Quando Lázaro despertou do seu desmaio, já era noite. Olhou para o relógio de pulso querendo saber das horas. Levou um susto quando percebeu sua camisa suja de sangue. Suas calças, também. Tentou forçar a mente para se lembrar do que tinha acontecido, mas só se recordava do momento em que alguém apareceu ao lado dele e riu. Uma risada aterrorizante como nunca ouvira. Aí, lembrou-se de Helena. Fez a volta no carro querendo logo chegar à casa dela. No entanto, quando lá chegou, havia uma viatura de Polícia e vários curiosos reunidos na frente da residência. Ele não podia ser visto com todo aquele sangue na roupa. Por isso, passou direto e fez a volta mais adiante.
Felizmente, não foi avistado pelos vários policiais que estavam na residência de praia. Pretendia voltar para o seu apê. Será que havia acontecido alguma coisa à detetive Bianca? Pegou o celular do bolso e ia teclar o número dela quando viu que havia várias ligações não atendidas da detetive. Ligou de volta.
- Onde você está, porra? Já te liguei várias vezes... - A policial disse mais irada do que preocupada.
- De repente, me deu um branco e eu devo ter apagado, Bianca. Você está bem?
- Não. Não estou. Ligaram pra mim ainda bêbada dizendo que tinham matado meu marido e minha cunhada, lá naquela casa de praia que estivemos ano retrasado, lembra?
- Lembro, sim. Quando aconteceu essa desgraça, Bianca?
- Uma vizinha disse que ouviu um barulho de tiros e achou que tinham vindo de lá. Isso foi por volta das quatro da tarde. Ela olhou em direção à casa e viu uma viatura parada na frente. Achou que a Polícia já estava resolvendo o caso. Foi lá, saber o que estava acontecendo. Um cara não fardado saiu da casa de pistola em punho, entrou na viatura, deu a volta e foi-se embora.
Lázaro gelou. Forçou de novo a mente, mas não conseguia se lembrar de nada. Perguntou para ela:
- Você está na casa de praia, Bianca?
- Sim. O delegado não queria que eu viesse, mas insisti. Por quê?
- Eu estou precisando falar contigo, urgente. Dá pra sair daí e se encontrar comigo na minha casa?
Quando Bianca chegou à casa do rapaz, este estava sentado no sofá, ainda com as roupas sujas de sangue. Tinha sua pistola na mão. Ela gritou:
- Não. Nem pensar. O que está pretendendo de pistola em punho, Lázaro? Quer me deixar mais aperreada?
- Não se preocupe, não vou atentar contra a minha vida. Quero que me prenda. Acho que fui eu que matei teu marido e tua cunhada, Bianca...
- Acha??? Não tem certeza? E todo esse sangue? O que você fez, Lázaro?
- Eu não sei. Não consigo me lembrar. Acabei de dar uma olhada na minha pistola. Estão faltando três balas nela...
- Puta que pariu. Eu não acredito! Por quê, Lázaro, você fez isso? Tá certo que meu marido merecia ser castigado. Mas minha cunhada? O que ela te fez?
- Tome minha arma. Estou me entregando a você. Como eu disse: não me lembro de nada.
Ela pegou a pistola dele e guardou na cintura. Sentou-se no braço do sofá onde ele estava. Alisou os cabelos dele antes de dizer:
- Não vou te prender, caralho. Conte-me tudo desde o começo, mas sem mentiras. Só quero entender a merda que você fez, e por que fez.
Ele respirou fundo. Não queria mentir para ela. Começou a dizer:
- Eu me lembrei da casa de praia. Achei que encontraria teu marido lá.
- Vocês brigaram? Você atirou para se defender?
- Deixa eu terminar de contar a história, linda...
- Está bem. Não vou mais interrompê-lo.
- Eu queria achar o Hamilton antes do delegado. Você sabe que nosso chefe é violento. E estava com raiva do cara por ter te batido. Mas encontrei tua cunhada, ao invés dele. Você deve ter conhecimento de que ela sempre foi afim de mim. Acabamos transando.
