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Estava eu, entre as pernas do Ricardo e encostado em seu peito enquanto ele e meu pai conversavam sobre o quê fariam dali em diante com a fazenda.
Fiquei fora da conversa, senti o braço do Cado segurando meu peito e fechei meus olhos na tentativa de tirar um cochilo rápido.
Estava alheio a tudo que eles diziam. Com os pensamentos em outro lugar. Me lembrei da viagem pelo mundo que sempre sonhei fazer.
Minha meta de vida era conhecer os países Nórdicos. Sempre tive paixão pela Islândia. Uma ilha inteira com menos de 400 mil habitantes e paisagens belíssimas, que me faziam sempre sonhar acordado.
Me imaginei com o Cado atravessando a ilha de carro, visitando vilas pitorescas e registrando em fotografias para sempre o caminho por onde passaríamos.
Seria incrível té-lo comigo, só nós dois. E naquele momento, coloquei em minha cabeça que voltaria a fazer meu curso de Inglês com um professor particular.
Sempre tive facilidade em aprender novos idiomas, mas me distanciei dos cursos depois que comecei a trabalhar.
Meu inglês não era de passar vergonha, mas queria aprender a falar de forma menos formal. Seria melhor contratando um professor nativo e, faria isso assim que voltássemos para Erculano.
Ainda pensando na minha viagem dos sonhos, meus pensamemtos foram interrompidos pelo meu pai.
Ouvi que ele me chamava de dorminhoco. Achei graça quando o Ricardo sorriu e disse que eu sempre fazia isso: deitava em seu colo pra conversar, mas acabava pegando no sono.
Fingi dormir só pra ouvir os dois tirando onda com a minha cara. Na verdade, eu estava amando a interação de meu pai e marido. Meu pai a cada dia me surpreendia. Nunca imaginei vê-lo tão confortável me vendo nos braços de outro homem.
Permaneci em silêncio por varios minutos, até que senti um beijo carinhoso do Cado em meu pescoço. Ele estava tentando me "acordar".
Despertei do meu sono fajuto e meu pai se levantou dizendo para irmos almoçar.
Já estávamos na ponte que passava por cima do riacho quando a senti rangendo mais que deveria.
Pedi que parássemos e o Ricardo se abaixou pra tentar ver por debaixo dela. Ele começou a rir quando disse que a madeira estava toda podre. Sorte ainda não termos caído.
Meu pai também decidiu averiguar a situação em que a ponte estava e os dois discutiam sobre uma uma possível reforma.
ㅡ semana que vem, compra madeira da boa e reune o pessoal pra fazerem outra. Não da pra deixar as búfalas virem pra esse lado ou elas vão cair no riacho. ㅡ Ricardo disse.
ㅡ pode deixar, aproveito e compro os arames pra cercar meu lado das terras.
ㅡ já conversei com o Lipo e, entrei em contato com uma empresa daqui da cidade. Vão vir passar o alambrado pro senhor.
ㅡ poxa, não precisava se incomodar. Muito obrigado.
ㅡ imagina, é um presente nosso.
Lembrei os dois de que estávamos sobre uma ponte caindo aos pedaços e rapidamente atravessamos pro outro lado.
Os dois conversavam sobre a tal cerca e corri até em casa. Estava apertado pra ir ao banheiro.
Passei rapidamente pela cozinha e, me vendo apressado, minha mãe disse que o almoço estava pronto.
Aliviei a bexiga, lavei as mãos, o rosto e fui pro meu quarto pegar uma toalha pra me secar.
Eu estava de costas para a porta quando senti as mãos do Ricardo me puxando pra si.
ㅡ safado! ㅡ disse e, me virando de frente pra ele, me segurou forte pela cintura e me beijou.
ㅡ estava pensando em quê? Sei que não estava dormindo aquela hora. Te conheco muito bem. Sempre que dorme em meu peito, você acaba babando. Estava bem longe de ser sono. Sei que estava só pensando alto.
ㅡ kkkkk! Estava pensando em uma viagem pela escandinávia, contigo, claro. Também fiquei ouvindo vocês conversarem. Me conhece mesmo, Pedro Ricardo. Ponto pra você!
ㅡ claro que te conheço. Posso estar preso no trabalho, mas nunca deixo de te observar. E sobre seu pai: viu como ele está mais relaxado conosco? Caramba...é tão bom poder te tocar e te abraçar sem ninguém nos censurando.
ㅡ também pensei o mesmo, man! Tem coisa melhor que ser aceito por quem a gente ama?
ㅡ isso não tem preço. Fico feliz por você e seu pai estarem se respeitando como meu pai e eu. Vem aqui, meu menino-gigante.
A porta do quarto continuou aberta. Ricardo me acomodou em seu abraço e no meu ouvido, me chamava de "minha vida, meu taradinho gostoso e safado".
Descansei a cabeça em seu ombro e senti ele me levantando do chão e pulei em seu colo me agarrando em seu pescoço. Lhe dei beijos em seu rosto e ele me segurava e girava comigo.
De repente, vejo meu pai na porta. Comecei a rir, pois ele saiu rapidamente quando me viu nos braços do Cado e fez uma cara de "ops, foi mal".
ㅡ do quê está rindo, amor?
ㅡ meu pai veio nos chamar, mas saiu correndo quando nos viu juntos.
ㅡ fez cara de bravo?
ㅡ não, pelo contrário, ele sorriu e fez sinal para irmos almoçar.
ㅡ tudo bem! Entrei em contato com uma agência de viagens. Me mandaram catálogos dos destinos mais visitados do mundo. Aquela hora, quando eu estava no celular, era a moça da agência. Eu ia te fazer uma surpresa, mas você disse que queria ir para os países Nórdicos. Então, achei que poderíamos pensar nisso juntos.
ㅡ ah que bom, ja estava imaginando bobagem! Kkkk
ㅡ hahaha, sabia! Imagina, eu nunca faria algo que te magoasse.
ㅡ eu sei disso, mas falando sobre a viagem...vamos pela agência?
