela, mas das coisas que pensei e senti desde o momento em que a vi. Nem vi a hora passar, comparei a Manu com as outras meninas que conheci, falei da beleza dela, do cheiro dela, do quanto ela parecia melhor que eu e do medo que identifiquei, durante aquela conversa, de me apaixonar por ela.
— Só você Tato, para numa cidade de merda como essa, conhecer uma menina assim.
— O que eu faço, Lê?
— Ué… se você acha que para ficar com essa menina, precisa ser um cara melhor, se torne um cara melhor. Seria mais indicado que você resolvesse evoluir por si mesmo, para ser um cara mais feliz, mas nessa altura do campeonato, se fizer isso por ela, ainda é muito melhor que continuar fazendo as merdas que você faz, Tato. Fiquei sabendo que você pegou o carro do Seu João da marcenaria sem pedir. Se fizer isso de novo eu nem falo pro pai, eu mesma quebro todos os seus dentes.
Se ela tivesse dito que roubei o carro do Seu João teria sido mais precisa, mas ela era antes de tudo uma irmã carinhosa, mesmo eu acreditando que se ela resolvesse me quebrar os dentes, ela, com certeza, quebraria, mas e jamais me chamaria de ladrão.
— E como faço isso?
— Para começar, volte para a escola. Faça uma faculdade, saia dessa cidade, descubra as coisas que você gosta de fazer, invista em si mesmo. Seja feliz sem precisar dessa menina. Aí, quando você souber quem você é de verdade, pode ser feliz com outra pessoa, mesmo que não seja a Manuela.
— Você é quem deveria ter recebido o nome de uma filósofa… - falei brincando e sério ao mesmo tempo.
— O pai meu deu o nome de uma das mulheres mais poderosas que já existiu. Helena de Troia foi uma puta muito foda.
Passamos quase a noite toda ali, na mesa da cozinha conversando. Ela falou de pessoas que foram importantes para o mundo, e a forma como ela contava, explicando como aconteceu a participação de cada um deles na história, que me deixou fascinado com a existência de tanta gente e de como cada um tinha feito grandes coisas, boas ou ruins, cada um deixou a sua marca. E Helena falava como se tivesse conhecido Homero, Platão, Cleópatra, Alexandre o Grande, Martinho Lutero, São Agostinho.
Eu nunca imaginaria que minha irmã fosse tão CDF daquele jeito. Aí ele explicou que depois da educação física, história era sua paixão. E naquela noite eu também me apaixonei pela história do mundo.
Na segunda-feira seguinte fui com Helena na escola e, apesar das aulas já terem começado, ela conseguiu convencer a diretora, que não gostava muito de mim (com razão) a me permitir voltar a estudar.
No começou foi meio foda, pois eu tinha feito o ensino fundamental bem nas coxas, não conseguia acompanhar o andamento das matérias. E mais uma vez lá veio minha irmã salvar a minha pele. Ela chegava da faculdade e me ajudava a entender as matérias e era tão boa professora que tudo ficava fácil depois que ela explicava.
Só fui rever Manuela depois de uns três meses.
Estava numa lanchonete com uns amigos depois de termos ido ao casamento de uma prima de um deles. Como não teve festa, só um jantar para os pais e padrinhos, fomos todos comer na lanchonete que reunia quase toda a população jovem da cidade. Era raro uma oportunidade para sairmos bem-vestidos e queríamos desfilar em roupa social. Estávamos rindo e falando besteira, sentados em bancos altos no balcão da lanchonete quando, do nada, ela surge ao meu lado.
— Oi, Dinossaurinho…
Quando me dei conta de que ela estava mesmo ali e aparentemente alegre em me ver, abri um sorriso que achei que rasgaria a minha cara. Manuela usava calça fuseau azul-marinho bem justa, mocassim bege e uma camisa masculina branca com um nó na frente, deixando a mostra um pedaço da barriga – e que barriga linda – e o cabelo preso num rabo de cavalo no alto da cabeça, estilo Jeannie é um gênio. No rosto além do batom carmim nos lábios, nos olhos uma linha bem fina de delineador, e rímel nos cílios. Que por sinal, eram tão longos que fiquei curioso.