- Transou com ela e depois a matou?
- Não, não. Ela quis que eu esperasse teu marido lá, consigo. Mas ele demorou muito. Então, fui-me embora. Ia voltar pra cá, onde deixei você dormindo. No entanto, apaguei no carro. Quando acordei, estava com as roupas nessas condições.
- Puta que pariu. Vai ser difícil convencer alguém de que você não os matou. Nem eu mesma estou convencida. Mas acredito que você não mentiria para mim. Então, vou investigar o caso.
- Não é melhor me prender?
- Não, caralho, pois ninguém acreditaria na tua inocência. Tire essas roupas e dê um sumiço nelas. Queime-as, se quiser.
- Não é melhor, primeiro, analisar o sangue encontrado nas roupas?
- Fazer isso é dar provas da tua culpa pra Polícia.
- Eles não precisam saber que as roupas são minhas.
- Está bem. Direi que foram encontradas na casa de praia. Ou dou uma desculpa qualquer. Mas por que está querendo fazer isso?
- Teu marido e tua cunhada morreram com quantos tiros?
- Ambos foram baleados certeiramente na cabeça. Onde está querendo chegar?
- Pense. Por que eu estaria com tanto sangue nas roupas, se os acertei na cabeça? Tiveram morte instantânea, não? Portanto, acho que todo esse sangue não é deles.
- Está querendo me dizer que você matou mais alguém fora eles?
- Infelizmente, acho que sim.
- Caralho. Faz sentido. Vou analisar esse sangue eu mesma. E comparar com o sangue da minha cunhada e do meu finado marido. Mas você vai ter que desaparecer por uns tempos. Não pode ser preso, ouviu? E não me diga onde estará. Nós nos comunicaremos apenas por whatsapp.
- Okay. Obrigado.
- Não me agradeça ainda. Se eu perceber que está me mentido, eu mesma te prendo. E vou ficar com a tua arma.
Cerca de uma hora depois, Lázaro alugava um quarto de uma pousada afastada do centro da cidade e de seu apê. Antes, passou por um caixa eletrônico e tirou todo o dinheiro que tinha na sua conta. Temia que a Polícia o rastreasse e bloqueasse sua grana. Atendeu-o uma mocinha da sua idade, de rosto e corpo bonito, mas vestida de forma simples. Recebeu o dinheiro que ele lhe adiantou e o levou até os quartos. O rapaz agradeceu e quis lhe dar uma gorjeta, mas ela não aceitou. Disse:
- Eu e meu marido somos os donos. Não aceitamos gorjetas. Mas agradeço.
Ele tomou um banho demorado, depois foi procurar uma bebida para tomar. Na geladeira do quarto só tinha água. Ele foi até a portaria e perguntou:
- Não vendem bebidas aqui?
- Não, senhor. Somos evangélicos. Mas, se quiser beber, tem um bar logo ali. Fica aberto a noite toda.
Era um bar pequeno, frequentado por uma maioria de mulheres de programas e seus clientes. Todas olharam para o belo rapaz que se sentou à mesa. Uma mais afoita se aventurou a chegar perto dele:
- Boa noite, jovem. Quer companhia?
- Não. Gostaria de permanecer sozinho, se não se importa.
Ela fez um muxoxo e saiu de perto. Imediatamnte, uma ruiva se sentou à mesa. Tinha a cabeça baixa. Lázaro se preparou para lhe dizer que não queria companhia. No entanto, viu duas lágrimas rolarem dos olhos dela.
- O que aconteceu para estar chorando?
- Desculpa. Eu não pude fazer nada.
- Do quê está falando?
- Eu tentei impedi-lo. Ele matou a mulher que eu abduzi para tentar impedir que ele te usasse.
- Aline? É você? O que faz aqui?
- Estou tentando te ajudar. Ele não vai te deixar em paz. E é mais forte do que você. Talvez muito mais, pois guarda tanta raiva dentro de si.
- Quem é ele, Aline?
- Algo me impede de te dizer. Também temo ficar sem poder permanecer nesse plano de vida. Terá que descobrir sozinho. Ou pedir à detetive para investigar por você.
