Quando o meu ex, o Rafael, terminou comigo, eu fiquei perdido, sem chão. O namoro gay é um pouco mais solitário e intenso que o hétero, não sei dizer por que, só que me sentia mais solitário quando namorava ele.
Sei que não podemos dedicar tanto a uma pessoa, mas devotei várias coisas naquele namoro. Meus amigos reclamaram muito por isso. E quando levei um pé na bunda, sentir que minha rotina era vaga.
Um erro que não iria comete de novo.
Com o Gabriel iria ser diferente, não sabia o que iria acontecer, só não iria mais parar minha vida por causa de um homem.
Eu tirei minhas roupas da mala e coloquei no guarda roupa, tomei um banho e fiz um sanduíche.
Fui para o quarto e me deitei, estava cansado e logo dormir.
Não tive nenhum sonho, dei graças a Deus por isso, ultimamente minhas noites estavam bem turbulentas.
De manhã me preparei para e trabalhar, eu estava morrendo de saudade do hospital e agora mais feliz por não ter aquele demônio como diretor.
*****
-Oi meu querido, que bom que você voltou. -Dona Vera veio me abraçando, dei um sorriso enorme para ela e a abracei com força.
E logo chegou a Fernanda, me puxando para um consultório.
-Michel, que saudade de você. -Ela falou alto e deu pulinhos.
-Oi Fer, eu também estava morrendo de saudade.
-Agora senta que tenho muitas novidades para te contar.
-Fer, temos que trabalhar. -Falei preocupado.
Ela deu de ombro e falou que eu precisava ouvir aquilo.
-O Alfredo pediu demissão, Michel, ninguém acreditou nisso.
-Que ótimo. -Não demonstrei tanta emoção.
-Agora temos uma diretora nova, a Ana, você conhece ela, era sua supervisora.
Bom, aquilo tinha me pegado de supressa, apesar da Ana ser minha conhecida, não éramos amigos, já tínhamos brigado várias vezes, pelos menos não era mais o bandido do Alfredo.
-Me conta você, por que sumiu? Esqueceu que tem amigos? Aliás já sei, já arrumou um namorado?
-Nossa amiga, só fiz uma vez e te prometi que não iria fazer mais isso.
-Michel, você sumiu por um mês, o Bernardo está muito chateado.
-Fernanda, eu vou recompensar meu afilhado, e sobre minha ausência, já disse que estava com meus pais. E a senhorita? O que andou aprontando.
Ela ficou sem jeito com minha pergunta, e mudou sua postura. Sabia que ali tinha coisa.
-Não brinca? Quem? -Falei um pouco alto, ela ficou vermelha.
-Fala Fer, quem é? -Eu estava muito curioso.
-Um médico daqui.
-Sério? -A olhei incrédulo. -Que específico.
-Aí Micky, ainda é começo, só saímos duas vezes, não sei se vai dar certo.
-Tá, mas me conta quem é?
-O pediatra, Vítor. -Fiquei de boca aberta, o mesmo que me ajudou no dia que desmaiei no estacionamento.
-To em choque. -Eu estava realmente de boca aberta.
-Como aconteceu? – Estava empolgado.
-Ele me disse que te ajudou e te levou para a casa dele, e queria saber se estava tudo bem com você, eu achei que ele era gay, mas aí com o passar dos dias ele começou a falar comigo na hora dos intervalos e um dia me chamou para jantar.
-Ain, que lindo Fer. Quero ser padrinho do casamento.
-Te chamo como madrinha. -Ela deu risada e eu a olhei sério e depois cai no riso.
-Ele é muito educado e simpático Fer, tirando que é lindo. Pega ele amiga e não larga.
-Não sei Micky, tem o Bernardo, e é tão recente as coisas.
-Fernanda, para com isso, o Ber precisa de um pai, eu não sou seu marido para ficar com ele todo dia, eu o amo, mas você também precisa de alguém para te fazer feliz, só se permita isso. -Que ótimo, estava dando conselhos amorosos para alguém e minha vida amorosa estava um desastre.
-Só vou devagar e deixar as coisas acontecerem.