ㅡ não, quero ir por conta própria. Alugamos um carro e rodamos pelos pontos turísticos sem pressa. O quê você acha?
ㅡ excelente ideia, Cadão. Você é o cara!
ㅡ seu cara, né?!
ㅡ oxi! Claro! Kkkk
Ele se sentou na cama e mantive a posição que estava.
Fiz carinho em seu rosto e era lindo o amor que emanava de seus olhos castanhos.
Ouvi meu estômago roncar e ele começou a rir.
Meus pais já estavam se servindo e me sentei ao lado do Cado.
Estávamos quase terminado de almoçar, quando pedi permissão pra contar que faríamos uma reforma na casa.
Minha mãe ficou super empolgada, mas vi meu pai pensativo.
ㅡ o quê foi pai, não gostou?
ㅡ gostei, claro! Mas vou ter que procurar uma casa na cidade pra alugar até a reforma acabar.
ㅡ casa pra alugar? Vocês ficam lá em casa. Até parece que vou permitir um absurdo desses. Levem tudo que precisar lá pra cima. Compre lona pra cobrir os móveis e fiquem lá o tempo que precisar, Erasmo. ㅡ Ricardo disse e meu pai ficou mais animado.
ㅡ ah, se for assim tudo bem. O quê está pensando em fazer aqui?
Ricardo contou o quê pretendia fazer com a casa. Terminamos de almoçar e ficamos na varanda conversando sobre a reforma.
Minha mãe adorou a ideia do banheiro em seu quarto. Seria mais confortável pra ela não ter que ficar dividindo o banheiro com as visitas.
Meu pai disse que entraria em contato com uma empreiteira no início da semana. Sugeri que trocassem os móveis do quarto e sala. Seria um presente meu para os dois.
Estávamos eufóricos, animados e foi então que contei a minha mãe que ela não mais cozinharia pro pessoal. Pedi que contratasse alguém de confiança pra limpar as casas e uma cozinheira pra fazer o almoço dos peões.
De início ela relutou, mas expliquei que o Ricardo a queria exclusivamente na cooperativa e também seria bom pra ela não se cansar tanto por causa da cirurgia.
Deixei os três conversando na varanda e fui até a cozinha lavar a louça do almoço.
Deixei tudo limpo e organizado.
Abri a geladeira pra pegar um pouco de água e vi as frutas que havíamos comprado e os chocolates.
Peguei o aparelho de fundue e coloquei o chocolate pra derreter.
Minha mãe entrou e a convidei pra comer conosco, mas ela disse que iria dormir um pouco.
Em seguida entrou meu pai, com uma cara estranha e perguntei se estava tudo bem. Ele me encarou e disse:
ㅡ está tudo ótimo! Vou dormir um pouquinho com a sua mãe.
ㅡ aham, sei! Dormir? Kkkk
ㅡ ei?! Eu não fico dando pitaco no seu casamento, fico?
ㅡ kkkkk, claro que não. Ah, vamos lá pra casa grande assistir filme e comer isso aqui. ㅡ mostrei o fundue e me olhando, disse:
ㅡ cuidado pra não se machucarem de novo. Nunca se sabe...
ㅡ kkkkk, não vamos. Fica tranquilo.
ㅡ tudo bem, agora me deixa! Se sua mãe já dormiu, volto aqui e te dou uma surra de cinto, seu moleque!
ㅡ oxi! Agora a culpa é minha? Eu heim?!
ㅡ será, se ela ja pegou no sono. Você está me atrasando.
ㅡ kkkkkk! Nossa!
Fui chamar o Ricardo pra me ajudar e ele ressonava na rede. Me ajoelhei ao seu lado e enfiei minha mão por dentro de sua camisa. Ele se mexeu, colocou uma das mãos sobre a minha e abriu os olhos sorrindo. Pedi que me ajudasse com o fundue e quando se levantou, veio me abraçar e me guiou até a cozinha agarrado a mim.
Levamos tudo pra casa grande.
Subi as escadas e desci com um colchão o colocando na sala.
Joguei várias almofadas enquanto ele procurava algo para assistirmos na tv.
Fiquei apenas de cueca boxer e pedi a ele que fizesse o mesmo, mas disse que alguém poderia chegar.
ㅡ meus pais estão dormindo, relaxa aqui comigo.
ㅡ tudo bem. Vou fechar as cortinas e a a porta. Você sempre me convence!
ㅡ vai ver eu tenho razão!
ㅡ sempre! Vem, senta logo aqui. Quero te lambusar com esse chocolate. Vou fazer igual fez comigo no motel, mas ao invés de sorvete, vou comer essas frutas em cima de você.
ㅡ hahaha, vingativo. Quer como?
ㅡ como o quê?
ㅡ quer que eu me deite de que jeito?
ㅡ de barriga pra cima. Quero mamar tua pica com chocolate.
ㅡ eita, safado! Kkkk
ㅡ kkkkk! É hoje que me vingo!
Ele cumpriu a promessa. Depois que comeu todas aquelas frutas lambusadas em cima de mim, subi para que ele pudesse me dar banho.
Recebi toda atenção merecida. E aproveitando que ainda estávamos no chuveiro, o virei de frente pra parede e pedi que abrisse as pernas.
A água escorria pelo seu corpo maduro e me ajoelhei, tendo seu rabo empinado como a mais bonita de todas as paisagens. Sempre admirei seu corpo.
Me dediquei àquele rabo que mais parecia um botão de rosa. Me deliciei com sua entrega e mais uma vez nos amamos com paixão.
Caímos no colchão exaustos e tiramos um breve cochilo.
Despertei com meu celular tocando e vi que era meu pai. Ele queria saber se o Ricardo iria à cidade com ele.
Chamei o Cado, que ainda meio sonolento, disse que iria se arrumar e logo estaria na garagem.
ㅡ o quê vão fazer na cidade?