- Por enquanto, não devo me aproximar dela. Terei que me virar sozinho. Alguma dica?
- Vá à casa da minha finada irmã. Lá, encontrará algumas pistas.
- Vem comigo?
- Não posso. Esse corpo resiste. Não vou conseguir dominá-lo por muito tempo. Mas, se eu deixá-lo sem ter outro corpo por perto, posso desaparecer pra sempre deste mundo.
Nisso, a puta que se aproximou primeiro do rapaz voltou. Reclamou:
- Então você me dispensou para ficar com essa catraia?
Antes que o rapaz respondesse, Aline levantou-se e encarou a prostituta. Disse, entredentes:
- O macho está comigo. Lavre daqui ou retalho teu rosto com canivete, entendeu?
A mulher se assustou. Deu meia volta e se afastou. Disse para duas putas que estavam sentadas perto:
- O que aconteceu com Carminha? Nunca foi de me enfrentar. Dessa vez tive até medo dela. Vôte!
Lázaro pagou a conta. A tal Carminha arriou na mesa, como se estivesse bêbada. a garçonete que atendeu o rapaz voltou com o troco. Ele viu que havia mais dinheiro do que o devido. Disse a ela:
- Fique com o troco.
- Sou eu de novo. Esta puta que lhe assumi o corpo é mais dócil. Eu vou contigo. Essa catraia vive roubando clientes. É a vez dela ser roubada. Pegue a grana.
Pouco depois, chegavam de táxi a uma residência modesta, num bairro classe média de Recife. A puta falou:
- Esta é a casa onde eu morava com minha irmã, antes de me prostituir. Encontrará o que precisa numa das gavetas do criado mudo dela. Eu vou ficar te esperando aqui no táxi. Veja se volta logo. Tem uma chave debaixo do jarro de plantas, atrás da casa.
Lázaro achou logo a chave. Entrou na casa às escuras. Acendeu uma lâmpada e caminhou pelo corredor até achar o quarto. Não foi preciso procurar muito. Encontrou na gaveta um monte de fotografias. Em várias, aparecia o marido de Bianca abraçado com a mulher que encontraram morta no casarão. Mas as últimas fotos que viu o deixaram boquiaberto: o marido da detetive aparecia beijando um homem na boca. O escrivão o reconheceu. Tratava-se do cara que lhe havia botado uns cornos e depois matado a sua namorada traidora. O sujeito que ele tinha ajudado a Polícia a prender e que acreditava que ainda estivesse trancafiado. Continuou procurando na gaveta. Encontrou um envelope com uma cópia xerografada de um documento que passava o casarão pro nome do esposo da detetive. Então, entendeu tudo. Ligou para Bianca.
- Oi. Eu disse que nos comunicássemos apenas por whatsapp. Está querendo ser preso? - Irritou-se ela.
- Você investigou o cadáver da moça que encontramos na mansão?
- No casarão, quer dizer. Não. Não tive tempo. Por quê?
- Vai ter uma enorme surpresa, linda. Encontre-se comigo no endereço que vou te dar. Mas venha com o espírito preparado.
Quando a detetive chegou na frente da casa onde o escrivão passou-lhe o endereço, ele havia dispensado o táxi e a aguardava com a puta. Bianca perguntou:
- Quem é essa?
- A irmã da jovem assassinada.
- A tal que te assombra? Não sabia que era palpável.
- Não é. Está possuindo o corpo de uma puta que encontrei perto de onde estou escondido.
- Ah, tá. Pela cara, logo vi que se tratava de uma zinha. Andou fodendo com ela?
- Não, não, não se trata disso. Dê uma olhada nessas fotos e nesse documento...
Pouco depois, a detetive estava incrédula. Disse:
- Aquele filho da puta! Andou me enganando o tempo todo com outras mulheres. E, ainda por cima, é viado? E este documento? Encontrei uma cópia dele na casa de praia mas não cheguei a ler.
- Pois leia.