-Ótimo, você está certa. -Concordei com ela. -Vamos trabalhar que to morrendo de saudade.
-Micky, antes de começar a trabalhar... -Ela ficou quieta, meio sem jeito.
-Tenho que te conta uma coisa que aconteceu aqui. -Estava escolhendo as palavras.
- Fala Fer.
-A Ana me pediu para você ir lá na sala dela antes.
-Tá. Vou lá então. -o que a nova diretora queria comigo, se ela fosse me ameaçar ou tá aliada com aqueles bandidos, ela teria uma carreira curta como diretora.
Fui até a sala da direção-geral, com receio, preparado meu psicológico para enfrentar o que podia acontecer.
Bati na porta e entrei.
Ana era uma senhora de uns 50 anos, cabelos castanhos e estavam solto, batia no seu ombro, usava jaleco e óculos, não era feia, mas sim uma megera.
-Hum, você, senta aí Michel. -Ela fez cara feia e olhou para uns papéis.
-Bom, acredito que sua amiga contou que quero falar com você. -Ela olhou para mim.
-Sim. -Também fiz cara séria.
-Bom, vamos ser rápidos, tenho muitas coisas que resolver.
-Fala então. -Eu também não queria perder tempo ali.
-O doutor Alfredo me deixou a par de você, me contou várias coisas sobre sua postura anti-ética e seu comportamento arrogante. -Claro que ele fez isso, revirei os olhos.
-Não vou te demitir faltando pouco tempo para o término do seu contrato. Mas vou deixar um aviso para o senhor.
Sabia que estava bom demais.
-Você vai ter que seguir as normas desse hospital e eu vou ficar no seu pé, qualquer coisa errada e contra os princípios desse hospital, terei que te demitir. Então fica avisado sobre isso.
-Ok doutora Ana, não vou fazer nada que cause danos a esse hospital, só para deixar claro uma coisa também. Eu tenho sim ética e tudo que o seu Alfredo disse para a senhora quero que entenda que teve um motivo. E que não fiz nada que tenha afetado ninguém em especial.
-Excelente, espero que possamos nos dar bem nessa vez. Mesmo sabendo que você não é fácil de conviver.
Não iria brigar com ela e nem revidar, era isso que ela queria.
Sair da sala e comecei meu trabalho, consegui voltar a minha rotina. Tinha se passado uma semana e nada do Gabriel, era cedo ainda, então não me preocupei.
Tentei me concentrar nos atendimentos dos pacientes, nas cirurgia, mas quando chegava em casa a tortura era grande.
Os dias se passaram e não vou negar que mandei mensagem para o Gabriel, cheguei até ligar para ele uma vez quando bebi um litro de vinho sozinho, mas nada, nenhum retorno dele e aquilo me deixava com raiva.
O Cláudio começou a me visitar com frequência, era bom ter um rosto amigo para conversar, ele vinha quase sempre me trazer comida para jantar, mas eu não saia do meu apartamento pois sabia que alguém me seguia, mas sentia que não se tratava do Gabriel. O meu perseguidor parecia ser diferente, não liguei, só queria saber quando isso iria acabar.
O Alex não dava notícia também, apesar de ele ter mentido e eu ter descoberto quem ele era de verdade, ainda o considerava meu amigo, queria que ele me confirmasse aquelas informações.
Um dia cheguei do meu plantão e me joguei no sofá, estava com tédio de ficar em casa.
A companhia tocou, devia ser o Cláudio, mas por que o seu Antônio não me disse que alguém estava subindo? Estranhei aquilo.
Tocou de novo e eu fui até a porta.
-Espera. -Eu gritei e abri a porta. -Por que você não me avisou... -Não era o Cláudio, só me faltava essa agora.
-O que você faz aqui? – eu perguntei com a sobrancelha levantada.
-Assim que você recebe suas visitas? -Ele estava parado na minha porta, seu olhar penetrante e com um grande sorriso.
-Posso entrar? -Ele olhou por trás dos meus ombros, observando meu apartamento.
-O que você quer aqui, Wallace?
-Posso entrar, Michel? -Ele ainda sorria.
-Se você me falar o que você quer, talvez deixo?