ㅡ seu pai vai fazer compras pra sua mãe e me chamou pra ir. Acho que é uma chance da gente se conhecer melhor e colocar a conversa em dia. Vou aproveitar o convite, já que ele me chamou...
ㅡ olhando por esse lado...
ㅡ certeza que não quer ir?
ㅡ certeza! Vou fazer qualquer coisa com minha mãe.
ㅡ tudo bem, amor!
Ouvi meu pai ligando a caminhonete e antes de entrar no carro, Ricardo me deu um selinho e, fazendo um carinho no meu rosto, disse que logo voltaria.
Desci até em casa e minha mãe assistia um filme na sala.
Me deitei ao seu lado e ganhei o melhor cafuné do mundo.
Assistimos ao filme e quando acabou, ela perguntou se eu queria comer algo diferente.
Fazia muito tempo que eu não comia bolinho de milho verde.
Ela foi até a geladeira, pegou várias espigas e pediu pra eu ralar.
Fizemos os bolinhos e comemos com café. Estavam deliciosos.
Há muito tempo não passava um dia com minha mãe, só nós dois.
Conversamos sobre meu emprego na fábrica, minha relação com o Ricardo e o fato dele estar se dando bem com meu pai.
Combinei com ela de irmos até Santo Amaro pra escolhermos os móveis assim que a reforma ficasse pronta. Pedi que trocasse a cama por uma maior e mais confortável.
Ela agradeceu, me abraçou e perguntou se meu pai havia comentado que seu Otaviano esteve na fazenda durante a semana com a tal namorada.
ㅡ não me disse nada. Onde eles ficaram?
ㅡ ficaram em Santo Amaro. A dona não é muito chegada em insetos.
ㅡ eita! É cheia das frescuras?
ㅡ seu pai disse que sou implicante, mas confesso que não fui muito com a cara da fulana. Se chama Aurora e, é totalmente o oposto da Yoiô.
ㅡ te tratou mal?
ㅡ não, mas longe de ser um amor de pessoa. Me tratou bem na frente do seu Otaviano, mas quando ele saiu com seu pai, ficou aqui, mas mal me dirigiu a palavra.
ㅡ nossa! E vieram fazer o quê aqui?
ㅡ ele a trouxe pra conhecer a fazenda. Destilou elogios sobre o Ricardo e ela está doida pra conhecé-lo.
ㅡ hum...conhecendo bem o Cado, capaz dele também não ir com a cara da sujeita. Ele é muito formal no modo de se vestir e se comportar, é metido que só ele, mas de um jeito divertido; Ricardo é humilde e não tolera injustiça. Há de quem ousar discriminar alguém perto dele.
ㅡ sei bem disso. Sempre quando vocês chegam, ele come o quê tem e nunca reclamou. Eles nem ficaram pra almoçar. Seu Otaviano disse que comeriam em um restaurante e não queria incomodar. Agora me fala: desde quando o patrão recusa comida? Aquele lá come igual as búfalas. Acredita que resistiu ao meu Strogonoff?
ㅡ kkkkkk! Está com ciúmes? Desde quando?
ㅡ desde quando ele recusa algo de comer que eu faça. Onde já se viu isso? Ele nunca recusou um prato de comida se quer. Vivia me enchendo as paciências pra eu fazer o tal Strogonoff, aí quando faço, ele esnoba? Eu heim?!
ㅡ kkkkk, está certa! Bom, eu nem vou falar nada pro Ricardo. Não quero influênciar sua opinião sobre a madrasta. Não gosto de fofocas e intrigas, ainda mais entre essa família. Sempre foram unidos, cada um do seu jeito, mas unidos. Quero ficar de fora de qualquer comentário.
ㅡ faz muito bem! Quer comer mais alguma coisa, filho?
ㅡ kkkkk, não! Olha minha barriga? Nossa, estou estufado.
ㅡ aqueles dois estão demorando. Espero que não tenham feito parada em algum boteco.
ㅡ será? Se o pai levar meu marido pro mal caminho, nunca mais falo com ele. Kkkkk
ㅡ kkkkk, fica tranquilo. Seu pai está se comportanto bem. Vou tomar banho, fica à vontade. Ah, arruma essa bagunça!
ㅡ aff, sabia que ia sobrar pra mim...
Depois da bagunça que fizemos com os bolinhos, fiquei com a missão de lavar toda a louça.
Deixei a cozinha brilhando e ouvi barulho de carro nas estradas.
Fui levar o lixo pra fora e vi a caminhonete chegando. Já passava das 21:00hrs.
Caminhei em direção à garagem e os dois desceram do carro sorrindo.
Não acreditei quando vi o Ricardo parcialmente bêbado. A primeira e última vez que o vi naquele estado, foi quando fomos no Ap do meu amigo e seu Otaviano nos pegou nús no apartamento no dia seguinte.
Meu pai pegou as compras no porta-malas e ofereci ajuda, mas me olhando, disse:
ㅡ não precisa, filho. Ajuda seu marido. ㅡ ele disse rindo e passei o braço do Ricardo em volta do meu pescoço.
ㅡ que bonito, isso heim? ㅡ disse ao Cado que beijou de leve minha boca.
ㅡ rsrs, não estou bêbado...só um pouco tonto. É exagero do seu pai. Ele está pior que eu.
ㅡ e ainda vieram dirigindo. O quê aconteceu com sua roupa, man?
ㅡ o pneu furou bem na curva e ele trocou. ㅡ meu pai disse e levei o Cado pra dentro.
ㅡ quer que eu te dê banho, Pedro Ricardo?
ㅡ hum, falou meu nome todo...não quero! Você vai ficar me passando sermão. Odeio quando você fica irritado. Fica muito mandão. ㅡ meu pai soltou uma gargalhada e revirei os olhos pela situação mais que surreal.
ㅡ tudo bem! Vê se não cai no banheiro. Na tua idade é perigoso. Kkkk
ㅡ você me paga! ㅡ ele entrou puto no banheiro e comecei a rir assim que ele fechou a porta.