Eu tenho irmãs, acabo sabendo dessas coisas até sem querer.
— Oi, Roqueirinha.
— Sabe o que é mais estranho, Horácio? - disse ela olhando para mim com um sorriso – Eu gosto de rock, gosto de verdade, mas até aquele dia nunca tinha visto como os meninos se comportam num show. Cara, quase morri de medo. Obrigado por me salvar.
Até pensei em esclarecer que os meninos não a machucariam, mas preferi que ela mantivesse a imagem de mim como o herói da noite.
— Achei que veria você depois da aula, sempre ficam uns meninos no portão da escola, achei que você fosse lá pra gente conversar… - ela disse aquilo de um jeito tão sincero que não tive como mentir.
— Eu voltei a estudar. Depois daquela noite em que a gente conversou, vi que não dava para continuar marcando o passo sem sair do lugar. Falei para você que eu trabalho no depósito, mas não disse que trabalho lá descarregando caminhões. Como é que eu ia chamar uma menina como você pra sair sem ter assunto, sem ter nada legal pra dizer?
— Não acho que você tenha dificuldade para dizer coisas legais. Isso que você acabou de dizer foi super legal.
Da mesma forma como eu estava com uns amigos, ela estava com as mesmas amigas da outra noite, mas misteriosamente, quando olhamos em volta, estávamos sozinhos. Como ela não deu muita bola para esse detalhe, eu também nem comentei sobre o assunto, saímos do balcão e fomos para uma mesa, pedimos um lanche e ficamos conversando.
Ficamos conversando sobre nada em especial, mais sobre as dificuldades que eu tinha para me dedicar aos estudos. Até reconheci que nunca na vida liguei muito pra isso, ela falou da família, da escola e das amigas. Quando o assunto foi na direção da música, ela pareceu se transformar em outra pessoa, cheia de energia e revolta, falava gesticulando enquanto comia a porção de batata frita cheia de ketchup e maionese. Disse que estava aprendendo a tocar violão e que gostava de rock nacional, principalmente bandas punk tipo Ratos do Porão e Garotos Podres
— Essas bandinhas tipo… de frescos – disse ela – que cantam como se um dia tivessem passado fome, isso me irrita. Amo música é odeio quem veste um personagem pra vender disco. A Legião Urbana tem tudo a ver, os caras não querem pagar de coitados que venceram a pobreza, mas tem muito filhinho de papai por aí que nasceu em berço de ouro é quer bancar o fodão. Fodão é você que se mata fazendo um trabalho desgraçado para não depender dos seus pais. E não um idiota, filhinho de papai do caralho que passa a vida mergulhado numa piscina de droga e quando fica doente, a beira da morte, quer posar de poeta, de filósofo… Vá tomar no cú!
Manuela não cansava de me surpreender. Uma hora era a menina toda meiga que parecia mais nova ainda do que era, no seguinte soltava discursos como aquele. Enquanto eu ainda estava terminando o lanche ela já tinha comido o dela, comeu quase toda a batata da porção e tomou um monte de refrigerante e disse que ainda tomaria um milk shake. Tá certo que quando começamos a comer não passava das oito da noite e quando vi já eram quase onze horas, mas era impressionante que uma menina tão pequena comesse tanto. Porém, o que mais me agradava, além de ver o quanto ela estava se sentindo à vontade comigo, foi perceber que ela estava sendo verdadeira. Não estava tentando me impressionar, aquele parecia ser o jeito natural dela.
Falei de como minha irmã me ajudava a entender as matérias e de como tínhamos conversas sobre tudo que duravam horas, falei do quanto estava sendo prazeroso aprender com ela e de como fiquei surpreso ao descobrir que meu pai tinha uma verdadeira biblioteca guardada em caixas no quartinho de bagunça, sem contar que meu pai gostava de conversar sobre politica, desigualdade social, corrupção no governo e exploração de mão de obra
— E ele fala dessas coisas não com base nas besteiras que passam nos telejornais, mas em coisas que ele vê acontecer na vida de gente comum como a gente. O cara é pedreiro, Manuela, mas podia muito bem, estar dando aula na faculdade.
— E isso tudo aconteceu depois que a gente conversou? - perguntou ela quando eu terminei.