-Vim conversar com você, agradecer por ter salvo a minha vida, mas queria fazer isso dentro do seu apartamento, não aqui no corredor.
-Entra. -Dei de ombro e sai da porta o deixando lá.
Ele entrou, fechou a porta e foi atrás de mim, me sentei no sofá e ele do meu lado.
-Não precisa me agradecer por nada.
-Você salvou minha vida, se não fosse você eu estaria morto.
-Não pense que queria ajudar você, aliás eu queria, mas também fui obrigado a fazer isso, não ia deixar você morrer por eu ter negligenciado atendimento.
-Mesmo assim, graça a você não to morto.
-Tá, agora já pode ir. -Eu levantei e esperei ele fazer o mesmo.
-Não, preciso te mostrar o meu ferimento, quero que meu médico particular dar uma olhada.
-Não sou seu médico particular. -Eu tirei o peso de uma perna e passei para outra e cruzei os braços.
Ele começou a abrir os botões da camisa social azul marinho que estava vestindo e se levantou tirando a camisa e a jogou no sofá.
Sua pele era mais morena, seu peitos eram desenhos perfeitos e era coberto por pêlos pretos por todo seu peitoral, indo para o seu abdômen, onde os gominhos eram destacado e volumosos. Os pelos fazia caminho até sua calça.
Levantei minha cabeça e fiquei vermelho, ele viu minha cara de vergonha e abriu um sorriso de safado com um olhar de mau.
-Aqui, olha o ferimento, por favor. -Ele apontou a onde tinha uma linha fina que ficava no lado do seu umbigo.
Estava meio inflamado, ainda vermelho, mas os pontos já tinha caídos ou tinha sido retirado.
-Está ótimo já. -Falei olhando para outro lado, não me permiti olhar ele sem camisa.
-Você não viu de perto, chega aí, não mordo. -Ele fez sinal com as mãos mandando eu me aproximar.
-Wallace, parece que outro médico já cuidou de você, e pelo que vejo você está ótimo. Não precisa dos meus cuidados.
-Preciso sim, você que fez a cirurgia, então você é responsável por mim. -Ele tinha fechado os lábios para não ri da minha cara.
Cheguei mais perto e toquei a cicatriz, com um pouco mais de força.
-Aí! -Ele gemeu.
-Agora me diga o verdadeiro motivo de você está aqui Wallace. -Eu ainda segurava sua cicatriz, como estava inflamada devia doe um pouco.
-Nossa Michel, está cedo para você ter segundas intenções comigo, nem formos jantar ainda. -Ele deu uma risadinha safada e colocou a mão por cima da minha e apertou mais forte, se aproximou de mim e foi até o meu ouvido com uma voz grossa e rouca, me fazendo arrepiar.
-Eu não ligo em você tocar em mim, eu até gosto. -Ele apertou mas forte minha mão contra a sua cicatriz.
-Eu vim para jantar com você, então acho melhor terminar isso...-Ele olhou para sua mão e a minha no seu abdômen. – Mais tarde.
Me afastei dele e fui para longe.
-Você que está me seguindo? -Eu olhava para ele.
-Sim. -Ele deu uma resposta curta e rápida.
-Por que? Pensei que o...-Não conseguia falar o nome do Gabriel.
-Não, ele tá ocupado com outra coisa, e pediu para o Prego te seguir, mas como eu já estou recuperado eu que me ofereci em fazer isso.
-Por que? -Eu fiquei chateado em sabe que o Gabriel não me seguia mais.
-Achei mais interesse do que matar os bandidos, sua vida é realmente emocionante. -Disse em tom irônico.
Eu revirei os olhos.
-Até quando você vai me seguir? Não acha que já está na hora de não precisar de uma babá? - aumentei um pouco minha voz.
-O rei disse que não era mais necessário, só que o príncipe insiste que precisa de alguém para seguir você. -O meu bobo coração deu uma agitada à ouvir isso.
-Hum, mas então é para você ficar lá fora me protegendo, não aqui.
-Sim patrão, mas eu ficando lá ou aqui, é a mesma coisa.
Respirei fundo e fui até a geladeira pegar um copo de água.
