Como já havia gravado o depoimento das duas amigas antes de ir à residência de Raffa, Lucas disse que precisava ir embora para entregar a reportagem ao jornal, mas não informou qual. Quando as duas perguntaram para ele, alegou ser repórter freelancer e que trabalhava para várias emissoras. Mentiu descaradamente, mas elas acreditaram. Cíntia, a mulata, pediu para ir com ele em seu carro. Morava no bairro do Pina, que ficava na zona sul do Recife, distante de Olinda. O jovem prometeu leva-la lá. Mas antes, passaria pela delegacia onde trabalhava a sargento Nara. A policial reconheceu a recepcionista. Mas não conhecia o repórter de cavanhaque. Perguntou para a mulata:
- Quem é ele?
- É um jornalista amigo meu. Pedi para que gravasse meu depoimento, inocentando o tio que me socorreu. Nesta fita de vídeo também tem uma entrevista com minha amiga, que fotografou o cara lá no motel. - Disse a mulata, entregando uma fita à policial.
Esta procurou um aparelho que lesse a mídia antiga. Tinha um na delegacia. A sargento assistiu o vídeo e depois perguntou à jovem:
- Por que essa insistência toda em inocentar o velho?
- Ele não matou o gerente. Matou os assaltantes porque apontavam uma arma pra mim. Não vou deixar que seja acusado sendo inocente.
- Ele não é inocente. Matou duas pessoas, minha cara.
- Se a mocinha diz que ele a salvou, o velho pode ter agido sem intenção de matar. - Disse o jovem disfarçado.
- E qual o teu interesse nesse caso?
- Sou repórter freelancer, é uma fonte de renda pra mim investigar a verdade.
- Nunca te vi por aí. Em que emissora você trabalha?
- Em todas, mas como prestador de serviços.
- E por que não entregou essa fita para a Imprensa? Ao invés disso, veio mostra-la a mim...
- Esta é uma cópia. Sei que é a policial que está investigando o caso. Te vi na tevê.
- Okay. Vou tratar de fazer chegar às mãos do meu superior esse material. E mudo o rumo da minha investigação. Posso te contratar para me ajudar neste caso, o que me diz?
Ele pensou rapidamente. Não lhe convinha estar por perto da sargento. Ela poderia descobrir sua verdadeira identidade. Naquele momento, ela parecia ter notado que ele estava disfarçado. Lucas disse:
- Não quero trabalhar para a Polícia, a senhora me desculpe.
- Algum motivo especial?
- Sim. Vocês só investigam a fundo aquilo que lhes interessa. Principalmente quando a vítima é de família rica. As de famílias pobres nunca tem o crime desvendado.
- O que diz é verdade, mas estou querendo mudar esse quadro, jovem.
- Então, você é a única. Sinto muito, mas prefiro continuar sem vínculos com a Polícia.
Pouco depois, quando saiu com Cíntia em direção ao estacionamento, a mulata disse:
- Ela ficou chateada com você. Acho que arranjou uma inimiga.
- Tudo bem. Nunca precisei da Polícia para fazer meus bicos. Ao contrário: atrapalham, muitas vezes, o meu trabalho.
Aí, o telefone de Cíntia tocou. Ela atendeu já sabendo que era a amiga que os dois tinham acabado de sair da sua casa. Falou:
- Oi, o que é Raffa?
A mulata esteve escutando a amiga falar, estupefata. Desligou e disse para o "repórter".
- Minha amiga nos pede socorro. O namorado dela soube que ela tinha levado macho pra dentro de casa. Está furioso. Quer bater nela. Ela se trancou dentro de casa.
- Por que ela não liga pra Polícia?
- Se fizer isso, ele a mata. O cara é chefe do crime lá naquela favela. Estava com ela no motel, na ocasião do crime. Por isso, ficou na dele. Não queria que os policiais soubessem que ele estava lá. Com certeza, foi quem mandou o lugar ser assaltado!
Lucas parou imediatamente o carro. Olhou sério para ela. Perguntou:
- Você tem certeza do que está me dizendo? Essa é uma acusação grave.
- Ele obriga minha amiga a estar consigo. E é um cara mau. Na favela, todo mundo sabe que vive do tráfico. Tem um delegado que de vez em quando vai lá. E quando isso acontece, até fazem farras. A quadrilha é conhecida como A Alcateia. Nunca ouviu falar?
- Não. Não ouvi. Fique no carro. Vou falar de novo com a sargento. Tentaremos salvar a tua amiga.
Pouco depois, duas viaturas da Polícia saiam da delegacia com as sirenas ligadas. Lucas as seguiu em seu carro. Cíntia estava aflita. Temia já ser tarde demais para salvar a amiga. E ela estava certa.