- Caralho. Uma procuração, com todos os poderes de decisão na venda de um imóvel, em nome dele.
- O casarão pertencia às irmãs assassinadas. Ele mantinha relação sexual com ambas. E você não sabe da maior...
- Ainda tem mais?
- Sim. O cara que aparece beijando teu marido na foto é o que me botou um par de chifres e depois matou a minha namorada. Ele deveria estar preso. Essa foto não é muito antiga. E eu não soube mais dele. Deve estar em liberdade.
- Está querendo dizer que deve ter sido ele a matar o meu marido e minha cunhada?
- Não duvido nada. O cara mostrou-se um assassino sem escrúpulos. E me odeia. Pode ter querido me incriminar.
- Ei, o que estou fazendo aqui?
Era a puta que havia se libertado do domínio de Aline. Estava desconcertada de estar junto aos dois. Disse:
- Você. Conheço você. Lembro-me de ter te dado o troco, lá no bar. O que faço aqui?
- Você quis vir comigo - mentiu o escrivão.
- Tudo bem. Mas não aceito programa a três... devia ter me dito logo.
- Posso resolver isso, minha cara - disse a detetive, se preparando para socar a garçonete.
- Não. Não, não faça isso - gritou Lázaro.
Mas já era tarde. A policial acertou o queixo da garçonete e a fez beijar a lona com um único murro.
Imediatamente, a detetive estremeceu. Lázaro adivinhou que a prostituta ruiva havia possuído o corpo da policial. Esta falou por Bianca:
- Carregue a puta pra dentro da casa da minha irmã. Enquanto ela não despertar, não posso assumir seu corpo novamente. Vou ter que permanecer na mente da detetive. Venha logo. Tenho pressa em foder.
- Olha, eu...
- Não se preocupe. Ela não vai se lembrar de nada. Mas eu preciso de uma foda. Estou há muito tempo sem trepar.
Antes que Lázaro dissesse alguma coisa, ela o beijou nos lábios. Seu hálito ainda fedia às bebidas ingeridas pela detetive. Ele pegou a puta pelas axilas e ela o ajudou a coloca-la dentro da casa. Depois, puxou-o em direção ao quarto. Sussurrou ao ouvido dele:
- Quero te dar o cu de novo. Gostei de ter tua peia enorme dentro de mim...
- Ela não vai ficar...?
- Afrouxada? E daí? Essa vadia também gosta de dar o cuzinho. Por isso o marido se chateava ao foder com ela: queria ser ele a tomar no cu. E eu percebo que você já está excitado.
- Estou, sim. Tire a roupa.
- Você, também.
Nesse momento, no entanto, a detetive caiu de joelhos com as mãos na cabeça. Gemeu:
- Ahhhhhhhhhhhhhhhh, saia da minha cabeça, puta safada...
- O que houve? - Perguntou o escrivão, já nu.
- Ouvi claramente essa rapariga dizendo que queria te dar o cu. Só que percebi que ela queria usar o meu pra tu foder. Caralho nenhum. No meu cu, mando eu. E você, o que faz nu?
- Eu...
- Ah, vem. Você, eu deixo me foder. Ela, não. Agora, acredito quando você diz que é possuído por alguém. Senti claramente essa quenga na minha mente.
- Você... vai querer foder comigo, Bianca?
- Claro, nego. Principalmente, agora que sei que aquele puto me enganava. E eu sempre quis saber como era receber essa tua jeba enorme no cu. Adoro a sodomia, sabia?
Não foi preciso dizer mais nada. Lázaro a ajudou a tirar as roupas enquanto ela botava seu caralho pra fora das calças. Ele cuspiu na mão. Ela também. Esperou que ele lhe umedecesse o cu pra lambuza-lo também com saliva. Virou-se de costas para ele. Ele a beijou na nuca. Ela voltou-se para receber seu beijo na boca. Esfregou a bunda no cacete dele. Abriu mais as pregas com as próprias mãos. Ele não esperou mais nem um segundo: pincelou a glande no cu dela e depois a penetrou devagar e sempre.
FIM DA SEXTA PARTE