-E também temos planos para hoje. -Eu quase engasguei com a água. Ele tinha indo atrás de mim e ficou na minha frente somente com a bancada da cozinha nos separando.
-Temos? Não tinha nada marcado na minha agenda. -terminei de beber a água.
Ele se abaixou e colocou os cotovelo na bancada.
-Temos sim, vamos jantar hoje, por que pelo visto o seu amigo não te trouxe comida.
-Não preciso dele para comer, vou pedi uma tele entrega.
-Tá Michel, vou fazer no jeito difícil. -Ele contornou a bancada, foi até mim e se ajoelhou na minha frente pegando minha mão e a levantando até seu rosto. Fiquei paralisado com aquela cena.
-Senhor doutor Michel, conceda uma hora do seu maravilhoso dia, para sair para jantar com o seu perseguidor gato que deseja a sua companhia? -Ele falou em tom formal e pausadamente. Eu não segurei o riso, logo depois ele deu um beijo na minha mão e a tirei dele e sair de lá rindo.
-Ok, não precisava disso. -Ele também riu e se levantou e me acompanhou até a sala.
-Só vamos jantar e ir embora. -Falei fechando a cara.
-Hoje eu faço tudo que você quiser. Ele piscou para mim e me deu o seu sorriso safado.
-Vou tomar banho e me trocar. -Falei indo para o corredor que levava ao banheiro e ele segurou minha mão.
-Não, você tá lindo assim, vamos, estou com muita fome.
-Não. -Eu estava com a roupa que troquei no hospital, camisa social branca, uma calça e um sapato preto.
-Vamos Michel, tá ótimo assim. -Ele insistiu ainda segurando minha mão e eu a soltei.
-Olha para você Wallace, todo arrumado, parece que vai para uma festa. -Ele realmente estava impecável, nunca tinha o visto tão bem vestido, claro que nessa hora ele já tinha colocado a camisa de volta e fechava os botões.
-Você se arrumou assim por quê? -Eu o olhei desconfiado.
-Para jantar com você. -Ele sorriu.
-Como saberia que eu iria aceitar seu convite? -Eu tentei ser sério mais estava segurando um sorriso.
-Por que eu sempre consigo o que eu quero. -Depois dessa gente, eu me calei, que cara convencido. Acabei só passando um perfume e formos até a recepção.
Quando passamos na frente do seu Antônio ele nos parou.
-Você! -Ele apontou o dedo para o Wallace. -Como você entrou aqui? -O porteiro tinha um olhar desconfiado.
-Pela porta senhor. -Eu tentei não ri, mas foi em vão. O seu Antônio me olhou incrédulo.
-Você estava esperando ele? -Eu fechei minha boca, meu sorriso tentava sair, mas primeiro ia dar um lá bronca no seu Antônio, ele tinha que ter mais cuidado com a recepção.
-Estava sim seu Antônio, mas me diz, por que o senhor não viu ele entrar? A onde estava? Sabe que essa cidade é perigosa? -Ele ficou branco, depois vermelho, eu nunca tinha me dirigido nesse tom com ele.
-Eu...eu...-Ele gaguejou e eu resolvi pega mais leve.
-To brincando seu Antônio, o Wallace me ligou antes e disse que estava aqui embaixo e não tinha ninguém para deixar ele entrar, então eu desci e abrir a porta para ele.
-Quando foi isso? – Ele ficou pensativo.
-A uns 10 minutos mais ou menos.
-Ah! Eu estava no banheiro, desculpa senhor Michel, isso não vai se repetir.
-Sim seu Antônio, eu sei que não. -Agora eu olhava bravo para o Wallace.
-Acredito que depois de hoje isso não vai mais acontecer.
Wallace deu de ombro e se despediu do seu Antônio e me acompanhou até a saída.
-Você sabe de verdade ser bravo em. -Ele estava gargalhando do lado de fora do prédio, olhei para trás e o seu Antônio estava com a mão na cabeça, eu fiquei com um pouco de pena.
-Sei muito bem que o seu Antônio não teve culpa, como você conseguiu entrar sem ele te ver?
-Esperei ele ir no banheiro, ele tinha tomado muito café sabia que a qualquer momento ele iria sair.
