O relógio no meu pulso direito marcava 20:51. Na minha cabeça, o encontro, forçado é bem verdade, com Kleber dessa manhã ainda está fresco.
“Te espero hoje as 21:00 no bar de ontem”
***
Ao sair do banheiro estava decidido que eu não iria àquele bar, seria extremamente imprudente me expor assim para um aluno da universidade. Um vacilo e minha reputação estaria em cheque, na verdade mais do que isso – meu emprego ameaçado. Um professor se envolver com aluno, mesmo numa universidade federal, pode dar brecha para processos. Após o almoço, no sistema da universidade, pude checar a ficha dele: era aluno do meu departamento. Apesar de estar na universidade há 2 anos, não tinha avançado quase nada nas disciplinas, muitas reprovações por faltas e desistência. Como costumo a ministrar aulas para classes mais avançadas é natural ele não ter sido meu aluno. No perfil dele tinha anexado a carteira de identidade, lá, um kleber bem mais novo olhava timidamente para frente, bem diferente do sorriso indecente que tinha me dirigido mais cedo no mictório. Lentamente nosso encontro volta a minha mente e meu pau começa a dar sinal de vida. A imagem de sua rola meio bomba sendo exibido despudoradamente ao alcance das minhas mãos enchia minha boca de agua. O longo período sem sair com ninguém potencializava meu tesão. Pelo nome completo de kleber consigo achar suas redes sociais, na foto de perfil um kleber mais parecido com o moleque que encontrei recentemente exibia um corpo claramente trabalhado na academia em uma foto sem camisa. Observar cada centímetro da foto me deixava ainda mais excitado. Nela, Kléber usava um boné branco e um desses óculos espelhados que acho incrivelmente ridículo. Apesar de que nele, caia bem. Dentes bem brancos, contrastando com sua pele negra, sorria fartamente como se tivesse certeza que todos os problemas do mundo pudessem ser resolvidos sorrindo. Seu torso era um episódio a parte, um peitoral forte seguido por um abdômen marcado, pavimentavam o caminho de pelos aparados que iam em direção a sua virilha. Uma bermuda tactel e um par de havaianas completavam o seu look. Estava numa praia de areia não tão branca e mar não tão azul, não consegui reconhecer o lugar. Na sua mão direita uma lata de cerveja. Não tinha nenhum volume marcado no seu short, mas eu sabia o que aquele tecido fino estava escondendo. E mais uma vez a visão de seu membro no mictório chegava a minha cabeça. Comecei a ficar excitado, olhou para porta da minha sala, sabia que estava trancada. Quando estava começando a procurar fotos mais inspiradoras, alguém bate na porta:
- já comeu, Fernando? Tamo animando de ir no shopping.
Era meu colega, e achando melhor eu me recompor respondo:
- Vou com vocês, me deem 2 minutos.
***
O sol estava se pondo, no céu um laranja roseado substituía o azul a oeste, enquanto um azul escuro enfeitado com algumas poucas estrelas atrevidas tomava de conta do leste. Um vento quente entrava pela janela entreaberta do meu carro. Já tinha se passado alguns minutos desde que eu entrara no carro. Coloquei a chave na ignição e a antes de ligar, a dúvida que estava me atormentando o dia todo voltou a minha mente: ir ou não ir àquele bar. O relógio no painel do carro marcava 17:47, tinha acabado minha última aula há um tempo e fiquei respondendo uns e-mails tentando manter a mente ocupada. O alarme tocou as 17:30, que é hora que eu sempre me programo par sair. Estava planejando passar num parque da cidade, lá tem um lago com alguns patos que me divertem, também gosto de ir lá tomar um sorvete no final da tarde vendo o pessoal fazer caminhada. Mas se eu decidisse ir para o bar, teria que passar em casa antes, me arrumar, tomar um banho, e geralmente faço as coisas em ritmo lento. Enquanto estava nessa, decidindo para onde ir, avisto kleber no pátio da universidade do outro lado do estacionamento com alguns amigos. Por um segundo meu coração gela, me encolho no banco a tempo de perceber quão ridículo eu estava sendo, não tinha motivo nenhum para eu me esconder. Penso em sair, mas queria ficar lá vendo ele. Kleber está com a mochila jogada em um dos ombros, e anda confiantemente com mais duas amigas. Agora que o vejo de longe e comparado com os outros alunos percebo o quanto ele é alto. Deve ter por volta de 1,90. Eles já estavam passando pela frente do meu carro, ainda do outro lado do estacionamento, quando ele se despede das suas amigas e naturalmente vem direto em minha direção - Com um sorriso no rosto, acena. Enquanto ele se aproxima tento me convencer a acelerar o carro, mas não consigo. Ele, sempre sorrindo, se dirige a porta de passageiro, em tempo de eu me certificar que o carro está travado. Kleber tenta abrir a porta, ao perceber que a porta está trancada ele sorri largamente e bate na janela. Meio sem saber o que fazer, abro a porta e o vejo entrar e sentar tranquilamente no banco do passageiro.