Vi minha mãe saindo do quarto e quando ela bateu o olho no meu pai, disse pra ele se explicar o porquê de tanta demora.
Ele me encarou e começamos a rir. De repente, saí o Cado do banheiro com os olhos avermelhados e meio cambaleando e me pedindo sabonete.
Ela se sentou na cadeira e tentando não nos dar moral, disse que estava envergonhada pelo meu pai ter levado o Cado pra beber; como se o Ricardo fosse uma criança de dez anos sem vontade própria.
Caímos na gargalhada, todos!
ㅡ oh, minha sogra...ele não me levou. Fomos os dois, juntos! ㅡ Ricardo disse e fui até ele.
ㅡ caramba, parceiros de cachaça se defendem mesmo.
ㅡ nossa amor, quem te ouve dizer isso, pensa que vivo em boteco.
ㅡ ah Cado, não ouse!
ㅡ rsrs, sim senhor!
ㅡ nós estamos sóbrios, perto do pessoal que estava lá. Ricardo deixou umas três rodadas de cerveja pagas. ㅡ meu pai disse.
ㅡ nem falo nada! Está com fome, Cado?
ㅡ não, obrigado! Comemos frango frito lá no Jurandir.
ㅡ certeza? A mãe e eu fizemos bolinho de milho verde.
ㅡ ah, então eu quero!
ㅡ eu frito, vai tomar seu banho. Tem sabonete na mala. Do jeito que você está, nem pra me ajudar serve.
ㅡ oh loco, fala assim comigo não. O quê seus pais vão pensar?
ㅡ que eu mando em você! Kkkkk
ㅡ então...vai acabar com a minha reputação. Ja tenho má fama de espancador, depois daquele chute que te dei. ㅡ meus pais começaram a rir e foram pro quarto.
ㅡ agora está com fama de cachaceiro também. Kkkkk
ㅡ rsrs, não estou tão bêbado...
ㅡ aham, vai falando que eu acredito!
Enquanto eu fritava os bolinhos, ele foi pro banho. Assim que saiu do banheiro, se deitou no sofá. Fiz suco de acerola e, quando o chamei pra comer, ele estava dormindo.
Não acreditei que tive todo aquele trabalho para absolutamente nada.
Fui acordá-lo e quando me aproximei, ele segurou meu braço e caí por cima dele.
Rimos com o susto que levei e fiquei sentado em seu colo com os braços em volta de seu pescoço.
Ganhei cafuné na nuca e beijos molhados no pescoço.
De repente, ele me olhou seriamente nos olhos e disse:
ㅡ precisamos marcar nosso casamento civil. ㅡ fiz um carinho em seu rosto e me aconcheguei em seu colo.
ㅡ escolhe uma data e nos casamos. Excelente oportunidade pra eu usar aquele terno que você trouxe pra mim.
ㅡ é, você nunca o usou...
ㅡ não, eu queria deixar pra usar em uma data mais especial.
ㅡ então chegou a hora, amor. Vou organizar algumas pendências na fábrica. Assim que nos casarmos, faremos nossa viagem. Ah, enquanto eu estava na cidade com seu pai, meu coroa me ligou. Quer que marquemos um dia pra ele nos apresentar a nova namorada...
ㅡ hum, legal! Combinamos direitinho quando chegarmos em Erculano. Eu ligo pra ele.
ㅡ tudo bem! Quer comer comigo?
ㅡ ah, valeu! Já me empanturrei. Olha a minha barriga, man! Está parecendo que engoli uma jaca.
ㅡ está, mas continua sexy! Coloca aquele short curtinho, sem cueca, pra dormir? Me da um tesão gostoso ver sua bunda nele. ㅡ ele disse no meu ouvido e lhe dei um beijo na boca.
ㅡ você anda olhando demais pra minha bunda.
ㅡ rsrs, sou tarado nela! Cuidado, heim?
ㅡ eita...ta querendo me pegar por trás, agora?
ㅡ não daquele jeito, gosto de ser sua presa, mas adoro seu corpo.
ㅡ então come logo pra irmos pro quarto, vou vestir aquele short e deixar você fazer parquinho do meu corpo. Vai brincar bastante com ele. Kkkkk
ㅡ oh delícia! Kkkk
Naquele noite, virei objeto de estudos na mão do Ricardo. Cada parte do meu corpo foi explorada por ele.
Ele se ria todas as vezes que tentava entrar com o dedo no meu quase intocável cu, pois em todas as vezes que ele fazia, eu retesava e prendia seu dedo.
Certo momento, ele veio até meu ouvido e sorrindo, disse:
ㅡ calma, meu machinho, não precisa ter medo. Já fizemos isso várias vezes...
ㅡ rsrs, é involuntário, man! Mas continua, ta gostoso pra caralho!
ㅡ vou passar a noite toda chupando esse cuzinho gostoso e apertadinho. Relaxa, vai ficar arrombadinho!
ㅡ Cado...Cado! Se aloprar, te jogo pela janela.
ㅡ kkkkk, não vou! Mas vou meter três dedos em você. É hoje que vou ser dono desse cu! Você vai gostar, meu macho gostoso!
ㅡ já gostei só de te ouvir falando. Mete, Cado! Só você pra me deixar liberar esse rabo assim, meu tesudo!
O tesão do Cado era me deixar excitado com seus dedos enfiados em mim. Assim que ele me fazia gozar pelo cu, me encapava e cavalgava em mim até cair molinho ao meu lado.
Acabei viciando em seus "dedos mágicos". Ele adorava e se divertia me vendo empinado e totalmente exposto a ele. Mas nunca passou disso. Ele amava que eu o trepasse.
A noite foi incrível, não só pelo sexo, mas pelo amor que dedicávamos ao outro.
Domingo foi um dia agradável. Meu pai, Ricardo e eu, fomos até a cidade buscar carne para o churrasco. Saímos ainda bem cedinho. Meu pai me pegou de jeito às sete da manhã quando me viu saindo do banheiro.