-Mas a porta fica trancada.
-Por isso existe chave. -Ele pegou uma chave do seu bolso.
-Eu estou envolto por sociopatas mesmo. -respirei fundo e abri a porta do carro, ele foi até mim e a fechou de novo, iríamos no carro dele.
-Não, como disse vou fazer do jeito mais difícil. Espera aí. -Ele saiu apressado até a porta do motorista, abriu e entrou, demorou uns segundos e saiu vestido um blazer preto e tentava dar o um nó em uma gravata preta também que já estava no seu pescoço.
Fiquei sem entender nada. Ele terminou de ser vestir e foi até onde eu estava e abriu a porta do passageiro.
-Por favor doutor, entre. -Ele colocou uma mão para trás e a outra indicou a porta aberta.
O olhei sério e entrei. Ele foi do outro lado e entrou no carro e deu partida no motor e saímos.
-Por que você tá fazendo essas coisas? -Eu estava realmente confuso com aquilo tudo.
-Por que gosto, é divertido cortejar alguém, o romantismo não tá em alta hoje em dia. -Ele me olhava rapidamente e voltou a olhar a estrada.
-Cortejar? Romantismo? Wallace, não. -Falei com o rosto sério, ele me olhou e riu.
-Calma, eu só quero mesmo te agradecer pelo que fez por mim, e achei que isso seria legal. Já que você não sai muito mesmo, queria alegrar sua noite.
-Não sabia que você era o bozo? -Ele deu risada.
-Posso não ser, mas aposto que estou conseguindo te diverti. -Ele era muito convencido mesmo.
-A onde vamos? -Vi que ele estava pegando uma marginal, já estávamos um pouco longe do meu apartamento.
-No Tree bistro. -Aquilo me surpreendeu, já tinha indo lá com a Rafael, era maravilhoso o lugar e a comida.
-Nossa, não imaginei...
-Por que? Não quer ir lá? Já fiz as reservas, se você preferi vamos para outro lugar. -Ele parecia preocupado.
-Não, só me impressionei com você.
Ele ficou quieto por um minuto e sério.
-Não é por que eu sou um traficante, que não posso gostar de lugares mais luxuosos. -Ele estava ofendido.
-Desculpa Wallace, não quis te transmiti isso. -Me sentir mal por ter pensando isso dele.
-Michel, eu também tenho meus sonhos e vontades, às vezes gosto de ir em lugares assim e não recebo tão mal pelo meu trabalho, mas eu também não me importo em comer cachorro quente em uma barraquinha de rua.
-Realmente Wallace, me desculpa. -Eu fiquei mal por ter esse preconceito.
-Tudo bem. -Ele colocou a mão na minha perna e deu uma risada.
-Só por causa disso você vai pagar a conta. -Ele deu uma gargalhada.
-Pago sim, sem problema. -Também dei risada.
-Não, to brincando, eu te convidei e eu vou pagar, e se você falar mais alguma coisa, realmente vou acreditar que você me acha incapaz de fazer isso. -Me calei e abri um sorriso, estava a cada instante me surpreendendo com ele.
- Você é gay? -Perguntei enquanto esperávamos o sinal abri.
-Você acha que eu sou gay? -Ele me rebateu e eu mandei de volta.
-Se eu achasse não estaria perguntando, não acha?
Ele me provocou mais uma vez.
-Se você não achasse, não teria fundamento para fazer essa pergunta, mas tudo indica que você está interessado na resposta para poder me atacar mais tarde. -Ok, agora foi longe, virei meu rosto e o olhei sério.
-Eu não sou nenhum animal para atacar você, só queria te conhecer melhor, já que fica toda hora com elogios e agrado para mim, fiquei curioso somente. -Esse cara era muito abusado e folgado.
Ele deu uma gargalhada alta, o motorista do carro lado olhou e
fechei o meu vidro. O sinal abriu.
-Respondendo sua pergunta, não, eu não sou gay, e também não sou hétero, nem bi, trans ou sei lá o que.
Fiquei ainda mais confuso com essa resposta.
-Não acredito em rótulo, ou nomes para questões sexuais.