Quando chegaram lá, haviam arrombado a porta da casa dela e a loira jazia morta, com dois tiros na cabeça. Os assassinos não foram encontrados, pois ninguém quis denunciá-los. Lucas estava irado. Se continha a custo. A mulata não sabia ou não queria dizer onde morava o chefe da gangue. Cíntia chorava, agarrada ao corpo ensanguentado da amiga. Ninguém conseguia tira-la de perto. Aí, a sargento aproximou-se de Lucas para dizer baixinho:
- Já que você não quer trabalhar comigo, entre em contato com o velho que foi fotografado no motel. Sei que vocês dois são amigos. Senão, qual o teu interesse em desmentir a história da defunta? Eu quero falar com ele.
- Sim, eu o conheço. Mas ele não confia na Polícia. Não sei se iria querer trabalhar com vocês.
- Não nos custa nada tentar. Não quero ele trabalhando para a Polícia. Quero-o trabalhando comigo. O cara parece ser experiente. Deve ter sido policial, na sua juventude, não é?
- Está bem. Vou tentar contata-lo. Aí você faz essa pergunta a ele.
- Então, eu fico te devendo. Posso pagar assim que falar com o velho.
- Você só pensa em dinheiro?
- Não. Eu só penso naquilo. Entendeu?
O falso repórter olhou para ela. Não acreditava que a policial o estivesse "cantando" pra transar. Ficou muito inclinado a aceitar a insinuação, mas lembrou-se de que poderia fazer isso sob outra identidade. Mentiu:
- Eu sou gay.
Ela olhou espantada para ele. Exclamou:
- Puta que pariu. Hoje não é o meu dia. Mas dê meu recado pro velho. Depois, acho uma maneira de te compensar.
Cerca de dez horas da noite, o velho esperava no mesmo ponto onde havia evitado que a filha de Sílvia, a coroa boazuda, fosse assaltada. No mesmo local onde a policial o tinha visto pela primeira vez. Ela parou seu carro perto dele. Estava num automóvel particular e vestida à paisana. Desceu do carro e se sentou no banco de praça, ao lado do ancião. Ele tinha a sua bengala na mão e estava tranquilo.
- Quem é você, velho?
- Isso não importa, e sim o que quer comigo.
- Teu amigo deve ter te dito que assassinaram uma mulher hoje, na favela perto da praia de Olinda...
- Disse, sim. Mas ainda não sei o que quer comigo.
- Você deve saber que o crime não saiu nos telejornais. Nem uma fala. Sabe por quê?
- Tem um delegado de polícia botando a mão por cima para esconder o crime.
- Quem te disse isso?
- Não importa. Só o que quer comigo. Veio como civil. Então, não quer me prender.
- Quero sim. Você é um assassino.
- Não queria matar aquele casal.
- Mas você sai de casa com intenção de matar. E tem a mão pesada, de fato. O que tem dentro dessa bengala?
- Ela foi projetada para servir de várias armas. O cano esconde uma pesada barra de aço. O cabo faz saltar um estilete afiadíssimo. Também atira uma única bala, se eu a carregar de munição.
- Puta que me pariu. Posso dar uma olhada?
Lucas lhe entregou a bengala. Ela examinou bem o objeto, desmontando-o quase que totalmente com uma rapidez militar. Percebeu que a barra de aço escondida dentro do cano era pesada o bastante para derrubar alguém com um só golpe. Pegou a parte do cabo, que servia de pistola, e apontou-a para ele. Disse:
- Você está preso.
Ele não se afobou. Apenas falou:
- E você está morta.
Só então, ela percebeu que ele lhe apontava para o lombo um punhal pequeno mas afiado. A sargento reconheceu a arma. Ele a havia tirado da sua própria cintura e ela nem tinha percebido. A policial deu uma risada gostosa. Depois, admitiu:
- Você é muito bom, velho. Então, façamos um trato: você me ajuda a pegar aquela gangue que matou a loira e eu deixo de te perseguir. Tá valendo?
- Não, não está. Eu só deixo vivo marginal menor de idade. Apesar de que continuo dizendo que o casal de assaltantes foi um acidente. Não medi minha força, quando vi que mataram o gerente. Pretendia entrega-los à Polícia.
- Entendo. Mas, aquela gangue, na verdade, não me interessa. Quero pegar o delegado que protege eles, entende? E não podemos matar um delegado, porra.
- Concordo. Então, trato feito. Porém, não me responsabilizo pelos cara que mataram a loira.
- Faça o que quiser, mas faça limpo. Não deixe rastros pra Polícia.