Ricardo e eu dorminos pouco, por conta da nossa farra noturna, mas pra agradar meu coroa, acordei o Cado, que me olhou com uma cara horrível e ficou puto por fazé-lo se levantar.
Sem muito o quê discutir, nos arrumamos ligeiro e acompanhamos meu coroa até Santo Amaro.
Compramos tudo que precisávamos para o churrasco e quando chegamos na fazenda, vi que minha mãe estava se levantando do sofá pra fazer o almoço e disse a ela que eu daria um jeito em tudo.
ㅡ vai descansar! Pode deixar que eu faço o arroz, salada e o quê mais precisar. O pai vai cuidar a carne e o Ricardo disse que lava a louça depois. Deixa com a gente.
ㅡ bom, então eu vou me deitar naquela rede e ler um pouco. Não botem fogo na casa.
ㅡ pode deixar! Kkkk
Não botamos fogo na casa, nem deixamos a carne queimar. Tudo transcorreu normalmente naquele domingo ensolarado.
No final da tarde voltamos para Erculano.
Chegamos por volta das 21:00hrs.
Assim que entramos na cobertura, comecei a tirar minhas roupas na sala e me joguei no sofá.
Ricardo se ria, quando me viu pulando e abri meus braços para recebé-lo, mas ele disse que tomaria banho primeiro.
ㅡ deita aqui, Cado, depois tomamos banho. Vem ficar de preguiça aqui comigo um pouco. Amanhã temos que acordar cedo e a semana vai ser corrida.
ㅡ tudo bem, chega pra lá.
ㅡ isso! Vou te abraçar. ㅡ vi que ele botou a mão pra trás e separou as nádegas. Comecei a rir.
ㅡ coloca tua pica aí no meio e fica roçando...
ㅡ to ficando duro! Kkkk
ㅡ rsrs, melhor ainda. Só fica roçando a pica aí, é gostoso.
ㅡ rsrs, man...vou acabar te devorando. Kkkkk
ㅡ se conseguir me ascender, pode me devorar.
ㅡ kkkkk, duvido você resistir.
Não transamos, apesar de termos ficado de fogo por um bom tempo e se pegando no sofá.
Durante a semana foi a mesma correria de sempre.
Ainda não havia ligado pro seu Otaviano pra marcar o tal jantar e, mesmo não me cobrando, o Ricardo perguntou se eu estava afim de recebé-los em nossa casa, ou preferia que fóssemos a um restaurante.
Achei que seria menos informal se organizasse tudo em casa mesmo e combinei com a Fabiana de preparar tudo com a ajuda de alguém que ela confiasse.
Eu ainda estava na fábrica na sexta-feira quando liguei pro meu sogro. Ele atendeu o celular sorrindo, como sempre.
ㅡ Lipo? Bom te ouvir...
ㅡ como o senhor está?
ㅡ estou bem, filho. Ricardo e eu conversamos agora pouco e ele disse que você está preparando um jantar pra nos receber...
ㅡ ele disse que será amanhã? Tem algum problema?
ㅡ amanhã está ótimo! A Aurora está doida pra conhecer vocês. Fomos à fazenda semana passada...
ㅡ ah, sim...a mãe me falou. Passamos o fim de semana com meus pais. Ricardo contou que o pai e ele se internaram no boteco do Jurandir?
ㅡ hahaha, sério? Isso ele não contou.
ㅡ pois é, espero que a moda não pegue.
ㅡ pelo menos os dois estão se dando bem. Queria eu estar lá com eles, mas a Aurora me trás em rédeas curtas.
ㅡ kkkkk, o senhor, em rédeas curtas? Pago pra ver.
ㅡ melhor nem comentar, se ela me pega falando, já vem encher meu saco.
ㅡ o senhor está feliz?
ㅡ é, acho que estou. Não posso ficar de luto pelo resto da minha vida. O quê vivi com a Yoiô vai ficar guardado pra sempre. Ela me deu três filhos maravilhosos e estão todos encaminhados na vida. O quê mais eu posso querer?
ㅡ isso é verdade. Fico feliz pelo senhor. Estamos combinados, então?
ㅡ obrigado! Claro! Pode nos esperar que amanhã estaremos aí.
Eu não fazia a menor ideia do que esperar desse bendito jantar. O pouco que sabia sobre a Aurora não me deixou animado.
Confesso que fiquei apreensivo e nervoso.
Certamente ela já sabia que eu era o filho dos caseiros da fazenda. Se ela não foi com a cara da minha mãe, certamente não iria com a minha também.
Embora eu quisesse contar ao Ricardo sobre o quê minha mãe havia comentado, não o fiz. Poderia ser impressão da minha mãe. Vai saber?!
No sábado de manhã, me levantei antes das sete para uma corrida em uma das avenidas mais arbotizadas de Erculano.
Deixei um bilhete pro Ricardo no meu lado da cama e peguei seu carro emprestado.
Fiz minha corrida tranquilamente e parei pra beber uma água de coco com uns amigos da academia que encontrei durante o percurso.
Estávamos conversando quando ouvi meu celular tocar, era o Cado.
ㅡ oi, meu gato! ㅡ disse e ele se ria no outro lado da linha.
ㅡ bom dia, meu amor! Safado você, heim? Me deixou aqui sozinho pra correr.
ㅡ desculpa, você disse que queria dormir até mais tarde. Pensei que não ia se importar. ㅡ os meninos riam ao meu lado e percebi que o Cado ficou em silêncio por alguns segundos.
ㅡ quem está aí contigo?
ㅡ o Fábio e o Jorjão. Encontrei com eles durante a corrida.
ㅡ hum...
ㅡ o quê foi?
ㅡ nada! Só estão os três aí?
ㅡ nós três e o vendedor do quiosque. Está com ciúmes, Cado?
ㅡ eu? Aff! Até parece! Você sai bem cedinho pra correr, não me convida e, quando atende o celular, está ao lado de dois homens lindíssimos. Ciúmes? Nem sei o quê é isso.