-Não entendi. -Coçei a cabeça para tentar compreender o que ele queria dizer.
- É fácil Michel, eu gosto de uma pessoa e eu vou ficar com ela, não importa qual é a sua sexualidade. Já tive namoradas, namorados, amigos coloridos, enfim, somente quero curtir o que eu quiser, sem me julgar por quem eu sou. -Pensei naquilo por um minuto, ele tinha razão.
-Mas se você gosta somente de homem, como acredito seja o seu caso, tá certo em se considerar gay, é mais seguro se colocar nessa posição.
Ele falava olhando entre a pista e para mim.
-Então quer dizer que você gosta de pessoas, não importando seu gênero? -Eu perguntei por último, entendendo o que ele queria me dizer.
-Sim, gosto de pessoas, não importando o seu órgão sexual. -Eu dei um sorriso quando ele me olhou e concordei com a cabeça. Ele me sorriu alegre.
Pensei em como ele era diferente do Gabriel, como era decidido, entendia o que queria e pelo visto buscava ser feliz.
Chegamos no restaurante, ele de novo fez as honras de abrir a porta para eu sair e entregou a chave do carro ao manobrista.
-Espera aí. -Falei para o manobrista.
-Tira o terno e a gravata. -Apontei para o Wallace. -Não vou permiti que você entre com isso, sendo que eu estou com uma roupa normal.
Ele fez biquinho, parecia uma criança que acaba de perder um brinquedo.
-Anda, você não me disse que iríamos para esse restaurante e ainda nem deixou trocar eu de roupa, agora tira.
Ele riu e tirou o blazer, quando foi tirar a gravata, olhou para mim.
-Pelo menos a gravata? -Ele fez de novo biquinho.
-Tudo ou nada. Volto para casa e vamos comer cachorro quente na barraquinha da esquina. -Eu estava autoritário.
Ele suspirou e tirou a gravata jogando tudo dentro do carro e mandando o manobrista levar o carro.
-Ótimo, agora tá mais apresentável ao meu lado. -Dei um sorriso satisfeito.
-Injusto isso. -Ele bufou.
Entramos e ele falou o seu nome para à recepcionista, e ela nos mostrou a mesa.
Sentamos e o garçom logo chegou.
-O que os senhores desejam tomar?
-Vinho? -Wallace me perguntou e eu concordei.
Então o garçom entregou a carta de vinho.
Pedimos os vinhos, começamos pelo tinto.
-Muito bom esse. -Bebi um gole.
-Sim, maravilhoso.
-Wallace, obrigado por me convencer à vim com você.
Ele abriu um sorriso lindo, e eu fiquei com medo de ter passado a impressão errada.
-Realmente é muito bom sair com amigos. -Eu tentei equilibrar as coisas, não podia confundir os sentimentos que ele poderia ter por mim.
-Que bom que você me considera um amigo, achei que depois de tudo que aconteceu você queria distância da vida que eu levo. -Ele olhava os cardápio de comida.
-Sim, eu quero distância, mas você não é somente um traficante, achei agradável a sua presença.
-Olha só, ganhei um elogio. Eba! Primeiro da noite. -Ele comemorou um tanto alto e levantou as mãos, as pessoa da mesa do lado nos olharam e eu fiquei um pouco corado.
-Então por você ter me elogiado, quando saímos daqui você vai ganhar um beijo, doutor. -Ele piscou para mim e deu o seu sorriso.
Eu falei baixinho.
-Dispenso essa recompensa. -E pisquei para ele também.
Ele gargalhou e eu dei risada.
Nessa hora eu olho para a porta da entrada e meu sorriso se fecha na hora, não podia ser possível. Que merda. Tinha um homem com uma mulher loira do lado.
Por que ele tinha que estragar uma noite até agradável.
Ótimo, agora eu tinha que ir embora...
*****
Personagem novos
Ana (diretora nova)
Seu Antônio (porteiro)
Oi, como vocês então?
O que acharam do Wallace? Convencido neh? O Gabriel tem que ter umas aulas com ele! Kkkk
Meus amores, uma notícia, amanhã eu ... vou postar um novo capítulo. Kkk ficaram com medo neh?
Bjs amo vocês