Apenas balancei a cabeça confirmando.
— Por quê?
— Porque… eu… então… é… eu acho que me apaixonei por você naquela noite.
Ela pareceu meio surpresa com a minha sinceridade, ficou me olhando nos olhos por um tempo e, tendo plena noção do próprio tamanho, colocou os pés sobre o banco em que estava sentada, colocou as mãos sobre o tampo da mesa e debruçou sobre as bandejas com resto de comida, colocou o rosto bem perto do meu e sussurros:
— Pede a conta.
Eu olhava meio surpreso com a ousadia da menina, mas fiquei ainda mais surpreso quando ela chegou ainda mais perto e beijou meus lábios. Foi só um selinho que durou uns três segundos, mas que me deixou ligado como se tivesse levado um choque.
Saímos do lugar dando gargalhadas por conta da cena que protagonizamos e das expressões nas caras das pessoas, peguei minha bicicleta (naquela época ia para todo lugar de bike), ela se acomodou no guidão, envolveu meu pescoço com as mãos e enquanto eu pedalava ela me dava beijos curtinhos. Quando perguntei para onde ela queria ir, ela apenas sugeriu que déssemos uma volta.
Estava louco de vontade de beijá-la de verdade, estava na dúvida entre o que eu pensei sobre sua inocência e a forma como ela me seduzia descaradamente, mas, de qualquer forma, queria experimentar aquela boca deliciosa de qualquer jeito, e com essa intenção pedalei até uma pracinha com pontos estratégicos para a pegação.
Era um lugar que durante o dia as crianças brincavam e o povo fazia piquenique nas sombras das árvores, mas a noite as mesmas árvores escureciam o lugar. Num extremo ficavam os maconheiros e os bêbados e no outro os casais iam para namorar, uns de carro e outros ocupando os bancos de jardim.
Assim que encontramos um lugar discreto ela sentou nas minhas pernas, de frente para mim, com a buceta bem em cima do meu pau, grudou o corpo no meu e colou a boca na minha. Sem essa de começar delicadamente e aprofundar aos poucos, foi começar já com as nossas línguas duelando e os lábios procurando o melhor encaixe. Depois do primeiro minuto nos afastamos como se alguma coisa tivesse nos dado um choque. Ela me olhos com cara de espanto e deve ter visto a mesma expressão no meu rosto, pois o beijo dela era tão bom que, da mesma forma que ela, eu estava sem fôlego, tão grande era o tesão que ela despertava em mim e, pelas reações dela, a reciproca era verdadeira.
Do mesmo jeito repentino como nos afastamos voltamos a nos beijar como se um quiséssemos engolir um ao outro. Era tanto desejo, tanto tesão não conseguia processar tudo aquilo. Manuela começou a se mexer em cima de mim e tomei aquilo como sinal verde e passei as mãos em suas coxas e devagar fui na direção de sua bunda, como ela não esboçou nenhuma reação para me impedir, me fartei de acariciar aquela bunda durinha e redonda.
No mesmo movimento fui subindo com as mãos por dentro da camisa que ela usava e me deparei com um sutiã de tecido fino, acariciei as laterais dos seios dela, as costas, a barriga e, quando enfim passei os dedos por cima do sutiã, percebi, para minha surpresa, que eram maiores do que tinha imaginado. Fiquei ali acariciando aquelas delícias por um bom tempo, mas estava difícil manter a concentração com a boca dela na minha, sua língua respondendo aos movimentos que a minha fazia, seu cheiro, seu gosto e além disso tudo, os movimentos que fazia em cima do meu pau se juntavam todos numa ameaça de que dali a instante gozaria na calça.
Como não sabia se aquilo aconteceria de novo, achei melhor aproveitar a oportunidade. Levei as mãos até suas costas e soltei o fecho do sutiã, voltei com as mãos para o ponto de partida e, para meu deleite, quando passei a massagear aquelas delícias ela gemeu gostoso com a boca aberta dentro da minha, de um jeito tão tesudo que senti meu pau pulsando como se a qualquer segundo começaria a gozar. Fazia movimentos circulares, às vezes com a mão e outras com apenas as pontas dos dedos, ora com força, ora bem suavemente. A medida que a carícia se tornava mais intensa mais perto chegava dos mamilos e na mesma proporção os gemidos dela se faziam mais profundos, quase como se houvesse um pouco de sofrimento ali, e, ao mesmo tempo, mais forte ela se esfregava no meu pau. Já nem me beijava mais, apenas se esfregava e gemia e me puxava pelo pescoço.