ㅡ está falando sério? Porque se está, precisamos conversar sobre o advogado da fábrica.
ㅡ hum, quer falar sobre ele, agora?
ㅡ pode ser! A não ser que ainda não tenha percebido que o cara fica babando quando está contigo. Eu reclamo? Fico te incomodando por isso?
ㅡ está com ciúmes agora? Ou só porque comentei sobre seus amigos? Vem pra casa agora, meu safado! To esperando aqui na nossa cama. Acabei de tomar banho, estou cheirando a sabonete do jeito que você gosta. Ah, fala pra esses dois aí, que te quero só pra mim! Vou te lavar no shopping, vamos fazer compras, mas depois de eu ser tratado como mereco.
ㅡ seu puto, gostoso! Me deixou de pau duro na frente dos meus amigos.
ㅡ kkkkk, sério?
ㅡ é sério, me deixou de barraca armada! Vou chegar e meter muito em você pra deixar de ser ciumento!
ㅡ então vem! E vê se abaixa esse fogo. Ninguém precisa ver o volume do meu macho. E não fiquei com ciúmes, estava brincando.
ㅡ kkkkk, eu sei bobão! Diz qualquer coisa divertida pra fazer minha pica baixar.
ㅡ acho o advogado da fábrica feio pra caralho!
ㅡ kkkkkkkkk! Coitado! Quer que eu leve água de coco pra você?
ㅡ quero, trás duas. Diz pra eles que a farra acabou, quero você só pra mim. Preciso do homem mais bonito do mundo ao meu lado. Vai me ajudar a comprar cuecas novas.
ㅡ kkkkkk, pode deixar que eu falo. Ja to chegando!
Peguei duas águas de coco pro Ricardo e paguei a conta. Os meninos começaram a rir quando eu disse que iria ao shopping pra comprarmos cuecas novas. Me sacaneram dizendo que eu precisava desligar o rasteador quando saísse de casa.
Dei de dedo do meio pra eles e me des.pedi.
Assim que cheguei, abri a porta e o Ricardo tomava café na sala. Guardei os cocos na geladeira e fui ficar com ele.
Tirei meu tênis e me deitei no sofá ao seu lado. Ele terminou de comer e botou a bandeja na mesinha. Estiquei minhas pernas colocando em cima das dele que rapidamente começou a massagear meus pés e os beijou.
ㅡ se arruma pra gente sair, Lipinho.
ㅡ vou tomar banho e já venho! ㅡ fingi preguiça e ele quase me derrubou do sofá.
ㅡ vai, garoto!
ㅡ por quê a pressa? O shopping não vai sair do lugar. E ainda vou te trepar!
ㅡ kkkkk, vai nada! Foi só fogo pra você vir logo.
ㅡ filho da mãe! Mentiroso! Ótimo argumento pra me fazer voltar logo...
ㅡ ironias não me abalam...
ㅡ e beijos?
ㅡ ah, beijos me abalam. Kkkk
Não pensei duas vezes e me joguei em cima dele o fazendo cair deitado.
Cobri seu corpo com o meu. Ele se ria feito bobo com as cócegas que eu fazia em seu pescoço com minha boca o mordendo.
Ameacei deixar seu pescoço marcado e senti ele batendo em minha bunda.
ㅡ se deixar marca, vai apanhar. Kkkk
ㅡ kkkkk, vai ser aquele chupão!
ㅡ porra! Que horror! Nem pense fazer isso ou, peço o divorcio! Moleque! Sai-de-cima-de-mim! ㅡ ele tentava fazer força, mas não sabia se ria ou me empurrava.
ㅡ kkkkk, fiasquento! As meninas devem estar rindo da tua cara lá na cozinha.
ㅡ aff, que mico! Seu peste!
Dei um pulo do sofá e corri pro quarto.
Entrei no banheiro, tomei banho, fiz a barba e sequei o cabelo o prendendo em um rabo de cavalo.
Me vesti todo bonitinho, comportado e estava passando perfume quando o Ricardo entrou no quarto pra trocar de camisa. A camisa que ele vestia, eu havia amassado quando me deitei sobre ele.
Me vendo todo arrumadinho, me pegou pela cintura e descemos até a garagem.
Passamos a manhã toda no shopping.
Avisei a Fabiana que não se preocupasse conosco para o almoço, pois comeríamos qualquer coisa pelo centro.
Me surpreendi quando passamos em frente o cinema e ele me chamou para vermos o filme. Não pensei duas vezes e corri comprar as pipocas enquanto ele comprava os bilhetes.
Foi uma tarde agradável e divertida. Fizemos compras e nos deliciamos comendo babagens e quando entramos no carro, desabotoei minha calça.
ㅡ duvido você ainda jantar, depois de tudo que comeu. Kkkk ㅡ ele disse e comecei a rir.
ㅡ ainda tem espaço! Kkkk
ㅡ credo! Cabe um dinossauro na sua barriga.
ㅡ ah, nem ligo. Depois eu malho e perco rapidinho. O quê vale é ter passado esse dia gostoso contigo. Foi bom demais, Cado.
ㅡ oh meu amor, eu estava te devendo momentos assim. Agora está tudo mais organizado e vamos aproveitar mais nosso tempo. Prometo!
ㅡ quê isso, Cadão...gosto de estar contigo, não importa o momento ou lugar. Agora toca pra casa, daqui a pouco chegam as visitas.
ㅡ vixi! Tem isso ainda! Bora lá?!
Estávamos no hall quando o Cado resolveu me pegar no colo. Eu ria horrores com sua tentativa frustrada de me segurar.
Falei que seria impossível e que era diferente quando eu pulava em seu colo de frente pra ele.
Então, ele disse pra eu subir em suas costas. Okay! Fiz como ele me pediu e ele se ria mais que eu quando sentiu uma fisgada nas costas.
ㅡ vou descer! ㅡ disse rindo e ele tirou as chaves do bolso.
ㅡ fica aí, rapaz!
ㅡ nós vamos cair! Kkkkk
ㅡ não vamos! Se segura!