- Devolva minha bengala. Tome teu punhal.
- Não teve medo que eu atirasse?
- Não tinha balas.
- Filho de uma puta. Então, como entraremos em contato?
- Não entraremos - disse ele, se levantando.
Caminhou se apoiando em sua bengala. Dobrou uma esquina. A policial Nara esperou uns minutos, entrou no carro e o seguiu. No entanto, ele desapareceu. Ela sorriu. Disse em voz alta, falando consigo mesma: se fosse mais jovem um pouco, eu até foderia contigo, velho esperto.
Lucas havia deixado seu carro numa rua próxima. Assim que dobrou a esquina, correu em direção a ele. Entrou no veículo e tirou todo o disfarce. Passou pela sargento Nara, indo em direção contrária à dela. Percebeu que ela o procurava. Ele sorriu e foi-se embora. No entanto, não demorou dez minutos para receber uma ligação. Era uma voz feminina quase infantil. Ele a reconheceu:
- Oi, Leandra. Quanto tempo. O que manda?
- Quero falar contigo. Acabei de completar dezoito aninhos.
- Você sabe que não podemos fazer isso. Teu pai já me odeia. Se eu te tirasse a virgindade, ele me mataria.
- Não sou mais virgem. Perdi meu cabaço. Agora só quero dar o meu cuzinho pra você. Ele, sim, é ainda virgem.
- Você está me tentando, garota.
- A intenção é mesmo essa.
- Okay. Onde nos encontramos?
Era quase meia noite quando ela chegou ao bar onde ele já a esperava fazia tempo. Mas valeu a espera. Leandra estava belíssima e com uma saia curtinha que o deixou doido de tesão. Era uma morena baixinha mas muito bem feita de corpo. Cheirava a perfume caro. Ela foi logo dizendo:
- Mainha mandou lembranças pra ti. Ela sabe que eu vinha te encontrar. Mandou-me ter cuidado, por isso escolhi esse bar escondidinho.
- Que foi onde nos encontramos pela primeira vez.
- Você se lembra? Eu estava com duas amigas. Uma delas ficou afim de ti. Mas eu te queria. Consegui ganhar a tua atenção, mas você descobriu que eu era menor de idade. Não me quis.
- Sim, eu me lembro. Depois, você telefonou para a tua mãe, para que ela viesse te buscar. Aí, ela quis ficar conosco.
- E, nesse dia, você terminou indo com ela prum motel, seu safado.
- Ela me disse que era separada.
- Minha mãe mente muito. Aprendeu com meu pai.
- Como ela está?
- Preocupada contigo. Te reconheceu daquela foto que foi divulgada na tevê.
- Copmo assim, me reconheceu?
- Ela conheceu teu pai, lembra? Teu velho ficou afim dela. Ela ainda andou tendo um caso com ele. Não sei porque você anda usando um disfarce que o deixa parecido com ele... Logo, meu pai também vai desconfiar.
- Você tem razão. Eu quero vinga-lo, Leandra. Por isso que uso a imagem do meu pai. Quero que o assassino ou assassinos dele o reconheçam. Quero que pensem que estão vendo um fantasma, pois atiraram várias vezes contra ele. Meu velho não tinha como escapar com vida.
- Aí, pretende mata-los também?
- Sim. Da forma mais cruel possível.
- Então, desisto de te dar meu cuzinho. Não quero pertencer a um assassino.
- Quem sabe é você. Não pretendo desistir da minha vingança. Portanto, já que você já não me quer, vou-me embora.
- Não vai, não. Cheguei agora e vou querer beber. Depois, você me leva para um motel...
- Mas você acabou de dizer que...
- Que não ia te ceder meu cu. Mas você pode foder a minha bocetinha pois ela já teve dono.
Sim, a bocetinha dela demonstrava já ter dono. Mas continuava apertadinha de dar gosto. Ela nunca havia visto o caralho enorme de Lucas, que não fora ao encontro disfarçado. Ela ficou maravilhada com o pau do jovem. Chupou-o com gula e por pouco o rapaz não goza na boca dela. Depois, ela o puxou para trás de si. Antes que Lucas se animasse, ela avisou que era só um faz de conta. Gostava de ser abraçada por trás quando fodia. Ele enfiou a rola na sua racha apertada sem precisar salivar ali. Ela já estava molhadíssima só de te-lo chupado.
- Vai, come a minha periquita, come. Come bem devagarzinho que é assim que eu gosto. Mete gostoso, vai. Se eu gozar melhor do que gozo com meu namorado, te dou o cuzinho...
FIM DA QUINTA PARTE