Quando sem avisar peguei os dois mamilos entres os dedos e apertei (sem machucar, obviamente) em poucos segundos Manuela começou a ter espasmos, soltou um som que parecia um grito baixinho e me puxou com força de encontro ao corpo dela, prendendo minhas mãos em seus seios, ainda apertando os mamilos, enquanto parecia querer se enterrar em mim, de tão forte que sentava no meu colo.
Ela ficou grudada em mim durante uns dois minutos, estava ofegante como se tivesse corrido uns cinco quilômetros e de vez em quando rebolava no meu colo. Quando voltou a respirar normalmente me beijou, dessa vez com mais calma e enquanto me beijava abria os botões da minha camisa e a medida que meu peito ficou a mostra ela desceu com a boca e beijos minha orelha, mordeu meu pescoço e foi descendo… quando vi, ela estava entre minhas pernas e com as mãos passava as unhas pelos meus ombros enquanto botou a boca no meu mamilo. Era a primeira vez que uma menina fazia aquilo e achei um tesão.
Manuela me empurrou para ficar com as costas no encosto do banco e puxou meu quadril para a beirada do acento, tirou meu pau para fora e vi que ficou meio apreensiva por causa do tamanho. Não sou nenhum super dotado, mas, comparado com os dos amigos, era bem grande. Ela começou a me punhetar, olhando em meus olhos com um sorriso meio tímido e meio sacana.
— Dinossaurinho… - disse ela toda dengosa – posso chupar você?
Como se houvesse a menor possibilidade de eu negar!!!!
Apenas balancei a cabeça e ela se ajoelhou entre minhas pernas, lambeu o pré gozo que fluía do meu pau, depois, enquanto mantinha os movimentos de sobre e desce com a mão, passou a beijá-lo, sugando a cabeça que em pouco tempo estava inteira em sua boca. Aquilo estava era tão bom que achei melhor avisá-la.
— Manu… se continuar assim vou gozar em um minuto. - fiquei abismado com a dificuldade que encontrei para formular essa frase simples.
— E você acha que estou fazendo isso pra quê? Pode gozar Dinossaurinho…
Ela nem bem terminou de fala e começou a engolir meu pau. Engolir de verdade, parecia meio mágico a forma como meus vinte e dois centímetros desapareciam dentro da boca dela. Senti quando entrou em sua gargante e senti meu corpo todo se preparando para ejacular. Ela tirou meu pau devagar de sua boca, a saliva escorria por seus lábios e me molhava todo, achei que conseguiria me controlar para apreciar mais aquilo, mas quando ela voltou a me engoli e com meu pau na gargante começou a subir e descer com a cabeça, em dez segundos, se tudo isso, comecei a gozar e a ejacular com tanta força que um urro saiu da minha garganta, totalmente sem controle.
Quando meu pau parou de pulsar lançando porra em sua garganta, Manuela foi tirando ele devagar e quando a cabeça passou por seus lábios ela fechou a boca e engoliu a porra toda.
Limpou o rosto na minha camisa, guardou meu pau dentro da calça novamente e voltou a sentar no meu colo, dessa vez de lado, com a bunda nas minhas coxas, Passou os braços por meu pescoço, colocou a cabeça no meu ombro e suspirou satisfeita. Peguei seu queixo carinhosamente e voltei a beijá-la, ainda tinha língua e gosto de porra envolvido no beijo, mas não era mais aquele beijo alucinado do começo. Voltei a acariciar os seios dela, mas dali a um minuto ela pediu para parar, tinha gozado tão forte que precisava de um tempo para se recompor, pediu para eu fechar o sutiã em suas costas e fechou minha camisa, dizendo que aquilo era tentador demais.
De novo estava com aquela cara de menina arteira quando pegou meu rosto entre suas mãos e disse bem perto.
— Acho que vou pegar você pra mim, Dinossaurinho… quer ser meu?
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