Ele abriu a porta e entramos fazendo barulho.
Batemos em um aparador e quase fiquei sem meu joelho. Falei:
ㅡ meu Deus, você não vai sobreviver a isso, Cadão! Kkkkk
ㅡ droga! Vou te jogar no sofá! Não deveria ter comido tanto. Kkkk
Ele me jogaria, se não tivessemos dado de cara com seu Otaviano e a tal Aurora, sentados no sofá da sala.
Ficamos tão sem graça e envergonhados, que desci rapidamente. Ajeitei minha roupa e cabelo.
Meu sogro estava com um sorriso fofo na cara, mas a Aurora, nos olhava como se nunca havia visto um casal gay na vida; pelo menos não tão de perto.
Nos cumprimentamos, fui estupidamente educado e cordial.
Fui simpático e tentando agradar, servi drinks para todos e sugeri que fóssemos até o terraço desfrutar do pôr do sol.
Aurora subia as escadas com seu Otaviano e senti as mãos do Cado na minha cintura. Ele me puxou para mais perto e disse:
ㅡ a primeira impressão é a que fica, Lipo?
ㅡ acha que ela não foi com a nossa cara?
ㅡ talvez eu é que não tenha ido com a cara dela. Sei lá!
ㅡ ainda é cedo pra dizer, nem conversamos direito com ela.
ㅡ pode ser. Quer tomar banho e colocar outra roupa? Vou depois.
ㅡ quero! Estou com cheiro de nachos.
Me arrumei sem pressa. Confesso que não estava muito afim de socializar com a sujeita, que logo quando bateu o olho em nós dois naquela palhaçada, torceu o nariz pelo quê viu.
Percebi que o Cado é mais sagás do que eu imaginava, pois logo notou a cara de antipatia de sua futura madrasta.
Mais uma vez: roupa de hominho, perfume importado, sapatos em couro e uma cueca boxer branca escolhida a dedo pelo Cado.
Já me vesti imaginando uma noite bem divertida com ele, afinal, ele estava me devendo por ter me deixado de pau duro diante meus amigos de corrida. Sacanagem.
Antes de ir até o terraço, fui até a cozinha ver como estava indo o jantar.
As meninas pararam de conversar no exato momento que entrei.
Pedi a Fabiana que nos levassem alguns aperitivos.
ㅡ serve uns cortes daquele queijo fedido e metido a besta que o Cado insiste em comprar. Se estiver vencido, pode servir, a madame nem vai notar a diferença. ㅡ disse e as meninas começaram a rir.
ㅡ oh seu Fillipo, não fala assim. Tudo bem que a dona Aurora não é assim uma simpatia, mas servir queijo vencido já é demais.
ㅡ aham! Estavam falando dela quando entrei. Pensam que não percebi?
ㅡ desculpa, mas coitado do seu Ricardo. A mulher é uma megera. Seu sogro nos trata com tanto carinho. Ela disse que meu uniforme estava desalinhado. Acredita nisso?
ㅡ acredito! Mas não dê ouvidos. Estou esperando os aperitivos.
ㅡ pode deixar. Quer algo pra beber?
ㅡ aquele vinho branco que o Cado gosta.
ㅡ já estou levando.
Deixei as duas se divertindo às custas da megera e subi até o terraço.
Seu Otaviano quando me viu, se levantou e me recebeu em seu abraço.
Me virou de frente pra namoranda dizendo que de todos os seus filhos, eu era o quê mais se importava com os negócios da fazenda.
Vi que ela ficou confusa.
ㅡ eu não estou entendendo. Esse não é o filho dos caseiros da Riacho Doce? ㅡ ela disse e meu sogro me deu um beijo no rosto.
ㅡ sim, claro! Mas considero o Fillipo como se fosse um dos meus. A Yoiô lhe tinha muito amor. Foi esse rapaz aqui quem esteve ao lado da Yolanda durante todo aquele momento difícil.
ㅡ entendi! Você deve muito a ele. ㅡ ela disse e, claro, eu não poderia ficar de fora da conversa.
ㅡ imagina! Seu Otaviano não me deve nada. Desde que me mudei pra fazenda e conheci a Yoiô, a tratava com o mesmo respeito que tinha pela minha mãe. Foi um encontro de almas; ela sempre dizia isso. Éramos grandes amigos.
ㅡ ela era uma grande mulher. Ouvi muito a seu respeito. ㅡ ela disse e percebi seu Otaviano se segurando pra não se emocionar.
Ricardo me estendeu a mão e me sentei na cadeira ao seu lado.
A Fabiana nos trouxe aperitivos e o vinho.
Recebi elogios pela escolha do vinho, fui criticado pela escolha da roupa ao pé do ouvido. Ricardo disse que preferia minha jovialidade em casa, mas entendia que não era o momento de eu me vestir como um adolescente. Embora ele gostasse, muito.
A madame tinha ouro pendurado em tudo que era parte de seu corpo. Ás vezes me encarava como se quisesse me decifrar.
Não me senti intimidado por ela. Bem que ela tentava, mas mantive a postura, afinal, eu estava na minha casa. Se alguem deveria se sentir inseguro, era ela.
Embora eu tenha percebido sua insistente tentantiva em agradar o Ricardo, o elogiando pelo seu trabalho na fábrica, ele fazia questão de dizer que eu havia conseguido compradores internacionais e que meu trabalho era impecável.
Conversamos tempo suficiente pra entender que a madame não me ignorava por eu ser gay, mas sim pelo fato de eu ser o filho dos empregados. Doidera, não?
Seu Otaviano sempre fazia questão de mostrar o quão importante eu era para a família, mas ela apenas sorria e mudava de assunto.
Enfim, eu não dei a mínima. Nunca deixaria alguém que eu mal conhecia, afetar minha vida.
Ricardo nos pediu licença. Perguntei onde ele ia e, me olhando de um jeito terno, disse que já voltava.