- o que você pensa que está fazendo ? Estamos no estacionamento da universidade !
O questiono preocupado com sua ousadia.
- Sim, estamos na universidade, e um aluno está conversando com um professor. Não acho que ninguém vai nos prender por isso. Ele responde, e conclui:
- Calma, não vou fazer nada com você, só vi você me olhando e vim dar um oi.
- Eu não estava te olhando. Respondo na defensiva, sabendo que eu não o tinha convencido.
- Sei ...
Ele ri, enquanto calmamente começa a olhar para o céu, e atrevidamente, até para alguém como ele, liga o som do meu rádio. O CD que estava tocando na última vez que desliguei o carro volta a tocar.
- Elton John, ein? Não posso dizer que estou surpreso. Ele comenta enquanto continua olhando para o céu. E continua:
- Sabe Fernando, eu não sou daqui. Venho de uma cidade pequena do interior. Sinto muita falta de lá quando estou aqui. E quando estou lá não sinto falta de praticamente nada daqui... A não ser do céu.
Esse lado sentimental dele de repente me surpreende e atrai meu olhar para o céu. Enquanto ele recomeça:
- Não sei o que tem no céu daqui, mas de tardezinha tem uma cor que no de minha cidade nunca tem. Um rosa, vermelho e roxo que se juntam e fica tão bonito. Ele volta o olhar para mim e completa - Você é daqui Professor?
- Pode me chamar de Fernando. E sim, sou daqui. Respondo ainda surpreendido com a doçura na voz dele.
- Entendi. Enfim, vou deixar você a sós com sir Elton.
Ele abre a porta e se prepara para sair do carro, mas antes de sair, para um pouco como se tivesse pensando em algo e completa:
- Sabe, Fernando, eu gostaria muito que você fosse hoje me encontrar no bar. Prometo que não vai se arrepender.
E sai tranquilamente sem olhar para trás. Me deixando no carro, enquanto as duas primeiras frases de your song na voz do meu companheiro de todas as horas, Elton John, me fazem rir.
Fico ainda no carro enquanto o observo entrar no carro, mesmo carro que ontem me serviu de uber, e ir embora. Ligo o carro, coloco o cinto e aumento o som enquanto arranco com o carro. Minha indecisão tinha acabado. Precisava correr para ir pra casa me arrumar. Hoje a noite iria me encontrar com kleber.
Chego em casa depois de quase uma hora em um transito caótico, durante o caminho fico repassando todo o meu guarda roupa na cabeça tentando escolher mentalmente qual roupa usaria. Parecia piada, mas eu estava de fato nervoso para um “encontro” com um aluno. Chego em casa por volta das 7 horas, deixo as chaves na mesa da sala e alimento rei Jorge III, com duas bolinhas de comida de peixe, como faço todos os dias ao voltar para casa.
Vou direto para o meu quarto e abro o guarda roupa procurando algo para vestir. Depois de um tempo decido por algo mais casual, levando em conta que vamos para um barzinho de bairro então não faria sentido ir muito arrumado. O relógio já passava das 19:30 e ainda tinha que tomar banho e me barbear. Saio do banheiro já próximo das 20 horas, gosto da camisa polo verde que estou vestindo e escolho meus óculos com armação verde para combinar. Pego o celular para pedir um uber mas não há nenhum por perto e tenho medo de me atrasar, o bar é um pouco longe de casa. Então decido ir com o meu carro.
Estaciono o carro na rua lateral do bar olho pro relógio no meu pulso que marca 20:51. Saio do carro e vou para o bar.
Hesito um pouco na entrada do bar, mas crio coragem e entro. O contraste da luz no bar com o escuro da rua, atinge meus olhos me forçando a fecha-los um pouco. Varro o ambiente rapidamente com os olhos a procura de kleber, apenas para perceber que ele ainda não tinha chegado. Escolho uma mesa num canto um pouco menos iluminado e chamo o garçom.
Ele se aproxima da mesa e pergunta rispidamente o que que ia querer. Peço de antemão um cardápio e o informo que estou esperando um amigo. Ele sai abruptamente e retorna um pouco depois com um cardápio aos pedaços e sem muitas opções. Peço uma longneck e puxo o celular para passar o tempo. Me repreendo por não ter pegado o celular dele, mas lembro de ter acesso ao facebook, poderia mandar mensagem, contudo acho melhor não. O garçom traz minha longneck e sai rapidamente indo atender uma outra mesa.