Fabiana subiu e disse que o jantar seria servido. Pedi a ela que esperasse o Ricardo voltar.
Descemos e vi o Cado todo arrumado.
Passamos para a mesa de jantar, conversamos mais um pouco, a Fabiana nos serviu com perfeição, mas seu Otaviano resolveu nos perguntar quando o Ricardo e eu lhe daria netos.
Quase cuspi o camarão. Vi que o Ricardo sorria feito um bobo, pois já havíamos conversado sobre isso e, ele sabia que eu também queria ser pai, mas ainda não havíamos comentado sobre isso com mais ninguém.
Fui pego de surpresa pelo meu sogro.
Me antecipei dizendo que já estávamos conversando sobre a possibilidade de adortarmos uma criança, mas para daqui três anos.
Seu Otaviano vibrou com a notícia, claro!
De repente, ouço a Aurora dizer:
ㅡ e como vão explicar o relacionamento de vocês? Será bem complicado.
Silêncio mais que absoluto. Vi seu Otaviano enfiando o garfo no camarão e o Ricardo tentava com muito custo engolir a salada.
Tomei um gole do vinho e disse.
ㅡ não me lembro dos meus pais explicando a relação que eles tinham quando eu ainda era pequeno. Eu apenas sabia que eles eram meus pais e isso bastava. Será um ato espontâneo. Ela, quem quer que seja, saberá que somos seus pais e vai assimilar da mesma forma que todos nós assimilamos um dia. Não acho que será um problema e nem complicado.
ㅡ e se for uma criança maior e de caráter formado?
ㅡ bom, adotaremos uma criança que também se simpatize conosco. Falaremos abertamente sobre nossa relação e tentaremos explicar da melhor maneira possível.
ㅡ claro! Não me leve a mal, apenas quis compreender o fato de como vocês lidariam com isso. Afinal, é uma criança...
ㅡ uma criança que será muito amada por nós dois. Fillipo será um pai maravilhoso, disso não tenho dúvidas. Nossa casa é cheia de amor, respeito e livre de preconceitos; um verdadeiro lar. ㅡ ouvir algo tão bonito, vindo do Ricardo, só me fazia amá-lo mais.
ㅡ está certíssimo, meu amor. ㅡ disse e ele segurou minha mão a beijando.
ㅡ bom, independente de quem seja os pais, o importante é essa criança saber que existem pessoas que as ame. ㅡ seu Otaviano disse e nos sorriu.
Bom, acho que a namorada do meu sogro também tinha um certo problema com casais gays. De um modo mais velado, mas tinha. Não que fosse um problema para o Ricardo e eu, mas vi que meu sogro ficou meio incomodado.
Sinceramente? Uma pena minha mãe estar certa sobre a Aurora; ela era um poço de arrogância. Não chegava nem aos pés da Yoiô.
Depois do jantar, servimos a sobremesa, o café e, por fim, dispensei as meninas e agradeci mais uma vez a ajuda. Pedi desculpas pela forma rude que nossa convidada se dirigiu a elas e voltei para sala.
Minutos depois, seu Otaviano disse que já estavam de partida. Lamentei, pelo meu sogro, claro! Queria muito que ele passasse a noite conosco, mas seria impossível ter que suportar a Aurora na mesa do café da manhã de domingo.
Ricardo nem fez o convite.
Nos despedimos, meu sogro disse que iria até a fábrica na segunda-feira e se foram.
Ricardo e eu caímos no sofá. Tirei suas roupas e depois as minhas. Ficamos nús assistindo ao jornal.
ㅡ mais que noite! ㅡ ele disse e me aconcheguei em seu peito.
ㅡ nem me fale...
ㅡ bem que seu pai me avisou que essa aí era osso duro de roer.
ㅡ ja sabia? E nem me disse nada?!
ㅡ pelo jeito, você também já estava sabendo...
ㅡ é, minha mãe disse que eles foram à fazenda na semana passada. Eu não quis te falar nada pra não influenciar sua opinião, mas o fofoqueiro do meu pai não deixou barato.
ㅡ ele não fez por mal. Estávamos conversando e tocamos no assunto. Eu só não consigo entender como meu pai foi se encantar por uma pessoa tão diferente da minha mãe.
ㅡ vai ver ela tem qualidades que ainda não descobrimos. Sei lá!
ㅡ vai ver ela tem! Duvido muito! Ah, o jantar estava magnífico. Será que sobrou um pouco daquele camarão?
ㅡ kkkk, sobrou!
ㅡ vou lá servir mais um pouco, quer?
ㅡ obrigado! Não cabe mais nada na minha barriga. Cado?
ㅡ diga!
ㅡ acha mesmo que seremos bons pais?
ㅡ claro! Relaxa...teremos tempo pra nos prepararmos. Ainda vamos fazer sua viagem dos sonhos. Quero te levar pra conhecer tantos lugares incríveis. Você vai adorar.
Enquanto ele se servia, eu disse que voltaria com as aulas de Inglês em casa. Ele adorou a ideia.
Conversamos por mais de duas horas sobre nossa viagem e lugares que visitaríamos primeiro.
Antes de dormir, cobrei por ele ter me deixado de pau duro, mas acabamos dormindo ainda nas priminares. Como isso é possível? Culpa do vinho!
O jantar não foi dos piores. Pelo menos nos deu uma pequena noção do tipo de pessoa que a Aurora era.
Mas nada seria capaz de abalar os pilares que sustentavam nossa relação. Como o Ricardo disse: nossa casa era um verdadeiro lar, repleto de amor e muito respeito e, isso, nos bastava.
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Continua....
Pessoal, desejo a todos Boas Festas!!
Me desculpem pela demora. Estou fazendo hora extra e dormindo pouquíssimo. Como disse nos comentários do ultimo conto, vou viajar no dia 17.
Muito obrigado por tudo! Guardo cada um de vcs no meu coração. Obrigado por sempre marcarem presença, sempre! Espero voltar depois do dia 6 de janeiro.
Tenham todos um excelente fim de ano.
😉❤