Abro lentamente a cerveja tomo um gole, a cerveja realmente estava gelada, e começo a observar o interior do bar. Tinha algumas mesas distribuídas numa sala meio iluminada, num canto em um pequeno palco tinha uma jovem afinando um violão, um pequeno balcão na lateral do bar finalizava o ambiente. A moça no palco, que agora eu sabia se chamava joana, se apresentou e começou a puxar algumas notas com seu instrumento. A voz dela me surpreendeu positivamente, não esperava esse nível num barzinho daquele. Comecei a me entreter com canção que ela estava cantando quando percebo kleber entrando no bar.
Ele para na entrada, me vê na mesa, acena e se aproxima.
- Boa noite, Fernando. Ele fala pegando na minha mão firmemente e senta na mesa.
- Boa noite, kleber. Desculpa não ter te esperado para a cerveja. Respondo ainda sentindo o aperto da mão dele na minha.
Ele sorri fartamente e responde:
- Cuidado para não ficar muito bêbado.
- OK, pode deixar. Respondo admirando o sorriso dele.
Ele se vira da cadeira e chama o garçom com o braço. Quando o garçom se aproxima ele pede uma coca-cola com limão, ao que o garçom informa que não tem limão. kleber sorri da situação e pede só a coca.
- não podemos ter tudo o que queremos, não é mesmo fernando? ele pergunta, ainda olhando para o garçom que agora se afasta da mesa.
- você não vai beber? pergunto, parecendo mais rispido do que eu queria.
- Não, alguém precisa estar sóbrio para te deixar em casa. Ele retruca com um sorriso de canto no rosto.
- E quem disse que você vai me deixar em casa ? respondo, entrando no joguinho dele.
- Seria muita irresponsabilidade minha deixar o melhor professor que temos ir pra casa dirigindo após beber. o minimo que posso fazer é te levar em casa e garantir que tenha uma boa noite.
antes de eu responder o garçom volta com a coca cola de kleber e pergunta se vamos querer mais alguma coisa. Peço mais uma cerveja e enquanto ele se retira da mesa pergunto ao meu companheiro de mesa:
- então, aqui estamos o que você queria comigo.
Ele me olha nos olhos e responde:
- por enquanto sua companhia, seus olhos, seu sorriso. depois... todo o resto.
Eu não estava esperando aquele tipo de resposta tão direta, sinto o calor no rosto que indica que estava ficando vermelho, para minha sorte o garçom volta com minha cerveja. antes dele se retirar, Kleber passa um papel que tirou do bolso da calça e entrega a ele pedindo para repassar à cantora.
Ao receber, ela sorri e ao microfone fala:
- parece que mais alguém aqui curte elton john, não vou saber essa música que pediu, mas vou tocar uma dele.
E começa a tocar uma versão bem decente de nikita.
- Que música você tinha pedido ? pergunto a kleber curioso.
- Sua música. Ele responde fazendo trocadilho com o nome.
Rio, impressionado com esse garoto, e dou um belo gole na cerveja que continua vindo gelada.
***
No decorrer da noite, quanto mais as cervejas vinham chegando, mais eu me soltava e conhecia mais sobre kleber:
Ele, conforme eu já sabia, era de uma cidadezinha do interior do estado. Seus pais tinham falecido com ele ainda pequeno, morava com sua avó na cidade e trabalhava de uber para ajudar na renda da casa. O carro, era emprestado de um tio seu que o deixava usar durante a semana, contanto que passasse uma parte do seu recebimento para ele. Seu baixo rendimento na universidade se devia aos constantes trabalhos que ele fazia paralelo ao estudo para ajudar na renda da avó.
lá pelas dez e qualquer coisa da noite, com Joana ainda cantando a plenos pulmões, eu já levemente embriagado o informo que a conversa está muito boa mas preciso ir pra casa.
- ok, me dê a chave do seu carro, eu o levo lá.
Sem reclamar, passo a chave para ele e chamo o garçom pedindo a conta. Apesar de sua resistência pago toda a conta, e antes de sair parabenizo joana pela linda voz.
Ao entrar no carro, coloco o sinto e pergunto a kleber se ele ainda lembra onde é minha casa ?
Ele não responde, coberto pelo vidro fumê e o escuro da rua em que meu carro estava estacionado. kleber, pega minha mão esquerda e a posiciona sobre seu colo, onde finalmente, depois de tanto tempo, posso sentir o volume que há tanto ansiava em minhas mãos. Com o tato sinto seu pau, ainda meia bomba rente a coxa direita, aperto firmemente sentindo aquele membro pulsar na minha mão, enquanto kleber me puxa para si. No momento que nossas bocas se tocaram sinto seu pau pulsar ainda mais forte. Seu beijo era sedento, como se quisesse devorar minha lingua. Perdi a noção de onde eu estava, eu era todo sensações, só queria sentir aquele jovem perto de mim, sua lingua dentro da minha boca, seu pau na minha mão, queria ele todo dentro de mim. Após algum tempo, que me pareceu apenas uma fração de segundos ele responde.
-sim, ainda lembro onde é a sua casa.
CONTINUA...